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Vamos agora dar início à nossa jornada rumo ao novo e significativo universo da
Cabala.
O primeiro passo indicado no mapa de nosso itinerário é o Gênesis, onde tudo
começou.
Sem dúvida, muitos dos meus leitores discordariam firmemente da minha
abordagem de que tudo começou com o Gênesis.
Não preciso me referir aqui ao número considerável de dogmas religiosos nos quais
a ciência física aplicou um golpe fatal.
O Gênesis, e a Bíblia em geral, nunca foram destinados a simbolizar uma forma de
religião.
Antes, a Bíblia inteira apresenta um projeto quântico do nosso universo.
A Bíblia, com suas narrações, contos e mandamentos, de acordo com as
interpretações zoháricas, é um código cósmico esperando ser decifrado.
É a esta tarefa que a Cabala se dedica.
Existem muitas questões que a ciência não é capaz de responder com segurança
com base na teoria e na experiência. O cientista pode apenas especular — assim
como todos nós. Se não é pela ciência, por onde então começamos nossa
investigação acerca de por que e como se originaram a vida e o universo?
Comumente, no mundo ocidental, nossa exposição inicial dessa questão é através
do relato bíblico do Gênesis.
Uma interpretação literal do Gênesis bíblico é vaga no que diz respeito ao que
exatamente se passou.
O Zohar, para o leitor não iniciado, é decididamente abstruso.
Felizmente, o Rabino Ashlag teve a percepção crucial para decifrar certas porções
do Zohar que revelavam a ordem precisa na criação e nos céus.
Conseqüentemente, de relatos bíblicos aparentemente insignificantes emerge a
interpretação zohárica, e portanto cabalística, do Big Bang.
O problema da origem última do universo físico e de por que ele surgiu deveria
estar dentro das fronteiras da ciência.
Os cientistas recentemente chegaram ao ponto de fazer sérias tentativas no sentido
de entender como pode o universo ter surgido do nada sem ter violar nenhuma lei
física.
A pergunta que devemos formular é: como pode algo vir à existência sem uma
causa?
A física quântica parecia realizar esse incrível fenômeno, visto que a mecânica
quântica é intrinsecamente indeterminista e imprevisível. A existência sem causa, o
efeito sem causa, se opõe à visão cabalística do nosso universo.
Essa doutrina não surgiu por motivos religiosos ou dogmáticos.
Conforme anteriormente mencionado, essa idéia incomodava Einstein e o induziu a
proferir suas famosas palavras: "D-us não joga dados com o universo."
Para o cabalista, a resposta de Einstein não tinha lugar dentro do léxico da Cabala.
Quando as experiências científicas validaram a conclusão de que é impossível
predizer de um momento para o outro como um sistema quântico se comportará,
as objeções de Einstein foram ridicularizadas.
A intuição e as emoções não podem determinar, nem determinam, as leis e os
princípios do nosso universo.
Einstein fez várias tentativas de reestabelecer a lei de causa e efeito, que tem
bases tão sólidas em nossa experiência diária. No mundo do quantum a mudança
espontânea não apenas é permitida, ela é inevitável.
Os princípios determinados e de incerteza foram as únicas conclusões que restaram
aos físicos quando foram confrontados com os fenômenos quânticos.
Isso conduziu à idéia de que já não era absurdo considerar que o universo veio a
existir espontaneamente do nada, sem uma causa.
Para o cabalista, essa noção é absurda.
Acreditar que um jornal diário veio a existir espontaneamente, sem causa, é tão
absurdo quanto considerar que todo um complexo universo surgiu sem uma causa.
O fato de os cientistas estarem dispostos a aceitar essas idéias, embora não
tivessem outras opções disponíveis, somente levou a outros problemas.
Do ponto de vista cabalístico, se fenômenos inexplicáveis persistem não se deve
fugir pelo caminho fácil e pedir ao Senhor que o problema desapareça.
Nossas egocentricidades devem ser colocadas de lado, evitando buscar refúgio em
noções inconclusivas.
Os cientistas ainda enfrentam a tarefa de explicar os processos físicos através dos
quais se formaram os sistemas organizados e a atividade complexa que impregnam
o universo, a partir do Big Bang.
O fato de que o mundo físico ao nosso redor tem a capacidade de se auto-criar e
organizar é uma propriedade profundamente misteriosa do universo. O fato de que
nós rotulamos essa força criativa como um aspecto chamado natureza ainda não
nos proporciona um entendimento da natureza dessa força auto-criadora.
Até mesmo a teoria do Big Bang, que atribui a uma explosão repentina o início do
processo de um universo em constante expansão, é incapaz de explicar
adequadamente como ele se expandiu justamente na velocidade certa e com uma
tão surpreendente uniformidade que possibilitou a criação das galáxias, das
estrelas, do espaço vazio, dos planetas e de outros fenômenos.
Alguns atribuem esse fenômeno à bizarra idéia de que tudo isso ocorreu ao acaso,
uma idéia que vai contra a natureza do ensinamento zohárico.
Outros explicam esse absurdo início e sua subseqüente evolução como uma
intervenção divina.
Seja qual for a explicação, não convence e nem deve convencer nenhum indivíduo
pensante.
Essas idéias contradizem os familiares meios físicos que observamos, que sugerem
que as coisas não funcionam aleatoriamente.
Por que então devemos entender e aceitar idéias bizarras tais como a de todo o
universo ter surgido sem uma causa.
A harmonia atômica e a unidade cósmica, que se mostram de maneira tão
elegante, indicam um universo pensante.
Quando foi a última vez que lemos o The New York Times enquanto todos os seus
empregados estavam em greve?
Será que o fazendeiro que plantou uma semente de maçã testemunhou a expansão
auto criativa de seu trabalho inicial — o surgimento de sua árvore?
A maioria de nós se impressiona com a beleza e com o requinte da natureza.
Contudo, enquanto alguns estão dispostos a crer que deve haver um propósito por
trás da existência, outros consideram o universo absolutamente sem sentido.
Esses cientistas atuais exercem uma forte influência sobre o pensamento
predominante.
Não deve, portanto, surpreender que a vida humana tenha se tornado tão
desprezível.
Face à postura da ausência de sentido, então qual é o sentido da existência do
homem?
Continua