You are on page 1of 21

ndice

Introdução
O Estado visando garantir a satisfação das necessidades da colectividade arrecada receitas
públicas e realiza despesas públicas.

Entende – se por receita pública os recursos previstos em legislação e arrecadados pelo poder
público com a finalidade de realizar gastos que atenda as necessidades da sociedade e por
despesas públicas o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e
manutenção dos serviços públicos prestados a sociedade.

O sistema fiscal, entendido no seu sentido amplo, como um conjunto de normas juridicas que
regulam a actividade fiscal e ou tributária de uma nação, constitui um dos meios de assegurar o
desenvolvimento do aparelho de Estado, parte fundamental do crescimento dos serviços
administrativos e consequentemente desenvolviemento do pais, dai a necessidade de estrutura – lo
de forma abrangente e ou inclusiva com a finalidade de garantir o bem estar comum.

Objectivos do trabalho
Objectivo geral:
1. Estudar de forma concisa as depesas e receitas públicas.

Objectivos específicos:
1. Descrever os principais tipos de despesas e receitas públicas;

2. Falar da estrutura e caracteres do sistema fiscal Moçambicano.

Metodologia
Segundo os objectivos esta pesquisa é exploratória; e segundo a colecta de dados a pesquisa é
bibliográfica, tendo se baseado na recolha de diversas ideias de escritores e pesquisadores na área
de finanças públicas e direito financeiro.

 A DESPESA PÚBLICA

É o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e manutenção


dos serviços públicos prestados à sociedade. (CATARINO, 2012)

1.1 Noções Básicas


O conceito de despesa pública tem, de resto, de ser construído em termos de poder abranger
realidades tão distintas como, por exemplo, o pagamento de um funcionário público, a construção
de uma estrada, a concessão de um subsídio a uma empresa, a amortização de um empréstimo
anteriormente contraído pelo Estado, a aquisição de material de guerra, a atribuição de uma bolsa
de estudo, etc. (FRANCO, 2012:1)

1.2 Tipologia de Despesas Públicas


Segundo FRANCO (2012:2), Mais importante do que a arrumação orçamental das despesas
publicas é, entanto, a consideração da sua natureza económica e, dentro de uma perspectiva de
integração entre economia e finanças, o estudo dos efeitos globais.
 Despesas de Investimento e Despesas de funcionamento

Uma primeira distinção, segundo esse critério – que se aproxima, aliás , bastante da classificação
de despesas correntes e de capital -, separa as despesas de funcionamento dos gastos de
investimento.

Despesas de investimento seriam aquelas que consistem na formação de capital (técnico) do


Estado. As despesas de funcionamento corresponderiam apenas aos dispêndios necessários ao
normal desenvolvimento da máquina administrativa.

Apesar da proximidade das despesas de investimento com as despesas de capital, não há


coincidência de critério, já que podem encontrar – se despesas de capital (como seja o reembolso
de um empréstimo) que se não integram no conceito de despesa de investimento, e despesas
correntes (como o pagamento de juros) que não são despesas de funcionamento.

 Despesas em bens e serviços e despesas de transferência

Despesas em bens e serviços são aquelas que asseguram a criação de utilidades, por meio de
compra de bens ou serviços do Estado, enquanto despesas de transferência são aquelas que se
limitam a proceder a uma redistribuição de recursos, atribuindo – os a novas entidades que se
situam no sector público ou sector privado.

Assim, no primeiro caso, o Estado, ao pagar os serviços prestados por um funcionário, está a
entregar verbas que têm uma contrapartida que pode ser incluída num dos grandes agregados
relativos ao Rendimento Nacional, enquanto, no segundo caso, ao atribuir um subsídio de
desemprego, não há qualquer alteração do nível do rendimento global: há apenas uma deslocação
de rendimentos entre grupos sociais (de quem pagou um “imposto de desemprego” para quem
recebe um subsidio correspondente).

Claro que em todas despesas realizadas pelo Estado há, em sentido lato, uma transferência. Só
que nuns casos – despesas em bens e serviços – essa transferência é acompanhada de uma
contrapartida de utilidade (compra de bens ou serviços – incluindo factores de produção), enquanto
que noutros – despesas de transferência – não há qualquer contrapartida directa de utilidade final.

 Diversidade das despesas de transferência

O conceito de transferência comporta, ainda assim, realidades bastante diversas. Têm – se pois
tentado fazer diversas classificações de transferências.

Uma primeira distinção separa as transferência de rendimento das transferências de capital, sendo
as primeiras aquelas que não alteram a situação do património duradouro da Nação (por exemplo
bolsa de estudo) e as segundas aquelas que a alteram (por exemplo subvenção do Estado para a
construção de um imóvel particular ou para investimento de uma empresa publica).

Outra distinção muito utilizada separa transferências directas e transferências indirectas. No


primeiro caso estaríamos face a despesas que vinham aumentar directamente os rendimentos
disponíveis (por exemplo pagamento de uma pensão a um aposentado); no segundo haveria
apenas um benefício indirecto, traduzido num aumento das possibilidades de consumo (subsídios a
preços, etc).

Consoante os beneficiários das transferências do Estado podemos distinguir: as transferências para


o sector público, que beneficiam entidades e são transferências internas do sector publico’; as
transferências para unidades produtivas (empresas); e as transferências para particulares e
entidades privadas não lucrativas.

Todas estas transferências internas, que não alteram o rendimento nacional. E há ainda
transferências para o exterior, que beneficiam economias externas e diminuem o rendimento
nacional.

 Despesas produtivas e reprodutivas

Quanto à produtividade, há despesas públicas que se limitam a criar directamente utilidades: pela
segurança que resulta de haver polícias, pela contribuição que as forças armadas dão à defesa
nacional, pelo que os museus representam de produção cultural. São gastos simplesmente
produtivos.

Outras despesas, porem, contribuem para o aumento da capacidade produtiva, gerando assim
utilidades acrescidas no futuro: são despesas reprodutivas. Assim, o investimento em estradas,
transportes e meios de comunicação; assim, o investimento imaterial em investigação, educação e
saúde.

1.3 A despesa pública e a despesa nacional


 Generalidades

I. Importa acentuar que os efeitos económicos das despesas públicas serão diversos, consoante
adoptemos uma óptica clássica ou keynesiana. (FRANCO, 2012:4)

Para os clássicos, o efeito económico típico das despesas públicas seria a satisfação pura e
simples de necessidades públicas, sendo todos os outros efeitos perversos, desregrados e
indesejáveis (por violarem a regra da neutralidade)

Segundo a visão keynesiana, para além daquele, haveria que distinguir dois outros tipos de efeitos
económicos;

1. A despesa pública consistirá, também, num processo de distribuição de rendimentos a alguém: toda
a despesa implica pagamentos feitos a servidores, fornecedores, empreiteiros, etc.

2. Por esta via, toda a despesa altera a repartição do rendimento nacional que se verificaria sem ela,
gera fluxos sucessivos de novas despesas (de consumo ou de investimento), com recursos que
provem dos contribuintes ou de prestamistas e tem, em princípio efeitos expansionistas.
Com esta segunda óptica é mais ampla do que a primeira – e não impede a autónoma relevância
daquela – toma – lo - emos como guia.

II. Assim, a despesa pública é, em termos macro - económicos, uma parcela da despesa nacional.

Esta reparte – se por diversas rubricas principais. Consoante a origem institucional, pode ser feita:
a) pelos indivíduos, famílias e outros sujeitos privados não produtivos; b) pelo Estado e outros
sujeitos públicos; c) pelas empresas e outros sujeitos produtivos. Consoante a natureza das
despesas, pode ser de consumo, de investimento ou de transferência.

III. Combinando os dois critérios, distinguiremos três modalidades principais de despesa nacional:

1º. Consumo privado: total das despesas não produtivas (ou equivalentes) feitas pelas famílias e
outras unidades não produtivas.

2º. Despesas das empresas: são despesas de investimento privado ou de funcionamento das
empresas.

3º. Despesas públicas: as realizadas pelo sector público, quer de consumo, quer de investimento –
se forem em bens e serviços – quer de transferência (excluindo o sector empresarial público).

 As despesas públicas nas contas nacionais

Como já vimos dentro das despesas públicas, poderemos ainda distinguir as transferências – que
transferem rendimentos para outros sujeitos económicos – e as despesas públicas em bens e
serviços. Estas últimas podem ser de três espécies:

1º. – Despesas civis de consumo (que são consumos públicos): são as despesas com o
funcionamento dos serviços da administração civil. São relativamente regulares e variam pouco:
nem crescem, em regra, subitamente, nem podem ser facilmente compridas num período curto.

2º. – Despesas militares (também consumos públicos) umas com aquisição de equipamentos e
materiais, outras com o pagamento de serviços e sustento das forças armadas. São muito
heterogéneas, algumas chegando a confinar com os investimentos pela sua natureza (aquisição de
um avião produzido no interior do país: todavia, mesmo que sejam em bens duradouros, são
sempre considerados gastos de consumo e não de investimento).

3º. – Despesas de investimento público: são feitas pelo sector público com o fim de formar capital;
consistem na aquisição de bens duradouros, desde que sejam produtivos (stock de capitais
circulantes e bens de equipamento). Os investimentos públicos são, como as despesas militares,
susceptíveis de variações muito rápidas.

1.4 Evolução das despesas públicas


1.4.1 Generalidades
As despesas públicas conhecem uma evolução muito marcada a partir do liberalismo económico do
século passado, muito em particular no decurso do século XX. O estudo dessa evolução pode ser
empreendido por duas vias: analise do crescimento das despesas públicas que parece ter
acompanhado o crescimento económico ou analise da alteração na estrutura das despesas e no
seu peso relativo. (FRANCO, 2012:7)

Qualquer destes caminhos parece relativamente frutuoso, embora o segundo, quando conjugado
com o primeiro, seja mais decisivo para a compreensão das modernas Finanças Públicas.

1.4.2 O aumento das despesas públicas


Desde finais do século XIX, a partir da obra do financeiro alemão Adolfo Wagner, se fala numa
tendência para aumentar que as despesas públicas revelariam nas sociedades modernas. Designa
– se essa tendência por lei de Wagner.

Wagner partiu para a formulação desta lei de um estudo empírico, que os acontecimentos
posteriores viriam confirmar amplamente: ele baseava – se nos dados que conseguira recolher. A
sua lei foi formulada apenas em relação às sociedades onde se dera uma revolução industrial e em
que se afirma, no plano prático, o liberalismo político económico. Configura – se como uma
tendência de longo prazo, compatível, pois, com oscilações de curto prazo, determinadas, por
exemplo, pela alteração das forcas politicamente dominantes num dado pais; os conservadores ou
os liberais tendem a gastar menos, os progressistas ou os socialistas mais. (FRANCO, 2012:7)

1.4.3 Aumento real e aumento aparente das despesas públicas


A circunstância de os quadros utilizados se referirem em regra a percentagens das despesas
públicas em relação ao Produto Nacional Bruto serve para ilustrar uma preocupação que tem de ser
elevada em conta: a de distinguir aquilo que pode ser chamado aumento real das despesas
públicas, em confronto com o seu aumento aparente.

Podem apontar – se, segundo FRANCO (2012:8), como factores de crescimento aparente das
despesas públicas, entre outros menos importantes;

1º. – Desvalorização monetária

2º. – Aumento da população

3º. – Crescimento do produto nacional bruto

1.4.4 Causas do aumento real das despesas públicas


Para determinar as razões por que aumentaram as despesas públicas, pode – se seguir uma de
duas vias: procurar uma explicação global, forçosamente dependente de um posicionamento
ideológico ou doutrinário; ou determinar, a partir da análise detalhada da própria natureza das
despesas públicas, factores concretos que influenciaram o crescimento. (FRANCO, 2012:9)
 O progresso técnico e a acumulação de capital

 A transformação dos sistemas sociais

 Causas instrumentais

Embora menos importantes do que estas, outras causas se tem feito sentir:

 O aumento do custo dos serviços públicos

 As modificações demográficas

 A influência das guerras

 Causas financeiras

 RECEITAS PÚBLICAS

Receitas públicas são os recursos previstos em legislação e arrecadados pelo poder público com a
finalidade de realizar gastos que atenda as necessidades ou demandas da sociedade. (CATARINO,
2012)

Em outras palavras, as receitas públicas são todo e qualquer recurso obtido pelo Estado para
atender os gastos públicos indispensáveis às necessidades da população.

2.1 MODALIDADES DE RECEITAS DO ESTADO


 Classififcações e tipologias

Algumas das mais importantes classificações de receitas públicas, como sejam aquelas que
separam as receitas correntes das receitas de capital e as receitas ordinárias das receitas
extraordinárias.

Uma primeira classificação éa que divide as receitas em coerciva e não corcivas. Ela segue critério
algo controverso e pouco preciso, já que, em rigor, se a coercibilidade se reporta ao momento do
pagamento, tem de se entender que todas as receitas são coercivas; se, pelo contrario, se reporta à
situaçao de base que origina o pagamento, entao são verdadeiramente muito poucas as prestações
que têm na sua base uma obrigação irremovível. Todavia, pode dizer se que o imposto e o
empréstimo forçado são coercivos, por resultarem de imposição da lei, como são não coercivas as
receitas patrimoniais e creditícias, não decorrentes de obrigações. (FRANCO, 2012:47)
2.2 AS RECEITAS PATRIMONIAIS
 Noção Preliminar

Designamos por receitas patrimoniais as receitas que resultam da administração do património do


Estado ou da disposição de elementos do seu activo e que não tenham carácter tributário.
(FRANCO, 2012:51)

 Modalidades

A modalidade principal de receita patrimonial é constituída pelos rendimentos do património, isto é,


as receitas que resultam da normal administração do património.

Importa distinguir delas as receitas de disposição (incluindo oneração) patrimonial, que resultam da
alienação (ou oneração) de bens de activo patrimonial. Em certos momentos de
descongestionamento patrimonial ou de liberalização da estrutura financeira, elas podem ser
importantes (venda de bens nacionais; alienação de participações e prédios do estado, no inicio dos
anos oitenta). Delas se distinguem as receitas creditícias, que, embora representem oneração geral
do património por via do passivo creditício, têm autonomia clara, como já se viu. (FRANCO,
2012:52)

2.2.1 RECEITAS DO PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO


a) Património Rural
Raras foram e são as explorações directas ou as explorações públicas autónomas (empresas
publicas agrícolas ou agro-industriais), suscitando-se aqui os problemas da opção pela exploração
directa ou indirecta, em monopólio ou concorrência, que estão longe de ter encontrado respostas
claras. Em regime de exploração directa, as receitas -que devem ser confrontadas com os custos,
por se tratar de uma actividade empresarial -podem ser entendidas em termos brutos (benefícios ou
lucros de exploração empresarial do Estado). Em termos unitários, as componentes da receita
serão preços dos bens.

Em exploração indirecta, a forma típica da receita estadual será a renda. A integrar na contabilidade
da entidade exploradora (pública ou controlada; privada, social ou cooperativa) como custo.
(FRANCO, 2012:52)

b) Património predial urbano


Em muitos ultrapassam a dezena de milhar os prédios do Estado. Uns estão afectos ao
funcionamento dos serviços ou ao uso dos cidadãos (museus, centros de cultura) -são património
de uso, cujo rendimento - utilidade se não exprimi numa receita (embora o seu valor locativo possa
ser elevado); é por vezes mal administrado e pode ter utilidades acessórias, (residência de
funcionários).

O património de rendimento está normalmente arrendado e, salvo nos casos de utilidades em


regime de direito público, tem baixas taxas de rendimento gerando uma menor utilidade social que o
património de uso. (FRANCO, 2012:53)

c) Património de uso colectivo


Outros bens de património imobiliário têm finalidades principais de uso comum: devido a sua
natureza são bens colectivos e não bens de utilização privada de que o Estado é titular. Em tal
caso, não proporcionam rendimentos, ou são fonte geradora de obrigações tributárias. Em certos
casos, a concessão a entidades exploradoras pode dar origem, da parte destas, ao pagamento de
rendas de concessionário (que não serão rendimentos patrimoniais não caso da concessão de
serviço publico, mas apenas no da concessão de bens dominiais). (FRANCO, 2012:53)

2.2.2 RECEITAS DO PATRIMONIO MOBILIARIO (DOMINIAL E CREDITICIO)


a) Património Financial
O património financial dá rendimentos financeiros: juros, no caso de empréstimos concedidos pelo
Estado; dividendos ou outras formas de participação nos lucros, no caso das participações
financeiras ou cambiais, que podem ser consideradas rendimentos de uma carteira ou fundo
globalmente encarado, no caso da respectiva realização (nem sempre, quando realizadas pelo
Tesouro, tais receitas serão orçamentadas e contabilizadas; podem ser meras receitas de
tesouraria). (FRANCO, 2012:54)

b) Património empresarial
As participações financeiras directas em empresas - isto é, com fins de controlo ou intervenção na
gestão como sócio da empresa participativa - dão rendimentos de tipo empresarial: dividendos ou
lucros (e, claro, quando alienadas, dão receitas de disposição que não são rendimentos). As
participações empresariais públicas dão igualmente remunerações de capital. (FRANCO, 2012:54)

2.2.3 AS RECEITAS TRIBUTÁRIAS EM GERAL


2.2.3.1 Os Tributos como Receitas
a) Fundamento e importância

Nos modernos sistemas de economia de mercado, as mais significativas receitas públicas – do


ponto de vista quantitativo e qualitativo – são as receitas tributárias, que encontram o seu
fundamento na existência de um dever genérico de cobertura dos encargos públicos.

Ainda quando outras ideias podem sobrepor-se a este fundamento genérico do imposto, como
sejam os seus eventuais fins extra-financeiros (de política económica e social), que não excluem os
financeiros, não restam dúvidas de que, em primeira mão, as receitas tributárias representam uma
forma de organizar a participação dos cidadãos na cobertura das necessidades públicas. E é esta
característica que permite distingui-las, por exemplo, das multas – receitas punitivas -, que
apresentam similitudes com as receitas tributárias, na medida em que são igualmente receitas não
voluntárias, mas que tem na sua base um fundamento completamente distinto: o de castigar ou
punir os que cometem um acto ilícito. (FRANCO, 2012:58)

b) O conceito de tributo

Os tributos serão todas as receitas públicas com os seguintes caracteres: a)- serem coactivas ou
obrigatórias, isto é, resultarem de uma imposição obrigatória do Estado, as entidades sujeitas a sua
autoridade, e não de um contrato ou outro comportamento livre destas; b)- terem como função o
financiamento dos encargos públicos pela participação dos cidadãos e outras entidades ou
instituições sujeitos ao poder do Estado na criação de receitas, e não a punição da prática de actos
considerados ilícitos. Daqui decorre o carácter obrigacional e patrimonial, a origem na lei ou outro
acto de autoridade e a função essencialmente financeira. (FRANCO, 2012:59)
c) Modalidades e Regime

Tem-se discutido se as modalidades de tributos ou receitas tributárias são duas – imposto e taxa -
três - imposto, taxa, e contribuição especial – ou mesmo mais. Se bem que as principais
modalidades de tributos sejam o imposto e a taxa, nada obsta a que outras instituições, jurídica e
financeiramente autónomas, existam com os caracteres gerais do tributo.

A existência ou não, de um regime jurídico comum aos diversos tributos varia consoante as ordens
jurídicas; tal como as respectivas semelhanças financeiras, ainda mais reduzidas, não permitem
aproximar o imposto da taxa e outros tributos em que existam utilidades individuais auferidas pelo
contribuinte.

Cumpre em fim, acrescentar que a distinção entre o imposto e as outras receitas tributárias –
mesmo a taxa - é relativamente recente: ela resulta da preocupação de delimitar juridicamente os
poderes do Estado e o património dos particulares, sendo assim, uma consequência da
formalização jurídica da ciência dos impostos (e do Direito Fiscal) e da importância atribuída a este
conceito pelo liberalismo. (FRANCO, 2012:60)

2.2.3.2 AS TAXAS
a) Conceito
A taxa é uma prestação tributária (ou tributo) que pressupõe, ou dá origem a uma contraprestação
específica, resultante de uma relação concreta (que pode ser ou não de benefício) entre o
contribuinte e um bem ou um serviço público. Isto é: trata-se de uma receita pública, ligada as
relações, normalmente de utilidade, entre quem é obrigado a paga-la e um serviço ou um bem
público. É grande a variabilidade do conteúdo jurídico do conceito, resultante da diversidade das
situações que geram as obrigações de taxa e das múltiplas delimitações formais da respectiva
noção financeira. (FRANCO, 2012:63)

c) Principais Modalidades
I. Uma primeira distinção permite separar as taxas judiciais das taxas administrativas. As primeiras
designam-se tradicionalmente por custas judiciais. As custas, em processos civis (há regras
próprias nos tribunais do trabalho e fiscais), integram: o imposto de justiça (uma determinada
percentagem sobre o valor da causa, consignado a diferentes beneficiários: Cofre da secretaria,
Cofre dos Conservadores, Notários e Funcionários da Justiça e Cofre Geral dos Tribunais, além de
autoridades e responsáveis judiciais - o imposto de selo, outras percentagens sobre o valor da
causa, que revertem para o Tesouro, pagas por papel ou estampilhas fiscais; e os encargos,
devidas pelo processo ou pela prática de certos actos processuais, os quais por vezes são afectos
a remunerar entidades intervenientes no processo. Das custas devem distinguir-se os preparos, que
são as entregas, no início de um processo ou parte de processo ou quando o juiz o determinar, de
verbas destinadas a garantir ou custear futuros pagamentos que sejam devidos. As custas são
liquidadas através da conta do processo. (FRANCO, 2012:65)

II. As taxas podem ainda ser:

 Taxas gerais, quando revertem param o Tesouro;

 Taxas consignadas a cofres públicos ou entidades com tesouraria especial;


 Taxas consignadas a remuneração de funcionários, agentes ou outras entidades que intervém no
funcionamento do serviço.

2.2.3.3 O Imposto
A figura típica da receita tributaria é, pois o imposto. Sobre ele se impõe que concentremos as
nossas atenções, até porque bastará recordar que, no caso português as receitas proporcionadas
pelo imposto atinge aproximadamente oitenta e cinco por cento das receitas correntes do Estado.
(FRANCO, 2012:71)

Para FRANCO (2012:71), O imposto pode ser delimitado através de um conjunto de elementos
definidores que no essencial, vão ainda integrar a velha noção de Gaston Jeze, para quem o
imposto era uma prestação pecuniária requerida dos particulares por via autoritária, a título
definitivo e sem contrapartida, com vista a cobertura dos encargos públicos, embora um ou outros
pontos possa ser contestado, como sucede nomeadamente com o último elemento da definição -
cobertura dos encargos públicos com fim exclusivo. São estes os traços fundamentais da figura do
imposto como receita tributária:

 É uma obrigação legal, cujo objectivo é uma prestação patrimonial - quase sempre pecuniária - já
que só marginalmente poderão hoje encontra-se casos de impostos pagos em espécie, bem ou
serviço.

 É uma receita definitiva (não provoca qualquer devolução ao particular, como reembolso do capital
emprestado, nem tem contrapartida em valor, como um preço, além de dever geral de proceder ao
lançamento, liquidação e cobrança nos termos da lei).

 É uma receita com função não sancionatória, nem compensatória (indemnização), diversamente de
prestações unilaterais, exclusivamente sancionatórias (multa), indemnizatórias, compensatórias ou
compulsivas (juros de mora).

 É uma receita unilateral (pois não existe qualquer contrapartida especifica atribuída ao contribuinte,
em virtude de uma relação concreta com bens ou serviço públicos; ele terá a contrapartida genérica
do funcionamento dos serviços públicos estaduais.

2.2.3.3.1 Tipos de Impostos: Tributação directa, indirecta e sobre o património


Algumas faculdades doutrinárias, entendem que são directos, atendendo ao critério económico, os
impostos que tributam manifestações permanentes de capacidade contributiva que tendem a
protrair – se no tempo. É o caso dos impostos sobre o rendimento, que tributam esta realidade, seja
ele derivada do exercício de uma actividade profissional, empresarial ou de trabalho por conta de
outrem. São exemplos, o IRPS E IRPC. (CATARINO, 2012:415)

Por outro lado, são indirectos os impostos que tributam manifestações ocasionais e ou indirectas de
capacidade contributiva, como é o caso dos impostos sobre o consumo, como o IVA ou os ICE –
Impostos sobre consumos específicos.

a) São impostos sobre o património os que incidem sobre a riqueza adquirida, podendo tributa lá de
forma estática (a titularidade de bens ou valores) ou de forma dinâmica (a transmissão desses bens
ou valores). A tributação do património atende ao rendimento acumulado ou poupado, ao seu
capital ou património. Este divide se em impostos sintéticos ou gerais sobre o património e impostos
analíticos ou especiais sobre património. (CATARINO, 2012:410)

2.2.3.3.2 Incidência Fiscal


I. A incidência é a determinação geral e abstracta das situações em que é devido o imposto.
(FRANCO, 2012:149)

São os seguintes os elementos essenciais da incidência integrantes da previsão da norma


tributária:

1. O facto tributável - cuja ocorrência da origem a obrigação de pagar imposto;

2. Os sujeitos que, verificado aquele facto, devem pagar imposto (contribuintes de direito, cuja
definição integra a incidência pessoal ou subjectiva);

3. As formas de riqueza a atingir pelo imposto (matéria tributável, definida pela incidência real ou
subjectiva).

II. A selecção dos factos tributáveis faz se segundo os critérios políticos do legislador, que visam
determinar situações reveladoras de riqueza ou outras circunstâncias justificativas do sacrifício
fiscal (as quais podem, no limite, consistir na mera residência no território do Estado: imposto pago
por cabeça ou capitação). (FRANCO, 2012:149)

Do tipo de facto tributário depende a escolha abstracta de quem será sujeito passivo da obrigação
de imposto quando ele se verifique (contribuinte de direito). A lei define também qual será o
respectivo sujeito activo (a entidade tributadora), que é a pessoa colectiva pública (ou com funções
publicas) em cujo interesse a lei cria o imposto e a qual imputa os correspondentes poderes
tributários.

III. Por outro lado, a incidência fiscal objectiva, é diferente da base fiscal, sendo esta a riqueza do
contribuinte que efectivamente é atingida pelo imposto: um leve imposto sobre o património pode
atingir apenas o rendimento, enquanto um pesado imposto sobre o rendimento pode atingir (ter
como base) o património. (FRANCO, 2012:150)

O rendimento ou a fortuna patrimonial do contribuinte são sempre em ultima analise as matérias


que se pretendem atingir; mas para o fazer lança-se especificamente mão de impostos sobre o
rendimento, sobre a despesa ou sobre o património (que se revestem quer de forma indirecta); ou
mesmo de impostos independentes da riqueza, mas que, obrigando a um sacrifício fiscal,
necessariamente a atingem.

 O SISTEMA FISCAL

3.1 Caracteres do sistema fiscal


a) Estruturas e Sistema
Ao falar em estrutura fiscal, tem se em vista desde logo, o estudo relacionado e integrado do
sistema fiscal, com a estrutura económico-social em que se integra. Por sistema fiscal entendemos
apenas o conjunto de impostos e a forma como entre si eles se relacionam globalmente, na sua
articulação lógica e na coerência social. (FRANCO, 2012:167)

b) Caracteres principais do sistema fiscal

Uma mera verificação empírica permitira determinar, que as formas como se podem organizar os
impostos variam muito de país para país, e de situação histórica para situação histórica. A variação
pode respeitar a meros aspectos da técnica fiscal ou derivar da própria filosofia subjacente a
tributação (neutralidade ou intervencionismo por exemplo); ou pode consistir na extensão do
sacrifício pedido aos particulares e até na própria relação entre impostos e outras receitas públicas.
(FRANCO, 2012:168)

Quaisquer que sejam as condicionantes ou causas que determinaram o estabelecimento de


determinados sistemas fiscais, pode dizer-se que todos eles apontam para determinados objectivos
ou funções, que poderiam ser considerados como definidores do sistema fiscal ideal (numa
perspectiva teórica idealista) ou do sistema fiscal óptimo (numa óptica de óptimo paretiano).
Portanto, os caracteres essências do sistema fiscal podem reconduzir-se a três: rendimento justiça
e eficiência fiscal.

 OS princípios estruturantes dos impostos

3.2.1 A Justiça Fiscal


Do ponto de vista dos contribuintes, o primeiro requisito de um sistema fiscal é o da justiça, conceito
que obviamente esta longe de ser simples e unívoco e é muitas vezes condicionado pelo
posicionamento político ou ideológico dos financeiros. Ele é, numa economia capitalista, mais do
que justiça fiscal - pois equivale a justa distribuição dos encargos públicos. (FRANCO, 2012:176)

No plano dos princípios inspiradores de qualquer sistema fiscal, a ideia de justiça fiscal deve de
alguma forma ter prioridade sobre qualquer outra; até (que mais não fosse) porque ela condiciona a
própria eficiência e rendimento do sistema, na medida em que uma distribuição injusta estimulará a
fraude e evasão fiscais e distorcera comportamentos. Por outro lado, as consequências políticas de
uma tributação sentida pela população como injusta são por demais perigosas: abundam os
exemplos históricos de rebeliões por ela determinadas.

Da ideia da justiça fiscal como conceito central e inspirador resulta, como Concepção -base que
deve presidir a qualquer sistema fiscal moderno, a noção de igualdade entre os cidadãos,
consistindo a maior dificuldade deste problema no entendimento que é preciso dar a esse conceito,
o qual, como é óbvio, se reveste de fortes aspectos políticos.

Segundo FRANCO (2012:177), Além deste, outros três princípios concretizam a ideia de justiça
fiscal. São eles:

 O princípio da legalidade tributária, segundo o qual o imposto deve ser estabelecido por lei oriunda
do Parlamento.
 O princípio da generalidade tributária, que determina que, como regra, todos os residentes num
determinado pais estão sujeitos ao pagamento de impostos segundo critérios gerais.

 O princípio da capacidade fiscal, em especial o das faculdades contributivas, de harmonia com o


qual cada um deve ser tributado na medida da sua capacidade.

3.2.2 A legalidade fiscal


O princípio da legalidade do imposto foi teorizado pelo liberalismo, coerentemente com as suas
concepções sobre o papel do Estado e as garantias e direitos dos particulares.

A afirmação deste princípio representou importante conquista da revolução liberal e determinou a


quebra estatistas anteriormente praticados, pondo o fim do absolutismo no domínio fiscal, na sua
afirmação observa-se que ela ligou-se sobre tudo à defesa da propriedade privada na sua forma
absoluta e individualista. (FRANCO, 2012:182)

O alargamento da participação politica e progressiva evolução para formas de sufrágio universal


fizeram, no entanto, que as exigências de autorização parlamentar para o lançamento dos impostos
mudasse sensivelmente de sentido e de conteúdo, levando ate em alguns casos a um aumento da
carga fiscal para fazer face as crescentes despesas publicas originadas pelas classes mais
desfavorecidas. O eleitorado do século XX passa a ser crescentemente popular e carenciado,
vivendo mais das despesas sociais ou outras e suportando menos impostos, por ter rendimentos
baixos ou médios. (FRANCO, 2012:182)

Simultaneamente, o crescente intervencionismo do Governo determinou um certo recuo nos


poderes do parlamento, e desenharam-se tendências no sentido de alargar o poder tributário dos
executivos: e também estes têm propensão, mesmo que a sua base social de apoio inclua os mais
ricos, a gastar mais para “fazer obra”.

No rigor dos princípios, a exigência de autorização parlamentar em material tributária tem como
consequências que não só a criação de novos impostos, como a alteração do regime jurídico dos já
existentes em qualquer ponto considerado como essencial (p. ex., incidência, taxa, etc.), deva ser
feita por lei; e que esse é um direito da pessoa. (FRANCO, 2012:182)

3.2.3 A Igualdade Fiscal


a) Modalidades de igualdade

I.O princípio da igualdade pode, numa primeira acepção limitar-se ao conteúdo formal da igualdade
perante a lei de imposto (isto é, a lei de tributação, que rege as matérias substantivas do sistema
fiscal,). Nesse caso, a regra da igualdade de tratamento dos cidadãos pela lei fiscal, na disposição e
na aplicação, e ainda a proibição de qualquer privilégio ou benefício - bem como prejuízo ou
privação - em razão dos fundamentos ai invocados, daqui resulta a inconstitucionalidade material de
isenções ou outros benefícios fiscais que tenham os fundamentos referidos na lei fiscal. (FRANCO,
2012:178)

II. Depois da igualdade perante – sem a qual não há sequer Estado de Direito - outras acepções da
igualdade relevam no domínio financeiro. Em primeiro lugar, a igualdade de sacrifícios. (FRANCO,
2012:178)
Com efeito, os impostos representam sempre absorção pelo Estado de uma parte da riqueza - mais
normalmente do rendimento - dos particulares pelo Estado. A igualdade perante o imposto deve
estabelecer-se então mediante a igualdade de sacrifício. Mas que é, em rigor, a igualdade de
sacrifícios?

Uma primeira resposta seria que todos pagariam o mesmo imposto, verificada a mesma situação de
base: a taxa de imposto deveria ser fixa e igual para os mesmos actos tributários. Nos impostos
indirectos, assim se estabeleceria a igualdade: quem consome um quilo de carne paga x, quem
consome dez quilos paga 10 x. Nos impostos independentes da riqueza também (cada cidadão
paga por cabeça). Mas nos impostos directos, designadamente sobre o rendimento.

Os clássicos viram adequadamente que a igualdade de sacrifícios resultava então de o sacrifício


ser igual por cabeça, mas de ser proporcional ao rendimento. Se A, que dispõe de um rendimento
anual de 100 contos, paga cinco contos de impostos, não será respeitara a igualdade impor o
mesmo sacrifício de cinco contos a quem tenha um rendimento anual de 10 contos (B). Por duas
razões: porque o sacrifício real do contribuinte B é então muito superior ao do contribuinte A (paga
50% do seu rendimento, enquanto A paga apenas 5%) e porque B paga imposto privando-se de
bens necessários a sua subsistência, enquanto A pagara do seu supérfluo: consumo supérfluo ou
poupança.

Contudo, a revisão pelos anos 1870, do pensamento clássico e a formulação da teoria marginalista
do rendimento, permitiu ver que o valor de todas as unidades de rendimento não era idêntico para
os sujeitos económicos. O sacrifício de A e o de B poderiam ser diferentes, com a regra da
proporcionalidade, sendo que o valor de cinco contos, para A poderia ser inferior ao valor real
subjectivo de 500$ para B.

III. Importaria ainda que outras circunstâncias medissem o sacrifício tributário, o qual deve ser igual,
em condições nas quais as circunstâncias diferenciadoras entre os contribuintes são muitas e
profundas. Assim, a personalização do imposto é uma forma de realizar a igualdade social, tratando
igualmente os quais e desigualmente os de iguais, e atribuindo efeito compensatório das
desigualdade ao próprio sacrifício fiscal (igualdade compensatória). (FRANCO, 2012:179)

b) Igualdade, generalidade e uniformidade; igualdade horizontal e vertical


I. A igualdade tem duas expressões fundamentais: a generalidade (todos vem pagar imposto, sem
distinções de casta, classe, ordem); e a uma uniformidade, que significa que a repartição dos
impostos pelos cidadãos deve obedecer ao mesmo critério para todos.

II. O princípio da uniformidade impõe que todos os que são titulares das mesmas formas de riqueza
sejam tributados da mesma forma. Pode demonstrar-se que oi principio da igualdade não é
quebrado se todos os rendimentos forem tributados independentemente da sua afectação a
consumo ou forro. De qualquer forma, há um choque de critérios entre igualdade e redistribuição:
pois se não há igualdade na sociedade, só uma desigualdade compensatória na tributação realizara
a igualdade mais profunda (para os modelos sociais em que a igualdade e substancial, e não
meramente formal, constitui critério e objectivo)

III. A igualdade vertical é expressão que informa os critérios de repartição do sacrifício fiscal entre
pessoas com rendimentos diferentes.
3.2.4 A eficiência do sistema fiscal
 A eficiência segundo critérios de neutralidade

I. Poderemos definir eficiência fiscal como a medida em que o sistema fiscal (ou cada uma das suas
espécies) é adequado às finalidades que por ele haveriam de ser prosseguidas, relativamente à
actuação sobre a estrutura e a conjuntura económico – social (eficiência politica).

II. Uma primeira forma de encarar a questão da eficiência do sistema fiscal, é considerar que o
sistema é eficiente na medida em que é neutral, ou seja, em que não interfere nem perturba a
melhor afectação dos recursos na economia, tal como será feito pelo normal funcionamento do
mercado. Mas quando há impostos, ele será sempre causa de certas distorções.

III. Importa destacar que a óptica da neutralidade aceita desvios: o sistema fiscal nunca é 100%
neutro. E o estudo desses desvios, não apenas deve ter tido em conta ao estudar as interacções
entre sistema fiscal e vida económico - social, como constitui a forma mais eficiente de ver o que
deveria ser eliminado para reduzir ao mínimo as distorções não queridas – indesejadas e ate
indesejáveis – do sistema fiscal. (FRANCO, 2012:198)

 A eficiência segundo critérios de funcionalidade

Com a afirmação do intervencionismo estatal, o critério da aferição da eficiência fiscal passou a ser
completamente distinto. Passou – se então a considerar um sistema fiscal eficiente na medida em
que se adequasse à prossecução de objectivos de política económica e social. Dentro de um
princípio de orientação pelo Estado de uma actividade económica livre, quer de forma
intervencionista ou dirigista, a eficiência fiscal é configurada em termos de funcionalidade ou
adequação à prossecução de determinados objectivos económico - sociais.

3.2.5 A capacidade fiscal


Se é verdade que todos (ou quase todos) estão de acordo em que o sistema fiscal deve ser justo,
também é verdade que na determinação do que deve entender-se por sistema justo há as maiores
duvidas, para além da ideia básica de que cada um deve pagar uma parcela adequada dos
encargos públicos. Duas concepções se defrontam nesta matéria a partir do liberalismo. (FRANCO,
2012:185)

A primeira aproximação é feita pela via comutativa do princípio do benefício, entendendo-se que
cada um deve pagar na medida dos benefícios que recebe do Estado; ideia que exigirá na sua
execução prática uma conjugação com a análise de estrutura da despesa pública e assenta as suas
bases filosóficas nas teorias contratualistas do estado, desde Locke e Hobbes.

A crítica a essa concepção pode ser feita por vários motivos, que vão desde a incomparabilidade
relativa dos benefícios obtidos por cada elemento da colectividade, até à rigidez orçamental que se
introduziria por esta via (se ficar-se num plano meramente técnico). Passando ao plano mais amplo
da discussão politica, parece corresponder a uma concepção de Estado e das suas funções já
ultrapassada, a qual teria a consequência de serem, de alguma forma, os mais desfavorecidos a
suportar os maiores encargos (imposto regressivo), pois seria difícil computar, por exemplo, o
beneficio concreto que adviria para as grandes fortunas da protecção assegurada pelo Estado, ao
permitir as suas funções de garante da ordem e da segurança.
A moderna resposta é dada pelo princípio das faculdades contributivas, Segundo o qual cada
contribuinte deve pagar na medida da sua capacidade, independentemente de qualquer
consideração sobre a estrutura das despesas públicas ou a utilidade que destas retira.

O princípio da capacidade contributiva ou das faculdades contributivas pressupõe que os


contribuintes são tratados com igualdade e que os seus pagamentos implicam um sacrifico igual
para cada um deles, o que tem como consequência que os contribuintes com iguais rendimentos ou
faculdades contributivas iguais pagam iguais prestações; e também que os contribuintes com
diferentes rendimentos pagam diferentes prestações, com desutilidade ou perda de utilidade
equivalentes.

No primeiro caso estamos perante aquilo que se convencionou chamar de igualdade horizontal, que
corresponde, a uma mera aplicação do princípio geral da igualdade de todos os cidadãos perante a
lei. No Segundo caso encontramo-nos face ao que se pode designer por igualdade vertical, que
levanta problemas bem mais complexos quanto aos respectivos critérios de medida.

Aceitando-se a ideia de que a tributação deve corresponder às faculdades contributivas, coloca-se


ainda a questão de saber como se determinam - através de que indicadores -essas faculdades
contributivas?

A resposta mais normal e que vem sendo considerada na exposição é: através do rendimento; mas
poder-se-ia optar pelo consumo ou pela riqueza imobilizada (património ou capital);

A controvérsia de base estabelece - se entre a tributação do rendimento ou consumo, tendo os


defensores da tributação do consumo como principal argumento que não se deveria tributar as
parcelas de rendimento destinas a investimento ou poupança, as quais corresponderiam a
aplicações socialmente úteis, ao contrário do consumo, que representava uma mera atitude
improdutiva de satisfação imediata de necessidades individuais. Invoca-se também a dupla
tributação na qual em certos casos irão cair os rendimentos afectos à poupança, quando se tributa
todo o rendimento e, depois a despesa - o que, no entanto, não parece ser muito decisivo no
sentido da exclusão do rendimento poupado, sendo possível obviar tecnicamente aos
inconvenientes da dupla tributação.

Pode-se, em qualquer caso, afirmar que é possível optar por sistemas de tributação mista, em que
são utilizados como indicadores das faculdades contributivas quer o rendimento, quer o consumo,
que mesmo a riqueza imobilizada. (FRANCO, 2012:186)

3.3 RECEITAS DE CRÉDITO PUBLICO


3.3.1 O crédito público
 Conceito

A primeira noção de crédito pública tende partir da ideia geral de crédito: este corresponde, em
termos amplos, à existência de uma situação em que se verifica dilação temporal entre duas
prestações que deveria ser, em princípio, simultâneas, derivando dai um benefício para um e dois
sujeitos da operação.
Para abordar a problemática do crédito público há que considerar que se trata de uma modalidade
de crédito que se insere na actividade económica de um sujeito público. Torna – se necessário, par
melhor delimitar o conceito, considerar dois elementos definidores: a) Elemento subjectivo; b)
elemento objectivo. (FRANCO, 2012:80)

 Elemento subjectivo

I. O sujeito publico (Estado, para simplificar) numa relação creditícia simples pode encontrar – se
numa de duas posições: credor ou devedor. Tradicionalmente, no entanto, fala se em crédito
<Crédito Publico>apenas para referenciar as situações em que o ente publico e titular da posição
passiva na relação de crédito.

II. Com o crédito público não se confundem em rigor situações que podemos designar por
de crédito interpúblico, e que correspondem a casos em que nos lados activo e passivo da relação
de crédito se encontram entes públicos agindo como tais (por exemplo, o Estado e uma região
autónoma). Estas operações, que correspondem a movimentação internas de dinheiros no interior
do sector público, não são dotadas de um regime jurídico que se assemelhe ao do crédito público,
uma vez que se não coloca aqui a questão da protecção especial dos prestamistas e ambos os
sujeitos tem poderes de autoridade.

Também tem por vezes regimes especiais – e obviamente reflexos financeiros – o crédito das
entidades públicas, isto é, o crédito concedido por entidades públicas, como tais, a outros sujeitos e
que por isso tem regime especial de direito público (aqui determinado especificamente pela
natureza publica do credor). Todavia, por não ser ele recurso financeiro mas aplicações financeira,
por não fornecer tipicamente receitas, entes provocar despesas – não pode incluir – se no conceito
de crédito publico.

 Elemento objectivo

Quando à natureza da operação, importa saber de que forma e a que titulo o Estado é devedor.

I. Na sua multiplicidade, o passivo patrimonial pode ser constituído por diversos tipos de
responsabilidades. Encontramos, desde logo, situações de que se formadas por débitos efectivos
ou principais: nelas, o Estado é devedor de determinada quantia, em virtude um certo facto anterior
(crédito e divida principais ou efectivas). Noutros casos porem, o Estado responde subsidiariamente
pelas dívidas de outras entidades (crédito e divida acessórios): ou se compromete a reembolsa – lá
como se fosse devedor principal, sendo depois reembolsado por este (empréstimo com reembolso
de encargos), ou se compromete apenas a pagar, caso o devedor não cumpra (aval do Estado, que
é o regime - regra).

II. No crédito e na dívida pública principal podemos ainda encontrar duas situações: ou o Estado é
devedor de uma entidade estranha ao sector público (crédito e devida efectivos); ou é devedor, mas
o titular do crédito é o próprio Estado, eventualmente através de algum dos seus fundos autónomos,
ou outra entidade pública que tal (crédito e divida fictícios, os abrangem créditos e dividas em que o
credor é o próprio Estado sem ocorrer a confusão; ou créditos e dividas em que o Estado deve a
outra entidade do sector publico tomado como tal – divida fictícia do sector publico).
III. Na divida – e no crédito – principal podemos ainda distinguir a divida corrente ou administrativa:
nela, o Estado é devedor em virtude de uma espera de preços, forçada ou voluntaria, de algum dos
seus credores (espera e vencimentos, forçada ou voluntaria, pelos funcionários; compra à prazo ou
à prestações atraso nos pagamentos a fornecedores).

Podemos ainda distinguir o crédito e a divida, decorrentes da atribuição pelo Estado a entidades do
direito a prestações sem base financeira, em virtude da prática de serviços considerados
excepcionais, relevantes ou distintos: trata se do crédito e da dívida vitalícia) pensões
extraordinárias, pensões de preço de sangue, pensões por serviços relevantes em defesa da
liberdade e da democracia, pensões atribuídas a agentes políticos ou administrativos mortos em
situação de serviço publico ou nacional, pensões atribuídas em contrapartida de doações feitas ao
Estado ou de serviços prestados a Nação e as tradicionais tenças reais.

O que nos interessa, no domínio da actividade financeira pública, e contudo uma situação bem
especifica, na qual o estado (ou outra entidade pública) e devedor em virtude de uma operação
financeira, pela qual lhe foram prestados activos financeiros, devendo reembolsa-los e ou pagar
juros ou rendas (crédito e divida pública financeira ou crédito e divida pública).

Nesta divida publica financeira, podemos distinguir ainda:

1. A divida flutuante (aquela cujo o prazo de vencimento é inferior a um ano), resultante a crédito a
curto prazo;

2. A divida fundada (de duração superior a um ano), resultante do crédito a longo prazo.

O crédito publico, em sentido próprio, corresponde, portanto, apenas em situações em que existe
uma transferência efectiva de liquides apenas as situações em que existem uma transferência
efectiva de liquides apara o estado (ou outra entidade publica), o qual fica, por seu turno vinculado a
um conjunto de deveres de natureza pecuniárias, que se protraem no tempo (crédito financeiro).

d) Figuras afins

Importa ainda reter a distinção entre crédito público e certas figuras próximas.

 Criação monetária

A emissão de moeda, bem como outras formas de inflação dirigida, podem corresponder
igualmente a meios de mobilizar poupanças forçadas para o financiamento das despesas do
estado, a custo de um aforro nacional. Na medida em que não implicam relações financeiras com
credores individualizados e determinados, não se pode integrar dentro do conceito de crédito
público.

 Impostos reembolsáveis
Trata-se de casos em que existe uma figura que se configura ainda como imposto, existindo a
obrigação de efectuar a prestação nos momentos inicial e uma mera faculdade de reembolso dessa
prestação, que o estado exercerá quando entender conveniente. No entanto, a destrinça de
situações de crédito público forçado é, em certos casos concretos, duvidosa e difícil de fazer.

 Crédito forçado

Nestes casos, o Estado recorre ao seu poder de autoridade para forçar os particulares a privarem -
se por parte do seu património, comprometendo-se no futuro a reembolsar os bens obtidos e
remunerar as utilidades prestadas. Trata-se, sobre tudo, dos empréstimos forçados: obrigações
legais no momento da contratação, empréstimos normais ao longo da sua vida

e) Funções financeiras

No domínio financeiro, as principais funções do recurso ao crédito público são:

 Obtenção de recursos para suprir carências ocasionais da tesouraria do Estado: crédito de curto
prazo (que dá origem a divida flutuante, a qual deve ser reembolsada no decurso do período
orçamental);

 Obtenção de recursos para financiar o défice global do orçamento do Estado: crédito de médio e
longo prazo (que da origem a divida fundada, a qual deve ser reembolsada pelo Estado em
períodos orçamentais seguintes)

 Forma de cumprimento de obrigações pecuniárias (ou equivalentes por terem conteúdo patrimonial)
do Estado, o qual pratica um acto diferido no tempo, declarando-se devedor em contrapartida da
imediata obtenção de benefícios patrimoniais ou aquisição de bens. No plano extra-financeiro, o
recurso ao crédito público é um importante instrumento de política monetária e financeira.

 A fiscalização Orçamental

 Generalidades

Ao abordar a problemática da fiscalização orçamental tem-se em vista normalmente apenas a


fiscalização das despesas, já que a fiscalização das receitas tem uma natureza bastante específica,
quer pela variedade das receitas públicas quer pela própria circunstância de a sua disciplina
orçamental ser menos rigorosa; (RIBEIRO, 1991:455)

 Fiscalização das Receitas

A fiscalização administrativa, no tocantes as receitas, visa averiguar se foram liquidadas a quem


deviam e pelo montante devido, se houve omissões e se as entradas foram correctamente
contabilizadas.
A fiscalização jurisdicial das receitas pode envolver a apreciação em concreto de relações entre o
Estado e particulares. Está então a cargo dos tribunais (judiciais comuns, ou administrativos e
fiscais); (RIBEIRO, 1991:456)

 Fiscalização Administrativa

I. Como ficou dito, a fiscalização administrativa (interna) da execução orçamental esta, em muitos
casos e países, a cargo de funcionários, órgãos ou organismos integrados na administração
pública, uns especializados outros que exercem essas funções no âmbito da sua actividade normal.

A fiscalização orçamental tanto incide sobre receitas como sobre despesas ou operações de
tesouraria - e para cada um destes domínios cabe a diversos serviços especializados; tem maior
importância prática a fiscalização jurídico - financeira das despesas, que por antonomásia se
designa por vezes, apenas, fiscalização orçamental.

II. Fundamental no que diz respeito a fiscalização administrativa específica da execução orçamental
é a posição da Direcção-Geral da Contabilidade pública, departamento integrado no Ministério das
Finanças ao qual compete superintender na execução orçamental e na contabilidade do Estado,
garantindo a regularidade e a economia respectivas. Compete-lhe liquidar as despesas publica,
incluindo-se entre as operações de liquidação uma com funções especificas de controlo-a
verificação das folhas de despesa. (RIBEIRO, 1991:456)

 A fiscalização Externa Independente

Qualquer que seja o seu nível de qualidade, isenção e capacidade técnica, a fiscalização referida é
sempre interna relativamente á administração: tanto ao caber a órgãos e serviços administrativos,
como por estes estarem dependentes do executivo. Compreende-se, pois, que nos regimes
democráticos, com separação de poderes e autorização política parlamentar, se procura garantir
um controlo externo relativamente a administração e independente do Governo. (RIBEIRO,
1991:457)

 Responsabilidade Financeira

I. A lei determina que certas entidades são responsáveis pela reintegração dos fundos, valores ou
dinheiros públicos - ou, mais latamente, pela importância que forem objectivo da prática, de um acto
financeiro ilegal ou irregular. No nosso sistema jurídico, como em outros afins, entendemos que
estes comportamentos ilícitos (infracções) e respectivas sanções integram um mesmo conceito de
responsabilidade por actos financeiros, por infracções financeiras ou responsabilidade financeira,
em virtude: a) ter como fundamento à reintegração da fazenda nacional por valores (dinheiros,
fundos, o equivalente de activos patrimoniais) em que foi lesada por responsáveis funcionais pela
gestão ou utilização do património ou dos dinheiros públicos; b) ter por objecto os valores objecto
de lesão, não o prejuízo causado (pode entrepor-se valores que foram errada classificação ou de
dispêndio alheio aos fins do organismo); c) integrar dois tipos de reacções distintas - a multa,
predominantemente punitiva, e a reposição dos valores, predominantemente reintegratória -, mas,
além de as reacções terem sempre essas duas funções, elas são entre si convertíveis apesar de
serem de serem cumuláveis a obrigação de repor e a sujeição á multa são efectivadas pelo tribula
de contas.
II. A responsabilidade financeira é pessoal - solidária ou subsidiaria -, nunca dos órgãos,
organismos ou serviços e não se confunde nem com a responsabilidade de prestar contas nem com
as outras formas de responsabilidade mais próximas. E é também diversa da responsabilidade civil:
pois é independente do prejuízo efectivo da administração; pode ser cumulada com a
indemnização; é uma pura responsabilidade objectiva, com excepção dos casos em que há
imputação por culpa; é efectivada pelo tribunal financeiro competente e decorre da lei,
independentemente de qualquer averiguação de prejuízos. (RIBEIRO, 1991:482)

Conclusão

A sociedade vem crescendo, este crescimento é geralmente acompanhado pelo incremento do


nível de despesas públicas como consequência disso, e para fazer face a isso o Estado precisa
traçar metas mais rígidas no sentido de captar mais recursos para a gestão dos bens públicos
visando satisfazer a colectividade.

O fenómeno supracitado deve ser acompanhado também pela revisão e actualização constante do
sistema fiscal nacional como forma de captar a abranger as entidades económicas que vem
surgindo dia pós dia, devido a dinâmica e constante crescimento dos mercados. Um sistema fiscal
sempre actualizado contribui um grande meio para o progresso económico dos países.

Bibliografia

CATARINO, João Ricardo. Finanças Públicas e Direito Financeiro. Almeida editora, Coimbra, 2012.

FRANCO, António L. de Sousa. Finanças Publicas e Direito Financeiro.4ª edição, Almeida editora,
Coimbra, 2012, volume I.

RIBEIRO, José Joaquim Teixeira. Lições de Finanças Públicas. 5ª Edição, 1991.

Nome: Sérgio Alfredo Macore / 22.02.1992

You might also like