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DIREITO PENAL

03 Teoria do Crime

Norma Penal

Conceito de Crime

Conceito Formal de Crime (Aspecto da Técnica Jurídica):


Carmignani:
“Crime é um fato humano contrário à lei (penal)”.

Maggiore:
“Crime é qualquer ação legalmente punível”.

Fragoso:
“Crime é toda ação ou omissão, proibida pela lei, sob ameaça de pena”.

Conceito Material de Crime (Aspecto dos Bens Protegidos pela Norma Penal):
Noronha:
“Crime é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico protegido pela lei penal”.

Fragoso:
“Crime é a ação ou omissão que a juízo do legislador contrasta violentamente com valores ou
interesses do corpo social de modo a exigir seja proibida sob ameaça de pena”.

Conceito Analítico de Crime (Aspectos do Crime):


Crime é a ação ou omissão típica, antijurídica e culpável.

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Características do Crime
São características do crime sob o aspecto analítico:

A Tipicidade:
Fato típico é o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca, em regra, um resultado, e
é previsto como infração penal. Assim, se A mata B em comportamento voluntário, pratica o fato
típico descrito no art. 121 do CP (matar alguém) e, em princípio, um crime de homicídio.

A Antijuridicidade:
Fato antijurídico é aquele que contraria o ordenamento jurídico. No Direito Penal, a antijuridicidade é
a relação de contrariedade entre o fato típico praticado e o ordenamento jurídico. Se em princípio for
injurídico o fato típico, não será contrário ao direito quando estiver protegido pela própria lei penal.
Ex.: Matar alguém é fato típico se o agente o fez dolosa ou culposamente, mas não será antijurídico
se o agente praticar a conduta em estado de necessidade, legítima defesa, etc. Não há nessas
hipóteses, crime.

A Culpabilidade:
É a reprovação da ordem jurídica em face de estar ligado o homem a um fato típico e antijurídico.
É mero pressuposto de aplicação da pena.

Requisitos do Crime
Conduta dolosa ou culposa
Fato Típico Resultado
Nexo de causalidade
Tipicidade
Antijurídico
Imputabilidade
Culpável Possibilidade de consciência da ilicitude
Inexibilidade de conduta diversa

Excludentes
Tipicidade Erro de tipo
Estado de necessidade
Antijurídico Legítima defesa
Exercício regular de direito
Estrito Cumprimento do Dever Legal
Erro de proibição
Culpável Coação moral irresistível
Obediência hierárquica
Inimputabilidade

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Elementares e Circunstâncias do Crime

Elementares:
As elementares são requisitos específicos do crime. Se excluir determinado elemento, o crime
desaparece ou surge outro.

Circunstâncias:
Circunstância do crime é todo fato ou dado que se encontre em redor do delito. É um dado eventual,
que pode existir ou não, sem que o crime seja excluído.

!
O mesmo fato pode ser considerado pela lei como elementar ou como circunstância de um
determinado crime. Assim, o dano à coisa alheia é elemento específico do crime de dano à coisa
alheia é elemento específico do crime de dano e circunstância do crime de furto.

Pressupostos

Pressupostos do Crime:
São circunstâncias antecedentes ao fato que condicionam a tipificação do delito. Ante a ausência do
pressuposto o agente responde por outro delito. Por exemplo, a qualidade de funcionário público é
pressuposto do crime de peculato, pois se o agente não o for terá cometido apropriação indébita.

Pressupostos do Fato:
São elementos antecedentes ao fato, sem os quais inexiste crime. Por exemplo, o casamento anterior
válido é pressuposto do fato para o crime de bigamia.

Classificação das Infrações Penais

Crime, Delito e Contravenção


O Brasil adota o sistema dicotômico que classifica crimes ou delitos (como sinônimos) e
contravenções.

Crime Instantâneos, Permanentes


e Instantâneos de Efeitos Permanentes

Crime Instantâneo:
É aquele que, uma vez consumado, está encerrado, não se prolongando no tempo (ex.: homicídio).

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Crime Permanente:
É aquele que a consumação se prolonga no tempo, dependente da ação do sujeito ativo (ex.: rapto).

Crime Instantâneo de Efeitos Permanentes:


Aqueles em que consumada a infração, os efeitos permanecem (ex.: bigamia).

Crimes Comissivos e Omissivos


Crimes comissivos são os que exigem uma atividade positiva do agente.

Crimes omissivos são os que exigem uma conduta negativa, de não fazer o que a lei determina.

Classificação dos Delitos Omissivos:

Próprios: Há uma conduta descrita na lei penal;

Impróprios: Comissivos por omissão: usa-se uma forma omissiva para


praticar o crime, ex.: deixar de cuidar de pessoa enferma;
Omissivos por comissão: o agente não permite a
ocorrência da ação legítima, ex.: A impede B de prestar
socorro a C.

Crimes Unisubjetivos e Plurissubjetivos

Crimes Unissubjetivos:
São aqueles que podem ser praticados por uma só pessoa, embora nada impeça a co-autoria ou a
participação.

Crimes Plurissubjetivos:
São aqueles que, por sua conceituação típica, exigem dois ou mais agentes para a prática da conduta
criminosa (ex.: crime de quadrilha ou bando).

Crimes Simples, Qualificados e Privilegiados

Crime simples:
É o tipo básico.

Crime Qualificado:
É aquele em que ao tipo básico a lei acrescenta circunstância que agrava a sua natureza, elevando os
limites da pena.

Crime Privilegiado:
É quando ao tipo básico a lei acrescenta circunstância que o torna menos grave, diminuindo, em
conseqüência, suas sanções.

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Crime Progressivo e Progressão Criminosa

Crime Progressivo:
No crime progressivo, um tipo, abstratamente considerado, contém implicitamente outro que deve
necessariamente ser realizado para se alcançar o resultado (ex.: o homicídio, em que é necessário a
lesão corporal que ocasione a morte). Difere-se do crime complexo, porque neste há continência
expressa do outro.

Progressão Criminosa:
Na progressão criminosa há duas ou mais infrações penais, ou seja, há dois fatos e não um como no
crime progressivo. O agente pretende praticar um crime e, em seguida, resolve praticar outro mais
grave (ex.: lesões corporais e em seguida homicídio).

Crime Habitual
É aquele constituído de atos, que, indiferentes sozinhos, mas reiteradamente constituem um todo,
caracterizando um modo ou estilo de vida (ex.: curandeirismo).

Crime Profissional
É aquele que exige que seja praticado por quem exerce uma profissão (ex.: aborto, praticado por
médicos).

Crime Exaurido
É aquele que após a consumação, que ocorre quando estiverem preenchidos no fato concreto o tipo
objeto, o agente o leva a consequências mais lesivas (ex.: a efetiva posse da terra no crime de
alteração de limites exaure o crime que se consumara com a supressão ou o deslocamento do sinal
indicativo da linha divisória).

Crimes de Ação Única e de Ação Múltipla


Crimes da ação única são aqueles que o tipo penal admite apenas uma conduta delituosa expressa no
núcleo do tipo (ex.: no homicídio, matar). Crimes de ação múltipla são aqueles em que o tipo penal
admite várias modalidades de conduta, expressa em vários verbos, qualquer deles caracterizando o
delito (ex.: indução, instigação ou auxílio ao suicídio).

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Crimes Unissubsistentes e Plurissubsistentes
Crime unissubsistente é aquele que se realiza com apenas um ato, ou seja, a conduta é indivisível
(ex.: injúria). Crime plurissubsistente é aquele que é composto de vários atos, que integram a
conduta, ou seja, existem fases que podem ser separadas, fracionando-se o crime. Admitem, portanto,
a tentativa, e constituem a maioria dos delitos.

Crimes Materiais, Formais e de Mera Conduta


No crime material há necessidade de um resultado externo à ação, descrito na lei, e que se destaca
lógica e cronologicamente da conduta (ex.: para se configurar o crime de homicídio, é necessário o
evento morte). No crime formal não há a necessidade de realização daquilo que é pretendido pelo
agente, e o resultado previsto no tipo ocorre ao mesmo tempo em que se desenrola a conduta (ex.:
ameaça). Nos crimes de mera conduta a lei não exige qualquer resultado naturalístico, contentando-se
com a simples ação ou omissão do agente (ex.: violação de domicílio).

Crimes de Dano e de Perigo


Quanto à lesão, o crime pode ser:
a) de dano: os que só se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico;
b) de perigo: são os que se consumam tão-só com a possibilidade do dano.

Crime Simples e Complexo


Crime simples é o que se apresenta tipo penal único (ex.: homicídio). Crime Complexo é a fusão de
dois ou mais tipos penais em uma única descrição legal (ex.: roubo: furto mais violência ou ameaça).

Crimes Conexos
Ocorre quando existe um liame, um nexo entre os delitos (ex.: o sujeito mata o marido para estuprar-
lhe a esposa).

Crimes Comuns, Crimes Próprios e Crimes de Mão Própria


Quanto ao sujeito ativo, os crimes podem ser:
a) comum: podem ser praticados por qualquer pessoa;
b) próprio: aqueles que exigem que o agente seja portador de uma capacidade especial (ex.:
funcionário público, médico, pai ou mãe);
c) de mão própria.

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Crimes Principais e Crimes Acessórios
Os crimes principais independem da prática de delito anterior (ex. roubo). Os crimes acessórios
dependem da prática de um crime anterior (ex.: a receptação, que depende de um crime de roubo,
furto, estelionato, etc.).

Crimes Vagos
São aqueles em que não se pode distinguir nitidamente o sujeito passivo, sendo uma coletividade
(ex.: perturbação de cerimônia funerária).

Crimes Comuns, Políticos e Militares

1) Crimes Comuns:
São aqueles que atingem bens jurídicos do indivíduo, da família, da sociedade ou do próprio Estado.

2) Crimes Políticos:
São aqueles que põem em perigo a segurança interna ou externa do Estado. Estão previstas na Lei de
Segurança Nacional (Lei n.º 7.170/83).

3) Crimes Militares:
São os definidos pelo Código Penal Militar (Decreto-lei n.º 1.001/69) e se dividem em crimes
militares em tempo de paz e crimes militares em tempo de guerra.

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Questões de Concursos

01 - (Ministério Público/SP – 82) Assinale a alternativa falsa.


( ) a) O crime impossível é também conhecido como “quase crime”.
( ) b) Crime falho é o nome que se dá à tentativa perfeita ou acabada.
( ) c) Crime exaurido é aquele que, apesar de todos os esforços do agente, não se consuma
por sua própria vontade.
( ) d) Crime vago é o que tem por sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica.
( ) e) Crime pluriofensivo é o que lesa ou expõe a perigo de dano mais de um bem jurídico.

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Gabarito

01.C

Bibliografia

• Direito Penal
Damásio E. de Jesus
São Paulo: Editora Saraiva, 9º ed., 1999.

• Manual de Direito Penal


Júlio Fabbrini Mirabete
São Paulo: Editora Atlas, 9º ed., 1995.

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