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Conceitos básicos em

EEG

1° Curso Intensivo de EEG


04/11/2015
Agenda
• Perspectiva histórica
• Neurofisiologia básica
• Conceitos elétricos
• Instrumentação
• Paramêtros
• Sistema Internacional 10-20
• Montagem
• Provas de ativação
• Caracterização dos ritmos cerebrais
• Anormalidades
• Artefatos
O que é o EEG?
• Método de registro da atividade elétrica cerebral
• Capazes de autogerar impulsos eletroquímicos
• ECG, ENMG, PEV...
• Atividade elétrica cerebral
– Somatório do fluxo de corrente elétrica extracelular
somado aos potenciais excitatórios e inibitórios pós-
sinápticos (PEPS e PIPS)
Duffy, Eletroencefalografia Clinica e Mapeamento Cerebral Topografico 1999; Guyton, Tratado de
Fisiologia Médica, 2002 ; Rolak, Segredos em Neurologia 2010
O neurônio
• Membrana bicamada lipídica
• Permeabilidade seletiva
• Canais iônicos
• Transportadores ativos
• Gradiente de concentração

Purves, Neurociências, 2010


Como movimentos iônicos produzem
sinais elétricos?
• Diferença de concentração dos íons
• Permeabilidade da membrana
• Gradientes de concentração
• Gradiente elétrico
• Potencial de membrana
• Meio externo por convenção zero
Purves, Neurociências, 2010
Potencial de Membrana
• Em repouso:
– Difusão de íons através da membrana e transporte
ativo de íons
– Criam um desequilíbrio produzindo uma diferença
de potencial
– Potencial de equilíbrio do íon
– Potássio

Duffy, Eletroencefalografia Clinica e Mapeamento


Cerebral Topografico 1999 ;Purves, Neurociências, 2010
Potencial de equilíbrio
• É a força necessária para equilibrar o movimento iônico
causado por difusão
• Equação de Nernst (glia)
Ek = -58 log [k]i
log[k]e
• A força elétrica produzida é igual e oposta em direção à
força gerada pelo gradiente de concentração
Duffy, Eletroencefalografia Clinica e Mapeamento
Cerebral Topografico 1999 ;Purves, Neurociências, 2010
• Para os neurônios
– Na e Cl estão mais concentrados fora
– K e ânions iônicos mais dentro

• A equação de Goldman é a mais usada

Duffy, Eletroencefalografia Clinica e Mapeamento


Cerebral Topografico 1999 ;Purves, Neurociências, 2010
• Potencial fora da célula é zero
• Potencial de repouso é negativo
• Para o neurônio é de -60mV a -70mV

• Qdo o potencial de membrana se torna:


– menos negativo há despolarização (+)
– mais negativo há hiperpolarização (-)
O que aconteceria se a membrana
começa permeável ao K+ e, então, se
torna, por algum tempo, mais
permeável ao Na+??
Potencial de Ação
• É o meio de comunicação elétrica
• Diminuição da negatividade pela entrada de Na
• Duas direções da fibra nervosa e acaba por
despolarizar toda a membrana neuronal
• Depois a entrada de K
• Cálcio

Duffy, Eletroencefalografia Clinica e Mapeamento


Cerebral Topografico 1999 ;Purves, Neurociências, 2010
• Potenciais sinápticos excitatórios – PEPS
ou inibitórios - PIPS
• PIPS + PEPS = alteração potencial
• Somação temporal ou espacial

Duffy, Eletroencefalografia Clinica e Mapeamento


Cerebral Topografico 1999 ;Purves, Neurociências, 2010
• Despolarização: potencial excitatório pós-
sináptico (PEPS) causam abertura dos canais de
Na, com influxo de Na EXCITAÇÃO

• Hiperpolarização: potenciais inibitórios pós-


sinápticos (PIPS) atuam em canais de Cl com
entrada de Cloro INIBIÇÃO

Montenegro, EEG na prática clínica 2001 ;


Purves, Neurociências, 2010
Geradores corticais
• Ns piramidais - camadas corticais III e V
• O que fica exposto é o componente negativo
• Potenciais de campo, secundários aos
potenciais de membrana dos neurônios
• PEPS - PIPS

Montenegro, EEG na prática clínica 2001 ;


Purves, Neurociências, 2010
Conceitos elétricos
• Corrente elétrica
• Circuito elétrico
• Condutores e isolantes
• Resistor e capacitor
• Constante de tempo
• Circuito R-C
• Filtros
• Impedância
Instrumentação
Aparelho de EEG
• Banda de freqüências
• Taxa de amostragem
• Número de canais
• Amplificador
• CMRR – razão de rejeição comum
• Aterramento
• Taxa de amostragem: 2x banda de frequências
Eletrodo
• Antenas
• Superfície ou invasivos
• Impedância < 5KΩ
• Gel eletrolítico
• Abrasão
• Alta impedância
– diminui amplitude
– aumenta o ruído
Relação sinal ruído
• Eletrodos de escalpo
Parâmetros
Parâmetros
• Filtro de alta 70Hz
• Filtro de baixa 0,3 - 1Hz
• Constante de tempo
• Notch filter 60Hz
• Sensibilidade 7/mm
• Velocidade 30mm/seg
30 mm/seg
Sistema Internacional 10-20
10%

20%

20%

20%

20%

10%
Montagens
Dupla Banana
Longitudinal
Referencial Cz
Referencial com a média
Temporal
Polaridade
Fp1 - 10mV
F7 - 5mV

P3 - 5mV
O1 - 15mV

Pinto, Neurofisiologia clínica, 2010


Características dos ritmos cerebrais
Caracterização dos ritmos cerebrais
• Frequência: número de flutuações num determinado
tempo padronizado (ciclos por segundo = Hz)

• Amplitude: flutuações de voltagem são descritas


segundo a magnitude ou amplitude (milionésimo de
volt ou μV)
Alfa
• Frequência: 8 a 13 Hz
• Amplitude: 5 a 100 µV (< 50 µV)
• Típico da vigília
• Mais proeminente nas regiões posteriores
• Acentuada com o fechamento ocular,
relaxamento físico e inatividade mental
relativa
Beta
• Frequência: acima de 13 Hz ( 35 Hz)
• Amplitude: variável, mas acima de 30µV
• Mais proeminente nas regiões anteriores
• Generalizada e em excesso com BZP
Atividade beta difusa
Teta
• Frequência: 4 a 8 Hz
• Amplitude: variável
• Ritmo presente na sonolência e fases mais
superficiais do sono
• Distúrbios da atividade de base
Delta
• Frequencia: < 4 Hz
• Amplitude: geralmente mais alta
• Sono mais profundo
• Distúrbios da atividade de base
Caracterização dos ritmos cerebrais
• Atividade de base
– Organização
– Simetria
– Reatividade
• Ritmos cerebrais
– Incidência
– Topografia
– Distribuição
– Idade
– Estado de vigília, sonolência ou sono
Estado de vigília
• Grafoelementos de cada estado
– Vigília
– Sonolência
– Sono
• Dependentes da faixa etária
Provas de ativação
HVT
• Respiração profunda e regular freqüência de 20/min por um
período de 2 a 4 minutos

• Aumento flutuante da atividade lenta síncrona bilateral e


alentecimento dos ritmos alfa e beta, intermitente ou contínua

• Sua ausência também é normal

• Mecanismos relacionados: teorias diversas

• Espículas e ondas agudas: ainda desconhecido


HVT
• Magnitude depende de alguns fatores

• Em crianças
– Mais abrupto, mas proeminente – 8 aos 12 anos

– Persiste por mais tempo

– Inicia nas regiões posteriores e avança para as anteriores

– 3 a 5 anos: 97% pcts epilépticos e 70% normais


HVT
• Em adultos:
• Inicia nas regiões anteriores e avança para posterior

• Após 20 anos: 40% com epilepsia e menos 10% normais

• Taxa de glicose sérica:


• Em adultos:
• < 80mg/dl: tendem a aumentar a atividade lenta

• > 120 mg/dl: tendem a diminuir ou evitar


HVT
• Importância:
– Anormalidades latentes podem aparecer

– Assimetrias maiores que 2:1 são anormais

– Doença de Moyamoya: persistência até 5 minutos (rebuildup)

– Epilepsia generalizada idiopática


• 50% ausência

• 25% não ausência


HVT - Contraindicações
• AVC agudo

• Hemorragia intracraniana recente

• Estenose significativa dos grandes vasos

• Doença de Moyamoya

• Doença cardiopulmonar

• Anemia falciforme ou traço

• Inabilidade do paciente em cooperar


FEI
• Lâmpada estroboscópica colocada a 20-30cm de do rosto

• Luzes disparando em flashes com 3, 6, 9, 12, 15, 18 e 21 Hz

• Respostas possíveis:
– Arrastamento fótico

– Fotomioclônica ou fotomiogênica

– Fotoparoxística ou fotoconvulsiva
Arrastamento fótico
• Atividade rítmica nas regiões posteriores por FEI nas
frequências de 5 a 30Hz, harmônicas e idênticas ao estímulo,
considerada uma resposta fisiológica

• Amplitude aumenta com a idade

• Respostas exacerbadas a baixas freqüências (0,5 a 3Hz) estão


relacionadas a disfunção cerebral aguda ou subaguda, ex.
MELAS e lipofuscinose ceróide
Fotomioclônica
• Breves contrações musculares repetitivas nas regiões frontais,
aumentam de amplitude conforme aumentam os flashes e é
abruptamente interrompida quando cessam.

• Mais evidente as frequencias de 12 a 18 Hz.

• Mais comum em adultos


Fotomioclônica
• Gastaut et al., 1958
– O,3% em pacientes normais

– 3% com epilepsia

– 13% com lesões de tronco encefálico

– 17% com doenças psiquiátricas

• Fase precoce da retirada de álcool e barbitúricos

• Encefalopatias metabólicas
Fotoparoxística
• Presença de espículas e ondas ou complexos de espículas-
ondas bilaterais e síncronas, simétricas e generalizadas que
persistem após o estímulo
• Pode se associar a alterações de consciência e espasmos
musculares de todo corpo, pp MMSS e cabeça
• As freqüências que mais estimulam são 15 a 18Hz
– 15Hz com olhos fechados
– 20Hz com olhos abertos
Fotoparoxística
• Mais comum em crianças e adolescentes, sexo feminino

• Mais relacionados com epilepsia generalizada primária (EMJ)

• Estudos sugerem uma predisposição genética

• Interromper o exame se generalizada!

• Anormalidade epileptiformes espontâneas presentes em 65%


dos pacientes com resposta fotoparoxística

• Epilepsia fotossensível
Abertura e fechamento ocular
• Piscamento pode induzir a descargas epileptiformes

• Tanto fechamento quanto abertura

• Fotossensibilidade

• Relacionado a áreas frontais


Anormalidades
Anormalidades
• Atividade de base
• Padrões de sono anormais
• Atividade lenta focal ou generalizada
• Atividade epileptiforme paroxística
• Padrões paroxísticos periódicos anormais
Surto
Descargas epileptiformes
• Biomarcadores de epilepsia
• Mas...
– Nem todos pctes com descarga tem epilepsia
– Nem todos os pctes com epilepsia tem descargas
• Sensibilidade: 25- 56%
• Especificidade: 78- 98%
• Marcador de susceptibilidade ou predisposição à
ocorrência de crises epilépticas
Paroxismo de descarga de padrão epileptiforme
Complexo de
poliespícula onda
lenta a direita
Onda aguda – onda lenta
Onda aguda
Onda aguda – Reversão de fase
Ondas trifásicas
Ondas trifásicas
Caracterização dos ritmos cerebrais
• Anormalidades:
– Contínuo ou intermitente
– Periodicidade
– Regularidade
– Repetição
– Localização
Artefatos
de piscamento
muscular
muscular
de eletrodo
de eletrodo
de ECG
de ECG
de suor
de 60 Hz
Com filtro de 60 Hz
Próx im a aula:
EEG normal

1° Curso Intensivo de EEG

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