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DOURADOS - MS
JULHO/2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
DOURADOS – MS
JULHO/2018
BOURDIEU, Pierre. A Escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura.
Publicado originalmente in Revue française de sociologie. Paris, 1966.
Cada família transmite a sua prole, direta ou indiretamente, um certo capital cultural,
um certo ethos, que define as atitudes em face ao capital cultural e à escola.(pág.41)
O êxito escolar, quase sempre está relacionado com o nível global de cultura da família,
e também está relacionado a renda familiar. Segundo Bourdieu, para que seja feita uma
análise precisa das vantagens e desvantagens da influência do capital cultural familiar,
deve-se levar em conta não somente o nível cultural dos pais, mas também dos
ascendentes e da família extensa. (pág.42)
O local onde reside a criança, também tem influência na formação do capital cultural.
Quem mora nos grandes centros têm a facilidade de vistar museus, frequentar teatros e
cinema, acesso a livrarias, fato este que não ocorre quando se mora longe das
metrópoles e na área rural.
Os filhos das classes mais populares, e que chegam até o ensino superior, para Bourdieu
pertencem a famílias que estão acima da média dentro de sua categoria, tanto pelo
tamanho, quanto pelo nível cultural. (pág.43)
Para as famílias populares, as Faculdades não faziam parte da realidade, era necessário
o incentivo de um professor ou de um membro da família, para motivar o acesso do
aluno ao ensino superior. (pág.45)
As crianças mais favorecidas, oriundas de famílias mais abastadas, herdam o “bom
gosto” pela cultura, e tendem a ter um melhor desempenho no ambiente escolar, não se
trata de dom. O privilégio cultural tem familiaridade, quando a facilidade do acesso à
cultura que é propiciado pela família, pois a escola não consegue suprir há necessidade
de adquirir extramuros (visita a museus, teatros e etc). (pág.45)
Os membros das diversas classes sociais valoram o futuro oferecido pelos estudos, de
acordo com os valores internos e externos que devem a sua posição social. (pág.46)
Diferentemente das crianças das classes populares, que são prejudicadas tanto na
assimilação, quanto na aquisição de cultura, as crianças das classes médias devem a sua
família o incentivo para se esforçarem na escola, bem como a buscarem uma ascensão
social. (pág. 48)
“ os ideais e os atos dos indivíduos dependem do grupo ao qual ele pertence e dos fins e
expectativas desse grupo”. (pág.50)
As crianças das classes populares devem ter desempenho excepcional para ter acesso ao
ensino secundário. (pág.50)
A igualdade formal que é obedecida por todo sistema escolar é injusta, ela protege os
privilégios, e assim acaba perpetuando as desigualdades. Para que se perpetue esse ciclo
vicioso,é só a escola ignorar no âmbito dos conteúdos que transmite, dos métodos e
técnicas de transmissão as desigualdades culturais de cada criança das diferentes classes
sociais. A igualdade formal apenas máscara as desigualdades reais. (pág.53)
A cultura elitista está ligada intimamente a cultura escolar. “É uma cultura aristocrática
e sobretudo uma relação aristocrática com essa cultura, que o ensino transmite e exige”.
(pág.55)
Em relação a linguagem, Bourdieu entende que os professores pensam que existe entre
o educador e o educando, uma cumplicidade prévia de valores, mas isto somente ocorre
quando os interlocutores pertencem a mesma classe social. Agindo assim, e sem se
atentar que em uma sala de aula a estudantes de diversas classes sócias, termina por não
existir uma comunicação efetiva entre eles. “Há uma distância entre a linguagem
universitária, e a linguagem que é falada dentro das diversas classes sociais”. (pág.56)
A escola ao delimitar a vida escolar do indivíduo de acordo com sua posição hierárquica
social, e fazendo uma seleção, mesmo que inconscientemente, termina por perpetuar as
desigualdades. O sucesso alcançado de forma excepcional por alguns indivíduos, que
escapam ao mesmo destino, dá uma falsa legitimidade a seleção escolar.(pág.58)
O acesso as obras de culturais ainda é privilégio das classes cultivadas. A escola pode
minimizar o abismo cultural entre as classes sociais, promovendo por exemplo, visitas
aos museus. (pág.60)