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[uJ Estrategia CONCURSOS Aula 03 eee he i ee CC Professor: Renan Araujo kJ AULA 03: TEORIA GERAL DO DELITO (PARTE II): _ CULPABILIDADE (IMPUTABILIDADE). ERRO. EXTINCAO DA PUNIBILIDADE. SUMARIO 1 CULPABILIDADE 1.1 Conceito 1.2 Teorias. 124 Teoria psicolégica 1.2.2 Teoria normativa ou psicolégico-normativa.. 1.23 Teoria extremada da culpabilidade (normativa pura). 124 Teoria limitada da culpabilidade 1.2 Elementos 134 Imputabilidade penal.. 13.1.1 Menor de 18 anos.. 13.1.2 Doenga mental e Desenvolvimento mental incompleto ou retardado 13.13 Embriaguez .. 1.3.2 Potencial consciéncia da 1.3.3 Exigibilidade de conduta diversa 2 ERRO 241 — Errode 2.2 Erro de tipo acidental 224 Erro sobre a pessoa (error in persona’ 2.2.2 Erro sobre 0 nexo causal. 2221 Erro sobre 0 nexo causal em sentido estrito 14 2.2.2.2 Dolo geral ou aberratio causae 2.2.3 Erro na execugio (aberratio ictus)... 2.2.31 Erro sobre a execugo com unidade simples (Aberratio ictus de resultado Unico) 16 2.2.3.2 Erro sobre a execugio com unidade complexa (Aberratio ictus de resultado duplo) 16 2.24 Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aberratio delicti ou aberratio criminis) 16 2.2.41 Com unidade simples. 2.2.4.2 Com unidade complexa sesssssseesesassee 2.2.5 Erro sobre o objeto (error in objecto) 2.3 _Erro determinado por terceiro.. 24 Erro de proibica 25 — Descri 3. PUNIBILIDADE E SUA EXTINGAO. 3.1 Introdugao. 3.3 Prescricao 24 3.3.1 Prescric&o da pretenso punitive wrssseseesuee sesssunnnneeeeenns 25 3.3.2 Prescric&o da pretensdo executéria. 30 3.3.3 Disposicdes importantes sobre a prescricso 32 4 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES 5 SUMULAS PERTINENTES 5.1 Stimulas do STF. 5.2 Stimulas do STJ. 6 RESUMO. 7 EXERCICIOS DA AULA. 8 EXERCICIOS COMENTADOS. 9 GABARITO Olé, meus amigos! Na Ultima aula nds iniciamos o estudo do crime, seu conceito e€ elementos, estudando os dois primeiros deles: o fato tipico e a ilicitude. Hoje, a matéria é hard. Vamos finalizar o estudo dos elementos do Crime, analisando a culpabilidade e o fenémeno do Erro no Direito Penal. Veremos, ainda, a extingao da pu lade. Bons estudo: Prof. Renan Araujo Ell Eee Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2de 81 pro E] BTN} 8 1.1 Conceito A culpabilidade nada mais é que o juizo de reprovabilidade acerca da conduta do agente, considerando-se suas circunstancias pessoais.* Diferentemente do que ocorre nos dois primeiros elementos (fato tipico e ilicitude), onde se analisa o fato, na culpabilidade o objeto de estudo nao é o fato, mas o agente. Dai alguns doutrinadores entenderem que a culpabilidade no integra o crime (por nao estar relacionada ao fato criminoso, mas ao agente). Entretanto, vamos trabalha-la como elemento do crime. 1.2 Teorias Trés teorias existem acerca da culpabilidade: 1.2.1 Teoria psicolégica Para essa teoria a culpabilidade era analisada sob o prisma da imputabilidade e da vontade (dolo e culpa). Esta teoria entende que o agente seria culpavel se era imputavel no momento do crime e se havia agido com dolo ou culpa. Vejam que essa teoria sé pode ser utilizada por quem adota a teoria causalista (naturalistica) da conduta (pois o dolo e culpa esto na culpabilidade). Para os que adotam a teoria finalista (nosso Cédigo penal), essa teoria acerca da culpabilidade é impossivel, pois a teoria finalista aloca o dolo e a culpa na conduta, e, portanto, no fato tipico. 1.2.2 Teoria normativa ou psicolégico-normativa Possui os mesmos elementos da primeira, mas agrega a eles a exigibilidade de conduta diversa, que é a “possibilidade de agir conforme o Direito” e a consciéncia da ilicitude (que no esta inserida dentro do dolo, na qualidade de elemento normativo). Para essa teoria, mais evoluida, ainda que o agente fosse imputéavel e tivesse agido com dolo ou culpa, sé seria culpavel se no caso concreto Ihe pudesse ser exigido um outro comportamento que néo o comportamento criminoso. Trata-se, portanto, da incluséo de elementos normativos a culpabilidade, que deixa de ser a mera relacdo subjetiva do agente com © fato (dolo ou culpa). A culpabilidade seria, portanto, a conjugag&o do elemento subjetivo (dolo ou culpa) e do juizo de reprovagdo sobre o agente.2 * BITENCOURT, Op. cit., p. 451/452 ? BITENCOURT, Op. cit., p. 447 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1.2.3 Teoria extremada da culpabilidade (normativa pura Essa j4 muda de ares. Ja naéo mais considera o dolo e culpa como elementos da culpabilidade, mas do fato tipico (seguindo a teoria finalista da conduta). Para esta teoria, os elementos da culpabilidade sao: a) imputabilidade; b) potencial consciéncia da ilicitude; c) exigibilidade de conduta diversa. A potencial consciéncia da ilicitude seria a andlise concreta acerca das possibilidades que 0 agente tinha de conhecer o cardter ilicito de sua conduta. Vamos estudar cada um desses elementos mais & frente. Além disso, 0 dolo e a culpa passam a integrar o fato tipico, como dito anteriormente. Porém, 0 dolo que vai para o fato tipico é o chamado “dolo natural”, ou seja, a mera vontade e consciéncia de praticar a conduta. O dolo “normativo” (consciéncia POTENCIAL da ilicitude) permanece na culpabilidade. 1.2.4 Teoria limitada da culpabilidade Para a maior parte da Doutrina, a teoria normativa pura se divide em: + Teoria extremada + Teoria limitada Mas o que dizem estas teorias? Basicamente, a mesma coisa. A grande diferenca entre elas reside no tratamento dispensado ao erro sobre as causas de justificagéio (ou de excluséo da antijuridicidade), também conhecidas como descriminantes putativas. A teoria extremada defende que todo erro que recaia sobrea uma causa de justificag&o seria equiparado ao erro de proibig&o. A teoria limitada, por sua vez, divide 0 erro sobre as causas de justificagao (descriminantes putativas) em: + Erro sobre pressuposto fatico da causa de justificagao (ou erro de fato) - Neste caso, aplicam-se as mesmas regras previstas para o erro de tipo (tem-se aqui o que se chama de ERRO DE TIPO PERMISSIVO).? + Erro sobre a existéncia ou limites juridicos de uma causa de justificacdo (erro sobre a ilicitude da conduta) - Neste caso, tal teoria defende que devam ser aplicadas as mesmas regras previstas para o erro de PROIBICAO, por se assemelhar a conduta daquele que age consciéncia da ilicitude. Em linhas gerais, portanto, a teoria extremada e a teoria limitada dizem a mesma coisa, divergindo apenas no que toca ao tratamento que deve ser dispensado as descriminantes putativas. ? BITENCOURT, Op. cit., p. 508 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4de at Vamos estudar cada um dos elementos da culpabilidade e, ao final, estudaremos com mais detalhes o tratamento conferido ao ERRO. 1.3 Elementos 1.3.1 Imputabilidade penal. © Cédigo Penal nao define o que seria imputabilidade penal, apenas descreve as hipdteses em que ela ndo esta presente. A imputabilidade penal pode ser conceituada como a capacidade mental de entender o caréter ilicito da conduta e de comportar-se conforme o Direito. Existem trés sistemas acerca da imputabilidade: > Biolégico - Basta a existéncia de uma doenca mental ou determinada idade para que o agente seja inimputavel. E adotado no Brasil com relagio aos menores de 18 anos. Trata-se de critério meramente biolégico: Se o agente tem menos de 18 anos, é inimputavel. > Psicolégico - Sé se pode aferir a imputabilidade (ou nao), na andlise do caso concreto. > Biopsicolégico - Deve haver uma doenga mental (critério biolégico, legal, objetivo), mas o Juiz deve analisar no caso concreto se o agente era ou nao capaz de entender o carater ilicito da conduta e de se Stiokads conforme o Direito (critério Baise Bon |. CUIDADO! A imputabilidade penal deve ser aferida quando do momento em que ocorreu o fato criminoso. Assim, se A (menor com 17 anos e 11 * BITENCOURT, Op. cit., p. 474. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Sde 81 meses de idade) atira contra B, que fica em coma e so vem a falecer quando A ja tinha mais de 18 anos, A ser considerado INIMPUTAVEL, pois no momento do crime (momento da acéio ou omissao, art. 4° do CP), era menor de 18 anos (critério puramente biolégico, adotado como EXCECAO no CP). Imaginem, agora, que Marcelo, com 17 anos, sequestra Juliana. O sequestro dura 06 meses e, ao final, Marcelo jé contava com 18 anos. Neste caso, Marcelo sera considerado IMPUTAVEL, pois no momento do crime Marcelo era imputavel (ainda que nao fosse imputavel no comeco, a partir de um dado momento passou a ser imputavel, respondendo pelo delito). As causas de inimputabilidade esto previstas nos arts. 26, 27 e 28 do CP: Art. 26 - E isento de pena o agente que, por doenca mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, a0 tempo da aco ou da omissdo, inteiramente incapaz de entender 0 cardter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redag&o dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Reducéo de pena Pardgrafo Unico - A pena pode ser reduzida de um a dois tercos, se 0 agente, em virtude de perturbacdo de satide mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado néo era inteiramente capaz de entender o carter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos so penalmente inimputaveis, ficando sujeitos 4s normas estabelecidas na legislacao especial. (Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 117.1984) Emogao e paixéo Art. 28 - No excluem a imputabilidade penal: (Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) I - a emogo ou a paixéo; (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Embriaguez I - a embriaguez, voluntaria ou culposa, pelo dlcoo! ou substancia de efeitos andlogos.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7,1984) § 19- Eisento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou forca maior, era, a0 tempo da acéo ou da omissao, intelramente incapaz de entender 0 cardter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) § 20 - A pena pode ser reduzida de um a dois tercos, se 0 agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou forca maior, nao possuia, ao tempo da acao ou da omissdo, 2 plena capacidade de entender o caréter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Os arts. 26 a 28 do CP trazem hipéteses em que a imputabilidade ficaré afastada (inimputabilidade penal), bem como hipsteses nas quais ela ficaré apenas diminuida, mas no seré afastada (semi-imputabilidade). Além disso, Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 81 trata de casos em que no seré possivel afastar a imputabilidade ou reconhecer semi-imputabilidade (emogao e paixdo, por exemplo). Vamos ver, agora, este tema com mais detalhes. 1.3.1.1 Menor de 18 anos Esse é um critério meramente biolégico e taxativo: Se o agente é menor de 18 anos, responde perante o ECA nao se aplicando a ele o CP, nos termos do art. 27 do CP. 1.3.1.2 Doenga mental e Desenvolvimento mental incompleto ou retardado No caso dos doentes mentais, deve-se analisar se o agente era inteiramente incapaz de entender o carater ilicito da conduta ou se era parcialmente incapaz disso. No primeiro caso, sera inimputavel, ou seja, isento de pena. No segundo caso, sera semi-imputavel, e sera aplicada pena, porém, reduzida de um a dois tergos. Lembrando que o art. 26 do CP exige, para fins de inimputabilidade por este motivo: = Que o agente possua a doenga (critério biolégico) * Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o carater ilicito do fato QU inteiramente incapaz de determinar-se conforme este entendimento (critério psicolégico) Por isso se diz que este é um critério BIOPSICOLOGICO (pois mescla os dois critérios). Nos dois casos acima, se o agente for inimputavel, exclui-se a culpabilidade e ele é isento de pena. Se for semi-imputavel, sera considerado culpavel (nao se exclui a culpabilidade), mas sua pena sera reduzida de um a dois tercos. No caso de o agente ser inimputavel, por ser menor de 18 anos, nao ha processo penal, respondendo perante 0 ECA. No caso de ser inimputavel em razao de doenca mental ou desenvolvimento incompleto, seré isento de pena (absolvido), mas o Juiz aplicaré uma medida de seguranca (internacSo ou tratamento ambulatorial). Isso é 0 que se chama de sentenca absolutoria imprépria (Pois, apesar de conter uma absolvicdo, contém uma espécie de sancdo penal). No caso de o agente ser semi-imputavel, ele nao ser isento de pena! Sera condenado a uma pena, que sera reduzida. Entretanto, a lei permite que o Juiz, diante do caso, substitua a pena privativa de liberdade por uma medida de seguranca (internagao ou tratamento ambulatorial). -+ Sondmbulo pode ser considerado doente mental? Embora nao seja undnime, prevalece o entendimento de que a conduta praticada pelo sonambulo, durante o estado de sonambulismo, nao configura crime por auséncia de Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7de 81 conduta, jé que no ha dolo ou culpa. Afasta-se, portanto, o fato tipico, e nao a culpabilidade. 1.3.1.3 Embriaguez Segundo o CP, como regra, a embriaguez n&o é uma hipétese de inimputabilidade, de forma que 0 agente responderé pelo crime, ou seja, seré considerado IMPUTAVEL. Vejamos: Art. 28 - No excluem a imputabilidade penal: (Redagéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) I - a emocao ou a paixao; (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Embriaguez II - a embriaguez, voluntaria ou culposa, pelo élcool ou substéncia de efeitos anélogos.(Redacao dada pela Lei n? 7.209, de 11.7.1984) Assim, ndo importa se a embriaguez foi dolosa (o agente queria ficar embriagado) ou culposa (nao queria ficar embriagado, mas bebeu demais e ficou embriagado). O agente, nestes casos, ser considerado imputavel. — Mas, por qual razao o agente é considerado imputavel (na hipétese de embriaguez ndo acidental), se no momento do fato ele ndo tinha discernimento? Trata-se da adogéo da chamada “Teoria da actio Libera in causa” (aco livre na causa), que pode aparecer em formato de sigla (ALIC). Segundo esta Teoria, o agente deve ser considerado imputavel mesmo néo tendo discernimento no momento do fato, pois tinha discernimento quando decidiu ingerir a substancia. Ou seja, apesar de nao ter discernimento agora (no momento do crime), tinha discernimento quando se embriagou, ou seja, sua ago era livre na causa (tinha liberdade para decidir ingerir, ou nao, a substancia). Todavia, a embriaguez pode afastar a imputabilidade quando for acidental, ou seja, decorrente de caso fortuito ou forca maior (E mesmo assim, deve ser completa e retirar totalmente a capacidade de discernimento do agente). EXEMPLO: Imaginem que Luciana é embriagada por Carlos (que coloca alcool em seus drinks). Sem saber, Luciana ingere as bebidas alcodlicas e comete crime. Nesse caso, Poliana poderd ser inimputavel ou imputavel, a depender de seu nivel de discernimento quando da pratica da conduta. = Ea embriaguez preordenada? A embriaguez preordenada é aquela na qual o agente se embriaga PARA tomar coragem e praticar o crime. Ou seja, 0 agente no s6 quer ficar embriagado, ele quer ficar embriagado para praticar o crime. Tal embriaguez nado afeta a imputabilidade do agente, ou seja, 0 agente é considerado imputavel. Trata-se, ainda, de circunstancia agravante da pena (a pena, portanto, sera aumentada em razéo de tal fato). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Bde 81 Vejamos 0 seguinte esquema: SITUACAO CAUSA RESULTADO- VOLUNTARIA (ooLosaou, ——_MiPUTAVEL ‘CULPOSA) impurTAveL+ | wc | — — COMPLETA = INIMPUTAVEL ACIDENTAL(CASO. FORTUITOOU : FORCA MAIOR) IMPUTAVEL com PARCIAL om pimnuicAo De PENA, Importante destacar que o CP exige que EM RAZAO da embriaguez decorrente de caso fortuito ou forga maior o agente esteja INTEIRAMENTE INCAPAZ de entender o carater ilicito do fato ou de determinar-se conforme este entendimento. Em qualquer dos dois casos de embriaquez acidental, ndo sera possivel aplicagéo de medida de seguranca, pois essa visa ao tratamento do agente considerado doente, e que oferece risco a sociedade. No caso da embriaguez acidental, o agente é sadio, tendo ingerido alcool por caso fortuito ou forga maior. = Ea embriaguez patolégica? A embriaguez patolégica pode excluir a imputabilidade, desde que se configure como embriaguez verdadeiramente doentia (nao apenas embriaguez habitual). Nesse caso, o agente sera tratado como doente mental. 1.3.2 Potencial consciéncia da ilicitude A potencial consciéncia da ilicitude 6 a possibilidade (dai o termo “potencial”) de o agente, de acordo com suas caracteristicas, conhecer o carter ilicito do fato”. Nao se trata do parametro do homem médio, mas de uma andlise da pessoa do agente. Assim, aquele que € formado em Direito, em tese, * BACIGALUPO, Enrique. Manual de Derecho penal. Ed. Temis S.A., tercera reimpressi6n. Bogota, 1996, p. 153 en i www.estrategiaconcursos.com.br ode 81 tem maior potencial consciéncia da ilicitude que aquele que nunca saiu de uma aldeia de pescadores e tem pouca instrucgao. E claro que isso varia de pessoa para pessoa e, principalmente, de crime para crime, pois alguns so do conhecimento geral (homicidio, roubo), e outros nem todos conhecem (bigamia, por exemplo). Quando o agente age acreditando que sua conduta nao é penalmente ilicita, comete (art. 21 do CP), que veremos mais a frente. 1.3.3 Exigibilidade de conduta diversa N&o basta que o agente seja imputdvel, que tenha potencial conhecimento da ilicitude do fato, é necessdrio, ainda, que o agente pudesse agir de outro modo. EXEMPLO: imagine a situacéo de uma mae que vé seu filho clamar por comida e, diante disso, rouba um cesto de paes. Nesse caso, a me era maior de idade, sabia que a conduta era ilicita, mas ndo se podia exigir que, naquelas circunstancias, agisse de outro modo. Dessa forma, nesse caso, sua culpabilidade estaria excluida (isso sem comentar o principio da bagatela, que excluiria a prépria tipicidade, por auséncia de lesdo tutelavel. Mas isso dependeria da andlise de outros fatores do caso concreto). Esse elemento da culpabilidade fundamenta duas causas de excluséo da culpabilidade: > Coagéo MORAL irresistivel - Ocorre quando uma pessoa coage outra a praticar determinado crime, sob a ameaca de Ihe fazer algum mal grave. Ex.: Alberto coloca uma arma na cabega de Poliana e diz que se ela nao atirar em Romeu, matara seu filho, que esté sequestrado por seus comparsas. Nesse caso, nao se pode exigir de Poliana que deixe de atirar em Romeu, pois esta sob ameaga de um mal gravissimo (morte do filho). > Obediéncia hierarquica - £ 0 ato cometido por alguém em cumprimento a uma ordem ilegal proferida por um superior hierarquico. Cuidado! ILEGAL. Se aquele que cumpre a ordem sabe que esta cometendo uma ordem ilegal, responde pelo crime juntamente com aquele que deu a ordem. Sea ordem nao é manifestamente ilegal aquele que apenas a cumpriu estar acobertado pela excludente de culpabilidade da inexigibilidade de conduta diversa. CUIDADO! Nesse caso (obediéncia hierérquica), sé se aplica aos funcionarios piiblicos, nao aos particulares! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 81 ‘Com relago & coagéo mora irresistivel, vocés podem perceber que eu coloquei a expresso “MORAL” em caixa alta. Foi para deixar BEM CLARO que somente a coacéo MORAL irresistivel é que exclui a culpabilidade (por inexigibilidade de conduta diversa). A coacao FISICA irresistivel NAO EXCLUI A CULPABILIDADE. A coacao F{SICA irresistivel EXCLUI O FATO TIPICO, pois o fato nao serd tipico por auséncia de CONDUTA, jé que nao hd vontade. 2.1 Erro de tipo essencial Sabemos que o crime, em seu conceito analitico, é formado basicamente por trés elementos: fato tipico (para alguns, tipicidade, mas a nomenclatura aqui é irrelevante), ilicitude e culpabilidade. Quando 0 agente comete um fato que se amolda perfeitamente a conduta descrita no tipo penal (direta ou indiretamente), temos um fato tipico e, como disse, estara presente, portanto, a tipicidade. Pode ocorrer, entretanto, que o agente pratique um fato tipico por equivoco! Isso mesmo! O agente pratica um fato considerado tipico, mas o faz por te ido em erro sobre algum de seus elementos. © erro de tipo é 2 representacgdo errénea da realidade, na qual o agente acredita no se verificar a presenca de um dos elementos essenciais que compéem o tipo penal. EXEMPLO: Imaginemos o crime de desacato: Art. 331 - Desacatar funcionério publico no exercicio da funcdo ou em razéo dela: Pena - detencao, de seis meses a dois anos, ou multa. Imaginemos que o agente desconhecesse a condigdo de funcionério publico da vitima. Nesse caso, houve erro de tipo, pois o agente incidiu em erro sobre elemento essencial do tipo penal. , pois o agente pode desconhecer sua condigo de garantidor no caso concreto” (aquele que tem o dever de impedir o resultado). EXEMPLO: Imagine que uma mée presencie o estupro da propria filha, mas nada faca, por nao verificar tratar-se de sua filha. Nesse caso, a mée incidiu em erro de tipo, pois errou na representa da realidade fatica acerca de elemento que constituia o tipo penal. Ou seja, ndo identificou que a vitima era sua filha, elemento este que faria surgir seu dever de intervir. © BITENCOURT, Op. cit., p. 512 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br ii de 81 SBiFincot ATENGAO! Quando o erro incidir sobre elemento normativo do tipo’, ha divergéncia na Doutrina! Parte entende que continua se tratando de erro de tipo. Outra parte da Doutrina entende que ndo se trata de erro de tipo, mas de erro de proibic&o, pois o agente estaria errando acerca da licitude do fato®. Exemplo: O art. 154 do CP diz 0 seguinte: Art. 154 - Revelar alguém, segredo, de que tem ciéncia em razo de funco, ministério, oficio ou profissso, @ cuja revelacdo possa produzir dano a outrem: Pena - detencao, de trés meses a um ano, ou muita. Nesse caso, o elemento “sem justa causa” é elemento normativo do tipo. Se 0 médico revela um segredo do paciente para um parente, acreditando que este poderd ajudé-lo, e faz isso apenas para o bem do paciente, acreditando haver justa causa, quando na verdade o parente é um tremendo fofoqueiro que s6 quer difamar o paciente, 0 médico incorreu em erro de tipo, pois acreditava estar agindo com justa causa, que nao havia. Porém, como disse a vocés, parte da doutrina entende que aqui se trata de erro de proibigdo. Mas a teoria que prevalece é a de que se trata mesmo de erro de tipo. O erro de tipo pode ser: + Escus4vel - Quando o agente nao poderia conhecer, de fato, a presenga do elemento do tipo. Exemplo: “A” entra numa loja e ao sair, verifica que esqueceu sua bolsa. Ao voltar, A encontra uma bolsa idéntica 4 sua, e a leva embora. Entretanto, “A” nao sabia que essa bolsa era de “B”, que estava olhando revistas distraida, tendo sua bolsa sido levada por outra pessoa no momento em que saiu da loja pela primeira vez. Nesse caso, “A” nao tinha como imaginar que alguém, em to pouco tempo, haveria furtado sua bolsa e que outra pessoa deixaria no mesmo lugar uma bolsa idéntica. Nesse caso, “A” incorreu em erro de tipo escusavel, pois ndo poderia, com um exercicio mental razo4vel, saber que aquela ndo era sua bolsa. + Inescusavel - Ocorre quando o agente incorre em erro sobre elemento essencial do tipo, mas poderia, mediante um esforco mental razodvel, nao ter agido desta forma. Exemplo: Imaginemos que Marcelo esteja numa reparticao publica e acabe por desacatar funcionério publico que ld estava. Marcelo nao sabia que se tratava de funciondrio publico, mas mediante esforco mental minimo ? Com relagdo a estes termos, CEZAR ROBERTO BITENCOURT 05 considera como “elementos normativos especiais da ilicitude”. Para o autor, elementos normativos seriam aqueles que demandam mero juizo de valor acerca de um objeto (saber que o documento falsificado é publico, por exemplo, no crime de falsificacao de documento publico). Termos como “indevidamente”, “sem justa causa”, etc., seriam antecipacdo da il (BITENCOURT, Op. cit., p. 350). Fica apenas o registro, j que a Doutrina majoritdria entende Que tais expressdes sao elementos normativos do tipo penal. Ver, por todos: GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 211. ° BITENCOURT, Op. cit., p. 514/515 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 81 poderia ter chegado a esta conclusdo, analisando a postura da pessoa com quem falava e 0 que a pessoa fazia no local. Assim, Marcelo incorreu em erro de tipo inescusdvel, e responderia por crime culposo, caso houvesse previsdo de desacato culposo (nao ha). Assim, lembrem-se: Pode ser que se utilize o termo “Erro sobre elemento constitutive do tipo penal”. Eu prefiro essa nomenclatura, mas ela nao é utilizada sempre. ATENCAO! Existe, ainda, 0 que se convencionou chamar de “erro de tipo permissivo”. O que € isso? O erro de “tipo permissivo” é 0 erro sobre os pressupostos objetivos de uma causa de justificacdo (excludente de ilicitude). Assim, 0 erro de “tipo permissivo” seria, basicamente, uma descriminante putativa. Fala-se em “tipo permissivo” em razao da teoria dos elementos negativos do tipo, surgida na Alemanha no comeco do século passado. Para esta teoria, as causas de exclusdo da ilicitude seriam elementos NEGATIVOS do tipo. Ou seja, enquanto o “tipo incriminador” propriamente dito seria a descric&o da conduta proibida, as excludentes de ilicitude corresponderiam a “ressalvas” a ilicitude da conduta. Desta forma, o que a Doutrina quis dizer foi que, basicamente, quando o art. 121 do CP diz que “matar alguém” é crime, ele na verdade quer dizer que “matar alguém é crime, exceto se houver alguma causa de justificacao”. Esta é uma teoria que conta com alguns adeptos e, independentemente disso, © fato 6 que o termo “erro de tipo permissivo” é largamente utilizado e, portanto, digno de nota! 2.2 Erro de tipo acidental © erro de tipo acidental nada mais é que um erro na execucao do fato criminoso ou um desvio no nexo causal da conduta com o resultado. Pode se apresentar de diversas formas: ° GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 376 LLllo—EEoE—Eeeee Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 81 2.2.1 Erro sobre a pessoa (error in persona’ Aqui o agente pratica 0 ato contra pessoa diversa da pessoa visada, por confundi-la com a pessoa que deveria ser o alvo do delito. Neste caso, o erro é irrelevante, pois 0 agente responde como se tivesse praticado 0 crime CONTRA A PESSOA VISADA. Essa previsdo esta no art. 20, §3° do CP. Aqui o sujeito executa perfeitamente a conduta, ou seja, nao existe falha na execugao do delito. O erro estd em momento anterior (na representacao mental da vitima). Ex.: Jodo quer matar seu pai, pois esté com raiva em razao da partilha dos bens de sua mae. Jodo fica na espreita e, quando vé uma pessoa chegar, acreditando ser seu pai, mira bem no cranio e lasca um balaco certeiro, fazendo com que a vitima caia desfalecida. Apés, verifica que a pessoa nao era seu pai, mas seu irmao. Neste caso o agente responderd como se tivesse praticado o delito contra seu pai (pessoa visada) e nao pelo homicidio contra seu irmao. Trata-se da teoria da equivaléncia. 2.2.2 Erro sobre 0 nexo causal No erro sobre 0 nexo causal o agente alcanga o resultado efetivamente pretendido, mas em razéo de um nexo causal diferente daquele que o agente planejou. Pode ser de duas espécies: 2.2.2.1 Erro sobre 0 nexo causal em sentido estrito Aqui o agente, com um sé ato, provoca o resultado pretendido (mas com nexo causal diferente). Ex.: José dispara dois tiros contra Maria, visando sua morte. Maria, em razdo dos disparos, cai na piscina, e morre por afogamento. © agente responde pelo que efetivamente ocorreu (morte por afogamento).!° 2.2.2.2 Dolo geral ou aberratio causae Aqui temos 0 que se chama de DOLO GERAL OU SUCESSIVO. E 0 engano no que se refere ao meio de execugao do delito. Ocorre quando o agente, acreditando ja ter ocorrido o resultado pretendido, pratica outro ato, mas ao final verifica que este Ultimo foi o que provocou o resultado. Ex.: O agente atira contra a vitima, visando sua morte. Acreditando que a vitima ja morreu, atira o corpo num rio, visando sua ocultacao. Mais tarde, + Por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 380 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 81 descobre-se que esta ultima conduta foi a que causou a morte da vitima, por afogamento, pois ainda estava viva. Embora, tenhamos dois crimes (um homicidio doloso tentado na primeira conduta e um homicidio culposo consumado na segunda conduta), a Doutrina majoritaria entende que o agente responde por apenas um crime, pelo crime originalmente previsto (homicidio doloso consumado!"), tendo sido adotada a TEORIA UNITARIA (ou principio unitario)."” Mas qual o nexo causal que se deve considerar? O pretendido ou o efetivamente ocorrido? Embora nao haja unanimidade, prevalece o entendimento de que deve o agente responder pelo nexo causal efetivamente ocorrido (e nao pelo pretendido).? 2.2.3 Erro na execucdo (aberratio ictus) Aqui o agente atinge pessoa diversa daquela que fora visada, néo por confundi-la, mas por ERRAR NA HORA DE EXECUTAR 0 DELITO. Imagine que 0 agente, tentando acertar “A”, erre o tiro e acaba acertando “B". No erro sobre a pessoa 0 agente nao “erra o alvo”, ele “acerta 0 alvo”, mas 0 alvo foi confundido. SAO COISAS DIFERENTES! ‘A aberratio ictus pode decorrer de mero acidente durante a execugéio do delito (néo houve md execucéo pelo infrator, mas mero acidente). Ex.: José deseja matar Maria. Sabendo que Maria usa seu carro todas as manhs para ir ao trabalho, coloca uma bomba no veiculo, que seré acionada assim que for dada a partida no carro. Maria, contudo, no usa o carro naquele dia, e quem acaba ligando o veiculo é seu marido, que vem a falecer em razo da bomba. Vejam que, aqui, o agente nao errou na hora de executar o ato criminoso, mas acabou atingindo pessoa diversa em razao de acidente no curso da empreitada criminosa. Nesse caso, assim como no erro sobre a pessoa, o agente responde pelo crime originalmente pretendido. Esta é a previsdo do art. 73 do CP". * GRECO, Rogério. Curso de ireito Penal. Volume 1. Ed. Impetus. Niterdi-RJ, 2015, p. 360 %? Doutrina minoritdria (mas muito importante) sustenta que o agente deva responder por dois crimes em concurso: homicidio doloso tentado (primeira conduta) + hori culposo consumado (segunda conduta). Trata-se da adocdo da teoria do desdobramento. 38 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 380/381 “art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execuc4o, 0 agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado 2 crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3° do art. 20 deste Cédigo. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Cédigo.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 81 No que tange as consequéncias, o erro na execugao pode ser de duas ordens: 2.2.3.1. Erro sobre a execugio com unidade simples (Aberratio ictus de resultado Unico) O agente atinge somente a pessoa diversa daquela visada. Neste caso, responde como se tivesse atingido a pessoa visada (e nao aquela efetivamente atingida), da mesma forma como ocorre no erro sobre a pessoa. EXEMPLO: José quer lesionar Maria, e atira contra ela uma pedra. Todavia, erra 0 alvo e acaba acertando Paulo. Neste caso, José responde pela lesdo corporal praticada. Todavia, devemos levar em considerac3o as condicdes pessoais de Maria, nao as de Paulo, na hora de aplicar a pena. Assim, se Maria era a mae de José, José teré sua pena agravada (crime praticado contra ascendente, art. 61, II, “e” do CP), mesmo néo tendo atingido Maria. 2.2.3.2 Erro sobre a execucéo com unidade complexa (Aberratio ictus de resultado duplo) © agente atinge a vitima nao visada, mas atinge também a vitima originalmente pretendida. Nesse caso, responde pelos dois crimes, em CONCURSO FORMAL. EXEMPLO: José quer lesionar Maria, e atira contra ela uma pedra. Todavia, além de acertar Maria, a pedra acaba acertando também Paulo, que passava na hora. Neste caso, José responde pelos dois crimes. 2.2.4 Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aberratio delicti ou aberratio criminis’ Aqui 0 agente pretendia cometer um crime, mas, por acidente ou erro na execusao, acaba cometendo outro. Aqui ha uma relacdo de pessoa x coisa (ou coisa x pessoa). Na aberratio ictus ha uma relacdo de pessoa x pessoa. Pode ser de duas espécies: 2.2.4.1 Com unidade simples © agente atinge apenas o resultado NAO PRETENDIDO. O agente responde apenas por um delito, da seguinte forma: + Pessoa visada, coisa atingida - Responde pelo dolo em relagdo a pessoa (tentativa de homicidio ou lesdes corporais). Ex.: José atira contra Maria, querendo sua morte. Contudo, erra na execucio e acaba por atingir uma planta. Neste caso, José responde apenas pela tentativa de homicidio. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 81 visada, pessoa atingida - Responde apenas pelo resultado ocorrido em relacéio a pessoa. Ex.: Imagine que alguém atire uma pedra num veiculo parado, com o dolo de danificd-lo (art. 163 do CP). Entretanto, o agente erra 0 alvo e atinge o dono, que estava perto, causando-lhe a morte (art. 121, §3° do CP). Nesse caso, 0 agente acaba por cometer CRIME DIVERSO DO PRETENDIDO. Respondera apenas pelo crime praticado efetivamente (homicidio culposo). 2.2.4.2 Com unidade complexa © agente atinge tanto o alvo (coisa ou pessoa) quanto a coisa (ou pessoa) néo pretendida. Aplica-se, neste caso, a mesma regra do erro na execucdo: atingindo ambos os bens juridicos (o pretendido e o nao pretendido) responderé por AMBOS OS CRIMES, em CONCURSO FORMAL (art. 70 do CP).!° CUIDADO! Se o agente visa atingir uma pessoa (lesées corporais, por exemplo) e, além de atingir a pessoa visada, acaba também quebrando uma vise ele NAO responde ey lesdes corporais dolosas + dano culposo, pois 2.2.5 Erro sobre o objeto (error in objecto Aqui o agente incide em erro sobre a COISA visada, sobre o objeto material do delito. Ex.: O agente pretende subtrair uma valiosa obra de arte. Entra a noite na residéncia mas acaba furtando um quadro de pequeno valor, por confundir com a obra pretendida. OCP néo previu esta hipétese de erro, mas diante de sua possibilidade fatica, a Doutrina se debrugou sobre o tema. Uma vez ocorrendo erro sobre o objeto, no ha qualquer relevancia para fins de afastamento do do dolo ou da culpa, bem como nao se afasta a culpabilidade. O agente responder pelo delito. Mas qual delito? Neste caso, ha divergéncia doutrinaria. A doutrina majoritdéria, porém, sustenta que o agente deve responder pela conduta efetivamente praticada (independentemente da coisa visada). Assim, no exemplo anterior, o agente responderia pelo furto do quadro de pequeno valor (e no pelo furto da obra de arte valiosa). *5 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 379 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 8t 2.3 Erro determinado por terceiro No erro de tipo o agente comete 0 erro “sozinho”, ou seja, nao é induzido a erro por ninguém. No erro determinado (ou provocado) por terceiro o agente erra porque alguém o induz a isso. Neste caso, sé responde pelo delito aquele que provoca o erro. Entende-se que ha, aqui, uma modalidade de autoria mediata, na qual o autor mediato (agente provocador) utiliza o autor imediato (agente provocado, aquele que comete 0 erro) como mero instrumento para seu intento criminoso. Ex.: Determinado médico, querendo a morte do paciente, entrega a enfermeira (dolosamente) uma dose de veneno, e a induz a ministra-lo ao paciente, alegando tratar-se de um sedativo. A enfermeira, sem saber do que se trata, confiando no médico, ministra o veneno. © paciente morre. Neste caso, somente o médico (aquele que provocou 0 erro) responde pelo homicidio (neste caso, doloso). A enfermeira, em regra, nfo responde por crime algum, salvo se ficar demonstrado que agiu de forma negligente (por exemplo, se tinha plenas condicdes de saber que se tratava de veneno, ou se podia desconfiar das intengdes do médico, etc.). 2.4 Erro de proibicao A culpabilidade (terceiro elemento do conceito analitico de crime) é formada por alguns elementos, dentre eles, a POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE. A POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE é a possibilidade de o agente, de acordo com suas caracteristicas, conhecer o cardter ilicito do fato. No se trata do parametro do homem médio, MAS DE UMA ANALISE DA PESSOA DO AGENTE. uando o agente age acreditando que sua conduta néo é ilicita, comete (art. 21 do CP). 0 erro de proibicdo pode ser: > Escusdvel - Nesse caso, era impossivel aquele agente, naquele caso concreto, saber que sua conduta era contréria ao Direito. Nesse caso, exclui-se a culpabilidade e 0 agente ¢ isento de pena. » Inescusavel - Nesse caso, o erro do agente quanto a proibicéo da conduta nao é to perdodvel, pois era possivel, mediante algum esforco, entender que se tratava de conduta ilicita. Assim, permanece a culpabilidade, respondendo pelo crime, com pena diminufda de um sexto a um ter¢o (conforme o grau de possibilidade de conhecimento da ilicitude). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 81 Ty EXEMPLO: Um cidadao, ld do interior, encontra um bem (relégio de ouro, por exemplo) e fica com ele para si. Entretanto, mal sabe ele que essa conduta é crime, previsto no CP (apropriac&o de coisa achada). Vejamos: Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda a0 seu poder por erro, caso fortuito ou forca da natureza: Pena - detencao, de um més a um ano, ou multa. Paragrafo Unico - Na mesma pena incorre: (...) Apropriacao de coisa achada IL - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restitui-la a0 dono ou legitimo possuidor ou de entregs-la 3 autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias. Percebam que até mesmo uma pessoa de razoavel intelecto ¢ capaz de nao conhecer a ilicitude desta conduta’®. Assim, o agente, diferentemente do que ocorre no erro de tipo, REPRESENTA PERFEITAMENTE A REALIDADE (Sabe que a coisa nao é sua, é uma coisa que foi perdida por alguém), mas ACREDITA QUE A CONDUTA E LicITA. Imaginem, no mesmo exemplo, que o camarada que achou o relégio, na verdade, soubesse que no podia ficar com as coisas dos outros, mas acreditasse que 0 relégio era um relégio que ele tinha perdido horas antes (quando, na verdade, era o relégio de outra pessoa). Nesse caso, o agente sabia que nao podia praticar a conduta de “se apropriar de coisa alheia perdida” (Nao hd, portanto, erro de proibicio), mas acreditou que a coisa nao era “alheia”, achando que fosse sua (erro de tipo). Ficou clara a diferenga? O erro de proibicéo pode ser direto (que é a hipétese mencionada) ou indireto. O erro de proibicdo indireto ocorre quando o agente atua acreditando que existe uma causa de justificagdo que o ampare. Contudo, nao confundam o erro de proibi¢do indireto com o erro de tipo permissivo. Ambos *© Nao se exige que o agente conhega EXATAMENTE a tipificacao penal de sua conduta, bastando que ele saiba que sua conduta é ilicita. Assim, se 0 agente pratica uma determinada conduta que sabe ser ilicita (embora nao saiba a qual crime se refere), NAO HA ERRO DE PROIBICAO. Haveria, aqui, 0 que se chama de “erro de subsungao”, que ¢ irrelevante para fins de determinacao da responsabilidade penal do agente. Isso ocorre porque no se exige do agente que saiba EXATAMENTE a que tipo penal corresponde sua conduta. Basta que se verifique ser possivel a agente, de acordo com suas caracteristicas pessoas e sociais, saber que sua conduta é ilicita (Isso 0 que se chama de VALORACAO PARALELA NA ESFERA DO PROFANO, OU DO LEIGO). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 81 se referem @ existéncia de uma causa de justificagéo (excludente de ilicitude), mas ha uma diferenga fundamental entre eles: + Erro de tipo permissivo - 0 agente atua acreditando que, no caso concreto, esto presentes os requisitos faticos que caracterizam a causa de justificacdo e, portanto, sua conduta seria justa. Ex.: José atira contra seu filho, de madrugada, pois acreditava tratar-se de um ladrSo (acreditava que as circunstdncias faticas autorizariam agir em legitima defesa). + Erro de proibicgdo indireto - O agente atua acreditando que existe, EM ABSTRATO, alguma descriminante (causa de justificagao) que autorize sua conduta. Trata-se de erro sobre a existéncia e/ou limites de uma causa de justificagao em abstrato. Erro, portanto, sobre o ordenamento juridico’’. Ex.: José encontra-se num barco que esté a naufragar. Como possui muitos pertences, precisa de dois botes, um para se salvar e outro para salvar seus bens. Contudo, Marcelo também esté no barco e precisa salvar sua vida. José, no entanto, agride Marcelo, impedindo-o de entrar no segundo bote, ja que tinha a intencSo de utiliz4-lo para proteger seus bens. Neste caso, José no representou erroneamente a realidade fatica (sabia exatamente o que estava se passando). José, conduta, errou quanto aos limites da causa de justificag3o (estado de necessidade), que no autoriza o sacrificio de um bem maior (vida de Marcelo) para proteger um bem menor (pertences de José). 2.5 Descriminante putativa x delito putativo N&o se deve confundir descriminante putativa com delito putativo. As descriminantes putativas s&o quaisquer situagdes nas quais o agente incida em erro por acreditar que esté presente uma situago que, se de fato existisse, tornaria sua ago legitima (a doutrina majoritaria limita estes casos as excludentes de ilicitude). EXEMPLO: Imagine que o agente esté numa casa de festas e ouca gritos de “fogo”! Supondo haver um incéndio, corre atropelando pessoas, agredindo quem esta na frente, para poder se salvar. Na verdade, tudo nao passava de um trote. Nesse caso, 0 agente agrediu pessoas (moderadamente, é claro), para se salvar, supondo haver uma situacdo que, se existisse (incéndio) justificaria a sua conduta (estado de necessidade). Dessa forma, hé uma descriminante putativa por estado de necessidade putativo (descriminante putativa). No delito putativo acontece exatamente 0 oposto do que ocorre no erro de tipo, no erro de proibigéo e nas descriminantes putativas (seja de que natureza © BITENCOURT, Op. cit., p. 524/525 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 81 forem). O agente acredita que esta cometendo 0 crime, quando, na verdade, esta cometendo um INDIFERENTE PENAL. EXEMPLO: Um cidaddo, sem querer, esbarra no carro de um terceiro, causando danos no veiculo. Com medo de ser preso, foge. Na verdade, ele acredita que esté cometendo crime de DANO CULPOSO, mas ndo sabe que 0 CRIME DE DANO CULPOSO NAO EXISTE. Portanto, ha, aqui, DELITO PUTATIVO. DESCRIMINANTES Agente acredita n&o estar cometendo crime PUTATIVAS algum, por incidir em erro. Contudo, esta praticando uma conduta tipica e ilicita. DELITO PUTATIVO Agente comete um INDIFERENTE PENAL, mas acredita estar praticando crime. 3 PUNIBI E E SUA EXTINCAO 3.1 Introducdéo Quando alguém comete um fato definido como crime, surge para o Estado 0 poder-dever de punir. Esse direito de punir chama-se ius puniendi. Em regra, todo fato tipico, ilicito praticado por agente culpavel, é punivel. No entanto, 0 exercicio do jus puniendi encontra limitagdes de diversas ordens, sendo a principal delas a limitacao temporal (prescric&o). Desta forma, o Estado deve exercer 0 ius puniendi da maneira prevista na lei (através do manejo da Aggo Penal no processo penal), bem como deve fazé- lo no prazo legal. Para o nosso estudo interessam mais as hipdteses de extingdio da punibilidade. Vamos analisd-las entao! O art. 107 do CP prevé que: Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redacio dada pela Lei n® 7.209, de 11,7.1984) I - pela morte do agente; IL- pela anistia, graca ou indulto; II - pela retroatividade de lei que no mais considera 0 fato como criminoso; IV - pela prescricéo, decadéncia ou perempcao; V- pela renuincia do direito de queixa ou pelo perdéo aceito, nos crimes de acao privada; VI - pela retratacao do agente, nos casos em que a lei a admite; IX - pelo perdo judicial, nos casos previstos em lei. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de et Veremos, primeiro, todas as causas de extingéo da punibilidade diversas da prescric&io. Depois, vamos ao estudo da prescric&o, que é a principal delas. 3.2 Causas de extin¢ao da punibilidade diversas da prescricao © primeiro caso é bem simples. Falecendo o agente, extingue-se a punibilidade do crime, pois, como vimos, no Direito Penal vigora o principio da intranscendéncia da pena, ou seja, a pena nao pode passar da pessoa do criminoso. Assim, com a morte deste, cessa 0 direito de punir do Estado. Aanistia, a graca e 0 indulto sao modalidades muito parecidas de extingéo da punibilidade. Entretanto, nado se confundem. A anistia €xclui 6 préprio crime, ou seja, o Estado determina que as condutas praticadas (ja praticadas, ou seja, fatos consumados) pelos agentes nao sejam consideradas crimes. A anistia pode ser concedida pelo Poder Legislativo, e pode ser conferida a qualquer momento (inclusive apés a sentenca penal condenatéria transitada em julgado), fazendo cessar todos os efeitos PENAIS da condenaca&o (ex.: reincidéncia). EXEMPLO: Determinados policiais militares resolvem fazer greve por melhores salarios, condicées de trabalho, etc. Na greve, fazem piquetes, acabam coagindo colegas, etc. Tais pessoas estarao praticando crime. Contudo, posteriormente, o Poder Legislativo verifica que so pessoas boas, que agiram no impulso, compelidas pela precaria situacdo da Corporacao e, portanto, decide ANISTIA-LOS, ou seja, 0 Poder Pubblico iré “esquecer” que tais crimes foram praticados (aqueles crimes praticados naquelas circunsténcias, ou seja, somente aqueles ali mesmo!). Alguns autores diferenciam a anistia em anistia propria e anistia imprépria. A anistia propria seria aquela concedida ANTES da condenacao e anistia imprépria seria aquela concedida APOS a condenacao. Pode, ainda, ser: + Irrestrita ou restrita - Sera irrestrita quando se dirigir a todos os agentes. Ser restrita quando exigir do agente determinada qualidade especifica (ser primario, por exemplo). + Incondicionada ou condicionada - Sera incondicionada quando néo impuser nenhuma condig&o. Sera condicionada quando impuser uma condig&o para sua validade (Como, por exemplo, a reparacao do dano causado). + Comum ou especial - A primeira é destinada a crimes comuns, e a segunda é destinada a crimes politicos. Ja a Graga e o indulto sao bem mais semelhantes entre si, nao excluem o FATO criminoso em si, mas apenas extinguem a punibilidade Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 81 em relacdo a determinados agentes (podem ser todos), e s6 podem ser concedidos pelo Presidente da Republica. EXEMPLO: Imaginemos que, no exemplo da greve dos policiais militares, 0 Presidente da Republica assinasse um Decreto concedendo indulto a 150 dos 300 policiais militares envolvidos. Percebam que o fato criminoso nao foi “esquecido” pelo Estado. Houve apenas a extincao da punibilidade em relacéo a alguns infratores. Assim, a ANISTIA atinge o FATO (e por via reflexa, a punibilidade). A graca e o indulto atingem DIRETAMENTE A PUNIBILIDADE. A Graga é conferida de maneira individual, e 0 indulto é conferido coletivamente (a um grupo que se encontre na mesma situacao). A anistia sé pode ser causa de extingdo total da punibilidade (pois, como disse, exclui o préprio crime). Jd a Graca € o indulto podem ser parciais. Pode ser extinta a punibilidade, também, pelo fenémeno da abolitio criminis, nos termos do art. 107, III do CP. Como vimos, a abolitio criminis ocorre quando surge lei nova que deixa de considerar o fato como crime. CUIDADO! Nao confundam abolitio criminis com anistia. A abolitio criminis no se dirige a um fato criminoso especifico, j4 praticado, A abolitio criminis simplesmente faz desaparecer a prépria figura tipica prevista na Lei, ou seja, a conduta incriminada (0 tipo penal) deixa de existir. Pode ocorrer, ainda, de o ofendido, nos crimes de ac&o penal privada, renunciar ao direito de oferecer queixa, ou conceder o perdéo ao acusado. Nesses casos, também estara extinta a punibilidade. Arentincia ao direito de queixa ocorre quando, dentro do prazo de seis meses de que dispée 0 ofendido para oferecé-la, este renuncia ao direito, de maneira expressa ou tacita. A renuincia tacita ocorre quando o ofendido pratica algum ato incompativel com a intencdo de processar o agente (quando, por exemplo, convida 0 infrator pra ser seu padrinho de casamento). © perdo, por sua vez, é muito semelhante a rentincia, com a ressalva de que o perddo sé pode ser concedido quando ja ajuizada a acao penal privada, e que o simples oferecimento do perdao, por si sé, néo gera a extingéo da punibilidade, devendo o agente aceitar 0 perdao. Ocorrendo a rentincia ao direito de queixa, ou o perdéo do ofendido, e sendo este ltimo aceito pelo querelado (autor do fato), estaré extinta a punibilidade. Em determinados crimes o Estado confere 0 perdao ao infrator, por entender que a aplicag&o da pena nao é necessaria. E o chamado “perdao judicial”. Eo que ocorre, por exemplo, no caso de homicidio culposo no qual o infrator tenha perdido alguém querido (Lembram-se do caso Herbert Viana?). Essa hipdtese esta prevista no art. 121, § 5° do CP: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 81 § 50 - Na hipotese de homicidio culposo, 0 juiz podera deixar de aplicar a pena, se as Consequiéncias da infracdo atingirem 0 préprio agente de forma tao grave que a sanc3o penal se torne desnecesséria. (Incluldo pela Lei n° 6.416, de 24.5.1977) Entao, nesse caso, ocorrendo o perdao judicial, também estara extinta a punibilidade. Além disso, 0 art. 120 do CP diz que se houver o perddo judicial, esta sentenga que concede o perdao judicial nao é considerada para fins de reincidéncia (apesar de ser uma sentenga condenatéria). “Nos termos do inciso VI do art. 107, a retratacao do agente também é hipétese de extingdo da punibilidade, nos casos em que a lei a admite. Acontece isto, por exemplo, nos crimes de caluinia ou difamac&o, nos quais a lei admite a retratac&o como causa de extingSo da punibilidade, se realizada antes da sentenga. Nos termos do art. 143 do CP: Art. 143 - O querelado que, antes da sentenca, se retrata cabalmente da callinia ou da difamacao, fica isento de pena. Ha, também, a extingo da punibilidade pela decadéncia ou pela perempcao. A decadéncia ocorre quando a vitima deixa de ajuizar a acdo penal dentro do prazo, ou quando deixa de oferecer a representacaéo dentro do prazo (nos casos de crimes de agéio penal privada e de aco penal publica condicionada a representac&o, respectivamente). O prazo é de seis meses a contar da data em que a vitima passa a saber quem foi o autor do fato. A perempsio, por sua vez, € a extingdo da acao penal privada pelo “desleixo” da vitima (quando deixa de dar seguimento 4 ag&o, deixa de comparecer a alguma ato processual a que estava obrigado, etc.). Esta prevista no art. 60 do CPP: Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-4 perempta 2 aco penal: I- quand, iniciada esta, 0 querelante deixar de promover 0 andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo 0 querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, néo comparecer em juizo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazé-lo, ressalvado o disposto no art. 36; IIT - quando 0 querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular 0 pedido de condenacao nas alegacées finais; IV - quando, sendo 0 querelante pessoa juridica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 3.3 Prescrigaéo Enfim, a classica e mais comum hipétese de extingSo da punibilidade: a PRESCRICAO. A prescricdo é a perda do poder de exercer um direito em razéo da inércia do seu titular. Ou seja, é 0 famoso “camaréo que dorme a onda leva”. A prescrigéo pode ser dividida basicamente em duas espécies: Prescrigao da pretensdo punitiva e prescrigéo da pretensdo executéi Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 81 A primeira pode ocorrer quando ainda nado ha sentenca penal condenatéria transitada em julgado, e a segunda pode ocorrer somente depois de ja haver sentenca penal condenatéria transitada em julgado. Vamos estuda-las em tépicos separados. 3.3.12 5 retenséi Aqui o Estado ainda no aplicou (em cardter definitivo) uma sangao penal ao. agente que praticou a conduta criminosa. Mas qual é o prazo de prescrig&o? O prazo prescricional varia de crime para crime, e é definido tendo por base a pena maxima estabelecida, em abstrato, para a conduta criminosa. Nos termos do art. 109 do CP: Art. 109. A prescrigo, antes de transitar em julgado a sentenga final, salvo 0 disposto no § 10 do art, 110 deste Cédigo, regula-se pelo maximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redacao dada pela Lei n° 12.234, de 2010). I~ em vinte anos, se 0 maximo da pena superior a doze; II - em dezesseis anos, se 0 maximo da pena é superior a oito anos @ nao excede a doze; II - em doze anos, se 0 maximo da pena é superior a quatro anos e nao excede a oito; IV - em oito anos, se 0 maximo da pena é superior a dois anos e nao excede a quatro; V- em quatro anos, se 0 maximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, ndo excede a dois; VI - em 3 (trés) anos, se o maximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redacao dada pela Lei n? 12.234, de 2010). Prescricdo das penas restritivas de direito Pardgrafo Unico - Aplicam-se as penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7,1984) Assim, no crime de homicidio simples, por exemplo, para o qual a lei estabelece pena maxima de 20 anos (art. 121 do CP), o prazo prescricional € de 20 anos, pois a pena maxima é superior a 12 anos. O crime de furto simples, por exemplo, (art. 155 do CP) prescreve em oito anos, pois a pena maxima prevista é quatro anos. bee) rigue atento! CUIDADO! 0 prazo de prescrig&o do crime nao é igual 4 pena maxima a ele estabelecida, mas € calculado através de uma tabela que leva em consideragao a pena maxima! > Mas professor, quando comeca a correr o prazo prescricional? Simples, meus caros. A resposta para esta pergunta esta no art. 111 do CP: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 81 ‘Art. 111 - A prescricéo, antes de transitar em julgado a sentenca final, comeca a correr: (Redag&o dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) 1- do dia em que o crime se consumou; (Redaco dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) IT no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; (Redag3o dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanéncia; (Redacao dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) IV - nos de bigamia e nos de falsificacao ou alteracéo de assentamento do registro civil, da data em que 0 fato se tornou conhecido. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) V- nos crimes contra a dignidade sexual de criancas e adolescentes, previstos neste Cédigo ou em legislacdo especial, da data em que a vitima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo jé houver sido proposta a aco penal. (Redacdo dada pela Lei n° 12.650, de 2012) Apenas um comentério em relacao a este artigo: A regra, aqui, é de que o prazo prescricional comece a fluir no dia em que o crime se consuma. Cas is fundo CUIDADO! Lembrem-se de que o crime se considera praticado (tempo do crime) quando ocorre a conduta, e ndo a consumagao. Assim: Tempo do crime - Momento da conduta Inicio do prazo prescricional - Momento da consumacao Prestem atengdo para ndo errarem isso, pois esta é uma pegadinha que pode derrubar vocés no concurso. EXEMPLO: Em 10.01.2010 José atira em Maria, querendo sua morte. Maria vai para o Hospital e sé vem a falecer em 15.04.2010. No caso em tela, o tempo do crime € 0 dia 10.01.2010 (data em que foi praticado o delito). O inicio do prazo prescricional, porém, teré como base o dia 15.04.2010, eis que somente nesta data o delito se consumou. Como nos crimes tentados néo ha propriamente consumagao (pois ndo ha resultado naturalistico esperado), 0 prazo prescricional comega a fluir da data em que cessa a atividade criminosa, mesmo critério utilizado para os crimes permanentes. Na hipétese de pena de multa, como calcular o prazo prescricional? Se a multa for prevista ou aplicada isoladamente, o prazo sera de dois anos. Porém, se a multa for aplicada ou prevista cumulativamente com a pena de prisdo (privativa de liberdade), o prazo de prescrigéo sera o mesmo estabelecido para a pena privativa de liberdade. Isto é que se extrai do art. 114 do CP: Art, 114 - A prescricéo da pena de multa ocorreré: (Redagao dada pela Lei n° 9.268, de 10.4,1996) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 81 T= em 2 (dois) anos, quando a multa for a Unica cominada ou aplicada; (Incluido pela Lei n° 9,268, de 1°.4,1996) II - no mesmo prazo estabelecido para prescric&o da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. (Incluido pela Lei n° 9.268, de 1°.4.1996) A prescrigéo da pretensdo punitiva pode ser a “ordindria”, que é esta que vimos até agora (e utiliza a pena maxima prevista como base), mas também pode ser a “intercorrente”. A prescrigéo da pretenséo punitiva em sua _ modalidade intercorrente” aquela que ocorre DEPOIS da sentenca penal condenatéria, quando ha transito em julgado para a ACUSAGAO, mas no para a defesa. Como assim? Imagine que José tenha sido condenado pelo crime de homicidio a 06 anos de recluséo. A acusac&o nao recorre, por entender que a pena esta num patamar razoavel. A defesa, porém, recorre da sentenca. Neste caso nés temos o chamado “transito em julgado para a acusacdo”, ou seja, somente a defesa pode “se dar bem” daqui pra frente, j4 que quando 0 Tribunal for apreciar o recurso de apelagdo nao poder prejudicar o réu (recorrente), pelo principio da non reformatio in pejus. Bom, considerando o exemplo acima, como a defesa n&o pode ser prejudicada no julgamento de seu recurso, podemos chegar a conclusdo de que © maximo de pena que José iré receber sera 06 anos (a pena atual). A partir deste momento o prazo prescricional passa a ser calculado tendo como base esta pena aplicada (e ndo mais a pena maxima em abstrato). Vejam que ha uma implicacao pratica: Neste caso, o prazo prescricional diminui consideravelmente: Antes, o prazo prescricional (ordindrio) era de 12 anos (pois a pena maxima é de 20 anos). Agora, o prazo prescricional a ser considerado (intercorrente) sera de 12 anos (pois a pena aplicada é de 06 anos. Esté entre 04 e 08, nos termos do art. 109, III do CP). Vejamos o art. 110, §19 do CP: Art. 110 (...) § 19 A prescri¢&o, depois da sentenca condenatéria com trénsito em julgado para a acusacéo ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, n3o podendo, em nenhuma hipdtese, ter por termo inicial data anterior 4 da dentincia ou queixa. (Redacdo dada pela Lei n® 12.234, de 2010). A prescrig&o intercorrente, por sua vez, pode ser: * Superveniente - Quando ocorre entre o transito em julgado da sentenca condenatéria para a acusacéo e o transito em julgado da sentenca condenatéria em definitivo (tanto para a acusagéo quanto para defesa). + Retroativa - Quando, uma vez tendo havido o transito em julgado para a acusagao, se chega a conclusdo de que, naquele momento, houve a prescricdo da pretens4o punitiva entre a data da dentincia (ou queixa) e a sentenga condenatéria. Vejamos 0 esquema: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 8 PRTENSAO PRETENSAO- PUNITIVA EXECUTORIA ORDINARIA (coMUM) INTERCORRENTE Caleulada com base na pena maxima prevista em SUPERVENIENTE RETROATIVA ‘abetrato Ente rather da , , enania (ou vena) = olga para a acusaeS0 ulgado para acusacso certngacondnatria ‘ala combase na julgado pena aplicada. Entre o transitoem Esse é o sistema que vigora atualmente. Antes da Lei 12.234/10 havia uma outra hipdtese de prescrig&o retroativa, que era a que ocorria entre o fato criminoso e 0 recebimento da denincia ou queixa. Atualmente essa hipétese NAO EXISTE MAIS. = Isso ica que nao hd mais hipétese de ocorrer prescrigdo entre a data do fato ea data do recebimento da dentincia ou queixa? N&o, nao foi isso que ocorreu. O que ndo pode mais ocorrer é a prescrigéio RETROATIVA (ou seja, aquela calculada com base na pena aplicada) entre a data do fatoe a data do recebimento da dentincia ou queixa. Nada impede, porém, que nesse lapso temporal ocorra a prescrig&o da pretens&o punitiva ordinéria (ou comum). CUIDADO! Tal previsdo (vedagao a prescric&o retroativa tendo como marco inicial data anterior ao recebimento da dentincia ou queixa) é muito prejudicial ao réu, pois Ihe retira uma possibilidade de ver sua punibilidade extinta. Desta forma, NAO poderé retroagir para alcangar crimes praticados ANTES de sua entrada em vigora (Em 2010). Assim, aos crimes praticados ANTES da Lei 12.234/10, é possivel aplicarmos a prescric&o retroativa entre a data da consumagéo do delito e 0 recebimento da dentincia ou queixa. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 81 Vou utilizar um caso exemplificativo para que possamos esclarecer as diversas hipoteses de prescricéo da pretenséio punitiva: EXEMPLO: Marcelo pratica o crime de furto em 01.01.1994. A dentincia é recebida em 10.06.2001. Marcelo é condenado em 10.07.2006 a 02 anos de reclusdo. O MP nao recorre (com transito em julgado para a acusagdo em 25.07.2006), mas a defesa apresenta recurso, que é julgado e improvido (a pena é mantida), tendo havido o efetivo transito em julgado em 10.01.2014. Vejamos as hipoteses: PRESCRICAO COMUM: Como a pena maxima prevista em abstrato para 0 furto é de 04 anos, o prazo prescricional seria de 08 anos (art. 109, IV do CP). Entre a data da consumacao do delito e o recebimento da denuncia nao ocorreu tal prescricéo, eis que se passaram apenas 07 anos e alguns meses. Também néo ocorreu tal prescric&o posteriormente (pois nao se passaram mais de 08 anos entre uma interrupcdo da prescric&o e outra). PRESCRICAO INTERCORRENTE SUPERVENIENTE: Aqui devemos considerar como parametro a pena efetivamente aplicada (02 anos), de forma que o prazo prescricional a ser utilizado serd de 04 anos (art. 109, V do CP). Podemos verificar que entre o transito em julgado para a acusagao e o transito em julgado efetivo (para ambos), passaram-se mais de 04 anos, de forma que podemos dizer que HOUVE a prescricéo da pretensdo punitiva intercorrente SUPERVENIENTE. PRESCRICAO RETROATIVA: Da mesma forma que a anterior, teré como base a pena efetivamente aplicada (02 anos), logo, o prazo prescricional utilizado sera de 04 anos. Podemos verificar que entre o recebimento da dentincia e a sentenga condenatéria passaram-se mais de 04 anos (pouco mais de cinco anos). Assim, podemos dizer que OCORREU a prescrig&io da pretensaio punitiva retroativa. Neste caso, como a prescrigéo retroativa ocorreu, e isso podia ser verificado ja em 25.07.06, sequer chegariamos a ter a prescrigéo superveniente (utilizei apenas para facilitar a compreensao). ATENGAO! Como o crime foi praticado antes da Lei 12.234/10, seria possivel reconhecer a prescric&o retroativa entre a data da consumagao do delito e data do recebimento da dentincia. Como nés acabamos de verificar, existem fatos que interrompem a prescric&o. Sao eles: + Recebimento da denincia ou queixa + Prondncia + Decis&o confirmatéria da prontncia + Publicagao da sentenga ou acérdao condenatérios recorriveis + Inicio ou continuacdo do cumprimento da pena - Sé se aplica prescricdo da pretensdo executéria Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 81 * Reincidéncia - S6 se aplica a prescrigdo da pretensdo executéria Uma vez interrompido o curso do prazo prescricional, este voltaré a correr novamente, do zero, a partir da data da interrupgao (salvo no caso de Inicio ou continuag&o do cumprimento da pena). Além disso, fora as duas tiltimas hipéteses, nas demais, ocorrendo a interrup¢éio da prescrig&o em relag3o a um dos autores do crime, tal interrupcao se estenderd aos demais. OCP prevé, ainda, hipéteses nas quais a prescric&o néo corre, tanto no que se refere a prescrigéo da pretensdo punitiva quanto a prescricéo da pretensdo executéria, embora as circunsténcias sejam diferentes para cada uma delas. Nos termos do art. 116 e seu § Unico, do CP: Causas impeditivas da prescricao Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentenca final, a prescricao nao corre: (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) 1 - enquanto néo resolvida, em outro proceso, questéo de que dependa 0 reconhecimento da existéncia do crime; (Redacao dada pela Lei n© 7.209, de 11.7.1984) II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Pardgrafo Unico - Depois de passada em julgado a sentenca condenatéria, a prescricao nao corre durante 0 tempo em que 0 condenado esté preso por outro motivo. (Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Assim, nestes casos, o prazo prescricional ndo corre, ficando suspenso. Uma vez resolvida a questdo que causava a suspensao, ele volta a correr de onde parou (diferente da interrupcao, portanto). 3.3.2 Prescricao da pretens&o executoria Como disse a vocés, a prescrig’o pode ocorrer antes do transito em julgado (prescrigao da pretenséo punitiva) ou depois do transito em julgado (quando teremos a prescricéo da pretenséo executéria). Esta Ultima ocorre quando o Estado condena o individuo, de maneira irrecorrivel, mas ndo consegue fazer cumprir a decisdo. Nos termos do art. 110 do Cl Art. 110 - A prescrico depois de transitar em julgado a sentenca condenatéria regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terco, se 0 condenado é reincidente. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7,1984) Assim, na hipétese do crime de homicidio, conforme o exemplo dado anteriormente, antes de transitar em julgado a sentenca condenatéria, 0 prazo prescricional é requlado pela pena maxima cominada ao crime em abstrato, de acordo com a tabelinha do art. 109 do CP. Apés o transite em julgado, o Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 81 paraémetro utilizado pela lei para o cdlculo do prazo prescricional deixa de ser a pena médxima prevista e passa a ser a pena efetivamente aplicada. Assim, se no crime de homicidio simples, que tem pena prevista de 06 a 20 anos, 0 agente for condenado a apenas 06 (seis) anos de reclusdo, 0 prazo prescricional passa a ser de apenas 12 (doze) anos, nos termos do art. 109, III do CP. © art. 112 do CP estabelece 0 marco inicial (termo a quo) do prazo prescricional da pretens&o executéria: Art, 112 - No caso do art. 110 deste Cédigo, a prescricéio comeca a correr: (Redacio dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) I - do dia em que transita em julgado a sentenca condenatéria, para a acusacao, ou a que revoga a suspensao condicional da pena ou o livramento condicional; (Redagao dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) IL- do dia em que se interrompe a execucao, salvo quando 0 tempo da interrupcao deva computar-se na pena. (Redaco dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Lembrando que 0 inicio de cumprimento da pena é causa de interrupcao da prescrigéo. O art. 112, I foi (e ainda é) muito criticado na Doutrina (recebendo algumas criticas na Jurisprudéncia também). Isto porque ele determina que o termo inicial da prescrigéo da pretens4o EXECUTORIA ocorrera com o transito em julgado para a ACUSACAO. Isso significa que se houver o transito em julgado para a acusacdo mas néo para a defesa (apenas _a defesa recorreu), jé estaria correndo o prazo prescricional da PRETENSAO EXECUTORIA. As criticas, bastante fundamentadas, se dirigiam ao fato de que considerar a pretensio executoria, neste momento, violaria a presuncdo de inocéncia, eis que ainda nao houve o transito em julgado para ambas as partes. Outra critica, muito importante, se refere ao fato de que a prescricéio é a perda de um direito em razdo da INERCIA de seu titular. No caso da prescriga0 da pretensSo EXECUTORIA seria a perda do direito de executar a pena em raz3o da INERCIA do Estado em agir. Contudo, como nao houve transito em julgado para a defesa, o Estado AINDA NAO PODE EXECUTAR A PENA! Ora, se 0 Estado nao pode executar a pena, como pode ser punido com a perda deste direito, se nao podia exercé-lo?? A “gritaria” nao foi aceita pela Jurisprudéncia, que firmou entendimento no sentido de que o termo inicial da prescrig&o da pretensdo EXECUTORIA ocorre com 0 transito em julgado para a acusacao. Contudo, apesar de reconhecer que o termo inicial da prescrigdo da pretensdo executoria ocorre com o transito em julgado para a acusacao, o ST) decidiu que antes de haver o transito em julgado para AMBAS AS PARTES a prescricéo da pretensdo executéria NAO PODE SER RECONHECIDA. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Bi de 81 Resumidamente: O prazo prescricional comega a correr com o transito em julgado para a acusacdo, mas eventual reconhecimento da efetiva ocorréncia da prescricgéo (executéria) somente tera cabimento APOS o trAnsito em julgado para ambas as partes. 3.3.3 Dis i i Vou elencar no quadrinho abaixo alguns pontos importantes sobre o tema: n I CRPra REDUCAO DOS PRAZOS DE PRESCRICAO: Em alguns casos, a Lei estabelece que 0 prazo prescricional sera reduzido. E 0 caso do art. 115 do CP, que estabelece que os prazos prescricionais sero reduzidos pela metade quando 0 infrator possuir menos de 21 anos na data do crime ou mais de 70 na data da sentenga. AUMENTO DO PRAZO PRESCRICIONAL: Se 0 condenado é reincidente, o prazo de prescrig&o da pretensdo EXECUTORIA aumenta-se em um terco. Néo se aplica tal aumento aos prazos de prescrico da pretensdo punitiva, conforme SUMULA N° 220 DO STI: “2 reincidéncia nao influi no prazo da prescricéo da pretensao punitiva”. PRESCRICAO EM PERSPECTIVA (ANTECIPADA, PROJETADA OU VIRTUAL): Tal modalidade, uma criagdo jurisprudencial, nunca teve fundamento no CP. Consiste na configuracdo da prescrigéo tendo como base uma eventual futura pena a ser aplicada ao acusado. Assim, o Juiz analisava caso e, verificando que o réu, por exemplo, receberia pena minima (por ser primério, de bons antecedentes, etc.), utilizava esta pena minima como pardmetro para o prazo prescricional. Isto no existe e atualmente é vedado pelo STJ, que sumulou o entendimento no sentido de que isso n&o possui qualquer previsdo legal (SUMULA N° 438: "é inadmissivel a extincao da punibilidade pela prescricdo da pretensao punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existéncia ou sorte do processo penal”.) PRESCRICAOS DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS: Os menores nao séo julgados de acordo com as normas do CP, mas de acordo com o Estatuto da Crianga e do Adolescente. Contudo, as normas referentes a prescriclo sdo aplicaveis as medidas socioeducativas (sangdes penais aplicaveis aos adolescentes). Vejamos a SUMULA 338 DO STJ: ‘a prescricdo penal é aplicével nas medidas sécio-educativas”. 4 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES CODIGO PENAL % Arts. 26 a 28 do CP - Tratam da inimputabilidade penal: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 32. de 81 é Inimputaveis Art. 26 - E isento de pena o agente que, por doenca mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da aco ou da omissao, inteiramente incapaz de entender 0 caréter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Reducao de pena Parégrafo Unico - A pena pode ser reduzida de um a dois tercos, se o agente, em virtude de perturbacao de sade mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado ndo era inteiramente capaz de entender o carter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento,(Redacao dada pela Lei n® 7.209, de 11.7,1984) Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos sé0 penalmente inimputdvels, ficando sujeitos as normas estabelecidas na legislacao especial. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Emogao e paixao Art. 28 - Nao excluem a imputabilidade penal: (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) I- a emogio ou a paixio; (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Embriaguez I - a embriaguez, voluntéria ou culposa, pelo alcool ou substancia de efeitos anélogos.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) § 10 - Eisento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou forca maior, era, a0 tempo da acao ou da omissao, inteiramente incapaz de entender 0 caréter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redacao dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) § 20 - A pena pode ser reduzida de um a dois tercos, se o agente, por embriaguez, Proveniente de caso fortuito ou forca maior, néo possuia, 20 tempo da acdo ou da omissao, a plena capacidade de entender o carater ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984); } Arts. 20 e 21 do CP - Tratam do erro (em suas mais variadas formas): Erro sobre elementos do tipo(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Art. 20 - O erro sobre elemento constitutive do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a puni¢do por crime culposo, se previsto em lei. (Redac3o dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Descriminantes putativas(Incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) § 10 - Eisento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstancias, ‘supée situaco de fato que, se existisse, tornaria a aco legitima. Nao hd isencdo de pena quando o erro deriva de culpa e 0 fato é punivel como crime culposo.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Erro determinado por terceiro (Incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) § 20 - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Erro sobre a pessoa(Incluldo pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 81 cal § 3° - O erro quanto 4 pessoa contra a qual o crime é praticado nao isenta de pena. ‘Nao se consideram, neste caso, as condicdes ou qualidades da vitima, sendo as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Erro sobre a ilicitude do fato(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Art. 21 - © desconhecimento da lei é inescusdvel. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitdvel, isenta de pena; se evitdével, poderé diminui-la de um sexto a um terco. (Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Pardgrafo Unico - Considera-se evitdvel 0 erro se 0 agente atua ou se omite sem a consciéncia da ilicitude do fato, quando Ihe era possivel, nas circunsténcias, ter ou atingir essa consciéncia. (Redacdo dada pela Lei n° 7,209, de 11.7.1984) % Arts, 107 e 120 do CP - Tratam da extingdo da punibilidade no CP: TETULO VIII DA EXTINCAO DA PUNIBILIDADE Extingao da punibilidade Art, 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) I - pela morte do agente; I - pela anistia, graca ou indulto; III - pela retroatividade de lei que n3o mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescricéo, decadéncia ou perempcao; V - pela rentincia do direito de queixa ou pelo perdéo aceito, nos crimes de aco privada; VI - pela retratacao do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - (Revogado pela Lei n° 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei n® 11.106, de 2005) IX - pelo perdéo judicial, nos casos previstos em lei, Art. 108 - A extingéo da punibilidade de crime que pressuposto, elemento constitutive ou circunsténcia agravante de outro néo se estende a este. Nos crimes conexos, a extincao da punibilidade de um deles no impede, quanto aos outros, a Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 81 agravacao da pena resultante da conexao. (Redaca0 dada pela Lei n° 7.209, de 11.7,1984) Prescri¢ao antes de transitar em julgado a sentenca Art. 109. A prescricgo, antes de transitar em julgado a sentenca final, salvo 0 disposto no § 10 do art. 110 deste Cédigo, regula-se pelo maximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redacdo dada pela Lei n° 12.234, de 2010). I - em vinte anos, se 0 maximo da pena é superior a doze; I1- em dezesseis anos, se o maximo da pena é superior a oito anos e ndo excede a doze; Il - em doze anos, se 0 maximo da pena é superior a quatro anos e nao excede aoito; IV - em oito anos, se 0 maximo da pena é superior a dois anos e ndo excede a quatro; V - em quatro anos, se 0 maximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, nao excede a dois; VI - em 3 (trés) anos, se 0 maximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redacdo dada pela Lei n? 12.234, de 2010). Prescricao das penas restritivas de direito Paragrafo Unico - Aplicam-se as penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prescricao depois de transitar em julgado sentenca final condenatoria Art. 110 - A prescricao depois de transitar em julgado a sentenca condenatéria regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terco, se o condenado é reincidente. (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) § 10 A prescricéo, depois da sentenca condenatéria com transito em julgado para a acusacdo ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, no podendo, em nenhuma hipdtese, ter por termo inicial data anterior 4 da dentincia ou queixa. (Redacao dada pela Lei n® 12.234, de 2010). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 81 § 20 (Revogado pela Lei n° 12.234, de 2010). Termo inicial da prescricdo antes de transitar em julgado a sentenca final Art. 111 - A prescricéo, antes de transitar em julgado a sentenca final, comeca acorrer: (Redacao dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) I~ do dia em que 0 crime se consumou; (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 117.1984) IL- no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; (Redacio dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanéncia; (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) IV - nos de bigamia e nos de falsificagao ou alterago de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. (Redac3o dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) V- nos crimes contra a dignidade sexual de criangas e adolescentes, previstos neste Cédigo ou em legislaca0 especial, da data em que a vitima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo ja houver sido proposta a acao penal. (Redacao dada pela Lei n? 12.650, de 2012) Termo inicial da prescricéo apés a sentenca condenatéria irrecorrivel Art. 112 - No caso do art. 110 deste Cédigo, a prescrico comeca a correr: (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) 1 do dia em que transita em julgado a sentenca condenatéria, para a acusacdo, ou a que revoga a suspensao condicional da pena ou o livramento condicional; (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) II - do dia em que se interrompe a execucéo, salvo quando o tempo da interrupggo deva computar-se na pena. (Redac&o dada pela Lei n° 7.209, de 11,7,1984) Prescricéo no caso de evaséo do condenado ou de revogagao do livramento condicional Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 81 ‘Art. 113 - No caso de evadir-se 0 condenado ou de revogar-se 0 livramento condicional, a prescricao & regulada pelo tempo que resta da pena. (Redaco dada pela Lei n? 7.209, de 11.7.1984) Prescri¢éo da multa Art. 114 - A prescrigS0 da pena de multa ocorreré: (Redag3o dada pela Lei n° 9.268, de 1°.4,1996) 1- em 2 (dois) anos, quando a multa for a unica cominada ou aplicada; (Incluido pela Lei n° 9.268, de 1°.4.1996) 1 - no mesmo prazo estabelecido para prescricéo da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. (Incluido pela Lei n° 9.268, de 19.4.1996) Reducio dos prazos de prescri¢io Art, 115 - Sao reduzidos de metade os prazos de prescricSo quando 0 criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentenca, maior de 70 (setenta) anos.(Redago dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Causas impeditivas da prescrica0 Art, 116 - Antes de passar em julgado a sentenca final, a prescric&o néo corre: (Redagao dada pela Lei n? 7.209, de 11.7.1984) I - enquanto néo resolvida, em outro processo, questéo de que dependa o reconhecimento da existéncia do crime; (Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) II - enquanto 0 agente cumpre pena no estrangeiro.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Parégrafo Unico - Depois de passada em julgado a sentenca condenatéria, a prescricao néo corre durante 0 tempo em que o condenado esté preso por outro motivo. (Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Causas interruptivas da prescricéo Art. 117 - O curso da prescrigéo interrompe-se: (Redacdo dada pela Lein® 7.209, de 11,7,1984) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 81 1 - pelo recebimento da dentincia ou da queixa; (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11,7,1984) II - pela prontincia; (Redac&o dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) III - pela decisdo confirmatéria da prontincia; (Redaco dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) IV - pela publicac&o da sentenga ou acérdao condenatérios recorriveis; (Redacéo dada pela Lei n® 11.596, de 2007). V - pelo inicio ou continuagao do cumprimento da pena; (Redagao dada pela Lei n® 9.268, de 1°,4,1996) VI - pela reincidéncia. (Redagao dada pela Lei n? 9.268, de 19.4.1996) § 10 - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrup¢o da prescricao produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupcao relativa a qualquer deles. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) § 20 - Interrompida a prescrico, salvo a hipstese do inciso V deste artigo, todo © prazo comesa a correr, novamente, do dia da interrupcao. (Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves. (Redacao dada pela Lei n? 7.209, de 11.7.1984) Rehabilitacao Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extincao da punibilidade incidiré sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Perdao judicial Art. 120 - A sentenga que conceder perdao judicial no sera considerada para efeitos de reincidéncia. (Redac&o dade pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) 5 SUMULAS PERTINENTES LL Eee Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 81 5.1 Sumulas do STF % SGmula 146 do STF - Nao possui muita relevancia pratica, eis que tal previsdo ja esté contida no art. 110, §1° do CP: Stmula 146 do STF: “A prescricdo da ago penal regula-se pela pena concretizada na sentenga, quando no hd recurso da acusacao”. % SGmula 147 do STF - Trata da prescricao no crime falimentar: Stimula 147 - “A prescricdo de crime falimentar comeca a correr da data em que deveria estar encerrada a faléncia, ou do transito em julgado da sentenca que a encerrar ou que julgar cumprida a concordata”.. % Sumula 497 do STF - Trata do calculo do prazo prescricional no crime continuado: Stimula 497 do STF - "Quando se tratar de crime continuado, a prescricdo regula- se pela pena imposta na sentenca, no se computando o acréscimo decorrente da continuagao.” % Stmula 592 do STF - Estabelece a aplicacio, aos crimes falimentares, das causas de interrupgao da prescrig&o previstas no CP: ‘Stimula 592 do STF - “Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescri¢o, previstas no Cédigo Penal.” 5.2 Sumulas do STJ % Sumula 74 do STJ - O STJ sumulou entendimento no sentido de que o reconhecimento da menoridade penal depende de prova por documento habil (certidao de nascimento, carteira de identidade, etc.). Uma vez reconhecida a menoridade penal, o proceso deve ser anulado € 0 agente submetido ao regramento especial do ECA. ‘Stimula 74 do STJ - PARA EFEITOS PENAIS, 0 RECONHECIMENTO DA MENORIDADE DO REU REQUER PROVA POR DOCUMENTO HABIL. ‘% Samula 18 do STJ - O STJ sumulou entendimento no sentido de que os efeitos da condenagio no subsistem quando se trata de sentenga que concede perdéo judicial: Stmula 18 do STJ - A SENTENCA CONCESSIVA DO PERDAO JUDICIAL E DECLARATORIA DA EXTINGAO DA PUNIBILIDADE, NAO SUBSISTINDO QUALQUER EFEITO CONDENATORIO. % SGmula 220 do STJ - O STJ sumulou entendimento no sentido de que, se o condenado é reincidente, o prazo de prescrigSo da pretenséo EXECUTORIA aumenta-se em um tergo, nao se aplicando tal aumento aos prazos de prescricio da pretensdo punitiva: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 81 Stmula 220 do ST3 - “a reincidéncia nao infiui no prazo da prescricao da pretensao punitiva”, % Stimula 438 do STJ - PRESCRIGAO EM PERSPECTIVA (ANTECIPADA, PROJETADA OU VIRTUAL): Tal modalidade, uma criacdo jurisprudencial, nunca teve fundamento no CP. Consiste na configuragSo da prescrigo tendo como base uma eventual futura pena a ser aplicada ao acusado. Assim, o Juiz analisava o caso e, verificando que o réu, por exemplo, receberia pena minima (por ser primério, de bons antecedentes, etc.), utilizava esta pena minima como parametro para o prazo prescricional. Isto nao existe e atualmente é vedado pelo STJ, que sumulou o entendimento no sentido de que isso no possui qualquer previsdo legal: SUMULA N° 438 do STJ - “é inadmissivel a extincéio da pul da pretensiio punitiva com fundamento em pena hipotética, existéncia ou sorte do processo penal”.) ilidade pela prescricio lependentemente da % Sumula 338 do STJ - PRESCRICAOS DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS: Os menores nao so julgados de acordo com as normas do CP, mas de acordo com o Estatuto da Crianga e do Adolescente. Contudo, as normas referentes & prescricéo sao aplicaveis as medidas socioeducativas (sangées penais aplicaveis aos adolescentes). | sUmuLa 338 Do ST3 - “a prescricao penal é aplicdvel nas medidas sécio-educativas” % Samula 191 do STJ - O STJ sumulou entendimento no sentido de que a deciséo de prontincia, no rito do Tribunal do Juri, interrompe 0 curso do prazo prescricional, ainda que os jurades venham a desclassificar o delito (na segunda fase do rito do juri): Stimula 191 do STJ - A PRONUNCIA E CAUSA INTERRUPTIVA DA PRESCRICAO, AINDA QUE O TRIBUNAL DO JURI VENHA A DESCLASSIFICAR O CRIME. CULPABILIDADE CONCEITO - Juizo de reprovabilidade acerca da conduta do agente, considerando-se suas circunstancias pessoais. TEORIAS PSICOLOGICA Imputabilidade (pressuposto) + dolo ou culpa Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 81 PSICOLOGICO- Imputabilidade + exigibilidade de conduta diversa + culpa + NORMATIVA dolo natural (consciéncia e vontade) + dolo normativo (consciéncia da ilicitude) EXTREMADA _Imputabilidade + exigibilidade de conduta diversa + dolo normativo (POTENCIAL consciéncia da ilicitude)!* LIMITADA Mesmos elementos da _teoria ADOTADA PELO CP extremada + divergéncia quanto ao tratamento das —descriminantes putativas decorrentes de erro sobre pressupostos faticos (entende que devem ser tratadas como erro de tipo, e no erro de proibicio). ELEMENTOS IMPUTABILIDADE - Capacidade mental de entender o carater ilicito da conduta e de comportar-se conforme o Direito. Critérios para aferic&o da imputabilidade: BIOLOGIO Basta a existéncia de uma caracteristica biolégica (doenga mental ou determinada idade) para que o agente seja inimputavel. (OBS!: Adotado pelo CP em relacao a inimputabilidade por menoridade penal. PSICOLOGICO —_Sé se pode aferir a imputabilidade (ou no), na andlise do caso concreto (se o agente tinha discernimento). BIOPSICOLOGICO Conjuga a presenga de um elemento biolégico (doenga mental ou idade) com a necessidade de se avaliar se 0 agente, no caso concreto, tinha discernimento. (OBS: Adotado pelo CP em relacao a inimputabilidade por doenca mental e embriaguez decorrente de caso fortuito ou forga maior. OBS.: Em qualquer caso, a inimputabilidade é aferida no momento do fato criminoso. Causas de inimputabilidade penal (exclusao da imputabilidade) *® Q dolo natural (a mera vontade e consciéncia de praticar a conduta definida como crime) migra, portanto, para o fato tipico, como elemento integrante da conduta. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 81 Menoridade penal - So inimputaveis os menores de 18 anos (critério biolégico) Doenga mental e Desenvolvimento mental incompleto ou retardado - Requisitos: + Que 0 agente possua a doenga (critério biolégico) + Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o carater ito do fato OU inteiramente incapaz de determinar-se conforme este entendimento (critério psicolégico) BSH Se, em decorréncia da doenca, o agente tinha discernimento PARCIAL (semi-imputabilidade), NAO E ISENTO DE PENA (néo afasta a imputabilidade). Neste caso, hd redugdo de pena (um a dois tercos). Embriaguez - Requisitos: * Que o agente esteja completamente embriagado (critério biolégico) + Que se trate de embriagues decorrente de caso fortuito ou forca maior * Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o carater ilicito do fato QU inteiramente incapaz de determinar-se conforme este entendimento (critério psicolégico) OBS Se, em decorréncia da embriaguez, o agente tinha discernimento PARCIAL (semi-imputabilidade), NAO E ISENTO DE PENA (néo afasta a imputabilidade). Neste caso, ha reducéio de pena (um a dois tercos). Esquema: | MENORES DE. RF — INIMPUTAVEIS Ls) INIMPUTAVEL DISCERNIMENTO REDUCAO DE PENA (UMA PARCIAL BOIS TERCOS) VOLUNTARIA NAO AFASTAA tts IMPUTABILIDADE em ‘aLGuM rd DIscERNIMENTO INIMPUTAVEL ‘ALGUM_ |_ReDucdoverena DISCERNIMENTO ae rortutro Ll o—EEoE—Eeeee Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 42. de 81 POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE - Possibilidade de o agente, de acordo com suas caracteristicas, conhecer o cardter ilicito do fato. Quando o agente atua acreditando que sua conduta nao é penalmente ilicita, comete erro de proibigao. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA - Nao basta que o agente seja imputavel e que tenha potencial conhecimento da ilicitude do fato, ¢ necessario, ainda, que o agente pudesse agir de outro modo. Nao havendo tal elemento, afastada esté a culpabilidade. Exemplos: = Coacdo MORAL irresistivel - Ocorre quando uma pessoa coage outra a praticar_determinado crime, sob a ameaga de Ihe fazer algum mal grave. A coagao FISICA irresistivel NAO EXCLUI A CULPABILIDADE. A coacao FISICA irresistivel EXCLUI O FATO TIPICO, por auséncia de vontade (auséncia de conduta). + Obediéncia hierarquica - E 0 ato cometido por alguém em cumprimento a uma ordem nao manifestamente ilegal proferida por um superior hierarquico. OBS prevalece que sé se aplica aos funcionérios ptiblicos. ERRO ERRO DE TIPO ESSENCIAL - 0 agente pratica um fato considerade tipico, mas 0 faz por ter incidido em erro sobre algum de seus elementos. E a representacao errénea da realidade. O erro de tipo pode ser: «= Escusdvel - Quando o agente nao poderia conhecer, de fato, a presenca do elemento do tipo. Qualquer pessoa, nas mesmas condigées, cometeria o mesmo erro. + Inescusavel - Ocorre quando o agente incorre em erro sobre elemento essencial do tipo, mas poderia, mediante um esforco mental razoavel, ndo ter agido desta forma. (OBS: Erro de tipo permissivo - 0 erro de “tipo permissivo” é 0 erro sobre os pressupostos objetivos de uma causa de justificacéio (excludente de ilicitude). ERRO DE TIPO ACIDENTAL - 0 erro de tipo acidental nada mais é que um erro na execucao do fato criminoso ou um desvio no nexo causal da conduta com o resultado. Pode ser: Erro sobre a pessoa (error in persona) - Aqui 0 agente pratica o ato contra pessoa diversa da pessoa visada, i ‘com a pessoa que deveria ser 0 alvo do delito. Nao existe falha na execugao, mas na escolha da vitima. CONSEQUENCIA - O agente responde como se tivesse praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA (teoria da equivaléncia). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 81 Erro sobre 0 nexo causal - O agente alcanca o resultado efetivamente pretendido, mas em razdio de um nexo causal diferente daquele que o agente planejou. Pode ser de duas espécies: + Erro sobre 0 nexo causal em sentido estrito - Com um sé ato, provoca 0 resultado pretendido (mas com nexo causal diferente). * Dolo geral ou aberratio causae - Também chamado de DOLO GERAL OU SUCESSIVO. Ocorre quando o agente, acreditando jé ter ocorrido o resultado pretendido, pratica outro ato, mas ao final verifica que este ultimo foi 0 que provocou o resultado. CONSEQUENCIA: Responde por apenas um crime (ha posigdes em contrério), pelo crime originalmente previsto (TEORIA UNITARIA ou principio unitario). Responde, ainda, de acordo com 0 nexo causal efetivamente ocorrido. Erro na execucio (aberratio ictus) - Aqui o agente atinge pessoa diversa daquela que fora visada, n&o por confundi-la, mas por ERRAR NA HORA DE EXECUTAR O DELITO. Pode ser de duas espécies: + Erro sobre a execucao com unidade simples (Aberratio ictus de resultado Unico ou em sentido estrito) - O agente atinge somente a pessoa diversa daquela visada. + Erro sobre a execucdo com unidade complexa (Aberratio ictus de resultado duplo ou em sentido amplo) - O agente atinge a vitima nao visada, mas atinge também a vit ma originalmente pretendida. Nesse caso, responde pelos dois crimes, em CONCURSO FORMAL. Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aberratio delicti ou aberratio criminis) - Aqui o agente pretendia cometer um crime, mas, por acidente ou erro na execucao, acaba cometendo outro. Aqui ha uma relacao de pessoa x coisa (ou coisa x pessoa). Pode ser de duas espécies: * Com unidade simples - 0 agente atinge apenas o resultado NAO PRETENDIDO. O agente responde apenas por um delito, da seguinte forma: > Pessoa visada, coisa atingida - Responde pelo dolo em relagao & pessoa (tentativa de homicidio ou lesées corporais). > Coisa visada, pessoa atingida - Responde apenas pelo resultado ocorrido em relag3o a pessoa. = Com unidade complexa - O agente atinge tanto o alvo (coisa ou pessoa) quanto a coisa (ou pessoa) nao pretendida. Respondera por AMBOS OS CRIMES, em CONCURSO FORMAL. Erro sobre o objeto (error in objecto) - Aqui o agente incide em erro sobre a COISA visada, sobre o objeto material do delito. Prevalece que nao ha qualquer relevncia para fins de afastamento do do dolo ou da culpa, bem como nao se afasta a culpabilidade. CONSEQUENCIA: A doutrina majoritdria (ha divergéncia) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 81 sustenta que o agente deve responder pela conduta efetivamente praticada (independentemente da coisa visada). ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO - No erro determinado (ou provocado) por terceiro o agente erra porque alguém o induz a isso. S6 responde pelo delito aquele que provoca 0 erro (modalidade de autoria mediata). ERRO DE PROIBICAO - Quando o agente age acreditando que sua conduta nao é ilicita, comete ERRO DE PROIBIGAO (art. 21 do CP). O erro de proibicdo pode ser: « Escusavel - Qualquer pessoa, nas mesmas condicées, cometeria o mesmo erro, Afasta a culpabilidade (agente fica isento de pena). « Inescusavel - O erro nao é t&o perdoavel, pois era possivel, mediante algum esforco, entender que se tratava de conduta penalmente ilicita. Nao afasta a culpabilidade. Hé diminuicgo de pena de um sexto a um tergo. OBS Erro de proibicdo indireto - ocorre quando o agente atua acreditando que existe uma causa de justificagaéo que o ampare. Diferenca entre erro de jibigéo indireto e erro de tipo permissivo: + Erro de tipo permissivo - O agente atua acreditando que, no caso concreto, estado presentes os requisitos faticos que caracterizam a causa de justificagdo e, portanto, sua conduta seria justa. = Erro de proibicao indireto — O agente atua acreditando que existe, EM ABSTRATO, alguma descriminante (causa de justificago) que autorize sua conduta. Trata-se de erro sobre a existéncia e/ou limites de uma causa de justificacao em abstrato. Erro, portanto, sobre o ordenamento juridico (erro normativo). EXTINGAO DA PUNIBILIDADE Punibilidade — Possibilidade de o Estado exercer seu jus puniendi (poder-dever de punir). Extingdo da pul idade - Perda do direito de exercer o jus puniendi. CAUSAS DE EXTINCAO DA PUNIBILIDADE DIVERSAS DA PRESCRICAO Anistia - A anistia exclui o préprio crime, ou seja, o Estado determina que as condutas praticadas (ja praticadas, ou seja, fatos consumados) pelos agentes nao sejam consideradas crimes. Concedida pelo Poder Legislativo. S6 pode ser causa de exting&o total da punibilidade. Faz cessar todos os efeitos PENAIS da condenacio (e: déncia). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 81 2 Graga - Conferida de maneira individual. Nao exclui o FATO criminoso em si, mas apenas extingue a punibilidade em relacéo a determinados agentes. Sua concessao cabe ao Presidente da Reptiblica. Pode ser causa parcial de extingao da punibilidade. Indulto - Conferida de maneira coletiva. Nao exclui o FATO criminoso em si, mas apenas extingue a punibilidade em relacdo a determinados agentes. Sua concesséio cabe ao Presidente da Republica. Pode ser causa parcial de extingao da punibilidade. Abolitio criminis - Ocorre quando surge lei nova que deixa de considerar o fato como crime. Faz cessar todos os efeitos PENAIS da condenagao (e: reincidéncia). Rendncia x perdao do ofendido x perddo judicial - conforme quadro abaixo: PERDAO DO RENUNCIA PERDAO JUDICIAL OFENDIDO Concedido pela Concedida pela Concedido pelo ViTIMA VviTIMA Estado (Juiz) Somente nos crimes Somente nos crimes | Somente nos casos de aco penal de aco penal previstos em Lei privada privada Depois de ajuizada a Antes do Na sentenca agao penal ajuizamento da acao penal Precisa ser aceito Nao precisa ser Nao pre pelo infrator aceito pelo infrator __aceito pelo infrator Decadéncia - Ocorre quando a vitima deixa de ajuizar a acdo penal dentro do prazo, ou quando deixa de oferecer a representacao dentro do prazo. O prazo é de seis meses a contar da data em que a vitima passa a saber quem foi o autor do fato. Perempsao - Extinc&io da acéio penal privada pela negligéncia do ofendido na condugéo da causa. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 81 Retratagéo do agente - Somente nos casos em que a lei a admite. Ex.: difamacao. PRESCRICAO. Conceito - Perda do jus puniendi pelo decurso do tempo. Espécies - Prescricdo da pretensdo punitiva e prescrigéo da pretensdo executoria Prescric¢éo da pretens&o punitiva Aqui o Estado ainda nao aplicou (em carater definitive) uma sanggo penal ao agente que praticou a conduta criminosa. * Prazo prescricional - Calculado com base na pena maxima em abstrato prevista para o delito. «Inicio do prazo prescricional - (1) do dia em que o crime se consumou (2) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa (3) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanéncia (4) nos de bigamia e nos de falsificac&o ou alteragéo de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido (5) nos crimes contra a dignidade sexual de criangas e adolescentes, da data em que a vitima completar 18 (dezoito) anos, salvo se jé tiver sido proposta a ago penal. * Prescrigdéo da pena de multa - Se a multa for prevista ou aplicada isoladamente, o prazo Sera de dois anos. Porém, se a multa for aplicada ou prevista cumulativamente com a pena de priséo (privativa de liberdade), © prazo de prescrigdo seré o mesmo estabelecido para a pena privativa de liberdade. Prescrigéo da pretensao punitiva intercorrente Verifica-se DEPOIS da sentenca penal condenatéria, com base na pena efetivamente aplicada. Pode ser: + Superveniente - Quando ocorre entre o transito em julgado da sentenca condenatoria para a acusacao e o transito em julgado da sentenca condenatéria em definitivo (tanto para a acusacéo quanto para defesa). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 81 2S ee * Retroativa - Quando, uma vez tendo havido o transito em julgado para a acusagao, se chega a conclusdo de que, naquele momento, houve a prescricdo da pretensdo punitiva entre a data da dentincia (ou queixa) e a sentenga condenatéria. (OBS! Antes da Lei 12.234/10 havia possibilidade de ocorréncia da prescrigéo retroativa (com base na pena aplicada) entre a data do fato criminoso (ou outro marco inicial) e o recebimento da denuncia ou queixa. Atualmente essa hipétese NAO EXISTE MAIS. Interrupgéo da prescrigdo - Uma vez interrompido o prazo, volta a correr do zero. Interrompem a prescrigéo: + Recebimento da dentncia ou queixa + Prondncia + Decisdo confirmatéria da pronuncia + Publicagao da sentenga ou acérdéo condenatérios recorriveis + Inicio ou continuagdo do cumprimento da pena - no se estende aos demais autores do delito. $6 se aplica a prescricao da pretensdo executéria + Reincidéncia - nao se estende aos demais autores do delito. S6 se aplica a prescrigéo da pretenso executéria. Prescricéo da pretens&o executéria Ocorre quando o Estado condena o individuo, de maneira irrecorrivel, mas nao consegue fazer cumprir a decisdo. Caracteristicas: * Tem como base a pena aplicada * Inicio - (1) do dia em que transita em julgado a sentenca condenatéria, para a acusacdo, ou a que revoga a suspenséo condicional da pena ou o livramento condicional; (2) do dia em que se interrompe a execucdo, salvo quando o tempo da interrupcao deva computar-se na pena. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 7_EXERCICIOS DA AUL. Ll o—EEE—Ee Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 81 01. (CESPE - 2016 - PC/PE - POL{CIA CIENTIFICA - DIVERSOS CARGOS) Constitui causa que exclui a imputabilidade a A) embriaguez preordenada completa proveniente da ingest&o de alcool. B) embriaguez acidental completa proveniente da ingestao de alcool. C) embriaguez culposa completa proveniente da ingest&o de alcool. D) emosao. E) paixdo. 02. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POL{CIA - ADAPTADA) A inexigibilidade de conduta diversa e a inimputabilidade séo causas excludentes de ilicitude. 03. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLiCIA - ADAPTADA) O erro de proibigao € causa excludente de ilicitude. 04, (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLICIA - ADAPTADA) Ha excludente de ilicitude em casos de estado de necessidade, legitima defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou no exercicio regular do direito. 05. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLICIA - ADAPTADA) A inexigibilidade de conduta diversa e a inimputabilidade so causas excludentes de tipicidade. 06. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POL{CIA - ADAPTADA) A embriaguez, quando culposa, é causa excludente de imputabilidade. 07. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POL{CIA - ADAPTADA) ‘A emoco e a paixéo séo causas excludentes de imputabilidade, como pode ocorrer nos chamados crimes passionais. 08. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLICIA - ADAPTADA) A embriaguez nao exclui a imputabilidade, mesmo quando o agente se embriaga completamente em raz&o de caso fortuito ou forca maior. 09. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POL{CIA - ADAPTADA) Sao inimputaveis os menores de dezoito anos de idade, ficando eles, no entanto, sujeitos ao cumprimento de medidas socioeducativas e(ou) outras medidas previstas no ECA. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 81 10. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLiCIA - ADAPTADA) So inimputaveis os menores de vinte e um anos de idade, ficando eles, no entanto, sujeitos ao cumprimento de medidas socioeducativas e(ou) outras medidas previstas no ECA. 11. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POL{CIA - ADAPTADA) Situagao hipotética: Joao, namorado de Maria e por ela apaixonado, nao aceitou a proposta dela de romper o compromisso afetivo porque ela iria estudar fora do pais, e resolveu manté-la em cércere privado. Assertiva: Nessa situacio, a atitude de Jodo enseja o reconhecimento da inimputabilidade, j4 que o seu estado psiquico foi abalado pela paixdo. 12. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) Na situagéo em que o agente, com o fim precipuo de cometer um roubo, embriaga-se para ter coragem suficiente para a execuc&io do ato, ndo se aplica a teoria da actio libera in causa ou da acio livre na causa. 13. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) Situacéio hipotética: Elizeu ingeriu, sem saber, bebida alcodlica, pensando tratar- se de medicamento que costumava guardar em uma garrafa, e perdeu totalmente sua capacidade de entendimento e de autodeterminacao. Em seguida, entrou em uma farmacia e praticou um furto. Assertiva: Nesse caso, Elizeu sera isento de pena, por estar configurada a sua inimputabilidade. 14. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLiCIA - ADAPTADA) Situagao hipotética: Paulo foi obrigado a ingerir élcool por coacao fisica e moral irresistivel, 0 que afetou parcialmente o controle sobre suas acdes e 0 levou a esfaquear um antigo desafeto. Assertiva: Nesse caso, a retirada parcial da capacidade de entendimento e de autodeterminagdo de Paulo no enseja a reducdo da sua pena no caso de eventual condenacio. 15. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POL{CIA - ADAPTADA) Situagio hipotética: Em uma festa de aniversério, Elias, no intuito de perder a inibigéo e conquistar Maria, se embriagou e, devido ao seu estado, provocado pela imprudéncia na ingestdo da bebida, agrediu fisicamente o aniversariante. Assertiva: Nessa situago, Elias ndo ser punido pelo crime de lesées corporais por auséncia total de sua capacidade de entendimento e de autodeterminagao. 16. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) Situagdo hipotética: Jodo, em estado de embriaguez voluntéria, motivado por citime de sua ex-mulher, matou Paulo. Assertiva: Nessa situagao, 0 fate de Joao Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 81 estar embriagado afasta o reconhecimento da motivaséo futil, haja vista que a embriaguez reduziu a capacidade de entender o carater ilicito de sua conduta. 17. (CESPE - 2016 - PC-GO - AGENTE - ADAPTADA) So excludentes de culpabilidade: inimputabilidade, coacdo fisica irresistivel e obediéncia hierarquica de ordem no manifestamente ilegal. 18. (CESPE - 2016 - PC-GO - AGENTE - ADAPTADA) Se ordem ndo manifestamente ilegal for cumprida por subordinado e resultar em crime, apenas o superior responderé como autor mediato, ficando o subordinado isento por inexigibilidade de conduta diversa. 19. (CESPE - 2016 - PC-GO - AGENTE - ADAPTADA) Emog&o e paixdo sao causas excludentes de culpabilidade. 20. (CESPE - 2016 - PC-PE - POLICIA CIENTIFICA - DIVERSOS CARGOS - ADAPTADA) E isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de culpa ou de caso fortuito, ao tempo da acdo ou da omissao, era parcialmente incapaz de entender o cardter ilicito desse fato ou de determinar-se conforme esse entendimento. 21. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) Os elementos imputabilidade, potencial consciéncia da ilicitude, inexigibilidade de conduta diversa e punibilidade so requisitos da culpabilidade penal. 22. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) A coagao fisica e a coacéio moral irresistivel excluem a conduta do agente, pois eliminam totalmente a vontade pelo emprego da forga, de modo que o fato passa a ser atipico. 23. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POL{CIA - ADAPTADA) E considerado erro evitavel, capaz de reduzir a pena, aquele em que o agente atue ou se omita sem a consciéncia da ilicitude do fato, quando Ihe era possivel, nas circunsténcias, ter ou atingir essa consciéncia. 24, (CESPE - 2015 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIARIO) Seré isento de pena o agente que, por embriaguez habitual, nao for capaz de entender o caréter ilicito do fato. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Bi de 81 2 25. (CESPE - 2015 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIARIO) Para definir a maioridade penal, a legislacéo brasileira seguiu o sistema biopsicolégico, ignorando o desenvolvimento mental do menor de dezoito anos de idade. 26. (CESPE - 2015 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIARIO) A embriaguez néo acidental e culposa exclui a imputabilidade no caso de ser completa. 27. (CESPE - 2015 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIARIO) Os menores de dezoito anos de idade, por presuncéio legal, séo considerados inimputdveis somente nos casos de possuirem plena capacidade de entender a ilicitude do fato. 28. (CESPE - 2015 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIARIO) Se a embriaguez acidental for completa, acarretard a irresponsabilidade penal. 29. (CESPE - 2015 - TJDFT - ANALISTA - PSIQUIATRIA) Para a avaliacio da imputabilidade penal, 0 Cédigo Penal brasileiro adota o critério biopsicolégico. No que se refere a imputabilidade penal, julgue o item a seguir. A avaliagao da imputabilidade é sempre retroativa. 30. (CESPE - 2015 - TJDFT - ANALISTA - PSIQUIATRIA) Para a avaliacéo da imputabilidade penal, 0 Cédigo Penal brasileiro adota o critério biopsicolégico. No que se refere a imputabilidade penal, julgue o item a seguir. De acordo com 0 Cédigo Penal brasileiro, a paixdo pode levar a uma privacio de sentidos, 0 que resulta no abolimento da faculdade de apreciar a criminalidade do fato e de determinar-se de acordo com essa apreciacao. 31. (CESPE - 2014 - TJDFT - JUIZ - ADPTADA) Caso um individuo tenha-se embriagado, preordenadamente, a fim de praticar crime e, apés a pratica do delito, tenha sido constatado que ele estava ainda completamente embriagado, ficaré excluida a imputabilidade penal desse individuo. 32. (CESPE - 2014 - TJDFT - TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) O erro de proibig&o pode incidir sobre a existéncia e a validade da lei penal, mas nao sobre sua interpretagdo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 52 de 81 2 33. (CESPE - 2014 - TJDFT - TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) Segundo a doutrina majoritaria, para o reconhecimento da obediéncia hierarquica, causa excludente da culpabilidade, ndo é exigida comprovacéo da relag&o de direito puiblico entre coator e coato. 34. (CESPE - 2014 - TJDFT - TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) Se A desejando matar B, atinge mortalmente C, A deverd responder, de acordo com a teoria da concretizagao, por tentativa de homicidio contra B e por homicidio. imprudente contra C. 35. (CESPE - 2014 - CAMARA DOS DEPUTADOS - ANALISTA) Julgue os seguintes itens, referentes a tipicidade, & antijuridicidade e & culpabilidade. Seré isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito, culpa ou fora maior, era, ao tempo da aco ou da omissao, inteiramente incapaz de entender 0 carter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 36. (CESPE - 2014 - CAMARA DOS DEPUTADOS - ANALISTA) Julgue os seguintes itens, referentes a tipicidade, a antijuridicidade e & culpabilidade. Em consonéncia com a Constituigéo Federal de 1988 (CF), so penalmente inimputaveis os individuos que tenhham menos de dezoito anos de idade, exceto quanto aos crimes previstos na legislacéo especial, podendo esta prever a reduc&o da maioridade penal. 37. (CESPE - 2014 - TCE-PB - PROCURADOR - ADAPTADA) A inimputabilidade penal, se for devidamente comprovada, resultara sempre em redugdo da pena, de um a dois tercos, independentemente do crime praticado. 38. (CESPE - 2014 - TCE-PB - PROCURADOR - ADAPTADA) A emogio, a paixdo e a embriaguez culposa podem, em circunstancias especiais, excluir a imputabilidade penal. 39. (CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ - ADAPTADA) © dolo, conforme a teoria normativa pura, é elemento da culpabilidade e contém a potencial consciéncia da ilicitude. 40. (CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ - ADAPTADA) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 53 de 81 Conforme a teoria limitada da culpabilidade, o erro de proibigao indireto, quando inescusdvel, é causa de diminuic&o da pena. 41. (CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ - ADAPTADA) Tendo sido adotada a teoria da acti libera in causa pelo Cédigo Penal, € permitida a excluséo da imputabilidade do agente se a embriaguez nao acidental for completa e culposa. 42. (CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ - ADAPTADA) A responsabilidade penal independe da imputabilidade do agente. 43. (CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ - ADAPTADA) A inimputabilidade por doenga mental que retira do agente toda a capacidade de entendimento do carater ilicito do fato é causa de diminuig&o da pena. 44. (CESPE - 2013 - AGU - PROCURADOR FEDERAL) Julgue os itens seguintes, acerca da prescricio, da reabilitagio e da imputabilidade. © CP prevé uma redugdo de pena para aquele que, em virtude de perturbagao de satide mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, ndo seja inteiramente capaz de entender 0 caréter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, circunstancia que enseja uma menor reprovabilidade da conduta do agente comprovadamente naquelas condicées. Tem-se, nesse caso, a denominada semi-imputabilidade, também nominada pelos doutrinadores como responsabilidade penal diminuida. 45. (CESPE - 2013 - AGU - PROCURADOR FEDERAL) Acerca de aspectos diversos do direito penal direito processual penal, julgue os itens a seguir. Para ser aceita como excludente de culpabilidade, a coagao fisica ou moral tem de ser irresistivel, inevitavel e insuperavel. 46. (CESPE - 2013 - PC-DF - AGENTE) Em relago ao direito penal, julgue os proximos itens. A embriaguez completa pode dar causa a exclusdo da imputabilidade penal, mas n&o descaracteriza a ilicitude do fato. 47. (CESPE - 2013 - SEGESP-AL - PAPILOSCOPISTA) Se uma pessoa, de forma voluntéria, embriagar-se completamente com o objetivo de matar seu desafeto e, no instante do ato, estiver incapaz de entender 0 carater ilicito do fato, estard, por essa razao, isenta de pena. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 54 de 81 2 48. (CESPE - 2013 - SEGESP-AL - PAPILOSCOPISTA) Se uma pessoa cometer determinado fato definido como crime e alegar que o fez em estrita obediéncia hierarquica a ordem nao manifestamente ilegal, a sua culpabilidade seré excluida diante da inexigibilidade de outra conduta. 49. (CESPE - 2013 - TRF1 - JUIZ FEDERAL - ADAPTADA) Todo erro penalmente relevante relacionado a uma causa de exclusdo da ilicitude & erro de proibicao indireto. 50. (CESPE - 2013 - TRF1 - JUIZ FEDERAL - ADAPTADA) O erro de tipo evitavel isenta de pena o agente. 51. (CESPE - 2011 - TJ/ES - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) O perdao judicial, uma das possiveis causas extintivas da punibilidade, consiste na manifestagéo de vontade, expressa ou tacita, do ofendido ou de seu representante legal, acerca de sua desisténcia da acdo penal privada jé iniciada. 52. (CESPE - 2011 - STM - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Além de conduzir extingéio da punibilidade, a abolitio criminis faz cessar todos os efeitos penais e civeis da sentenga condenatéria. 53. (CESPE - 2009 - SEJUS /ES - AGENTE PENITENCIARIO) A anistia exclui o crime, rescinde a condenag&o e extingue totalmente a punibilidade, tendo, de regra, ao contrério da graca, o carater da generalidade, ao abranger fatos e nao pessoas. 54. (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) Caso a pena de multa seja alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada, aplicam-se a ela os mesmos prazos previstos para as respectivas penas privativas de liberdade. 55. (CESPE - 2011 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o item a seguir. Na doutrina e jurisprudéncia contemporaneas, predomina o entendimento de que a punibilidade nao integra o conceito analitico de delito, que ficaria definido como conduta tipica, ilicita e culpavel. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 55 de 81 56. (CESPE - 2013 - POLICIA FEDERAL - ESCRIVAO DA POLICIA FEDERAL) Julgue os itens subsequentes, relativos a aplicacéio da lei penal e seus principios. A ccontagem do prazo para efeito da decadéncia, causa extintiva da punibilidade, obedece aos critérios processuais penais, computando-se o dia do comeco. Todavia, se este recair em domingos ou feriados, 0 inicio do prazo sera o dia util imediatamente subsequente 57. (CESPE - 2013 - POLICIA FEDERAL - DELEGADO DE POL{CIA) Suponha que determinada sentenga condenatéria, com pena de dez anos de reclusdo, imposta ao réu, tenha sido recebida em termo préprio, em cartério, pelo escrivéo, em 13/8/2011 e publicada no érgéo oficial em 17/8/2011, e que tenha sido o réu intimado, pessoalmente, em 20/8/2011, e a defensoria publica e 0 MP intimados, pessoalmente, em 19/8/2011. Nessa situacao hipotética, a interrupgao do curso da prescri¢&o ocorreu em 17/8/2011. 58. (CESPE - 2013 - POLICIA FEDERAL - DELEGADO DE POLICIA) Considere que Jorge, Carlos e Anténio sejam condenados, definitivamente, a uma mesma pena, por terem praticado, em coautoria, o crime de roubo. Nessa situagdo, incidindo a interrupgao da prescriggo da pretenséo executéria da referida pena em relac&o a Jorge, essa interrupcao ndo produzird efeitos em relag&o aos demais coautores. 59. (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Em 15/10/2005, nas dependéncias do banco Y, Carlos, com o objetivo de prejudicar direitos da instituig3o financeira, preencheu e assinou declaracao falsa na qual se autodenominava Mauricio. No mesmo dia, foi até outra agéncia do mesmo banco e, agindo da mesma forma, declarou falsamente chamar-se Alexandre. Em 1/5/2010, Carlos foi denunciado, tendo a denuncia sido recebida em 24/5/2010. Apés o devido processo legal, em sentenca proferida em 23/8/2012, 0 acusado foi condenado a um ano e dois meses de reclusdéo, em regime inicialmente aberto, e€ ao pagamento de doze dias-multa, no valor unitario minimo legal. A pena privativa de liberdade foi substituida por uma pena restritiva de direitos e multa. O MP nao apelou da sentenca condenatéria. Com relagao a situacao hipotética acima, julgue os itens seguintes. Como, entre a data da pratica do delito e a do recebimento da denuncia, passaram-se mais de quatro anos, deve ser reconhecida a extingdo da punibilidade de Carlos, pela prescrigéo da pretens&o punitiva retroativa. 60. (CESPE - 2013 - TJ-DF - TECNICO JUDICIARIO - AREA ADMINISTRATIVA) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 56 de 81 A anistia representa 0 esquecimento do crime, afastando a punicéo por fatos considerados delituosos, e constitui ato privativo do presidente da Republica. 61. (CESPE - 2013 - CNJ - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) A extincéo da punibilidade de um crime que seja pressuposto, elemento constitutivo ou circunsténcia agravante de outro nao se estende a este. Nos crimes conexos, a extinc&o da punibilidade de um deles nao impede, quanto aos outros, a agravac&o da pena resultante da conexo. 62. (CESPE - 2013 - TC-DF - PROCURADOR) No sistema penal brasileiro, hd causas pessoais que excluem e extinguem totalmente a punibilidade e, igualmente, causas pessoais de exclusdo e extinggo parcial da punibilidade. 63. (CESPE - 2014 - TJ/CE - AJAJ) Pedro, nascido em 29/6/1988, praticou o crime de corrupgao de menores em 2/7/2008 e foi condenado & pena de um ano e cinco dias de recluséio em sentenca publicada no dia 20/11/2013. Somente a defesa ofereceu recurso, transitando em julgado a sentenca para a acusag&o. O recurso defensivo foi improvido em 19/1/2014. Tendo por base a situacao hipotética acima e considerando que a dentincia tenha sido recebida em 11/4/2012, assinale a opsao correta em relagdo a prescrigéo. A) Deve ser reconhecida a prescricéo da pretenséo punitiva superveniente. B) A extinc&o da punibilidade deve ser declarada, por haver transcorrido 0 curso do prazo prescricional da pretensdo punitiva intercorrente. C) A prescrig&o da pretens&o punitiva retroativa néo é mais admitida pelo Cédigo Penal, o que impede seu reconhecimento no caso da questao. D) Deve ser reconhecida a prescrig&o da pretensdo punitiva retroativa. E) Nao houve o transcurso do prazo prescricional da pretensao punitiva. 64. (CESPE - 2014 - TJ/SE - ANALISTA) No que se refere punibilidade e as causas de sua exting&o, bem como ao concurso de pessoas, julgue os itens a seguir. © juiz, ao analisar a ocorréncia de prescric&o depois da sentenca transitada em juigado para a acusagdo ou depois de improvido 0 seu recurso, deve considerar a pena aplicada, néo podendo, em nenhuma hipétese, ter por termo inicial data anterior a da dentincia ou queixa. 65. (CESPE - 2014 - PGE-BA - PROCURADOR DO ESTADO) Considere que determinado individuo condenado definitivamente pela pratica de determinado delito tenha obtido a extincéo da punibilidade por meio de anistia e Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 57 de 81 que, um ano depois do transito em julgado da sentenga condenatoria, tenha cometido novo delito. Nessa situaciio, esse individuo é considerado reincidente, estando, pois, sujeito aos efeitos da reincidéncia. 66. (CESPE - 2014 - PGE-BA - PROCURADOR DO ESTADO) Em se tratando de abolitio criminis, sero atingidas pela lei penal as acées tipicas anteriores & sua vigéncia, mas nao os efeitos civis decorrentes dessas ages. 67. (CESPE - 2014 — PGE-BA - PROCURADOR DO ESTADO) Considere a seguinte situag&o hipotética. Joaquim foi denunciado pela pratica do crime de falsidade ideolégica previsto no Cédigo Penal. A inicial acusatéria foi recebida em 3/10/2007. O juiz da causa, por meio de sentenca publicada em 19/7/2012, condenou o réu a pena de um ano, dez meses e vinte dias de recluséo, em regime semiaberto, mais pagamento de quinze dias-multa. N&o houve recurso do MP e a defesa interpés apelacdo, alegando a prescric&o da pretensdo punitiva do Estado. Nessa situacdo, deverd o tribunal negar provimento ao apelo. 8 EXERCICIOS COMENTADOS 01. (CESPE - 2016 - PC/PE - POL{CIA CIENTIFICA - DIVERSOS CARGOS) Constitui causa que exclui a imputabilidade a A) embriaguez preordenada completa proveniente da ingestao de alcool. B) embriaguez acidental completa proveniente da ingestao de alcool. C) embriaguez culposa completa proveniente da ingestao de alcool. D) emogao. E) paixdo. COMENTARIOS: A emocao e a paixdo no excluem a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, I do CP. Da mesma forma, a embriaguez preordenada nao exclui a imputabilidade, sendo, inclusive, uma agravante (art. 62, I, “L” do CP). ‘A embriaguez culposa também néo exclui a imputabilidade penal do agente (art. 28, II do CP). Por fim, a embriaguez ACIDENTAL (decorrente de caso fortuito ou forga maior) completa (aquela que retira completamente do agente a capacidade de entender 0 caréter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento) é causa de exclusdo da imputabilidade penal, nos termos do art. 28, §1° do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA B. 02. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLICIA - ADAPTADA) A inexi lade de conduta diversa e a inimputabilidade sao causas excludentes de ilicitude. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 58 de 81 COMENTARIOS: Item errado, pois a inimputabilidade e a inexigibilidade de conduta diversa sdo causas de exclusdo da culpabilidade. Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 03. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLICIA - ADAPTADA) O erro de proibicdo é causa excludente de ilicitude. COMENTARIOS: Item errado, pois o erro de proibico € causa de exclusdo da culpabilidade, ja que afasta a potencial consciéncia da ilicitude. Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 04. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLICIA - ADAPTADA) Ha excludente de itude em casos de estado de necessidade, legitima defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou no exercicio regular do direito. COMENTARIOS: Item correto, pois neste caso teremos exclusao da ilicitude, por forga do que expressamente dispée o art. 23 do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 05. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLICIA - ADAPTADA) A inexig! jade de conduta diversa e a inimputabilidade séo causas excludentes de tipicidade. COMENTARIOS: Item errado, pois a inimputabilidade ¢ a inexigibilidade de conduta diversa sdo causas de exclusao da culpabilidade. Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 06. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLICIA - ADAPTADA) A embriaguez, quando culposa, é causa excludente de imputabilidade. COMENTARIOS: Item errado, pois a embriaguez voluntaria (dolosa ou culposa) n&o exclui a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, II do CP. Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 07. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLICIA - ADAPTADA) A emogio e a paixdo s4o causas excludentes de imputabilidade, como pode ocorrer nos chamados crimes passionais. COMENTARIOS: Item errado, pois nem a emoc&o nem a paixdo sao causas de exclus&o da imputabilidade penal, nos termos do art. 28, I do CP. Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 08. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLICIA - ADAPTADA) Ell o—EoE—Eeee Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 59 de 81 A embriaguez nao exclui a imputabilidade, mesmo quando o agente se embriaga completamente em razo de caso fortuito ou forca maior. COMENTARIOS: Item errado, pois quando o agente esta completamente embriagado, e esta embriaguez 6 decorrente de caso fortuito ou forca maior, ha exclusdo da imputabilidade penal, nos termos do art. 28, §1° do CP. Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 09. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POLICIA - ADAPTADA) So inimputaveis os menores de dezoito anos de idade, ficando eles, no entanto, sujeitos ao cumprimento de medidas socioeducativas e(ou) outras medidas previstas no ECA. COMENTARIOS: Item correto, pois esta é a exata previstio do art. 27 do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 10. (CESPE - 2016 - PC/PE - AGENTE DE POL{CIA - ADAPTADA) S&o inimputaveis os menores de vinte e um anos de idade, ficando eles, no entanto, sujeitos ao cumprimento de medidas socioeducativas e(ou) outras medidas previstas no ECA. COMENTARIOS: Item errado, pois sao inimputaveis os menores de 18 anos, € nao os menores de 21 anos, nos termos do art. 27 do CP. Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 11. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) Situagdo hipotética: Jodo, namorado de Maria e por ela apaixonado, nao aceitou a proposta dela de romper o compromisso afetivo porque ela iria estudar fora do pais, e resolveu manté-la em carcere privado. Assertivi Nessa situacdo, a atitude de Jodo enseja o reconhecimento da inimputabilidade, j4 que o seu estado psiquico foi abalado pela paixdo. COMENTARIOS: Item errado, pois a emoc&o e a paixdo nao sdo capazes de afastar a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, I do CP. Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 12. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) Na situacdo em que o agente, com o fim precipuo de cometer um roubo, embriaga-se para ter coragem suficiente para a execucéo do ato, ndo se aplica a teoria da actio libera in causa ou da acao livre na causa. COMENTARIOS: Item errado, pois a teoria da actio libera in causa é aplicavel as hipéteses de imputabilidade mesmo quando o agente esté embriagado. Tal teoria sustenta que o agente deve ser punido pelo crime, mesmo ndo possuindo discernimento no momento do fato, j4 que possuia discernimento antes, ou seja, quando resolveu ingerir bebida alcéolica, sabendo que isso geraria sua situacéo de embriaguez. LLloo—EEE—Ee Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 60 de 81 Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 13. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) Situagao hipotética: Elizeu ingeriu, sem saber, bebida alcodlica, pensando tratar-se de medicamento que costumava guardar em uma garrafa, e perdeu totalmente sua capacidade de entendimento e de autodeterminacao. Em seguida, entrou em uma farmacia e praticou um furto. Assertiva: Nesse caso, Elizeu sera isento de pena, por estar configurada a sua inimputabilidade. COMENTARIOS: Item correto, pois neste caso temos uma hipétese de embriaguez completa proveniente de caso fortuito, ou seja, uma embriaguez acidental que retirou completamente do agente a capacidade de discernimento. Assim, 0 agente sera considerado inimputavel, nos termos do art. 28, §1° do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 14. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) Situag4o hipotética: Paulo foi obrigado a ingerir dlcool por coacio fisica e moral irresistivel, 0 que afetou parcialmente o controle sobre suas agées e o levou a esfaquear um antigo desafeto. Assertiva: Nesse caso, a retirada parcial da capacidade de entendimento e de autodeterminacao de Paulo néo enseja a reducéo da sua pena no caso de eventual condenagao. COMENTARIOS: Item errado, pois em se tratando de embriaguez acidental que retira PARCIALMENTE 0 discernimento do agente, tal agente sera considerado imputavel, mas teré sua pena diminuida, nos termos do art. 28, §2° do CP. Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 15. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POL{CIA - ADAPTADA) Situagdo hipotética: Em uma festa de aniversario, Elias, no intuito de inibigdo e conquistar Maria, se embriagou e, de' estado, provocado pela imprudéncia na ingestao da bebida, agrediu fisicamente o aniversariante. Assertiva: Nessa situacéo, Elias néo sera lo pelo crime de lesées corporais por auséncia total de sua jade de entendimento e de autodeterminagao. COMENTARIOS: Item errado, pois a embriaguez voluntaria (dolosa ou culposa) nao exclui a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, II do CP. Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 16. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) Situagéo hipotética: Joéo, em estado de embriaguez voluntaria, motivado por ciime de sua ex-mulher, matou Paulo. Assertiva: Nessa situacgdo, o fato de Jodo estar embriagado afasta o reconhecimento da Ell o—EoE—Eeee Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 61 de 8L motivacao futil, haja vista que a embriaguez reduziu a capacidade de entender o carater ilicito de sua conduta. COMENTARIOS: Item errado, pois o estado de embriaguez voluntaria ndo é causa de inimputabilidade nem traz beneficios ao agente. Portanto, a AFIRMARTIVA ESTA ERRADA. 17. (CESPE - 2016 - PC-GO - AGENTE - ADAPTADA) S80 excludentes de culpabilidad: inimputabilidade, coacéo fisica irresistivel e obediéncia hierarquica de ordem n&o manifestamente ilegal. COMENTARIOS: Item errado, pois apesar de a inimputabilidade e a obediéncia hierdrquica serem excludentes de culpabilidade, a coag3o FISICA nao 0 é&. A coacio fisica irresistivel exclui a CONDUTA, por auséncia completa de vontade do agente coagido. Logo, acaba por excluir o fato tipico. O que exclui a culpabilidade € a coagéo MORAL irresistivel, nos termos do art. 22 do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 18. (CESPE - 2016 - PC-GO - AGENTE - ADAPTADA) Se ordem nao manifestamente ilegal for cumprida por subordinado e resultar em crime, apenas o superior respondera como autor mediato, ficando o subordinado isento por inexigibilidade de conduta diversa. COMENTARIOS: Na autoria mediata o autor (mediato) se vale de uma pessoa SEM CULPABILIDADE para a pratica do delito. Quem executa o delito é a pessoa sem culpabilidade, mas 0 verdadeiro autor do delito (autoria mediata) 6 aquele que da a ordem. Vejamos: Art. 22 - Se o fato & cometido sob coacio irresistivel ou em estrita obediéncia a ordem, n5o manifestamente ilegal, de superior hierérquico, 36 é punivel 0 autor da coacéo ou da ordem.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Assim, somente o autor da ordem é punido, afastando-se a culpabilidade daquele que executa a ordem nao manifestamente ilegal. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 19. (CESPE - 2016 - PC-GO - AGENTE - ADAPTADA) Emogao e paixdo sao causas excludentes de culpabilidade. COMENTARIOS: Item errado, pois a emog&o e a paixdo nao excluem a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, I do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 20. (CESPE - 2016 - PC-PE - POLICIA CIENTIFICA - DIVERSOS CARGOS - ADAPTADA) £ isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de culpa ou de caso fortuito, ao tempo da acdo ou da omiss&o, era Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 62 de 81 parcialmente incapaz de entender o carater ilicito desse fato ou de determinar-se conforme esse entendimento. COMENTARIOS: Item errado, pois a embriaguez dolosa ou culposa nao exclui a imputabilidade penal do agente (art. 28, II do CP). Além disso, apenas a embriaguez ACIDENTAL (decorrente de caso fortuito ou forca maior) completa (aquela que retira completamente do agente a capacidade de entender o carater ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento) é causa de excluso da imputabilidade penal, nos termos do art. 28, §1° do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 21. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) Os elementos imputabilidade, potencial consciéncia da inexigi lade de conduta diversa e punil culpabilidade penal. COMENTARIOS: Item errado, pois a culpabilidade é 0 Juizo de reprovabilidade acerca do fato praticado pelo agente, e tem como elementos: + IMPUTABILIDADE; + POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE; + EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. A punil lade e a inexigibilidade de conduta diversa néo séo elementos da culpabilidade. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 22. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POLICIA - ADAPTADA) A coacio fisica e a coacgado moral irresistivel excluem a conduta do agente, pois eliminam totalmente a vontade pelo emprego da forca, de modo que o fato passa a ser atipico. COMENTARIOS: A coacfo fisica irresistivel exclui a CONDUTA, por auséncia completa de vontade do agente coagido. Logo, acaba por excluir o fato tipico. O que exclui a culpabilidade é a coag3o MORAL irresistivel, nos termos do art. 22 do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 23. (CESPE - 2016 - PC/PE - ESCRIVAO DE POL{CIA - ADAPTADA) E considerado erro evitavel, capaz de reduzir a pena, aquele em que o agente atue ou se omita sem a consciéncia da ilicitude do fato, quando Ihe era possivel, nas circunstancias, ter ou atingir essa consciéncia. COMENTARIOS: Item correto. 0 erro de proibig&o, ou erro sobre a ilicitude do fato, quando escusdvel, isenta de pena (exclui a culpabilidade do agente, por auséncia de potencial consciéncia da ilicitude); quando inescusavel, reduz a pena de um sexto a um tergo, nos termos do art. 21 do CP. E inescusdvel 0 erro quando 0 agente podia, nas circunsténcias, ter ou atingir essa consciéncia. —LLlo—EEE—Eee Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 63 de 81 Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 24, (CESPE - 2015 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIARIO) Sera isento de penao inte que, por embriaguez habitual, nao for capaz de entender o carater ‘0 do fato. COMENTARIOS: A embriaguez habitual nao é causa de inimputabilidade penal, pois se trata de embriaguez dolosa ou culposa. Apenas nos excepcionais casos de embriaguez PATOLOGICA é que poderé ser afastada a culpabilidade. Todavia, neste ultimo caso, a culpabilidade sera afastada pelo fato de a embriaguez PATOLOGICA ser considerada doenga mental. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 25. (CESPE - 2015 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIARIO) Para definir a maioridade penal, a legislacdo brasileira seguiu o sistema biopsicolégico, ignorando o desenvolvimento mental do menor de dezoito anos de idade. COMENTARIOS: Item errado, pois o critério adotado para definir a inimputabilidade em raz&o de doenga mental foi o critério BIOLOGICO, pois basta a presenca do aspecto biolégico (ter menos de 18 anos) para que 0 agente seja considerado inimputavel, nado sendo necessdria qualquer andlise sobre o real desenvolvimento mental do menor quando da pratica do crime. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 26. (CESPE - 2015 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIARIO) A embriaguez nao acidental e culposa exclui a imputabilidade no caso de ser completa. COMENTARIOS: Item errado, pois a embriaguez dolosa ou culposa nao exclui a imputabilidade penal do agente (art. 28, II do CP). Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 27. (CESPE - 2015 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIARIO) Os menores de dezoito anos de idade, por presuncéo legal, sao considerados inimputaveis somente nos casos de possuirem plena capacidade de entender a ilicitude do fato. COMENTARIOS: Item errado, pois os menores de 18 anos, por expresséo disposig&o legal, so considerados inimputaveis, independentemente de qualquer andlise sobre o real desenvolvimento mental do menor quando da pratica do crime, nos termos do art. 27 do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 28. (CESPE - 2015 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIARIO) LLlo—EEE—Ee Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 64 de 81 Se a embriaguez acidental for completa, acarretara a irresponsabilidade penal. COMENTARIOS: Item correto, pois a embriaguez ACIDENTAL (decorrente de caso fortuito ou forca maior) completa (aquela que retira completamente do agente a capacidade de entender o caréter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento) é causa de exclusao da imputabilidade penal, nos termos do art. 28, §1° do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 29. (CESPE - 2015 - TJDFT - ANALISTA - PSIQUIATRIA) Para a avaliacdo da imputabilidade penal, 0 Codigo Penal brasileiro adota 0 critério biopsicolégico. No que se refere a imputabilidade penal, julgue o item a seguir. A avaliacgao da imputabilidade é sempre retroativa. COMENTARIOS: Item correto, pois a andlise da imputabilidade penal do agente é sempre feita de forma retroativa, ou seja, busca-se saber se no momento do crime (ou seja, momento anterior ao atual) o agente tinha conhecimento do carater ilicito do fato e capacidade de se determinar de acordo com este entendimento. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 30. (CESPE - 2015 - TJDFT - ANALISTA - PSIQUIATRIA) ai putabilidade penal, 0 Cédigo Penal brasil psicolégico. No que se refere a i o item a seguir. De acordo com o Cédigo Penal brasileiro, a paixdo pode levar a uma privagéo de sentidos, 0 que resulta no abolimento da faculdade de r a criminalidade do fato e de determinar-se de acordo com essa apreciacéo. COMENTARIOS: Item errado, pois a emogéo e a paixdo nao excluem a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, I do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. iro adota putabilidade penal, julgue 31. (CESPE - 2014 - TJDFT - JUIZ - ADPTADA) Caso um individuo tenha-se embriagado, preordenadamente, a fim de praticar crime e, apés a pratica do delito, tenha sido constatado que ele estava da completamente embriagado, ficara excluida a imputabilidade penal desse individuo. COMENTARIOS: Item errado, pois a embriaguez preordenada nao exclui a imputabilidade, sendo, inclusive, uma agravante (art. 62, I, “L” do CP). Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. LLlo—EEo—E—Ee Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 65 de 81

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