Professional Documents
Culture Documents
Origem
A regra no CC/16 era pacta sunt servanda, assim como a responsabilidade subjetiva (dever de
indenizar surge em razão da culpa). O consumidor, nesse sentido, deveria provar a culpa do
fornecedor, além do mais, o que estava no contrato fazia lei entre as partes (tidas como iguais
naquele contexto privatístico).
A CF/88 elevou a uma condição de direito fundamental a proteção do consumidor (art. 5º,
XXXII). O Estado passa a intervir nesta relação jurídica por meio de lei. Ordena o art. 48 do ADCT
que em 120 dias o Congresso Nacional promulgasse o CDC. A lei 8.078 entretanto só foi
promulgada em 1990 e entrou em vigor em março de 1991.
É necessário salientar que não se pode superproteger o consumidor, deve-se, de outra forma
proporcionar o poder necessário para que este alcance poder paritário ao fornecedor. Há uma
busca de igualdade na relação.
O art. 170 estabelece os princípios da atividade econômica. Dita a livre iniciativa e a livre
concorrência, com respeito à soberania, valoração do trabalho humano, proteção ao meio
ambiente e atenção ao direito do consumidor
Ainda que o processo legislativo não tenha sido o mais adequado, não há questionamentos hoje
no que tange a identidade de Código atribuída ao CDC.
O CDC é uma lei principiológica. Seus princípios fornecem amplas e importantes bases para
regular as relações consumeristas e resolver os problemas a elas atinentes
Art. 1°. O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e
interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de
suas Disposições Transitórias.
Proteção e defesa do consumidor (para que este seja tão forte como fornecedor)
Norma de interesse social: a visão da proteção do consumidor não se limita a ser individual. Há
transcendência da vontade das partes. Deve-se levar em conta aqui a própria manutenção do
capitalismo que necessita de relações sadias para se desenvolver. O CDC junto a Lei de Ação Civil
Pública (7347/85) cria um microssistema de proteção coletiva de direitos
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e
interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de
suas Disposições Transitórias.
Ordem pública
Interesse social
Características:
Entretanto, preceitua a Súmula 381, STJ que “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador
conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”
Origem da Súmula 381: foi lastrada pela interpretação do art. 515, CPC/73 que versava sobre o
recurso de apelação. O tribunal só poderia julgar aquilo que foi impugnado no recurso.
Entretanto era recorrente as situações em que os tribunais aplicavam o CDC de ofício, em que
pese não fosse a matéria atacada na apelação. Daí surge a Súmula para regular tal situação.
O REsp. 1 465 832/RS indica a necessidade e inclinação a alteração da Súmula 381 do STJ pois
ofende o art. 1º do Código de Defesa do Consumidor
A aplicação de ofício é sim possível, desde que sejam respeitados os princípios do contraditório
e da ampla defesa
O CDC, em regra, não pode ser afastado pela vontade das partes
Trata-se de norma cogente, imperativa. Diz-se em regra porque existem margens no próprio
Código do afastamento de suas disposições
O CDC entrou em vigor em março de 1991. A regra é que as normas de direito material se
aplicam às relações em que estavam vigentes no tempo de sua constituição.
Direito do Consumidor - Semestre
O fato de ser o CDC uma norma de ordem pública e interesse social incide no tratamento dessas
questões. Assim, com a entrada em vigor do CDC, a todas relações consumeristas se adaptaram,
automaticamente, as suas disposições, quando de prestação continuada
Exemplo prático: cláusulas contratuais que limitem procedimentos são tidas, no viés do CDC
como abusivas, pois se a doença estiver coberta pelo plano há de se garantir o seu efetivo
tratamento sem restrições, caso contrário haveria ofensa à própria natureza do contrato. No
caso de o contrato ser anterior a vigência do CDC, não há obstáculo em pleitear o serviço do
plano de saúde mesmo com as disposições contratuais vedando os procedimentos (ex.: marca-
passo)
O CDC é norma geral lastreada em princípios e direitos básicos que fundamentam os seus demais
dispositivos. Entretanto há a possibilidade de restar lacunas (ausência de disposições jurídicas)
em seu corpo normativo. Para colmatar (preencher) tais lacunas, faz-se necessário socorrer-se
a outras normas. Para melhor compreensão, temos que o CDC não esgota em suas disposições
o conteúdo dos contratos, isto é, não há regras específicas sobre a matéria contratual, o CC/02
por sua vez atribui à matéria amplo cuidado. É possível, portanto, aplicar as disposições do CC/02
em relações consumeristas em que se apresente lacunas.
É de suma importância observar, entretanto, de que a aplicação da norma não depende apenas
de lacuna, mas sobretudo de coadunação da norma empregada aos princípios e direitos básicos
do CDC, sem isso é impossível conceber uma aplicação normativa nas relações de consumo em
casos onde haja falta normativa. Assim, configura-se uma interpretação dupla para resolver o
problema das lacunas, deve-se avistar a omissão do CDC além da adequação da norma
integradora aos preceitos básicos do direito do consumidor.
Princípios
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades
dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios:
Princípio da Vulnerabilidade
Art. 4° (...)
reconhecida no art. 6º, VIII do CDC quando estipula a facilitação da defesa dos direitos do
consumidor
Tal distinção se mostra necessária uma vez que a análise da vulnerabilidade – por ser um
princípio – é objetiva, ou seja, ser consumidor é ser vulnerável, sendo, portanto, merecedor de
toda a proteção do CDC, já quanto a hipossuficiência, sua análise deve ser realizada de maneira
subjetiva pelo juiz em cada demanda, posto que a consequência da sua existência é a decretação
da inversão do ônus da prova a favor do consumidor.
Princípio da Harmonia
Art. 4° (...)
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica, sempre com base na boa-fé e equilíbrio
nas relações entre consumidores e fornecedores;
Princípio do equilíbrio
Art. 4° (...)
Direito do Consumidor - Semestre
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica, sempre com base na boa-fé e equilíbrio
nas relações entre consumidores e fornecedores;
O CDC traz a possibilidade de relativização do “pacta sunt servanda” quando for necessário para
a proteção do consumidor e reestabelecimento do equilíbrio da relação.
O equilíbrio, assim, ao mesmo tempo que limita os direitos do consumidor garante um relação
saudável entre os sujeitos da relação sem exacerbação de ambos os lados
Princípio da boa-fé
Art. 4° (...)
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica, sempre com base na boa-fé e equilíbrio
nas relações entre consumidores e fornecedores;
Pode ser analisado pelo prisma subjetivo ou objetivo. O pressuposto básico da análise subjetiva
da boa-fé está calcado na compreensão da intensão dos agentes. Ora, nas relações massificadas
de nossa contemporaneidade, típicas do próprio capitalismo, este tipo de análise se torna
extremamente inviável, ou ainda, impraticável sendo necessário abandonar essa concepção e
buscar uma forma mais prática de se aferir a boa-fé. Nesse sentido nos deparamos com a análise
objetiva, que dita sobre o comportamento esperado dos sujeitos da relação. Aqui, o
comportamento esperado é a honestidade, lealdade, confiança. A quebra da boa-fé objetiva
resulta em consequências jurídicas. O direito de arrependimento (art. 49, CDC) por exemplo
deve ser observado a luz da boa-fé. Ex.: exercer tal direito para o pedido de uma pizza (sem
vícios, que configuraria outro tipo de situação jurídica) não se mostra honesto, probo.
A quebra da boa-fé pelo fornecedor gera a responsabilidade civil. A quebra da boa-fé pelo
consumidor, por outra via, afasta o seu direito.
Princípio da educação/informação
Art. 4° (...)
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com
vistas à melhoria do mercado de consumo;
Direito do Consumidor - Semestre
Princípio voltado ao Estado para que este promova a educação tanto do consumidor quanto do
fornecedor. A sanidade do mercado de consumo deve ser instrumentalizada por meio da
educação.
A informação está operacionalizada como dever do fornecedor no art. 6°, III do CDC. Mas aqui,
não se confunde com o princípio da educação que se volta ao Estado para que este promova a
informação e educação aos sujeitos. Trata-se em verdade de uma vertente do princípio, uma
forma de materialização deste no próprio ordenamento.
Art. 4° (...)
Se o fornecedor não observa qualidade e segurança que deveria promover arcará com as
consequências civis desta inobservância. O fornecedor detém o controle da adequação por
controlar os custos de seu produto.
Art. 4° (...)
Art. 4° (...)
Serviço público é aquele prestado pela Administração (ou delegados), sob o controle estatal com
fins de atender as necessidades essenciais e secundárias da coletividade. O Estado tem o dever
de bem servir, sem distinção ou favorecimento de qualquer pessoa, como um direito subjetivo
do povo, atendendo com equidade a população em geral e tomando as medidas necessárias
para agilizar sua prestação.
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer
outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e,
quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo,
serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste
código.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades
dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios:
(...)
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade
e desempenho.
O Estado na forma da lei promoverá a defesa do consumidor (art. 5º, XXXII). Trata-se de
intervencionismo nas relações de consumo para a manutenção do próprio capitalismo. Políticas
Públicas com vistas a atender as necessidades dos consumidores.
Os consumidores, em regra, são pulverizadas, o que acaba por dificultar a efetivação de seus
direitos. Nesse sentido, cabe ao Estado incentivar a criação e desenvolvimento de associações a
fim de que as relações sejam mais equitativas com demandantes fortes. É importante salientar
a legitimidade das associações no ingresso de ações coletivas. Normalmente, é conferida como
forma de incentivo às Associações por parte do Estado a isenção de impostos
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade
e desempenho.
São exemplos os órgãos que tem por fim a normatização e verificação da qualidade e segurança
dos produtos, como por exemplo o INMETRO e a ANVISA.
Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os
seguintes instrumentos, entre outros:
Em regra, quem presta tal serviço são as Defensorias Públicas, trazendo o inciso um reforço haja
vista a existência de previsão constitucional que determina assistência jurídica aos
hipossuficientes
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de
consumo;
Direito do Consumidor - Semestre
Art. 4º (...)
Art. 4º (...)
RELAÇÃO DE CONSUMO
Premissas:
É aplicável o CDC:
R: Não incide o CDC porque há regência por lei própria, qual seja a Lei 8.245/91
R: Não estão sujeitos a incidência do CDC, pois são regidos pela Lei 9.806/94
R: Havia súmula do STJ estabelecendo a aplicação do CDC nesta situação (Súmula 321).
Entretanto este entendimento foi revisto e o enunciado cancelado.
Agora, faz-se necessária a distinção entre a entidade de regime aberto (com finalidade lucrativa)
e a de regime fechado. Sendo assim, a Súmula 563 tomou protagonismo estipulando que o CDC
é aplicável nas entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos
previdenciários celebrados com entidades fechadas
R: Incide o CDC nas relações tidas entre concessionárias de serviços públicos e usuários finais
dos serviços públicos
R: É consumerista a relação firmada em tais planos tendo em consideração a Súmula 469 do STJ
Retomando...
De um lado um consumidor, do outro o fornecedor e o objeto deve ser produto e/ou serviços
Consumidor
Destinatário final:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Pode ter diversos consumidores numa relação. Ex.: A compra um presente (é consumidor) e
entrega o presente para B (também é consumidor). A adquire e B adquire e utiliza
Teoria maximalista
Destinatário final é o destinatário fático, aquele que retira o produto ou serviço do mercado de
consumo. Aquele que coloca fim a cadeia de produção ou fornecimento.
Ex.: A compra o objeto para presentear, encerra a cadeia de produção. Entretanto se a compra
for destinada à revenda, não encerra a produção
Analisa a cadeia da relação de consumo, finda qual restará o consumidor. Consumidor é tão
somente o destinatário fático. Crítica doutrinária: trata o consumidor como uma teoria objetiva
O STJ começou a se valer de outra teoria, pois não basta ser apenas destinatário fático, também
tem que ser destinatário econômico, e por conta disso deixou de aplicar a teoria maximalista
Destinatário econômico é o que não tem fins lucrativos, o benefício econômico do próprio
serviço fica com a pessoa que adquiriu, não é repassado. O proveito econômico não é
transferido. O consumidor não utiliza o produto ou serviço para o lucro, repasse ou transmissão
onerosa
Ser for destinatário fático (retirar o objeto do mercado econômico) + destinatário econômico =
teoria finalista subjetiva
Além de analisar o destinatário fático, deve se analisar o destinatário econômico, se tiver fins
lucrativos não é consumidor – 591.864/BA
Direito do Consumidor - Semestre
Não basta ser destinatário fático do produto, retirá-lo da cadeia de produção, levá-lo para o
escritório ou residência – é necessário ser destinatário econômico do bem, não adquiri-lo para
revenda, não adquiri-lo para uso profissional, pois o bem seria novamente um instrumento de
produção, cujo preço será incluído no preço final do profissional para adquiri-lo.
Se adquirir ou utilizar o produto com fins lucrativos, mas sendo vulnerável será consumidor
O STJ, tendo em vista a possível injustiça cometida com a aplicação cega da teoria finalista, vem
reconhecendo em determinadas hipóteses onde presente a vulnerabilidade do adquirente do
produto a aplicabilidade do CDC
“A jurisprudência desta Corte tem mitigado os rigores da teoria finalista para autorizar a
incidência do CDC nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), embora não seja
tecnicamente a destinatária final do produto ou serviço, se apresente em situação de
vulnerabilidade”
Defeito: falta de segurança esperada (que todo produto/serviço tem). Gera o dever de indenizar
Não se pode proteger o consumidor só a partir do momento em que este firma o negócio, deve
haver uma proteção pré-consumo
Coletividade
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Direito do Consumidor - Semestre
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo
individualmente, ou a título coletivo.
Difusos
Coletivos (strictu sensu)
Individuais homogêneos
Difusos
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
Natureza indivisível: não se pode dividir, mensurar individualmente. Vale de maneira igual a
todas as pessoas
Titulares pessoas indeterminadas: nem sequer precisa saber quais as pessoas tem o direito, são
indeterminadas
Coletivos
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a
parte contrária por uma relação jurídica base;
Natureza indivisível
Individuais homogêneos
Direito do Consumidor - Semestre
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
O que define a aplicação dos direitos coletivos (em sentido lato) é o pedido da ação
Fornecedor
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.
Pessoa física
Ente despersonalizado (massa falida, sociedades sem personalidade mas com aparência de
pessoa jurídica etc.)
Nacional ou estrangeira
Até mesmo a venda de um carro, por exemplo, à quem exerça tal atividade (compra e venda de
carros) com habitualidade e profissionalismo configura ao alienante o caráter de consumidor na
medida em que a compra do carro é objeto da atividade economicamente explorada pelo
comprador.
Elemento objetivo
Produto
Serviço
Direito do Consumidor - Semestre
Produto
Art. 1º. (...)
Produto na concepção civilista é o proveito retirado da coisa, não renovável. Isto é, resultado
extraído do bem explorado que não é passível de renovação
Bens móveis: passíveis de movimentação, sem que esta altere a substancia do bem. Esta
movimentação pode ser dar por força própria (semoventes) ou por força alheia. Obs.:
animal doméstico é produto de relação consumerista
Material: tangível, pode ser tocado ou apreendido
Imaterial: intangível, não pode ser tocado ou apreendido
Serviço
Art. 1º (...)
Remuneração:
Direta: pagamento
Indireta: qualquer contraprestação
Ressalva:
A pessoa jurídica de direito público, em regra, não é qualificada como fornecedora. Entretanto
quando o serviço prestado se der mediante contraprestação direta, a relação consumerista
restará configurada
Assim é que:
Condomínio x Condômino
De outra forma, quando a atividade prestada for exercida por empresa terceirizada há a
configuração da relação consumerista, e a empresa se responsabilizará tanto no que diz respeito
ao condomínio, como no que diz respeito aos condôminos.
Locador x Locatário
A jurisprudência sustenta a não aplicação do CDC nas relações locatícias quando no trato de
bens imóveis, haja vista a lei 8.245/91 regular especificamente tal situação. Não se pode olvidar,
entretanto a hipótese de essa relação ser intermediada por empresa imobiliária, porque esta
não se exime da incidência das relações consumeristas levando em conta que presta atividade
econômica com fim lucrativo de modo habitual, desta forma responde como fornecedora tanto
em relação ao locador como em relação ao locatário, em apertada síntese, restando a Imobiliária
na relação locatícia, incidirá o CDC com relação à ela, e a Lei 8.245/91 regulará, por sua vez a
relação entre o locatário e o locador
Em sendo móveis os bens, deverá se analisar o contexto da relação. Isto é, se por um lado o que
fornece o bem ou serviço presta a atividade com intenção de lucro e habitualidade, e se por
outro, o que adquire ou utiliza assim o faz como destinatário final (destinatário fático e
econômico), ou não sendo, o faz como condição de vulnerabilidade (finalista mitigada, adotada
pelo STJ)
Em que pese prestem o mesmo serviço (afazeres domésticos) são tratadas de modo diverso pelo
direito à depender da relação jurídica a qual estão imersos. O critério diferenciador dessas duas
classes é a periodicidade da prestação de serviços. Assim é que, se o sujeito presta a atividade
por mais de 2 vezes na semana, estará configurada a relação trabalhista, caso contrário será
considerado diarista. Esta distinção implica no trato diferenciado do próprio direito e situação
de vulnerabilidade atribuída ao sujeito. Melhor dizendo, se o sujeito for considerado diarista, o
CDC será aplicado, tornando-o fornecedor de seu serviço, o que gera, por exemplo,
Direito do Consumidor - Semestre
Professor argumentou que todos os pontos podem ser debatidos, não sendo estes motivos
fundamentos absolutos
Previdência
Havia súmula do STJ estabelecendo a aplicação do CDC nesta situação (Súmula 321). Entretanto
este entendimento foi revisto e o enunciado cancelado.
Agora, faz-se necessária a distinção entre a entidade de regime aberto (com finalidade lucrativa)
e a de regime fechado (colaborativa, em que o acesso é categorizado, não disponibilizado no
mercado de consumo). Sendo assim, a Súmula 563 tomou protagonismo estipulando que o CDC
é aplicável nas entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos
previdenciários celebrados com entidades fechadas
Situação em que dependerá do modo de remuneração do serviço. É certo que o Estado precisa
recolher tributos, mas estes se classificam em algumas espécies, contando com diferenças entre
elas. O imposto é espécie tributária que se caracteriza por sua não vinculação, isto é, sua receita
não se presta à serviços específicos, atendendo à atividades gerais. Disto decorre a falta de
referibilidade (especificidade e divisibilidade), isto é, não é possível apontar para o quê
exatamente o imposto está se valendo, não é possível visualizar o seu uso haja vista ele se
prestar à atividades gerais
E por que isto é importante? Porque por vezes, ao prestar um serviço, o Estado ou
concessionária exige uma contraprestação, esta, ao contrário dos impostos, gozam de
referibilidade, pode-se deste modo observar qual o serviço específico a ser desempenhado pelo
preço cobrado (especificidade) e ainda, a quem se destina tais serviços (divisibilidade). Neste
caso, há incidência do CDC.
Direito do Consumidor - Semestre
É o caso das tarifas, que constituem preços públicos (não é tributo, vimos na aula de Econômico)
exigidos pela prestação de determinado serviço executados por concessionárias de serviços
públicos. Como se trata de hipótese em que o sujeito paga diretamente pelo serviço, sabendo
pelo que está pagando, é plenamente possível a aplicação do CDC
Em síntese: se houver remuneração direta pelo serviço prestado, aplica o CDC. Ex.: transporte
público, energia elétrica etc.
Segurado x INSS
É previdência pública
Caráter obrigatório
É consumerista a relação firmada em tais planos tendo em consideração a Súmula 469 do STJ
Direitos básicos
Direito básico: sustentáculo de toda a proteção dada ao consumidor. Relacionado com outros
direitos que são melhores detalhados nos artigos específicos do CDC
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
Espécie de escada, que a cada degrau influi no grau de nocividade e consequentemente nas
condutas à serem tomadas pelas partes da relação no que concerne, principalmente ao dever
de informação
Posição zero: à priori, tem-se que nenhum produto ou serviço deve trazer riscos à vida, saúde
ou segurança do consumidor, hipótese em que o risco ofertado pelo produto é zero, nulo. É
modelo ideal, que na prática se mostra impraticável em diversas situações, impossibilitando-o
de forma plena
Direito do Consumidor - Semestre
Risco natural: alguns produtos ou serviços carregam consigo riscos naturais, o seu uso mesmo
acarreta um perigo. Este perigo/risco entretanto é natural (porque decorre do próprio uso da
coisa) e previsível (pode ser antevisto, efeitos cujos quais não se visualiza surpresa, novidade).
É o exemplo da faca em que é possível visualizarmos em seu uso a possibilidade de nos
cortarmos. Estes produtos podem ser colocados no mercado de consumo, desde que
acompanhados da devida informação, sendo esta à necessária (porque imprescindível para o
conhecimento do consumidor) e adequada (porque permite ser transmitida de modo claro,
suficiente à chegar ao conhecimento do consumidor). É o que dispõe o art. 8º, CDC
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou
segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua
natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações
necessárias e adequadas a seu respeito.
Risco potencial: é o risco que pode não ser evidenciado, isto é, pode nunca se apresentar.
Exemplo é a possível (potencial) lesividade à saúde de crianças menores de 1 ano de idade que
consumam leite pasteurizada haja vista a não completa formação da flora intestinal destes. É
situação que pode, ou não ocorrer, cuja lesividade não se extrai naturalmente do produto ou
serviço. Estes produtos ou serviços podem ser colocados no mercado de consumo, entretanto a
informação deve ser feita de modo ostensivo (aparente, aquilo que não se deixa de ver) e
adequada. Isto é, a informação deve se dar de modo latente
E correlacionado ao art. 9, CDC, temos ainda o art. 8º, §2º que preceitua
Art. 8 (...)
Auto grau de nocividade: situação em que não há possibilidade de a informação, por si só,
proteger o consumidor. Hipótese de impeditivo absoluto. O consumidor não pode colocar
produto ou serviço no mercado de consumo coisa que sabe ou deveria saber apresentar alto
grau de nocividade ou periculosidade à vida e à segurança. É o que dispõe o art. 10. CDC,
vejamos:
Direito do Consumidor - Semestre
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou
deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
Art. 10 (...)
Ainda há de se notar que o fornecedor responde por todos os custos referentes à realização do
recall. Assim dispõe:
Art. 10 (...)
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e
televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
RESPONSABILIDADE CIVIL
A origem está no risco da atividade por ele empreendida com fim de obter lucro
Responsabilidade pelo fato: decorre da quebra da segurança que todo o produto deve ter.
Relaciona-se ao defeito do produto ou serviço, aquele que não detém a segurança esperada.
Direito do Consumidor - Semestre
São os danos efetivamente causados por problema de qualidade ou quantidade que extrapolem
o próprio produto ou serviço
No vício – seja do produto ou do serviço –, o problema fica adstrito aos limites do bem de
consumo, sem outras repercussões (prejuízos intrínsecos). Por outra via, no fato ou defeito –
seja também do produto ou serviço –, há outras decorrências, como é o caso de outros danos
materiais, de danos morais e dos danos estéticos (prejuízos extrínsecos).
De outra forma, pode-se dizer que, quando o dano permanece nos limites do produto ou serviço,
está presente o vício. Se o problema extrapola os seus limites, há fato ou defeito, presente, no
último caso, o acidente de consumo propriamente dito.
O art. 6º traz como direito básico a responsabilidade pelos danos causados ao consumidor
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
As vítimas dos acidentes de consumo e o terceiro que sofre a consequência do fato ou serviço
Ex.: motorista de Uber atropela uma pessoa, esta pessoa é equiparada ao consumidor
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-
se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
A quebra da segurança do produto está ligada à origem do produto fabricado, pois o fabricante
(e outros) são os responsáveis
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso
contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
A exceção à solidariedade atinge o fato do produto, pelo que consta dos arts. 12 e 13 da Lei
8.078/1990. Isso porque ambos os comandos consagram a responsabilidade imediata do
fabricante – ou de quem o substitua nesse papel – e a responsabilidade subsidiária do
comerciante.
É objetiva (independe da culpa). Necessário apenas o fato, o dano e o nexo causal entre estes.
Podem haver situações em que haja culpa concorrente, sobre este tema se faz necessário buscar
no diploma civil o art. 945
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Serviço, conforme disposição do art. 3º, §2º é “qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”
O art. 14, estabelece a regra geral nas hipóteses de quebre de segurança quanto ao serviço,
preceituando a responsabilidade objetiva (independência de culpa)
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Art. 14 (...)
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
Profissional liberal é aquele que presta serviços, desenvolve atividades típicas de meio.
Divergindo portanto das atividades de resultado onde este (o resultado) deve ser alcançado
necessariamente. Ora, nas atividades de meio o resultado não é assegurado, imposto,
necessário, porque não está na inteira possibilidade de atuação do agente. São profissionais
liberais o advogado, o médico, o psicólogo etc. Ao consumidor não é oferecido o resultado
esperado, mas tão somente uma garantia de que o serviço será prestado da melhor forma
possível.
Há de se ponderar entretanto que por mais didático que pareça, situações há em que a própria
profissão por si só não revela sua natureza de resultado ou de meio. Sendo assim, podemos
discorrer a respeito do atividade médica, no trato de cirurgia plástica com fins unicamente
estéticos, ora temos que no caso há um comprometimento quanto ao resultado da cirurgia,
cabendo nesta hipótese a responsabilidade objetiva
Direito do Consumidor - Semestre
Art. 14 (...)
Situação interessante se põe quando analisamos os casos de excludentes. Pode ser observado
que o CDC não faz menção às hipóteses de caso fortuito e força maior, em que pese estes
institutos sejam figuras clássicas de excludentes de dever de indenização. O art. 393 diz ser caso
fortuito e força maior: “o fato necessário cujos efeitos não era possível evitar ou impedir”.
À esse respeito, temos que parte da doutrina considera que não se aplicam às relações
consumeristas quando no dever de indenizar, porque a lei é limitativa e prescreve que só não
será responsabilizada as hipóteses contidas em seus incisos, esta é a jurisprudência minoritária.
A linha de pensamento tomada pelo STJ entretanto entende que a hipótese de caso fortuito e
força maior está contida na culpa exclusiva de terceiro, podendo figurar como uma excludente
desde que seja na modalidade externa. Assim é que podemos ter:
Súmula 479, STJ "As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias."
Resp. 1.145.728/MG – Questão relativa ao trato das relações médicos x hospitais quanto à
responsabilidade
O hospital responde quando o fato advier de materiais ou pessoas auxiliares ao tratamento, isto
é, quando relativos à insumos, equipamentos e pessoas que auxiliem no serviços (que não seja
médico)
Atos técnicos praticados por médicos sem vínculos de emprego ou hospital (situação em que o
médico atua no hospital, mas não tem vínculo com aquele. É fato recorrente em hospitais
particulares em que o médico usa o espaço para operar e realizar procedimentos mas não está
subordinado). Neste caso a imputação de responsabilidade é individual e subjetiva, salvo se o
hospital tenha concorrido para o dano
O art. 27 estabelece um prazo de prescrição de 5 anos para a pretensão à reparação pelos danos
provenientes dos fatos (produto ou serviço), a partir do conhecimento do dano e da autoria
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou
do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento
do dano e de sua autoria.