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As vigas (figura 2) são compostas por três lâminas iguais e independentes, a partir da
prensagem de lâminas finas de madeira, sendo posteriormente coladas entre si. A seção
transversal da viga é composta por trechos planos e curvas que se mantêm constantes ao longo
do comprimento. Os planos formam entre si um ângulo de 120º, de modo que a figura
resultante fica similar a um triângulo eqüilátero. Essa disposição confere uma maior rigidez
ao conjunto, duplicando a espessura na região de contato com a lâmina contígua, oferecendo
uma condição mais favorável para as operações de furação e fixação das ferragens e a união
dos demais elementos da estrutura.
Os pilares (figura 3) possuem seção quadrada formada pela união de quatro lâminas iguais,
produzidas com a mesma técnica de colagem usada para a confecção das vigas. Essa
disposição facilita a interligação dos pilares às vigas.
O conector (figura 4) é formado por quatro chapas planas, com espessura de 1/4" (6,35 mm),
soldadas em suas arestas. Essas chapas são conformadas e furadas com a técnica oxicorte,
sendo chanfradas em suas arestas verticais internas e soldadas de modo a obter a configuração
cúbica da conexão. A forma cúbica dá a opção de engate de até quatro vigas ortogonais entre
si, e permite o apoio para os pilares.
A espécie escolhida para a fabricação dos elementos da estrutura de madeira foi o Pinus
Eliiotii, um tipo de madeira pertencente ao grupo das coníferas. As coníferas são madeiras
primitivas de gimnospermas, com um arranjo anatômico simplificado. Nas coníferas os
traqueídes são os que têm a função de dar suporte mecânico para a estrutura da árvore. Suas
características estão apresentadas na tabela 1.
Colagem - As finas lâminas recebem cola e são dispostas em camadas intercaladas de faixas
longitudinais e transversais. As faixas transversais são fixadas umas às outras com fita adesiva
(figura 5). Posteriormente, as faixas, já prensadas e secas, irão dar a forma final da peça.
Reunidos dois a dois, os conjuntos são colocados nas fôrmas das vigas ou pilares e recebem
mais uma aplicação de cola. Um gabarito auxilia o posicionamento das abas (figura 6).
Resultados experimentais
Foram realizados ensaios de flexão simples para duas diferentes posições da seção (figura 10).
A viga foi posta sobre dois apoios móveis e articulados, na qual se aplicou uma carga
concentrada no meio do vão (figura 11). O vínculo horizontal do sistema foi conferido pelo
ponto de contato do carregamento. Nas duas experiências o material apresentou
comportamento elástico-linear.
Pôde-se verificar que a união metálica comportou-se como uma mola, e sua rigidez foi obtida
pela relação:
onde M (t) e q (t) são o momento fletor atuante e a rotação como função do tempo, assim que,
pela figura 17, tem-se:
onde:
FGi,k é o valor característico das ações permanentes;
FQ1,k é o valor característico da ação principal para a combinação;
YojFQj,k é o valor reduzido de combinação de cada uma das demais ações variáveis.
A NBR 7190/97 recomenda que nas verificações de segurança que dependam da rigidez da
madeira, o módulo de elasticidade paralelamente às fibras deve ser tomado com o valor
efetivo, dado por:
O peso próprio dos componentes da estrutura foi determinado por medição e pesagem de
amostras.
Para determinação das solicitações de projeto foi empregado o Método dos Elementos Finitos,
admitindo-se a condição de pórtico espacial da estrutura, adotando-se os seguintes
parâmetros:
Dimensões de cálculo
- Vão da viga longitudinal: 6,90 m
- Vão da viga transversal: 2,58 m
- Pé-direito: 3,30 m
Viga
- Inércia: 2.942,80 cm4
- Área: 75,98 cm2
Pilar
- Inércia: 2.341,45 cm4
- Área: 53,81 cm2
Valores de cálculo das ações
- Peso próprio do piso mais a sobrecarga como ação principal: 4,87 kN/m2
- Peso próprio da cobertura mais a sobrecarga como ação variável secundária: 1,73 kN/m2
- Peso próprio do painel: 0,17 kN/m2
- Peso próprio da ligação viga-pilar: 0,28 kN
- Peso específico da madeira laminada: 8,92 kN/m3
- Módulo de elasticidade: 6106 MPa
- Rigidez da ligação viga-pilar: kq= 3,448 kNm/rad
As médias das tensões experimentais nos respectivos bordos são: 59,2 MPa em tração e 33,24
MPa em compressão.
onde sNcd é a parcela da tensão de compressão atuante em virtude da força normal, sMdx e
sMdy são os momentos fletores de cálculo, fc0d é a resistência de cálculo à compressão, KM é
o coeficiente de correção, sendo igual a 1,0 para o tipo de seção.
Feita a verificação para Ncd = -11,50 kN; Ntd = 0; Mxd = -0,01 kNm e Myd = 0,11 kNm
encontrou-se uma relação entre as tensões de 0,06.
Conclusão
A análise dos resultados experimentais e numéricos permite concluir que a estrutura apresenta
condições satisfatórias quanto ao estado limite último. A análise em estado limite de
utilização completa o estudo. Nela está a análise do estado limite de deformações excessivas,
que permite flechas de até 34,5 mm, enquanto que a máxima encontrada na estrutura foi de
32,17 mm, possibilitando concluir pelo atendimento a mais esse critério de verificação.
Apoio
Pesquisa realizada com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Envio de artigos
Alexandre Wahrhaftig
Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica Escola Politécnica da USP,
alexandre.wahrhaftig@poli.usp.br
AlessandroVentura
Departamento de Projetos Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, aventura@usp.br