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Nossa Capa

Maria Bernadete de Almeida Brito


Patrono: Gregório de Matos Guerra

A Princesa do Vale – Ontem, hoje e sempre!

A capa da Suindara tem animais livres por entre as matas e bosques,


como autora a artista plástica as carícias de todas as plantas...
Elizabete Pereira. Cada peda- Assim, ao prazer de contemplar a
cinho desta terra é sagrado beleza, junta-se o do perfume que nos
para o seu povo. O Rio Doce, inebria, onde se processam reações químicas
o carro de boi, a majestosa e evocações poéticas. E o encanto de sentir
Ibituruna, imponente e o cheiro e o borbulhar das águas deste rio!
guardadora de sonhos; as canoinhas, As árvores com seus galhos gemendo um de
com as quais se fazia a travessia desse belo rio, encontro ao outro e aninhando pássaros e
povoado de peixes sonolentos e brincalhões. borboletas, ao dar um colorido todo especial
A neblina nas matas, as clareiras, o zumbir dos à Natureza ainda virgem. O arrepio da pele
insetos, tudo é importante na lembrança e na ao vento e o frescor da água pura e cristalina,
vida do povo valadarense. ao veludo dos musgos, à carícia áspera dos
Como a seiva que escorre nas árvores, troncos.
estas coisas correm dentro de nós...E estão Nesta Natureza, desprovida de po-
plantados na nossa alma, de cada geração... luição, acordam nossos sonhos adormecidos
como ícones eternos desta cidade tão quando experimentamos um pouco da
querida e bela. Em nossa vocação suprema, ressurreição dos corpos que se espalham
a única coisa que importa é fazer com que por todas as coisas da Criação, até mesmo a
esta Natureza seja um lugar de onde emanam mais insignificante graminha e folhinha das
a vida e o prazer... Embora caracterizada árvores. E em meio às folhagens e às flores,
como a cidade do calor, com seus dias de sol rio e montanha, moram ideias, memórias,
escaldante, de lábios escorrendo luz... Ela é imagens, poemas. E não é tudo isso que
a rainha da beleza do Vale do Rio Doce. Ao torna os nossos corpos o único lugar mágico
contemplar esta paisagem, o corpo inteiro é do universo? E o corpo voa. Estas imagens
beneficiado e o prazer se espalha por todos nos tornam seres alados. E, respirando o ar
os órgãos dos sentidos. O cheiro da terra, o diáfano das ausências que ela exala, gozamos a
gosto de todas as frutas, as cores e o perfume ressurreição do passado, mas que é querido...
das flores e folhas, o colorido dos pássaros Magia é isto: invocar o que se foi, mas que
canoros, a multiplicidade das espécies continua a nos habitar. Ou será poesia?
Palavra
da Presidente

Estamos iniciando mais um Ano em alegrias e tristezas, buscando a


Acadêmico, e buscamos no encantamento sombra da Ibituruna, nossa pedra
das palavras os cantares do coração, ao altaneira, e os ares do Rio Doce, que um
relatar o que os homens gostariam de ter dia foi doce e que, segundo a acadêmica
sido, ou de ter feito. Zenólia Almeida, “é um sobrevivente, que
A nossa Casa busca lideranças que, permaneceu no anonimato por muitos
por meio da escrita, compartilhem sonhos, anos, até mesmo nas cartas dos jesuítas...”.
aventuras e sabedoria, através de ações e Hoje corre dentro de um” Mar de Lama”,
exemplos, levando à comunidade uma sem pureza, sem beleza e sem peixes.
vida digna e cheia de oportunidades. Em Neste princípio de ano, começo
nossa caminhada, nossas almas viajam de nossa labuta acadêmica, conforme
por ruas de belas narrativas, compartilham o pensar da confrade Ruth Soares, “o
sonhos, aventuras e sabedorias, deixam murmurar da prece vai acalmar a dor dos
pelas estradas a beleza do espírito e o calor que padecem, e Maria, a Mãe querida,
de nossas lágrimas, contidas em nossa inflará a vela da esperança” e nos
vivência diária. Enquanto peregrinamos, conduzirá aos caminhos literários, com
podemos observar as estradas por onde que produziremos alegrias e sonhos para
o vento assobia e o canto dos pássaros aqueles que nos leem. Textos “literários”
se faz sentir, alegrando o trecho vencido são a expressão do coração do escritor,
por nossos pés, revelando a graça da vida. força inegável da alma de quem os redigiu.
Aqui, durante nossa labuta com a estrada, Através de nossa pena, o colegiado
é possível sonhar e semear sonhos, indo da AVL levará aos nossos leitores a força
em busca da esperança... da voz de nossa comunidade e os sonhos
Os caminhos da vida nos conduzem de nossas esperanças!
por vários tempos e nos levam a mergulhar Sejam bem-vindos!

Maria Cinira dos Santos Netto


Editorial

Deixar registros de uma cidade captados Fomos acordadas pelo apito do trem e pelos
por algumas fontes, como a observação, a sinos da nova igreja. Mas poeticamente,
memória, a imaginação e documentos é tarefa algumas tradições continuaram a se fazer
árdua em qualquer circunstância, pois o que presentes. Os velhos bois em seu cansaço,
se faz é dar vozes, muitas vezes à história, ainda faziam seu serviço rotineiro e as
à emoção e os sentimentos dos que aqui charretes também tinham suas rotas escritas.
nasceram, ou se criaram, adotaram-na como a A alegria estampou-se com o coreto e com
cidade do coração. Nesta edição de Suindara, a Lira Trinta de Janeiro. Daqueles tempos
vemos tudo isso na voz dos seus escritores. ainda restam vestígios como a velha açucareira
São poetas e prosadores, capazes de compilar com sua gigantesca torre.
com sua competência e desempenho os Novos tempos vieram. Após a
dados do passado, do presente e de projeções passagem da construção a estrada de ferro,
para o futuro.. nossa cidade passou a crescer, graças, não
Fomos visitar a beleza intocada da mais ao horror de pilhas de madeira de lei
natureza e seus habitantes; projetamos empilhadas, mas aos dólares enviados pelos
a vilazinha ou arraial na nas margens da imigrantes valadarenses. Espigões começam
Figueira com seu porto. Acompanhamos a surgir, clubes, uma equipe da Polícia Militar
a chegada dos primeiros habitantes, dos que conseguiam com sua intrepidez amainar
padres estrangeiros pioneiros, da criação das a violência ditada pelos velhos tempos. A
primeiras estruturas como as casas, as escolas cidade tornou-se universitária e ganhou uma
e as primeiras mestras que deram às crianças Academia de Letras e centros culturais.
da época os primeiros rudimentos da leitura. E assim, chegamos aos anos dourados, da
A sensação foi de prazer, pois fomos capazes geração passada e hoje passamos pela geração
de transpor as barreiras do tempo e do espaço. cultural, não armada.
Nosso Rio Doce foi cantado como os índios O dever de cidadania nos chama. Hoje,
o conheciam, forte, de águas límpidas, o watu levamos livros às cadeias com o projeto de
sagrado das florestas. Remição pela Leitura; apoiamos iniciativas
Na cidade tecida de sonhos, ela se viu culturais e publicação de obras. Incentivar
emoldurada não apenas pela sentinela da a cultura e o amor aos livros é nosso dever
Ibituruna, como também por mulheres como também incutir valores que fortifiquem
que batalharam por fazer maior o seu nome. a cidadania de nossa terra.
Antônia Izanira Lopes de Carvalho

Expediente
Revista Colaboradores: Antônia Izanira L. Carvalho
SUINDARA Bárbara Calixto Peixoto
Bruno Costa Magalhães
Célio Alves de Menezes Júnior
Cícero Moraes
Rua Marechal Deodoro, 759 Darlan Correa Dias
Centro - Governador Valadares MG Diretora Executiva: Maria Cinira dos Santos Netto Elcy de Lourdes Souza Pereira
Conselho Editorial: Antônia Izanira L. Carvalho George Wagner Alvarenga Simões
Contato: [33] 3084.3169 Maria Cinira dos Santos Netto Geralda Beatriz Neves
Geraldo Tolentino e Silva
Maria Bernadete A. Brito
avl.publicacao@hotmail.com Henrique Alves
Juber Neves da Silva
www.academiavaladarense.blogspot.com Revisão: Antônia Izanira L. Carvalho Marcelo Rocha
Maria Bernadete A. Brito Marcos Santiago
Maria Bernadete de Almeida Brito
Projeto Gráfico: LayaneCrispim Jornalista responsável: Valéria Alves Gomes Maria Cinira dos Santos Netto
Mª Cinira dos Santos Netto MG 08849 Maria das Mercês Meira de Alvarenga
Maria Paulina Freitas Sabag
Diagramação: Layane Crispim Maria Stela de Oliveira Gomes
adejodesign@hotmail.com Mário Ferreira
Maristela I. Ribeiro Aubin
Impressão: Leste Editora Newton Luiz Concellos
Ruth Soares
Zenólia M. de Almeida
Sumário
06 ~ Parabéns, Valadares! 20 ~ Trovas e Poesias
Por: Elcy de Lourdes Souza Pereira

07 ~ Uma cidade tecida de sonhos 22 ~ A evolução do Porto de Dom Manuel


Por: Maristela I. Ribeiro Aubin Por: Colegiado da AVL

08 ~ Os guardiães do Watu 23 ~ Açaim - Raízes Perdidas


Por: Maria Cinira dos Santos Netto Por: Darlan Corrêa Dias

09 ~ Município de Figueira 24 ~ O brilho da AVL nos 79 anos de Valadares


Por: Ruth Soares Por: Maria Stela de Oliveira Gomes

10 ~ Nos passos da memória 26 ~ A lavra do Cruzeiro e a Bandeira de


Por: Antônia Izanira Lopes de Carvalho Fernão Dias Paes Leme
Por: Geralda Beatriz Nevez

12 ~ A magia de ensinar
Por: Maria Bernadete de Almeida Brito 27 ~ Bodas de Ouro de uma religiosa
Por: Maria Cinira dos Santos Netto

13 ~ Valadares da era digital


Por: Elcy de Lourdes Souza Pereira 28 ~ O caminho da velha senhora
Por: Maria Cinira dos Santos Netto

14 ~ A Princesa do Vale sob a batuta de suas


mulheres 30 ~ Polícia Militar e Governador Valadares
Por: George Wagner Alvarenga Simões Por: Célio Alves de Menezes Júnior

16 ~ Um flash do desenvolvimento 32 ~ Anos Dourados


Por: Maria Paulina Freitas Sabag Por: Newton Luiz Concellos

17 ~ A chegada do progresso 34 ~ C.A.R.D.O., um gigante adormecido


Por: Maria das Mercês Meira de Alvarenga Por: Geraldo Tolentino e Silva

18 ~ Presídios e o Inferno 36 ~ Pra ver a banda passar...


Por: Henrique Alves Por: Zenólia Maria de Almeida

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Elcy de Lourdes Souza Pereira
Patrono: Henriqueta Lisboa
Natural de Barra do Cuité – Distrito de Conselheiro Pena-MG
Graduada em Letras pela UFMG e em Direito pela FADIVALE
Funcionária Pública Estadual aposentada
Professora de Língua Portuguesa e Literatura.

Parabéns,
Valadares!
C omemorando o 79º aniversário
de nossa cidade, a Academia
Valadarense de Letras vem
prestar sua carinhosa homenagem. Esta
Academia sentindo-se privilegiada de se abrigar
energia de todos os lados. O coração de quem se
aproxima se abre e se solta. É o primeiro aviso
de que a cidade está próxima! Valadares! Já pode
ser vista com seu manto de braços acolhedores!
Pessoas de perto ou de outras regiões pedem
em sua sombra benfazeja e acolhedora, faz votos para serem adotadas também...
de uma bem sucedida retomada de progresso na Em extensa planície, com uma invejável
presente etapa de sua história. Um sólido alicerce topografia, ares modernos, rica e produtiva. É
de confiança do povo nesta gestão é necessário. pólo no setor educacional, com universidades,
Com esta certeza é que o seu povo estará escolas com oferta de cursos em áreas diversas.
vigilante e com liberdade de cobrar dos seus Comércio muito ativo, com quase 300 000
líderes muita firmeza na condução dos destinos habitantes: um povo que traz em si um espírito
desta terra. É claro! Com o apoio da população, dinâmico e guarda a semente do sonho em
como convém aos que estão sedentos por ver germinação.
a máquina pública bem gerida. O povo está Valadares figura em noticiários de
confiante no sucesso dos empreendimentos que circulação internacional como excelente
hão de ser realizados e já celebra a confirmação plataforma para a prática de vôo livre. Na
de suas expectativas num futuro próspero, época de campeonato mundial de parapente ou
inaugurando um novo ciclo de progresso para outro desses famosos eventos, os participantes
a nossa amada cidade. É um novo conceito de transformam-se em grandes pássaros colo-
gestão pública a ser praticado. ridos enfeitando o nosso espaço com sua
Falar da beleza de Valadares incita o ousadia e beleza. Há também outras festas
nosso orgulho! É uma tarefa desafiadora. A alma muito concorridas, religiosas, populares, como
e a razão se debatem para melhor traduzirem o shows, exposições, carnavais, campeonatos e
encanto indizível deste lugar, por exemplo, ao muitos outros.
se observar a Ibituruna bem azul na decoração Valadares tem vocação para o turismo.
do cenário: Uma escultura natural, a “Pedra Pretendendo divulgar o interesse em receber
Negra” é o pórtico da cidade! Majestosa, visitantes, a casa tem de estar limpa e arranjada.
estendida à entrada, imponente e altiva, sempre O povo também vai colaborar. O bem é de
de boas vindas, como quem acolhe de braços todos. Todas as propostas com finalidade de
abertos o visitante. E ele vai guardar impressa desenvolvimento merecem respeito e apoio da
nos olhos da memória a imagem da linda pedra. população. É assim uma cidade progressista e
Uma esfinge? Uma escultura? feliz. É a cidade que todos desejam.
De todos os ângulos, a pedra é vislumbrada Cidade mais limpa, com mais saúde e
de longe... Do alto, coroada de sol, emanando mais segurança!

6 SUINDARA
Maristela Impellizieri Ribeiro Aubin
Patrono: Carlos Drummond de Andrade
Graduada e Licenciada em Estudos Sociais,
com complementação em Supervisão Escolar.
Publicou em 2013 o livro: “As frutas” e em 2015 “Croac croac“.

Uma
cidade
tecida de sonhos
Em todos os anos, a Academia a alegria e a confiança no poder de superação, já
Valadarense de Letras privilegia o tema tantas vezes provado pelo coração dos que aqui
“Governador Valadares” desde o primeiro labutam e vivem.
número da Revista Literária Suindara, que Nós a admiramos, GV, pela coragem de
publica textos e poesias de seus acadêmicos. lutar! Desfrute das realizações que conseguiu
Coincidentemente, em janeiro – dia 30 – é até aqui, e mantenha-se forte na construção do
comemorado o aniversário desta querida cidade, seu caminho de prosperidade e de sucesso, com
que já completou 79 anos. Linda senhora sabedoria e dignidade!
quase octogenária, que, a despeito de tantos Perguntei a um grupo de pessoas qual
desafios, não resmunga nem se deixa dobrar era o seu sonho para a nossa cidade, a fim de
pelo desalento: a cada manhã colore de sol e de melhor qualificar o tema que me coube: “Os
vida os filhos de sua terra e a natureza que, tantas caminhos da Princesa do Vale, o que queremos
vezes ferida, cumpre a missão de regenerar-se, conquistar”, e colhi algumas sugestões:
acolhendo a semente da esperança, que promete, - Abertura do Teatro Atiaia, asfaltamento
sempre, uma nova oportunidade... para o Pico da Ibituruna, crematório e columbário
Parabéns, Governador Valadares! São humano para a cidade, modernização das calça-
setenta e nove anos de um caminho percorrido das, aeroporto de nível, com voos internacionais,
sob planos, projetos, objetivos permeados de outras pontes sobre o Rio Doce, mais jardins
futuro, valores e coragem, predicados que pela cidade, recolhimento de moradores de rua,
formaram o alicerce que hoje fortalece a lazer diferenciado, outro shopping...
experiência e o aprendizado, na vivência de A fé, intrínseca, continua produzindo
sua história. sonhos.
Com a emancipação, tornou-se referencial É mesmo muito bom sonhar! E sonhos
na região do Leste Mineiro, como cidade social, podem ser realizáveis, quando “não se sonha só”.
política, religiosa, cultural. Permite aos seus O sonho cidadão, racional, que beneficia a todos,
moradores fazerem, aqui mesmo, a leitura de suas esse tem intencionalidade e projeção, conforme
aptidões, suas perspectivas de vida; é também a possibilidade. Sonhos que a consciência
referencial de comunicação, pelo intercâmbio estabelece por prioridades, impostas pelas
nacional e internacional que promove, ao circunstâncias do que conhecemos. Por isso, é
estabelecer relações sociais, esportivas, preciso olhar e ver. E olhar é muito diferente de
educacionais e profissionais, independente de ver. Quem vê sente o outro; a sua necessidade; a
fronteiras. Tem o dom de prover simpatias e fadiga, o desencanto, o anseio do outro.
anuências; o sentimento de “pertença”, inerente Vamos sonhar tudo de bom que nossa
ao valadarense, contagia pelo amor, que é cidade merece! Com ousadia, consciência e
consonante, coeso, preceito e prescrição. Não há amor, cuidemos para que, onde estiver o nosso
mal que admita a sua gente perder a jovialidade, olhar, esteja também o nosso coração.

SUINDARA 7
Maria Cinira dos Santos Netto
Patrono: Euclides da Cunha
É Graduada em História e Pedagogia, Pós-Graduada em Gestão Escolar
Possui duas obras publicadas: Desbravadores e Pioneiros do Porto de Dom Manuel (1999
Memorial da Educação – de Figueira a Governador Valadares (2008)
Atualmente é Presidente da Academia Valadarense de Letras.

Os
guardiães
do
Watu
Ao longe era possível avistar
a Ibituruna, a Serra Negra, uma
pedra elaborada com o cinzel
divino. Depois daquele guardião
granítico, até onde a vista alcançava,
irrompia a planície coberta de
vegetação, confirmando ao homem
a presença de Deus na natureza e
emanando no ar perfumado uma
frescura que escorre pela alma e
encanta os sentimentos do viajor.
Observando demoradamente aque-
la vastidão, surge diante daqueles
olhos cansados, a densa mata,
coberta de variadas espécies de
madeira, a fauna portentosa: onças pintadas, vastidão? Quantos amores e paixões daqueles
veados mateiros, espécies de grande porte com primeiros habitantes estas águas vivenciaram?
seus pelos avermelhados; outras pequenas, Quantos sonhos foram levados no bramido de
velozes, correndo e saltando com ligeireza pela Watu? Águas turbulentas, margeadas por árvores
planície, os veados campeiros de difícil caça; a oferecer sombras, transformando aquele local
caititus, capivaras, pacas e cotias. de águas encantadas em um lugar mágico, que
Ao pé da Serra Majestosa, fazendo fundo despertava emoções nos primitivos habitantes
com a mata, viviam os Botocudos, também que viviam em volta das barrancas daquele rio.
conhecidos como Aimorés, senhores primitivos Naquelas barrancas fascinantes, cobertas
daquela vastidão plana, guardiães daquele por variadas espécies vegetais da Mata Atlântica,
turbilhão fremente, formado por grandiosas diante do bramido ensurdecedor das cachoeiras,
cachoeiras, imensa e bela bacia de água doce, nasceria uma cidade, urbe coberta de luz,
caminho silencioso dos sertões mineiros. Águas irradiando para toda aquela região, banhada pelas
piscosas escondem silêncios e paisagens que águas encantadas do Watu, o poder transformador
fluem serenas em direção ao oceano, alimentando da cultura e da força do conhecimento!
aquela população que, desde priscas eras, vive Assim, sob as bênçãos de Santo Antônio,
em suas margens. nas barrancas do Rio Doce – WATU - nasceu
Quantos mistérios guardaria aquela GOVERNADOR VALADARES!

8 SUINDARA
Ruth Soares
Patrono: Tomaz Antônio Gonzaga
Natural de Tarumirim – MG. Graduada em Letras e Direito
Autora dos livros: Memórias de uma cidade e Caminhos de Esperança.

Município de

~ Figueira ~
O projeto de criação do Município da Figueira foi entregue ao Deputado Cônego Domingos

O projeto de criação do Município


da Figueira foi entregue ao
Deputado Cônego Domingos.
Distância encurtada até à Capital, progresso
aumentando. Foi criado, o Partido Emancipador de
1.937, foi assinado pelo Sr. Governador
Benedito Valadares, Decreto que emancipava
administrativamente o distrito de Figueira.
Decreto publicado em 31 de dezembro de 1.937.
O Distrito passou a ser Município de
Figueira, tendo à frente: Gil Pacheco de Magalhães, Figueira do Rio Doce, Compunha-se de cinco
seguido por Joaquim Campos do Amaral, Otávio distritos: da sede, Chonin, Brejaubinha, Naque e
Soares Ferreira, José Vieira Fonseca, José de São Félix. Numa área de 2.034 Km2.
Serra Lima de Oliveira, Sinval Rodrigues Coelho, Dessa data em diante, Figueira não para
João Magalhães Neto, Antônio Batista Coelho, de crescer. Em 30 de janeiro de 1.938, festas
Francisco de Paulo Freitas, Segismundo Costa, e música. É a instalação do município, com a
Maria Rocha e Silva, Levy José Soares, Dr. Moacyr posse do primeiro prefeito, Dr. Moacyr Paletta de
Paletta de Cerqueira Lage, Seleme Hilel, Dr. José Cerqueira Lage, cujo escalão administrativo foi
Paulo Fernandes, Antônio Alcebíades Pinto. o seguinte: Dr. Antônio
Numa carta reservada, dirigida ao Sr. Lisboa Silveira, Secretário:
Mário Rocha, foi comunicado que o assunto da Joaquim Campos do
emancipação só seria tratado em 1.937, pelo Sr. Amaral, Coletor: Virgínia
Governador Benedito Valadares. Lisboa Rocha, Auxiliar
O Progresso do distrito de Figueira era de Coletoria: Antônio
tão grande que chamava a atenção dos distritos Alcebíades Pinto, Conta- Moacyr Paletta pronuncia seu discurso de posse
vizinhos. Em novembro de 1.936, chega ao dor: Dr. José Paulo Fernandes, diretor de obras:
Sr. Mário Rocha uma carta vinda de Travessão Paulo Deslandes, Fiscal Geral: Geraldo Antônio
de Guanhães e de Jequitibá, assinada pelo Sr. Pinto, Fiscal da Sede. Foi o início de uma
Edson Miranda, pedindo, em nome do Partido administração séria e planejada.
Progressista, a anexação dos dois distritos ao O Município, bafejado pela aura do
futuro Município de Figueira. progresso, passou por grandes transformações.
O Minas Gerais de 22. Jul. 1.934, pág. A figueira ia estendendo pelo Vale sua ramagem
11 – traz a demarcação do Distrito de Figueira: hospitaleira e fecunda, acolhendo forasteiros,
“Linha divisória entre os distritos de Figueira e abrigando aqueles que a procuravam.
o de Chonin: Começa no Rio Doce, na barra do Muitas almas boas viveram à sombra da
Ribeirão do Capim; sobe por este ribeiro até sua velha figueira, muitos assassinos também. Houve
cabeceira; daí continua pelo divisor da vertente da épocas difíceis nessa terra em que a morte
margem direita do Rio Suaçui Grande, constituído caminhava a par com o progresso.
pela Serra do Tapeirão, até defrontar a cabeceira do A paisagem se modifica, ampliando os
Ribeirão do Bugre, na Serra Domingos Campos. horizontes. O Rio Doce continuava impassível
Linha divisória entre Distritos de Figueira e sua caminhada para o mar, levando segredos que
o de Brejaubinha: Começa no Rio Doce, na barra jamais serão revelados... Nem a figueira escapou
do Suaçui Pequeno, desce pelo Rio Doce, até a à força do progresso. Vive em retratos e na
barra do Ribeirão do Chonin.” memória e no coração dos pioneiros habitantes
Finalmente, em 15 de novembro de dessas plagas.

SUINDARA 9
Antônia Izanira Lopes de Carvalho
Patrono: José de Alencar
Natural de Tauá-CE
Bacharel e Licenciada em Letras pela PUC-MG
Especialista em Literatura Brasileira pela PUC-MG e Crítica literária pela mesma universidade
Curso de Estilística pela Sorbonne (Paris). Cursos de Extensão em Redação pela UFJF-MG
Curso para estrangeiros pela UFBA-BA. Livro: Portrais - Mitos de Mulher
Fundadora da Da Academia de Letras

Nos
Passos
da Memória

O vento em lufadas
violentas tentava
penetrar na forte muralha,
mulheres carregavam os
menores nas costas. Iam em
direção às tabas, com caças
das margens. Ali perto, um
povoado também sofrera as
agruras do tempo com casas
formada por árvores conseguidas durante o dia. A destelhadas e a floresta que a
gigantescas, cujo verde se tinta que os enfeitava de preto e cercava derrubada como se mão
assemelhava a um painel vermelho escorriam dos corpos gigantesca a tivesse podado nas
colossal que tocava as nuvens. volumosos, que no alarido do extremidades das raízes. Esse é
Os ruídos multiplicavam-se pelo temor a Tupã amontoavam-se o lugar que conheceu variados
alarido dos pássaros de variadas nas ocas, aguardando o final nomes, sendo o mais poético,
cores, um mundo colorido de dos relâmpagos e trovões. A Figueira do Rio Doce. Nas
microsseres procurando seus paisagem era magnífica, não ruas do arraial, via-se gente de
refúgios, enquanto no âmago fora o medo total que castigava toda espécie; eram os índios
da floresta sons indistintos a tudo e a todos. Cercando-os, andando pelas vias empoeiradas
comunicavam ao cenário havia ao longe o amontoado de com padres capuchinhos
rugidos desconhecidos, e uma pedra escura que dilatava e mercadores que levavam
plantas reagiam aos empurrões sua espessura para além das às costas suas miudezas;
da borrasca cada vez mais fronteiras das tribos errantes pescadores ofereciam seus
indômita e furiosa. Aqui e ali, dos botocudos. O marulhar das peixes e senhoras tentavam
viam-se imponentes animais águas de imponente rio, o watu, abafar a poeira, fechando as
como as fantásticas onças corria, lavando as margens com janelas de suas casas.
manchadas que, na correria, a pujança das suas marolas. Passaram-se os anos. O
desvencilhavam-se dos cipós; Era ali o paraíso perdido, cenário mudou como também a
antas grandes e pequenos onde corriam lendas e lutas e paisagem antes descrita. Agora
coelhos também se protegiam o homem agigantava-se para havia uma praça, um comércio
em grutas escondidas pela vencer os entraves da natureza, ativo e o rouco gemido de uma
folhagem. Sucuris enormes hostil à penetração do interior. locomotiva. Em alguns lugares,
tentavam fugir nas águas que Rio acima, majestosa viam-se os troncos das ár-
formavam lagoas, cercadas de figueira cobria com sua ramada vores centenárias amontoadas.
taboas. Fauna e flora tentavam o sol do amanhecer nas águas. Nas ruas, multiplicava-se o
se proteger das forças da A tempestade, a ventania do dia gemido dos carros de boi.
natureza. anterior deixaram seus vestígios, Levas de porcos eram também
Não longe dali, meninos sendo um deles o temor de conduzidas pela voz de seus
cor de bronze eram levados homens que procuravam donos para o embarque e venda
por homens, enquanto suas canoas na vegetação no Espírito Santo. Na planície,

10 SUINDARA
um sonhador pla- preço. A seguir iniciou-se um se fraco e indolente pela ação do
nejava a cidade de ciclo com muitos migrantes homem e da Samarco. Estamos
seus sonhos: ruas e em busca de terras devolutas. longe da beleza natural e pujante
avenidas largas. Seu Eram estrangeiros, pessoas de suas matas e do rio Doce
nome: Serra Lima. do Nordeste e Espírito Santo grandioso, guia dos bandeirantes
Liricamente, e mineiros de outros locais. e plaga do corajoso botocudo,
assentada no meio Também houve oportunidade vítima maior da carnificina
de árvores mo- para o açúcar que esgotou perpetrada pelo invasor.
numentais, via-se seu ciclo. Na Segunda Guerra Resta-nos a esperança de dias
uma capelinha com a imagem Mundial, já como Governador melhores. Devido à resiliência
de Santo Antônio num rústico Valadares, a economia partiu do seu povo, Valadares pode se
altar. Segundo os moradores, para a mica, abundante àquela orgulhar porque é espelho para
ela fora encontrada como o época. Passada a guerra, o papel outros municípios: ela criou
foi Nossa Senhora Aparecida, se inverteu: os valadarenses um teatro, uma biblioteca, um
pelo pai de Quintiliano Costa, passam a ser imigrantes na terra centro cultural, a Academia de
que ao pescar, deparou-se do Tio Sam. Com os dólares, o
com o santinho e o entregou comércio e a construção civil
aos padres. O arraial cresce e aqueceram-se e a cidade tornou-
uma nova igreja católica com se conhecida como Valadólares.
o nome do santo é erguida; No final da década de
com a chegada de pioneiros sessenta, ela enfim descobriu
protestantes, edificou-se um sua inclinação: tornou-se o
templo evangélico. Também polo centralizador do ensino
o kardecismo ocupa o seu superior e em várias áreas do
lugar com a família Pifano. saber, que teve seu início com
Um coreto é construído e ali o o MIT, hoje, Universidade Vale
povo passeia, namora, fala de do Rio Doce - UNIVALE. Letras, um museu, o Memorial
política. Tempos depois, junta- Outras Faculdades e um anexo da Educação Municipal e soube
se à alegria do convívio as festas da Universidade Federal de Juiz amealhar livros... livros... livros
carnavalescas. de Fora completam o quadro que levam à cidadania plena
Embora haja crescimento da cidade educadora que como objetivo maior.
econômico, a cidade tornou- concentra, hoje, oito instituições No azulado dos seus
se conhecida pela violência e de ensino presenciais e 16 que céus, voam homens pássaros
como diziam os mais velhos, oferecem cursos à distância. como símbolos da libertação.
“aqui o tiro risca”. Com as A cidade encontra-se apta a No brilho do seu sol e no
florestas dizimadas, bem como novos desafios, como polo aquecimento do seu clima gera-
índios, a planície torna-se educacional. se uma nova civilização, não
entreposto de café, milho, carne Na política, ela ressurge embotada por radicalismos
salgada. Com a queda da bolsa como a Fênix. Após o desastre políticos nem pela corrupção
de Nova York, o café cai de que a corrompeu, o rio tornou- que manchou a casa do povo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Zenólia Maria de. Fazer a América: Inserção e mobilidade do imigrante brasileiro em uma economia de base étnica. Edições Unilestetora UNILESTE, 2003
Espíndola, Haruf Salmen. A história de uma formação socioeconômica urbana: Governador Valadares. Varia História, Belo Horizonte, n. 19, nov. 1998. P. 148-163.
NETTO, Maria Cinira dos Santos. Desbravadores e Pioneiros do Porto de Dom Manuel: A história de Governador Valadares. Governador Valadares, 1999.
SIMAN, Lana Mara de Castro. Memórias sobre a história de uma cidade: a história como labirinto.

SUINDARA 11
Maria Bernadete de Almeida Brito
Patrono: Gregório de Matos
Natural de Valença – Bahia
Graduação Superior em Letras
Pós Graduada em Lingua Portuguesa, Metodologia do Ensino e Literatura
Mestre em Educação pela Universidade de Havana.

A Magia
de Ensinar
“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma
continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo
pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...”

Ao ler estas palavras de Rubem Alves me por turma, ávidos por aprender como produzir
veio à mente o seguinte questionamento: Por um texto dissertativo argumentativo. Todos
que se fala tanto que o professor é um sofredor? atentos, bebiam as palavras, à medida que lhes ia
Desde que me tornei professora, sempre pensei passando a técnica do texto. Juntos, formamos
o contrário: a alegria de ser professora. Ensinar, a tese e acrescentamos os argumentos. Cons-
para mim é algo que dá prazer. Existe coisa mais truimos os parágrafos de acordo com cada
sublime do que a felicidade suprema de educar problema exposto na introdução, produzindo
uma pessoa, de ensinar o desconhecido e ver no assim o desenvolvimento. Para concluir o texto,
rosto do aprendiz o prazer de ter aprendido? De usaríamos a expressão inicial, retomando a tese
compartilhar com os com as propostas de solução ou intervenção,
alunos a felicidade que usando adequadamente os articuladores para
no professor mora. Seus estabelecer a coesão e a coerência textual.
olhos procuram mãos Mas para isso, eles precisariam ter ideias.
estendidas que possam Vivemos num país tão rico mas somos um povo
receber a sua riqueza. tão pobre! Somos pobres sem ideias. Não sabemos
E o mais encantador é pensar. Nisto nos parecemos com os dinossauros,
quando os que recebem que tinham excesso de massa muscular e cérebro
sentem prazer igual ao de galinha. É com as ideias que o mundo é feito.
que sentimos. E para tê-las é preciso ler, adquirir informação,
Foi assim que me conhecimento. Este vai para a memória. Esta é
senti, dando algumas a regra fundamental desse computador que vive
aulas de redação, no no corpo humano: só vai para a memória aquilo
presídio de Governador que é objeto de desejo. A tarefa primordial do
Valadares, que realizou, para inscritos no Enem professor: seduzir o aluno para que ele deseje e,
Prisional 2016, uma palestra de capacitação desejando, aprenda. E o saber fica memorizado
sobre técnicas de redação, fundamentadas de cor – etimologicamente, no coração -, à espera
nos princípios de elaboração e correção do de que a tecla do desejo de novo o chame do
exame. A ação foi realizada em parceria com seu lugar de esquecimento. Dessa forma, ser
a Academia Valadarense de Letras (AVL). professor passará a ser uma questão de honra, de
Havia, na sala, de quinze a dezessete detentos alegria, e jamais motivo de sofrimento.

12 SUINDARA
Elcy de Lourdes Souza Pereira
Patrono: Henriqueta Lisboa

Valadares
na era
digital
A partir de oito de fevereiro de 1956, controlando os passos de qualquer um de nós.
estava constituída a Companhia Telefônica Ficamos surpresos ao observar como esses
de Governador Valadares. Era um passo aparelhos mudaram a nossa vida. A internet
pioneiro, importante para acelerar o progresso transformou a comunicação. Quantos arquivos,
da região. Líderes visionários, cabeças repletas bibliotecas, atividades inumeráveis, mantidos
de sonhos, lançaram a semente que eclodiu, em espaços virtuais. Ninguém se imagina sem o
prosperou e deu bons frutos como herança de computador ou celular. É Valadares vivendo o
nossos antepassados. futuro dominado pela tecnologia da informática.
Em pouco tempo, as emissoras de TV A imaginação humana é sem limite!
passaram a anunciar que seus programas Não, não vou falar de todos os avanços na
estavam sendo transmitidos via satélite. Foi área da telecomunicação... Mas nos lembra das
grande o impacto com a modernização da máquinas fotográficas, do rádio e das bússolas
tecnologia da informática. Pode-se imaginar a que eram usadas nos campeonatos de voo
admiração dos telespectadores ao assistirem à livre e hoje são substituídos por celulares de
chegada do homem à Lua, no dia 20 de julho de alta tecnologia, para registrar com precisão, e
1969, vista por milhões de brasileiros. Também mais praticidade o desempenho dos pilotos nas
foi empolgante participar e vibrar, daqui, ao competições da Copa do Mundo de Parapentes,
vivo, junto com as torcidas, via satélite, a Copa aqui, em Valadares.
do Mundo em 1970. Hoje, a partir de 2011, Valadares tão bonita! Tem vocação
está em atividade uma frota em torno de 52 ou para oferecer melhores opções de turismo e
mais satélites! qualidade de vida.
Governador Valadares está conectada Por falar em modernização, queremos
ao mundo por milhões de aparelhos, nas mais hospitais bem aparelhados com tecnologia de
variadas atividades. Redes interligadas em todos ponta! Aeroportos amplos, funcionando com
os setores, das mais comuns às mais sofisticadas segurança. Rodoviária, com belos projetos
operações, estabelecem a solução virtual arquitetônicos e paisagísticos! O trânsito...A
de todas as necessidades na face da terra.... limpeza...Agua potável...
Trabalhando ou divertindo. Estudando ou Há muito que fazer...Estamos preparando
informando. As pessoas estão mais próximas. outras conquistas. Ao comemorar 79 Anos
Facebook, WhatsApp, Instagram fazem parte de emancipação política, um olhar de amor,
do nosso cotidiano. de desejos de grande progresso, minha cidade
Cada vez mais, estes aparelhos incríveis, querida! A tecnologia da informação acelerou
às vezes, imperceptíveis, aproximam-nos de novas descobertas e o valadarense não ficou à
qualquer lugar do planeta, em tempo real! Nos margem desses recursos.
dias de hoje, a internet fornece uma grande Parabéns, Valadares, estamos juntos com
variedade de funções, e outras tantas novas e mais Você para grandes iniciativas, visando sempre o
rápidas descobertas estão sendo adicionadas progresso desta cidade.

SUINDARA 13
George Wagner Alvarenga Simões
Patrono: Siva Monteiro de Castro

A Princesa do Vale
sob a batuta
de suas mulheres
A cidade de Governador Valadares ficou O casal foi pioneiro da aviação na cidade,
conhecida como a Princesa do Vale, não só sendo de tal importância esse fato que o nosso
pela sua esplendorosa localização, como também aeroporto o homenageia com o nome de Coronel
por estar às margens do Rio Doce e ao sopé da Altino Machado.
grande pedra negra, cujo nome, Ibituruna, foi Aurita e Altino deixaram um legado,
dado pelos silvícolas. Valadares foi, projetada também, na área universitária, fundando
para além das suas divisas, por mulheres de a Fadivale. Ela ditou os movimentos na
presença forte e corajosa, à frente do seu tempo, mobilização de 1964, na célebre Marcha com
e de notável capacidade de percepção. Deus pela Família e a Liberdade, que desencadeou
Poderia eu, em muitas linhas, citar várias a revolução de 1964 em Minas Gerais. Dona
delas, porém, três foram de suma importância Aurita Machado mostrou para a comunidade
para a comunidade da Princesa do Vale. que, apesar de sua figura franzina, era dotada de
Inicio com a paulistana descendente da coragem avassaladora.
tradicional família Camargo, Dentre seus feitos mais significativos
Áurea Franco Machado, mais podemos citar: fundou a APAE, sendo sua
conhecida como dona Aurita presidente por vários anos; fundou a sociedade
Machado. Dona Aurita, se- Amigas da Univale (Sodami), e dirigiu a Escola
guindo seus pais, Raul Franco Doutor Paulo Guimarães, para excepcionais.
e Olímpia Camargo Franco, foi Além disso, participou da construção da primeira
inicialmente morar em Uberaba, estrada para o pico da Ibituruna. Aurita, fonte
vindo depois de algum tempo re- fecunda de luz, mora no coração
sidir em Governador Valadares. de cada um de nós valadarenses.
Aurita foi uma divisora de Seguindo essa linha de
águas do movimento cultural e social da cidade. fios do mais forte algodão,
De espírito luminoso, dona Aurita dominava am- estamos agora diante de uma
bientes com a sua forte personalidade de mulher das mais respeitadas damas
coragem. da sociedade valadarense.
Companheira do Coronel Altino Sua pessoa está ligada à bela
Machado, desbravador da Figueira do Rio imagem de Nossa Senhora das
Doce, onde corriam a mica, pedras preciosas Graças, despontando no ponto
e muita madeira de lei, o casal Altino e Aurita mais alto do Pico da Ibituruna.
participava ativamente desse progresso, do alto, Estamos falando de Cirene Albergaria,
em voos, pilotando seu avião, um Cessna 210. esposa de um dos prefeitos mais carismáticos

14 SUINDARA
de Governador Valadares, o Dr. Raimundo Valadares, cidade que a acolheu com grande
Albergaria. admiração, ela, ainda muito jovem, veio a se casar
A ideia de se erguer um monumento com o promissor médico Delfino Simões de
dedicado à Nossa Senhora veio de um padre Souza Neto que em 1953, com muita luta, junto
paranaense, Rui Pereira, à sua prima, Maria do com outros companheiros, fundaram a Casa de
Carmo Resende. Saúde Nossa Senhora das Graças.
Em visita à cidade, quando ela lhe disse que Terezinha, seguindo os fluxos das mulheres
Dona Cinere Albergaria, sua cunhada, gostaria de além do seu tempo, sentindo que em suas veias
colocar um Cristo no alto do pico, ele sugeriu que corria sangue de um literato, partiu para a cidade
se colocasse uma imagem de Nossa Senhora, pois de Belo Horizonte, com o intuito de cursar a
algo já havia sido feito em lrati-PR, e lhe doaria Faculdade de Letras.
uma cabeça, já pronta, e as formas. Concebida em sabedoria, forte
Entusiasmada com essa idéia, Dona Cirene personalidade e mente imaginativa, se enveredou
Albergaria convocou uma reunião na sede da pelo mundo dos livros. Dia e noite dedilhava
Associação das Damas de Caridade e, após febrilmente as teclas da sua Remington 10, de
aprovada a pauta, formou uma comissão de onde foram saindo seus romances, versos, prosas,
senhoras, com a missão de executar o projeto. contos, e os mais variados artigos sobre literatura.
Essa comissão foi formada pelas damas Dona Enalteceu figuras ilustres da cidade de
Maria do Amparo, Vera Resende Rodrigues, Aurita Governador Valadares, sendo “Café no Bule” o
Machado, Anita Byrro e, como coordenadora, seu livro mais conhecido, onde conta as peripécias
Dona Cirene Albergaria. e artimanhas do inigualável Coronel Pedro nas
Partiram, então, em direção à prefeitura, suas rondas policiais, para conter o crime que
para apresentar o projeto ao prefeito, Sr. dominava o município.
Raimundo Albergaria, que, após avaliá-lo, Acolheu a literatura infantil com tamanha
de imediato encomendou a sua execução. A ânsia e amor que fundou a Editora Miguilim,
imagem da santa foi confeccionada na cidade de nacionalmente conhecida pela sua credibilidade e
Campinas-SP, pela Marmoraria Otaviano Papaiz, a edição de livros infantis de primeira linha.
pesando 42 toneladas e tendo 24 metros em Escritores brilhantes, como Bartolomeu
concreto. Campos Queiros e Ângela Lago, deixaram suas
Foi transportada até o alto, dividida em linhas em livros editados pela Miguilim.
quatro blocos puxados com o auxílio de uma Terezinha atingiu a ápice da sua carreira
tropa de burros, um Jeep e uma Rural. em 1990, quando lançou o livro intitulado “A
A imagem de Nossa Senhora está erguida Mãe da Mãe da Minha Mãe”, considerada pela
num pedestal de 10 m de altura, com uma capela crítica como um dos 10 melhores livros infantis
ao lado. Não há como esquecer Cirene Albergaria. do mundo, sendo premiada nacionalmente e
E, continuando a falar das nossas damas de internacionalmente. Foi indicada a receber na
fibra, raça e personalidade, França um prêmio pela sua obra.
não poderíamos jamais Terezinha Alvarenga foi sem sombra de
esquecer daquela que usaria dúvida uma das escritoras infantis mais marcantes
a escrita para elevar o nome da nossa comunidade valadarense.
da nossa cidade. Essas mulheres heroínas, sempre entregues
Nascida em Bonito, à sua missão, damas da coragem e independência,
município de Peçanha, filha intelectualizadas além do seu tempo, são estrelas
de Doralice Leal e Raimundo flamejantes, que em iluminação constante ditam
Alvarenga, Terezinha Leal os rumos da história.
de Alvarenga deixou o seu São mulheres de feitos hercúleos, e
legado escrito em tinta dourada. Em Governador exemplos eternos!

SUINDARA 15
Maria Paulina Freitas Sabag
Patrono: Cecília Meireles

Um flash do
desenvolvimento
A fotografia, base do cinema, é um registrada em uma câmara Rolleiflex, com
estilo, um movimento. Traduz o sentimento, filmes Kodak e Fuji.
a história que fala. Tenho dele a coleção de Cartier
É a imagem que precede a palavra Bresson, e de tantos outros que ele nos
e a pintura do instante; o detalhe do deixou. Ele tinha coleções de livros de
olhar, a essência da vida, aquilo que fica astronomia. Era sempre um sorriso, uma
muitas vezes na memória, esperando o alegria, um poeta da imagem.
presente despertar e trazer o passado para A ele minha homenagem, a ele minha
o movimento da alma! saudade tão presente que
Aquilo que acordado faz me enche de gratidão por
renascer sob outro olhar, sempre tê-lo tão presente
porque ver é compreender em mim. E sigo feliz a base
e vislumbrar a consciência de minha vida que está
além da beleza, o que de comigo a me abençoar.
real ficou. Ele deixou muitas
Meu pai fotografou coisas boas em tudo
o desenvolvimento desta que fez, na família, no
nossa cidade, fotografou trabalho, com os amigos,
casamentos, batizados, acontecimentos. em todas as religiões pelas quais passou.
Nossa cidade e as famílias estão gravadas Por isto quem faz acontecer a vida segue
por seu olhar, em uma foto em preto em paz, pois o que fez fica. No ar avisto seu
e branco, impecável, com sua poesia e olhar e sua voz, dizendo: “minha filha olha
seu encantamento. Toda cidade tem seu só que luz linda para fotografar o dia hoje.
retratista, seu olhar oculto, sua memória A vida é bela!”

16 SUINDARA
Maria das Mercês Meira de Alvarenga
Patrono: Cláudio Manoel da Costa
Natural de Couto de Magalhães de Minas.
Graduou-se em Pedagogia, especializando-se em Orientação Educacional e Inspeção
Escolar, pela UNIVALE, onde fez a Pós-Graduação em Supervisão Pedagógica. Entre outros,
é autora do Conto “Uma Gotinha Travessa”, publicado no livro “Quando o Rabinho é o
Problema”, de contos infanto-juvenis, selecionados pelo SESC, através de Concurso.

A chegada do progresso
EFVM - VALE
O grande marco de ocupação demográfica da região do Vale do Rio Doce

No desenvolvimento histórico do muni- João Teixeira Soares idealizaram um novo traçado


cípio de Governador Valadares, a Estrada com base nos anteriores, dando origem à Estrada
de Ferro Vitória a Minas talvez seja o mais de Ferro Vitória a Minas, com seu objetivo inicial:
importante elo entre o passado e o presente. ligar o norte mineiro ao mar. A meta
Pode-se dizer que a história da cidade se da ferrovia era seguir de Vitória a
divide em duas: antes da ferrovia, e depois da Diamantina.
chegada da mesma. Ela trouxe o progresso para O tempo passou... Itabira
a região, que chegou, não sem lutas e sacrifícios entrou nessa história! Importantes
de muitos. jazidas de ferro foram encontradas
Ligar o interior de Minas Gerais e o Porto naquela região e mudaram o
de Vitória era um sonho bem antigo... desde 1875! percurso final da ferrovia para
E parecia que o melhor caminho seria aquela cidade, onde seria explorada
a construção de uma estrada de ferro. O a grande mina ferrífera.
Governo Federal através de um decreto-lei criou, O primeiro carregamento no
inicialmente, duas concessões para a construção Porto de Vitória só ocorreu no dia 12
da estrada de ferro: uma de Vitória/ES a Peçanha/ de maio de 1940, quando o primeiro
MG, e outra de Peçanha a Araxá, que, pela falta trem de minério chegou festiva-
de recursos e de viabilidade comercial, não se mente à estação de Pedro Nolasco,
concretizaram. Só em fevereiro de 1902 foi criada, sendo posteriormente embarcado
pela fusão das duas concessões ferroviárias, a para os Estados Unidos. Nessa década ocorreram
Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas. as primeiras melhorias na ferrovia, quando foi
Os engenheiros Pedro Augusto Nolasco e criada a Companhia Vale do Rio Doce.

Dr. Cícero Moraes


CRM 27.865
Membro da SBOT, SBO, AAOS, AO-Trauma
Mestre em Ortopedia pela UFRJ

Rua Barão do Rio Branco, 559 - 1º Andar


Centro - CEP: 35010-030 - Gov. Valadares - MG Tels.: (33) 3271.8989
moraescicero@uol.com.br
contato@ortoclinic.com.br (33) 3271.8417
(33) 3271.3451

SUINDARA 17
Enviado a AVL pelo acadêmico Everton Villaron.
Créditos de publicação do artigo: Jornal "O Observador” – 02 - Ano XXV - Nº 1.091 - Pedro Leopoldo, 20 de janeiro de 2017

Dr. Henrique Alves


Juiz de Direito aposentado

Presídios e o Inferno
“Deixai toda a esperança, o vós, que entrais”

As rebeliões em diversos presídios, com a mais limpas do que alguns deles; os porcos vivem
morte de dezenas de pessoas, ocuparam a maior com mais dignidade do que os seres humanos
parte dos noticiários nacionais e internacionais, e encarcerados nesses lugares.
com revelações que deixam todas as pessoas de A mesma advertência feita por Dante, na
bem em estado de perplexidade. Além da forma porta do Inferno, poderia também ser posta na
cruel com que agem os líderes desses presídios, entrada da maioria de alguns presídios:
com a decapitação de desafetos, destaca-se o fato “Deixai toda a esperança, ó vós, que
de alguns terem celas especiais, onde instalam os entrais”².
seus gabinetes e donde partem as suas ordens. Se falta esperança ao ser humano, a sua
vida já não fará mais sentido; a morte, por
mais indesejada que seja, será um alívio. Matar
ou morrer, em situação assim, será apenas um
detalhe. Logo, desumanizados nesses ambientes,
os condenados passam a gracejar com as leis,
zombar da Justiça e das autoridades. Leia-se,
a propósito, reportagem da Veja, edição de
11/01/2017, com destaque para o bandido
conhecido como “Garrote” que exercia a
função de xerife no presídio de Manaus e cuja
função era julgar sumariamente os desafetos
da facção criminosa FDN (Família do Norte),
exterminando-os por decapitação (pp. 55/57).
Já afirmei nesta coluna que bandidos, da
INFERNO em a Divina Comédia baixa à alta periculosidade, não nasceram com
Além de celulares, armas de todas as esse caráter deformado; adquiriram-no com o
espécies circulam livremente pelos presídios e passar do tempo, pela ausência da família e de
estão à disposição de bandidos que não fazem educação. Sem exemplo de vida dignificante,
questão de escondê-las; ao contrário, exibem-nas tomam como modelos os grandes marginais, que
para infundir terror. são os seus ídolos (para nós, anti-heróis).
Vi imagens de presídios pela TV, e concluí Se a situação chegou a esse ponto
que a situação de alguns é mais aterradora do que calamitoso é porque os nossos governantes
o Inferno descrito por Dante Alighiere, em “A jamais se preocuparam com a educação. Não
Divina Comédia”, onde habitam animais bravios falo da educação de informação. Se for para
numa floresta escura¹; já os presídios brasileiros isso apenas, não há necessidade de escolas e
estão povoados por homens que se tornam feras; de professores porque o Google possui tudo.
são as sucursais do inferno. Muitas pocilgas são Refiro-me à educação qualificada, no sentido

18 SUINDARA
A situação de alguns presídios é mais aterradora do que o Inferno descrito por Dante em A Divina Comédia - DVG

mais preciso do termo, que é a preparação dos dinheiro para construir presídios”. (Estado
verdadeiros cidadãos para a vida, conscientização de Minas, 15/01/2017, Caderno 1, p. 4).
das crianças para os elevados valores morais e É triste sermos governados por gente
éticos; para a valorização da família, respeito ao tão incompetente!
próximo, às tradições; o resgate do sentimento Se os nossos governantes, quase todos
de religiosidade e do civismo. acometidos de miopia administrativa, não
Todos sabem que Henrique Meirelles é o quiserem fazer investimentos na educação, a fim
ministro da Fazenda, mas poucos sabem quem de salvar as futuras gerações da criminalidade,
é o ministro da Educação e a sua qualificação então que adotem pelo menos o sistema APAC
profissional. Isso prova que pouca ou nenhuma - Associação de Proteção e Assistência aos
importância se dá à educação. Condenados - cuja metodologia visa à efetiva
Esse entendimento, que sempre adotei, recuperação dos condenados, resgatando-lhes ou
coincide com o do Ministro Luiz R. Barroso, despertando-lhes os princípios de dignidade e au-
do Supremo Tribunal Federal. Questionado se toestima. É um método infalível, tanto assim que
o Brasil está indo para frente ou para trás, ele as fugas são raras e o índice de reincidência é de
respondeu: “Para frente, mas devagar demais. apenas 15%, enquanto que no sistema tradicional
Quando houve a mudança de governo, de Dilma ultrapassa a casa de 70%. Sob o ponto de vista
para Michel Temer, o grande debate era: quem econômico, esse sistema é também animador:
é o melhor nome para ser ministro da Fazenda. enquanto nas prisões tradicionais o custo mensal
Pois eu defendo que a educação deva ter o com cada preso é de R$2.400,00, em média, na
mesmo status, a mesma prioridade (...).” (Folha APAC não passa de R$1.000,00.
de S. Paulo, A10, 14/11/2016). Nela a disciplina é mantida pelos próprios
Quando ainda era menino, aprendi que condenados, com limpeza das celas, assim como
abrir escolas é fechar cadeias. Não obstante essa das oficinas de trabalhos, bibliotecas e todos os
verdade manifesta, alguns idiotas e incompetentes ambientes. A disciplina é tanta e tão animadora a
informam que o governo irá disponibilizar mais recuperação, que as chaves das celas ficam com
verbas para a construção de novos presídios. os próprios internos.
Já esclareci, nesta coluna, que o custo de cada Veja-se no Google, ou no Youtube, de
preso, em média, é de R$2.400,00 mensais, que preferência, o outro lado da recuperação, sobre a
é o valor anual da educação de cada aluno das APAC de Itaúna, pioneira no Estado de Minas e
escolas públicas. no Brasil, visitada diariamente por comissões, até
Eu já estava fazendo a revisão deste do exterior. É confortador e faz bem aos nossos
texto, quando li uma frase do saudoso Darcy espíritos saber que ainda há esperança.
Ribeiro, proferida numa conferência em 1982. Os meios de comunicação não divulgam o
Ele profetizou: “Se os governantes não sistema APAC porque falar do mal e explorar o
construírem escolas, em 20 anos faltará sensacionalismo dão audiência na certa.
1 . A Divina Comédia /Dante Alighieri, traduzida, anotada e comentada por Cristiano Martins - 8ª ed. - Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2006.
2 . Idem, Canto III, verso 9.

SUINDARA 19
Foto: Layane Crispim
Mulher Minha Sauna
Mário Ferreira Juber Neves da Silva
Patrono: Mário de Andrade Patrono: Rachel de Queiroz

Sublime origem de vida, Minha adorável sauna,


Mulher, bandeira da humanidade; Em tua terra,
Trovas & Poesias
Mulher ministro, mulher mãe e querida, Senti-me gente,
Mulher símbolo do amor e bondade. Mesmo não vindo desta gente.
Mulher pura, rebelde, mulher perdida,
Mãe que pelo filho dá sua vida. Minha adorável sauna,
Seus predicados oceânicos... Eu te amei,
Sensibiliza com um gesto de amor, Desde quando aqui pisei,
Mulher sofrida que mesmo em pânico, E não mais te deixei.
Ameniza os filhos, morrendo de dor!
Mulher pura, mulher querida, mulher da vida, Minha adorável sauna,
Não importa, são todas uns amores. Ainda infante,
Mesmo tendo ódio ela lhe dá guarida, Já era teu amante;
Por pior que seja, ela merece flores. E contigo aprendi a ser confiante.
Já pensou num mundo sem mulher?!... Que morte!...
Sonhe uma noite, e vem para mim contar... Minha adorável sauna,
Nem é sonho, isto é pesadelo, e forte! Bendito seja o visionário que aqui se aportou.
Deste sonho prefiro nunca sonhar. E te inventou.
Prefiro sonhar o contrário, Depois te reinventou.
Com um mundo só de mulher.
Este sonho seria um rosário... Minha adorável sauna,
Como flores de bem-me-que. Tu és a mais hospitaleira,
Eu que sou muito exigente, Desta planície inteira.
E penso de certa maneira, Dás guarida a quem chega
Só dois tipos de mulher adoro... E se achega.
Tem que ser educada e fiel.
Seja brasileira ou estrangeira. Minha adorável sauna,
A ti sou eternamente grato.
E é com incansável admiração,
Que me sinto ser teu filho de coração.

Homenagem à Governador Valadares


Maristela Impellizieri Ribeiro Aubin
Patrono: Carlos Drummond de Andrade

Imagine uma cidade com total soberania,


que vai mais longe que o sonho de Vida e Cidadania...
Uma cidade feliz, que o povo ama e conhece,
cuja história tem raiz que prende, abraça, floresce...

É de GV esta história, num sonho de liberdade,


numa canção de alegria, de amor e fidelidade...
E para que não se perca, num futuro sem saudade,
que saibamos resguardá-la para a posteridade!

Preservemos o respeito que de nós ela merece,


pelo ideal de servir, que a seus filhos enternece,
pelas ações de honradez, de fidalguia e vitória!

Pra você, terra querida, nosso abraço e nossa prece,


na certeza que o que vem, o que vai, e aqui floresce,
e dentro do coração, pra sempre, a sua memória!

20 SUINDARA
A Pedra Terra do sol
Darlan Correa Dias Marcos Santiago
Patrono: Fernando Sabino Patrono: Aloísio de Azevedo

Ibituruna, Minha terra do sol não tem mar.


pedra quente. Ah! Mas tem terra, tem bar,
Bons ventos levam Tem calor e cerveja
teus homens pássaros. Tem suor e igreja.
Ibituruna, Terra com rastro dos Botocudos
pedra bonita
O nascer do sol Bravos guerreiros! Tribo que não logrou perdurar.
contorna tua bela forma. Tem Rio Doce (doce beijo) de lábios carnudos!
E a Ibituruna (salve, Turuna!) a nos guardar.
Ibituruna,
pedra velha. Nessa terra tem migrante (se tem!)
Os anos passaram Gente que vem e que vai, a laborar.
e vistes crescer nossa cidade. Tem saudade (se tem!)
De quem foi e de quem insistiu em ficar.
Ibituruna,
pedra mística. Essa terra pariu madeira, cana e mica;
Bons anjos habitam Bem natural que um dia aprouve exportar.
tuas ribanceiras e matas. Brada o trem na paisagem arisca;
Ibituruna, Vitória a Minas! Vale a pena embarcar.
pedra bendita.
Teu nome corre o mundo Minha terra, de terras que se entrelaçam;
trazendo gringos para nossas ruas. Entroncam-se na Rio -Bahia;
Desde Peçanha culturas se abraçam
Ibituruna, Enquanto a Açucareira (emoldurada) adormecia...
pedra querida.
Quando eu morrer Terra de térmicas exatas para o homem... Voar!
quero te ter nas minhas retinas. Governador Valadares; Ah! Não tem mar...
É terra que transpira comércio, se polariza em serviço,
Que foi que é e que será bem mais que tudo isso!

Valadares, meu amor


Marcelo Rocha
Poeta e Assessor Parlamentar – GV/MG Quando eu olho para a Ibituruna
Cícero Moraes
Você deixou a porta aberta e eu entrei para ficar Patrono: Augusto dos Anjos
no calor de seus passos aqueci os caminhos meus
na correnteza de seus beijos te entreguei meu coração Eu não olho com o olhar do geólogo,
Valadares, meu amor Que afere a cor e a textura do granito.
você já tem de mim o pedaço que queria Bilhões de anos... Díspar do teólogo,
no calçadão de sua madrugada emagreci a solidão Perscruta a idade deste monte emergido.
na emergência de seu charme apertei o botão de alarme
Não vejo com os olhos do gringo voador,
sua caligrafia distorcida escreve sorrisos em mim Que, encantado pela vista enlevada,
tempestades em copo d’água querem inviabilizar nossa relação Busca as térmicas famosas pelo calor,
mas me ensina Que o levará às alturas em sua asa.
a decifrar sua alma de tardes sem vento
a perdoar seu gesto de tentar cegar com lama meu doce olhar Ou o emigrante; as fotos procurava...
a não entregar pro destino o seu único defeito Somente olho, a vista embevecida...
Valadares, meu amor Eu vejo como um berço, desde que nasci.
agora que inauguramos eternidades na sombra dos oitis
eu te pergunto: Que saudades quando eu me afastava,
“Uma pedra no caminho” pela vida,
quando é que a gente vai ser feliz? Que ficará quando eu finalmente partir.

SUINDARA 21
A
Colegiado da AVL

evolução do
Porto de Dom Manuel
Quadro pintado pelo artista plástico Luiz Carlos de Oliveira Gonzaga usando uma
técnica francesa sem regras acadêmicas, denominada arte naïf.

O artista absorve diante da tela branca o


encantamento da vida e, manuseando
seus pincéis, desenha no painel a evolução histórica
chofer de caminhão, marceneiros, carpinteiros e
madeireiros.
No antigo Bairro da Pastoril, o atual
pela qual passou o Porto de Dom Manuel, São Pedro, foi implantada uma fábrica de
originando a cidade de Governador Valadares, compensados, que exportava o material produzido
hoje mundialmente conhecida. A pintura mostra para a Europa. Foi um tempo de pujança: a cidade
a mata e, nela, as aldeias dos índios Botocudos, crescia e chegou a ser classificada como a terceira
ao longo das fímbrias do Rio Doce; ali, a caça e a maior cidade de Minas Gerais.
pesca eram abundantes. Logo após o ciclo da madeira, chegou
O obreiro das cores e da beleza recria com a vez da cana de açúcar. A Belgo-Mineira, de
seu pincel o mundo; sonha e semeia sonhos. Re- propriedade do Grã-Ducado de Luxemburgo,
gistra na trama, para a posteridade e deleite de novas montou uma indústria de açúcar para exportação.
gerações, as transformações daquela pequena vila Após a decadência desse ciclo, houve um tempo
de pescadores que evoluiu e se tornou a pujante em que toda a economia do município girava
Princesa do Vale. No em torno das fazendas
tecido, ele registra a nossa e dos negócios da
caminhada histórica, venda de gado. Logo
e as várias fases de após veio o período da
desenvolvimento pelas migração valadarense
quais passamos: a Mata para os Estados Unidos,
Atlântica fechada, com mostrada pelo artista em
abundância de animais forma de parapentes,
selvagens, o trabalho dos carregando dólares.
canoeiros no Rio Doce, Esse período, que levou
e o comércio concebido a cidade a ser conhecida
para as cidades do como Valadólares, foi
Espírito Santo. um tempo de fartura
Entre o rio e a que movimentou a
mata, nasceu o povoado economia local durante
que se tornou pungente décadas, mas, entretanto,
com a chegada dos trilhos da EFVM, hoje da acabou se exaurindo também. Fazendo fundo
Vale. A população ribeirinha, com muito prazer e assistindo o desenvolvimento da cidade, o
e alegria, celebra a chegada da Estrada de Ferro artista destaca o Pico da Ibituruna, testemunha
Vitória-Minas e, com ela, o progresso. silenciosa de toda a nossa história, desde tempos
Logo em seguida começa a luta pela imemoriais.
emancipação, e logo depois os ciclos extrativistas: O autor desse belíssimo quadro, Luiz Carlos
o ciclo da mica gerou empregos e trouxe muito de Oliveira Gonzaga usou uma técnica francesa
progresso. Esse ciclo fez surgir no meio operário, sem regras acadêmicas, denominada arte naïf.
um novo trabalho e uma nova função: as miqueiras, e Penso que essa tela deveria fazer parte do
ocasionou a chegada de forasteiros, principalmente acervo da Prefeitura, pois, vendo-a, o visitante
norte- americanos. O ciclo da madeira fez eclodir rapidamente passa a conhecer a história da nossa
serrarias, surgindo novos e variados empregos: cidade.

22 SUINDARA
Darlan Corrêa Dias
Patrono: Fernando Sabino
Graduado em Pediatria
Pós-Graduado em saúde Mental da Criança e do adolescente
É autor dos Livros: PAOPE, uma experiência acadêmica;
Tropeçando na Via Láctea; Soy loco por ti GV;
Doutor Narigão e seu avião azul;
Dourado Filhote de gata e Pedro não queria ir ao Gabão.

Açaim – Raízes Perdidas,


uma experiência fantástica
Em setembro de 2016, tive o grande prazer de Participar do lançamento da cartilha “AÇAIM, RAÍZES
PERDIDAS”. A cartilha é uma parceria minha com o CRR (Centro de Referência em Drogas da UFMG).
Esta foi uma experiência fantástica que ainda vai render bons frutos.
O CRR, através de seu coordenador, Professor Frederico Garcia, transformou um conto infanto-
juvenil de minha autoria chamado “A lenda dos frutos azuis” numa belíssima história em quadrinhos. Esta
HQ tornou-se a primeira parte de uma cartilha de prevenção ao uso de drogas por crianças e adolescentes,
que foi lançada em setembro último, num simpósio da UFMG de pesquisas em Dependência Química. A
segunda parte da cartilha é um questionário, com linguagem adequada aos adolescentes, esclarecendo as
principais dúvidas sobre as consequências do uso precoce de drogas (dividem a autoria da segunda parte o
Professores Frederico Garcia, Lívia Pires Guimarães e eu).
A ideia do CRR é de que esta cartilha seja usada em escolas municipais, pelos professores, para pôr
em pauta a delicada questão do consumo de drogas.
A UFMG deverá negociar a implantação da cartilha com várias Secretarias Municipais de Educação
dos municípios do nosso Estado.
Em breve, o próprio CRR deverá avaliar a eficácia da cartilha em sensibilizar os estudantes sobre o
risco do consumo de drogas.
Para este autor, foi duplamente prazeroso participar deste projeto. Primeiro o prazer de ver meu conto
se transformar em uma HQ, linguagem tão familiar aos adolescentes, seu público alvo. Depois ,pelo alcance
que a cartilha pode ter em nosso estado.
Só fico torcendo para nossa Prefeitura se interessar pela cartilha.

Festejar...
Parabéns, confrades que aniversariam durante o primeiro trimestre de 2017.
Os caros acadêmicos potencializam a sensibilidade desta Casa de Literatura.
Desejamos-lhes felicidades, saúde... e toda a alegria da inspiração!
“A vida é um milhão de novos começos movidos pelo desafio sempre novo de viver e fazer todo sonho brilhar.”
Feliz Aniversário!

JANEIRO
08 – Carlos Roberto Nascimento

FEVEREIRO
03 – Darlan Correa Dias
12 – Maria Stela de Oliveira Gomes

MARÇO
01 – Antônia Izanira Lopes de Carvalho
09 – Bruno Costa Magalhães
10 – Mário Ferreira
23 – Turíbio Coelho Leal
27 – Aluizio Henrique da Costa Franklin

Grande abraço de seus confrades da Academia Valadarense de Letras!

SUINDARA 23
O brilho da
Academia Valadarense
nos 79 anos

O
dia amanheceu com todos se confraternizavam ente
o sol despontando si. Os organizadores do evento, o
no horizonte. Timi- Secretário Municipal de Cultura e
damente alguns pássaros cantavam um repórter de televisão marcaram
anunciando a aurora e faziam o suas presenças e nos agradeceram.
seu voo em busca de alimento Foi emocionante ver tantas pessoas
formando um verdadeiro arco-íris ilustres nos visitar, massageando o
no céu. nosso ego.
Outros sons também surgiam. Com livros expostos em algu-
Carros e pessoas circulavam para mas mesas, os visitantes começaram
lá e para cá. A boa temperatura e a olhá-los e isso chamou a atenção
o sol brilhante provocavam um das pessoas que circulavam por
frenesi nas pessoas na Praça dos perto. Meio receosos só olhavam
Pioneiros. e folheavam um por um. Quando
O som instalado no palco era nós os informamos que eram de
um bom atrativo e prometia boa gratuitos, eles ficaram mais à vontade
música o dia todo. e escolheram o que queriam. Alguns
Diversos estandes ofereciam acadêmicos faziam intervenção e
serviços diversificados aos presen- relatavam sobre as obras expostas e
tes. Os inúmeros brinquedos mon- autografavam seus livros.
tados eram o furor das crianças. Embalado na alegria da mul-
No imenso espaço público tidão o animador de palco falou
parecia um shopping ao ar livre ao microfone sobre o estande da
com uma boa praça de alimentação. AVL, dos acadêmicos e que, os
Algumas pessoas aproveitavam para livros expostos eram para doação e
expor e vender os seus produtos. os convidou para irem nos visitar.
A leveza do sorriso das Nesse momento houve um número
pessoas demonstrava que tudo maior de pessoas querendo livros,
estava perfeito. em alguns momentos ficou até
Fluindo na onda dessa alegria difícil os visitantes se aproximarem
a Academia Valadarense de Letras dos livros. Lamentavelmente nem
também tinha o seu estande. Com todos conseguiram o livro que
o objetivo de divulgar o seu papel queriam, pois alguns já haviam se
literário para todos ali, ela fez a esgotado.
diferença. Emocionados com o novo
Com uma grande presença olhar dos visitantes sobre os nossos
de seus acadêmicos e amigos, livros ficamos animados com o

24 SUINDARA
Maria Stela de Oliveira Gomes
Patrono: João Guimarães Rosa
Natural de Abre Campo, MG.
Graduada em Pedagogia e Pós-Graduada em Psicopedagogia.
Escreve para jornais, revistas e antologias
Autora do romance: Marcas de Sofrimento e Esperança.

de Letras
de Valadares
seu interesse de adquirir um e conhecer o o resultado positivo de mais um trabalho
autor. Alguns começaram a lê-los ali mesmo. elaborado com muito zelo, dedicação e
Chegamos a comentar que ainda tem muitas grandeza.
pessoas que gostam de ler alguns livros foram A AVL deu mais um passo em prol
alvos de competição entre eles. Prova disso do saber literário, pois através desse evento
foram os mais de duzentos livros expostos ela despertou o interesse de algumas pessoas
que em poucas horas se esgotaram. em conhecê-la.
A participação da AVL nesse evento E como disse certa vez Monteiro
foi brilhante e de suma importância para Lobato: “Um país se faz com homens e
mostrar os escritores-acadêmicos e a sua livros”. E como o canto da gaivota a AVL
influência literária na sociedade. Para nós leva a literatura para a comunidade. No
que ficamos no estande até acabar todos ritmo da modernidade, ela incentiva todos a
os livros, sentimo-nos engrandecidos com ter o gosto pela leitura..

Darlan Corrêa Dias


CRM 20137
- Residência em Pediatria
- Pós Graduação em Saúde do Adolescente
- Pós Graduação em Saúde Mental da Criança e do Adolescente
- Pós Graduação em Dependência Química
- Título de Especialista em MEDICINA DA ADOLESCÊNCIA pela Sociedade Brasileira de Pediatria (AMB)
Rua Francisco Sales, 186 - Esplanada - Governador Valadares/MG - CEP 35010-110
Tel.: (33) 3271.3552 - 3271.5418 E-mail: adolescenteconfidente@gmail.com

SUINDARA 25
Geralda Beatriz Neves
Sócia correspondente da Academia Valadarense de Letras
A
lavra do Cruzeiro
e a Bandeira
de
Fernão Dias Paes Leme
- Sem pedras ou a prata, eu não volto não! -

Bandeirantes, viajantes, perdidos, sem destino... coragem, sofreguidão e uma cartucheira na mão.
Apenas o alforje, uma espingarda, sua tropa. Os Aventuraram-se com os índios. A chuva no lombo
tropeiros, desbravadores, vagueavam entre a selva, a da tropa fazia os peões e caboclos desistirem da jornada.
fome, as doenças, com um único objetivo: ir em busca Os anos prosseguiam... Houve deserções,
das riquezas minerais. motins, enforcamentos e desalentos pelo filho de
Sonhadores e desbravadores corriam atrás das coração, que lhe quis tomar as rédeas da bandeira.
minas. E o sonho das esmeraldas acende Fernão Dias, aquele sertanejo rude, sentiu a
como um braseiro, na ambição de encontrar apertura da jornada e dos anos e buscou dentro de si
naquela serra as sonhadas pedras verdes. coragem, para prosseguir com a bandeira, apagar o
Foi então que Marcos de Azeredo braseiro, levantar o acampamento, buscando forças
Coutinho procurou alcançar aquela serra que no desconhecido e neste sertão assombrado. À noite,
no sopé dizia-se haver uma certa lagoa por a maleita, febre treme-treme, vinha derrubar esses
nome Vapabussú. Partindo desde o Rio Doce desbravadores. Mesmo com os animais enfraquecidos,
até o Suassuy Grande, pro- a carga acabando, ele, num despertar corajoso, seguia
vavelmente o Urupuca, aí es- adiante. Bandeirante bravio, vagueava em busca de
tava a lagoa citada Vapabussú, uma pedreira rara, incrustada de cristais verdes.
indo para os lados dos meri- O velho Fernão Dias dizia:
dianos de Teófilo Otoni. - Sem pedras ou a prata, eu não volto não!
O rei de Portugal Anos a fio dentro da mata, caminhou até avistar
prometera muitas honrarias a lagoa Vapabussú e ouvir da boca dos selvagens
ao grande explorador. Entre- uma lenda: “Quem daquele lugar se apossar será
tanto, as promessas não amaldiçoado”.
foram cumpridas, e Azeredo Naquele dia, Fernão Dias ouvia à sua volta a
Coutinho jamais revelou onde algazarra dos homens de sua bandeira... Depois de
poderia estar a serra das es- sete anos, entre lutas e batalhas, estava amaleitado.
meraldas. Caiu subitamente Conseguiu encontrar a serra resplandecente, por ela
doente, e não houve quem morrerá, acometido pela peste. Em meio à algazarra
lhe tirasse uma só palavra da ouvia os gritos dos companheiros da bandeira:
localização da serra tão desejada. esmeraldas! Esmeraldas!
Depois de sua morte, outros bandeirantes - São elas, as esmeraldas! – pensou o bravo
tentaram encontrá-la, partindo para o interior da bandeirante.
floresta. Até os jesuítas buscaram-na, e fracassaram. E Mesmo amaleitado conseguiu escrever ao
várias outras pessoas foram atrás das minas encantadas. rei: As esmeraldas tão sonhadas ele as encontrara.
Foi então que, partindo de São Paulo, adentrando Entretanto, depois de analisadas, em Portugal,
no mato com seus tropeiros, numa jornada incansável, constatou-se que as esmeraldas eram apenas
surgiu o bandeirante Fernão Dias Paes Leme. Meteu-se turmalinas verdes, pedras sem valor.
pelo sertão em busca da serra resplandecente, trazendo O local das pedras verdes, encontradas por
consigo o sonho das esmeraldas. Passou fome, passou Fernão Dias Paes Leme, ditas esmeraldas, é hoje a
frio, passou até falta de amor, pois deixou para trás “Lavra do Cruzeiro”, de onde extraímos turmalinas
dona Maria Betim e suas seis filhas, apenas levou com verdes, rosas, azuis e vermelhas, bicolor, olho de gato
ele dois filhos, um era bastardo. Borba Gato, seu genro e turmalinas pretas. Aqui estamos nós, mineradores
e fiel escudeiro, o acompanhou. Caminharam levando da família Neves.

26 SUINDARA
Maria Cinira dos Santos Netto
Patrono: Euclides da Cunha

Bodasde uma
de Ouro
Religiosa

E
nfim, Governador Valadares da pequena cidade de Tarumirim.
à vista: uma pequena cidade Aqui em Governador Valadares, Regina fez
instalada ao lado do rio com o curso básico no Instituto Imaculada Conceição,
pequenas casas e alguns pontos de comércio, concluindo alí, o curso de Magistério, onde foi
constituíam a área urbana daquele lugar que colega e contemporânea de toda uma geração
aquela família buscava. Era janeiro do ano de 1958 de adolescentes valadarenses. Mais tarde cursou
e o senhor Ediberto Rezende, até então, Coletor Letras em Teófilo Otoni.
Federal de Tarumirim, deixava este burgo com Durante seu tempo como estudante, tinha
sua família para acomodar-se nesta cidade que como leitura diária os poemas bíblicos, que
surgia e assumir a Coletoria Federal local. Neste alimentavam o seu coração. Buscava na literatura
cargo permaneceu por alguns anos, até quando a cristã a certeza do amor de Deus e a concretização
Coletoria transformou-se em Receita Federal e o de seus ideais e sonhos.
Sr. Ediberto passou a ocupar a função de assessor Aos 21 anos, teve certeza de sua vocação
do então delegado. e escolheu seguir a vida religiosa. Foi acolhida
Seu cunhado, na Congregação das Clarissas Franciscanas,
Dr. Raimundo Soares Missionárias do Santíssimo Sacramento. Era o
de Albergaria Filho, nos ano de 1967, cinquenta anos passados.
primórdios, havia sido Durante esses anos de vida religiosa, Irmã
nomeado Prefeito da Regina serviu a sua congregação, a escola onde
nova cidade de Gover- estudou e também a nossa cidade. Esteve presente
nador Valadares, pelo em várias funções no meio religioso que a acolheu.
então Governador, Dr. Viveu na Itália, de 2005 a 2011, onde
Benedito Valadares. En- foi Madre Geral da Congregação Clarissas
tretanto, àquela época Franciscanas Missionárias do Santíssimo
da chegada do senhor Sacramento. Foi Missionária na Índia, Peru,
Ediberto, 1958, ele es- Argentina, Espanha Romênia, Bolivia, Venezuela,
tava novamente como e no continente Africano, serviu na república
alcaide agora, eleito da Guiné-Bissau. Nesses países, desenvolveu
pelo voto popular. trabalhos educacionais e de evangelização.
O novo coletor Atualmente, nesse ano de 2017, quando
chegava acompanhado completa “Bodas de Ouro” de vida religiosa,
de sua esposa, profes- Irmã Regina ocupa na Congregação, a função
sora de anos iniciais, de Superiora Provincial do Brasil. Trabalha
Maria do Amparo mensagens religiosas, e como São Francisco
Abreu Lima Rezende e seus filhos, rapazes e de Assis, aproxima a igreja dos pobres e dos
moças oriundos daquela pequena cidade do Leste primórdios do cristianismo.
de Minas: Zélia Maria, Paulo Ediberto, Heloisa Poucas são as pessoas que realizam seus
Helena, Guilherme Olinto; Amparo e Mauro Sérgio sonhos somente com a força de seus sentimentos
nasceram em Valadares. Entre seus herdeiros estava e sua peleja pessoal e Irmã Regina conseguiu. Em
a menina Regina Lúcia Abreu Lima Rezende, sua caminhada religiosa, entendeu que o amor
nascida em 01/02/1945, nos verdejantes campos engloba tudo e todos!

SUINDARA 27
Maria Cinira dos Santos Netto
Patrono: Euclides da Cunha

Ocaminho
da velha senhora

T odos os dias da minha vida, do


nascimento à velhice, vivi em
Governador Valadares, minha terra natal.
qualidade e uma disciplina rigorosa: o Padre José
Luiz Tadeo, com a grade dos sábados faz parte
das histórias daquela geração. Na matemática
Inicialmente município de Peçanha, cultuando as lembranças vão para o Padre Teodoro Araiz
novas narrativas e tradições, a história da antiga Antônio, que hoje repousa no Cemitério Santo
Figueira do Rio Doce sempre foi motivo de Antônio de nossa cidade, e no português, as
curiosidade para os que aqui chegaram para ficar. lembranças são para as aulas do Padre Alberto.
A primeira leva de pioneiros chegou Outra leva de europeus veio da Holanda.
com a construção da EFVM, formada por Com eles vieram as enfermeiras holandesas e
núcleos de famílias oriundas principalmente do suas belas bicicletas, que muito fizeram aqui,
Espírito Santo e algumas do nordeste. Com o ajudando o Padre João Werbeck, um belo homem
tempo, imigrantes europeus, estadunidenses, de quase dois metros de altura, em seus trabalhos
sírios e libaneses também aqui aportaram. Os pastorais e culturais. Esse sacerdote muito fez
europeus, em sua maioria, tinham como objetivo por nós, principalmente para a população do
a evangelização, a educação e nossas florestas; Bairro de Lourdes, local que ajudou a desbravar e
os estadunidenses buscavam nossas riquezas transformar em uma área residencial valorizada,
minerais. A mica, mineral muito valorizado no trabalho que o povo holandês conhece e domina.
início do século, era abundante na região, seria Esse conterrâneo de Erasmo de Roterdã,
usada na fabricação de utilitários domésticos e acostumado a conviver em harmonia com a
armas de guerra, como condutor de energia e cultura, estranhou não encontrar na comunidade
calor. Na região, as áreas florestais, formadas por nenhuma instituição em simbiose com a cultura
núcleos de capões do mato da Mata Atlântica, da cidade que florescia. Por isso, pensando nos
levaram o Estado Belga e o Grã-Ducado do mais jovens e menos favorecidos, legou-nos
Luxemburgo a abrir, as margens do Rio Doce, no instituições culturais e educacionais, como o
atual Bairro São Pedro, uma serraria e uma fábrica Cine Pio XII, Clube Metrópole, e uma escola
de compensados para exportações, o que gerava profissionalizante, doada mais tarde para a
riqueza e abundância de empregos na cidade. instalação do MIT. Na área da saúde brindou-
Ainda compondo o nosso ciclo de nos com a Maternidade Dom Serafim e o
imigrantes europeus, recebemos da Espanha Hospital Menino Jesus. Na educação, Padre
os Padres Escolápios, que cuidaram do João deu exemplo de empreendedorismo e
conhecimento e dos bons costumes dos jovens conscientização ao povo e aos governantes do
daquelas famílias que se formavam. Através do município, conscientizando-os de que a cidade
Ginásio Ibituruna, ofereciam educação de alta não caminharia sem cultura e sem educação.

28 SUINDARA
Devido a essa convicção, criou a Escola Estadual Abílio Patto, no princípio só Grupo,
Diocesano e o Grupo Escolar Frei Angélico depois, na administração Hermírio Gomes e sob
de Campora. Em sua visão evangelizadora e a direção de Ruth Soares, tornou-se um anexo do
cristã legou-nos o maior e o mais belo templo Ginásio Orientado para o Trabalho - GOT.
católico da cidade, a 2ª Igreja de Lourdes, a Casa A igreja, sob a coordenação do padre
Paroquial de Lourdes, Capela Nossa Senhora das Mateus, e na administração do prefeito Hermírio
Graças, o Centrel (local para encontro de casais e Gomes se uniram para, através da educação,
encontro de jovens), e igrejas em vários distritos melhorar a condição de vida daquela população
de Governador Valadares: Baguari, Penha do carente. No Carapina, padre Mateus construiu
Cassiano, Chonim dos Cunha. Como padre, uma capela, cujo cura era o Padre Eulálio, e
levou seu espírito empreendedor para cidades no um prédio que se transformou em uma escola
entorno de Governador Valadares, construindo estadual, cuja diretora por muitos anos foi a Dª
igrejas para o culto ao Senhor, em Naque, São Ângela Amaral.
Geraldo do Baixio, e Mathias Lobato. Nossa caminhada como cidade tornou-se
Outro holandês empreendedor que a cidade exitosa, graças devido à visão empreendedora
conheceu foi o padre Mateus, que desbravou a desses imigrantes europeus e americanos que aqui
região mais pobre da cidade, o Esgoto e o Morro se fixaram. Eles buscavam o progresso, a cultura
do Carapina. O Esgoto foi dividido, surgindo e a educação, para oferecer aos cidadãos que aqui
então os bairros Santa Helena e Maria Eugênia. viviam. Depois deles, muito do que fizeram foi
Nesses dois bairros, padre Mateus construiu desfeito, em mãos incapazes e ímprobas.
a Igreja Católica e o primeiro prédio da Escola

CONTABILIDADE & PERÍCIAS CONTÁBEIS

DÁRIO COSTA SANTUCHI


Contador & Administrador
Pós Graduado em Perícias Contábeis

R. Israel Pinheiro, 2249 - B - Centro - 35010-130 3276.7808


Governador Valadares - Minas Gerais [33] 3272.3214
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SUINDARA 29
Policia Militar e
Govenador Valadares
- Parceria que deu certo -

O Sexto Batalhão da Policia Militar


foi criado após o fim da chamada
“República Velha”, quando após a revolução de
Juscelino Kubitschek, através do decreto 3.810,
determinou a transferência do 6° BPM então 6°
BI (Batalhão de Infantaria), de Belo Horizonte
1930 foi conduzido à Presidência da República, o para Governador Valadares.
gaúcho Getúlio Vargas. Neste contexto a Unidade No dia 21 de julho de 1952, uma solenidade
foi criada pelo então presidente de Minas Gerais, na praça da estação em Belo Horizonte, marcou
Olegário Maciel. Através do decreto 9868 de 04 a transferência do Sexto Batalhão com todos os
de março de 1931, no dia 07 de março do mesmo seus homens, armas e materiais para Governador
ano, foi instalado o Sexto Batalhão no Bairro Valadares. Eram 20 oficiais e 300 praças que
Cruzeiro, em Belo Horizonte, sob o comando do chegaram a Governador Valadares, às 14 horas do
Ten Cel Luiz de Oliveira Fonseca. dia 22 de julho de 1952. As primeiras instalações
Em 1940, o Sexto Batalhão ganhou fama eram de madeira, a 8 Km do centro da cidade,
nacional, quando, a convite do Ministro de Guerra, no bairro Vila Isa, nas dependências do DNER,
participou do desfile militar de 7 de setembro onde permaneceram por nove anos.
no Rio de Janeiro. Por três anos consecutivos, Ainda em 1952, o prefeito local, Raimundo
deslocou-se à antiga capital federal. Na última de Albergaria, doou uma área de 45 mil metros
suas apresentações em 1942, o 6° BPM arrancou quadrados para a Polícia Militar onde hoje é
aplausos dos populares, sendo aclamado como a sede do 6° BPM. A construção das atuais
a melhor tropa presente. Esse reconhecimento instalações foi realizada pelos próprios militares
deu ao 6° BPM o “Troféu Pagode Chinês”, e levaram outros nove anos para ficarem prontas.
símbolo do batalhão, guardado como relíquia na A mudança para as atuais instalações ocorreu no
unidade. Nesse mesmo ano, o batalhão recebeu a dia 28 de janeiro de 1961. Atualmente o 6° BPM
comenda da Inconfidência Mineira, como a mais divide a responsabilidade territorial da cidade de
disciplinada tropa da PMMG. Governador Valadares com o 43º BPM.
No início da década de 50, Governador O Batalhão está articulado em duas
Valadares já despontava como polo de companhias na sede, sendo a 44ª Cia e a 208ª
desenvolvimento e atração na região e, com mais Cia, além de mais duas companhias destacadas, a
de 30 mil habitantes, esse crescimento trazia 49ª Cia em Aimorés e a 159ª Cia em Mantena. A
consigo o aumento do índice de criminalidade unidade é responsável pelo policiamento ostensivo
e violência. Em junho de 1952, o governador nos municípios de Governador Valadares,
Aimorés, Resplendor, Itueta, Santa Rita do
Itueto, Conselheiro Pena, Alvarenga, Cuparaque,
Goiabeira, Galiléia, Divino das Laranjeiras, São
Geraldo do Baixio, Mantena, Central de Minas,
São João do Manteninha, Itabirinha de Mantena,
Mendes Pimentel, Nova Belém, São Félix de
Minas e mais 35 distritos, numa extensa área da

30 SUINDARA
Tenente Coronel Célio Alves de Menezes Júnior
Comandante do Sexto Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais

- PATRULHA DE PREVENÇÃO À
região leste de Minas Gerais. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (PPVD): executa
Hoje a consciência do respeito aos direitos serviços de segurança pública, com foco na
humanos, de uma polícia mais cidadã e envolvida prevenção da violência doméstica e familiar
com a busca de soluções para os problemas sociais contra mulheres.
estão internalizados. Projetos Sociais, Programas - PATRULHA RURAL: O policiamento
Educacionais, participação em redes de proteção no meio rural é uma atividade sistemática de
em bairros e ao comércio são desenvolvidos em preservação da ordem pública executada pela
todos os 20 municípios de responsabilidade do Polícia Militar, nas áreas rurais dos municípios.
Bravo Torres.
A redução dos índices criminais e a - PROGRAMA EDUCACIONAL DE
credibilidade da população nos serviços prestados RESISTÊNCIA AS DROGAS (PROERD):
pela Unidade são frutos das sementes plantadas consiste em um trabalho desenvolvido pela
por cada integrante desta valorosa Unidade da Polícia Militar em parceria com as escolas e com as
Policia Militar. famílias dos alunos, sendo seu objetivo principal
Nossa sociedade conta com diversos fornecer às crianças instrumentos emocionais
serviços preventivos e projetos sociais que estão e psicológicos para permanecerem longe das
em plena atividade na área sob responsabilidade drogas e da violência. O PROERD iniciou em
do Sexto Batalhão, tais como: nossa Unidade, no primeiro semestre de 2003 e
até o momento formaram mais de 58.000 alunos.
- BASE COMUNITÁRIA MÓVEL: É
um serviço preventivo prestado por uma equipe - PROJETOS SOCIAIS: criados com
de policiais militares preparados a executar objetivos de reduzir a exposição das crianças e
o policiamento ostensivo geral de forma adolescentes ao mundo do crime e das drogas
personalizada, conforme necessidade de cada e fortalecer os vínculos familiares e sociais.
comunidade. Atualmente são desenvolvidos os seguintes
projetos na Unidade:
- GRUPAMENTO ESPECIALIZADO Bom de Bola, Bom na Escola, Ginga Pura,
DE PATRULHAMENTO EM ÁREA DE RISCO Judô Legal, Lutar e vencer e Caminhando para o
(GEPAR): Executa o policiamento ostensivo nos futuro (treinos de futebol)
aglomerados , áreas de risco e em locais onde
estejam implantados ou possam emergir focos A nossa história é construída a cada dia
de associações delituosas (crime organizado) por todos os integrantes do Sexto Batalhão,
voltadas para a quebra da Paz Social. que trabalham com dedicação e garra, atuando
na forma que a lei determina, promovendo
- PATRULHA DE POLICIAMENTO segurança pública, com respeito aos direitos
ESCOLAR (PPE): tem como missão principal as humanos e participação social para a preservação
intervenções de cunho preventivo nas escolas. da ordem social.

SUINDARA 31
Newton Luiz Concellos

N a primeira metade do século passado,


o mundo sobreviveu a duas grandes
guerras, cognominadas guerras mundiais, tal o
obra, e não havia como absorvê-la. Era, então,
urgente se pensar em novos paradigmas. A
primeira questão que se propunha era: qual seria
número de países envolvidos nos conflitos. Ao a verdadeira vocação da nossa cidade? Desafio
seu término, quando parecia que os danos seriam dessa envergadura demandava líderes preparados
irreversíveis, inicia-se a reconstrução dos países e à altura dos desafios, com visão de futuro e com
arrasados. Por incrível que possa parecer sobrevém coragem de guerreiros.
uma época de progresso, sob novas lideranças. A Para a nossa sorte, eles estavam aqui
Europa, o Velho Mundo, cede lugar ao novo, os mesmo: na Associação Comercial, no Rotary,
Estados Unidos, a grande economia emergente. no comércio, na área ruralista, no Diário do Rio
Alguns cronistas mais saudosistas chamaram Doce, e na Telefônica. Eles foram apelidados
a essa era de Os Anos Dourados. Seriam anos de “os dez mais”, pejorativamente, pelo jornal
de paz, propiciados e garantidos pelo medo dos esquerdista O Combate.
horrores que novas guerras trariam. Dir-se-ia que Grandes pioneiros, maravilhosos cidadãos.
essa teria sido a última. Ledo engano. Conseguiram eleger como prefeito Hermírio
Mas e nós? E o Brasil? Nós, como Gomes da Silva, e diziam:“enquanto JK faz
membro dos aliados vencedores, também nos 50 anos em 5, ele sempre pensa e sonha 50
beneficiamos, tanto na área econômica-industrial, anos à frente”. Com esse grupo de apoiadores
com o fornecimento de matérias-primas, como e um prefeito visionário, preparado e amante
pelo respeito conquistado pelos nossos soldados da cidade, essa finalmente sofreria uma radical
nos campos da Itália. Nosso ciclo extrativista, de transformação, quer na sua administração, quer
fornecedor preferencial de mica, madeira e ferro, na área urbanística, com a abertura de grandes
insere Valadares nesse contexto. O progresso da avenidas, como avenida Brasil e rua Treze de
cidade foi explosivo e desordenado. Era a cidade Maio, Marechal Floriano, Praça dos Pioneiros,
que mais crescia em todo o país, com a população Praça Mário Rocha, e toda região vizinha à
se multiplicando dia a dia. Construções se erguiam prefeitura. Houve a abertura da Av. Minas Gerais
por todos os cantos, surgiam novos loteamentos, com acesso à Ilha, Av. Beira Rio e área de lazer,
ruas e avenidas brotavam instantaneamente, canalização do Córrego do Esgoto, e construção
quase por encanto. de inúmeras pontes, permitido o acesso aos
Como nem tudo são flores na economia futuros bairros Grã Duquesa, Sta. Helena, São
mundial, com o término da guerra e a exaustão Pedro, etc. Foram construídas tantas praças e
dos recursos naturais, da madeira em especial, plantadas tantas árvores que ele foi injustamente
houve um choque local. Não tínhamos vocação chamado de Prefeito Jardineiro. Ainda não era
agrícola, e a pecuária carecia de pouca mão de comum a palavra ecologia, mas se falava em

32 SUINDARA
“humanizar a cidade”. Hoje, ao contrário, ser de nossa cidade: a Educação, com suas
apelidado de jardineiro seria um enorme elogio. universidades, colégios, centros de treinamentos
A instalação da CTGV, Companhia e cursos, os mais diversos e variados possíveis.
Telefônica de Governador Valadares, também Ao lado disso, dando-lhe suporte, um comércio
produto desse grupo, inaugurou uma nova era nas forte e um setor de prestação de serviços de
telecomunicações da região, primeiro por ser uma Primeiro Mundo, garantindo-nos a incontestável
empresa privada; segundo, por sua modernidade posição de polo regional.
e sofisticação. Uma feliz conjuntura de fatores, com
Ao lado disso, o empresariado agregado à homens arrojados e sob a forte liderança do
Associação Comercial, acreditando na vocação prefeito Hermírio, delineou a cidade que viríamos
industrial da cidade, investia maciçamente ser. Ele, considerado por muitos o melhor
nessa área, e vieram as guserias, Cosiva, Usinpa, administrador que a cidade já teve, chegou a
Sinval, e as refinarias de milho, Promisa e Milho Valadares com um diploma de odontólogo da
Minas, os frigoríficos T-Maia e Matisa, a Impasa Escola Nacional de Medicina, e sua esposa,
(hoje Santher), Leite Glória e a Cooperativa D. Lílis, era diplomada em magistério. Ambos
Agropecuária na agroindústria, com o reforço da exerceram suas profissões com uma dedicação
ampliação das atividades da Barbosa e Marques. quase missionária, até a sua aposentadoria. Aqui
Como não era nossa vocação natural, o sucesso criaram seus filhos, netos e bisnetos. Segundo
na industrialização não foi o que se esperava. ele próprio dizia, não viera para cá em busca de
Mas a sua maior contribuição a Valadares uma aventura, mas sim para prestar serviços.
deu-se em outra área, muito mais perene que Realmente, participava de tudo. Por isso
as construções de concreto. Ele foi o grande foi eleito duas vezes vereador, vice-prefeito,
Prefeito Educador, mas isso os opositores nunca prefeito por dois mandatos, presidente e diretor
quiseram divulgar. A criação do MIT - Minas da Associação Comercial, e vice-presidente da
Instituto de Tecnologia (hoje Univale) e da CTGV. Era um rotariano assíduo, foi fundador
Fadivale teve a sua liderança direta. Elas foram dos jornais A Voz do Rio Doce e Diário do Rio
planejadas, instaladas e mantidas nos anos iniciais Doce, e pioneiro na aeronáutica, como agente da
com a ajuda de grande parte da comunidade e Nacional Transportes Aéreos e da Real Aerovias
da própria prefeitura, em seus dois mandatos, Brasil, além de ter sido dirigente, por uma vida, da
garantindo a sua perenidade. Univale e da Fadivale, duas das mais tradicionais
Hermírio foi o primeiro reitor da Univale e instituições de ensino superior desta cidade.
diretor da Fadivale, cujos mandatos duraram 12 Não havia velório, casamento, aniversário,
e 50 anos, respectivamente. ou qualquer evento, de que ele não participasse.
Valadares passou então a possuir uma Estava sempre lá. Não por acaso, foi agraciado,
infraestrutura de grande cidade, perdendo o pelos amigos, com os títulos informais de
“ranço de terra de boiadeiros e pistoleiros”, História Viva de Valadares, e o seu Cidadão
passando a ser uma urbe moderna, com uma Maior.
administração profissional, uma mobilidade Hoje, todos nós devemos muito a esse líder,
urbana de capital, e uma estrutura educacional e ao maravilhoso grupo que ele representou.
rivalizando com a dos grandes centros. Espera-se que não seja tão rapidamente
E aí foi descoberta a verdadeira vocação esquecido, como tantos já o foram.

SUINDARA 33
Geraldo Tolentino e Silva
Patrono: José Cândido de Carvalho
Natural de Virginópolis, MG.
Funcionário Público aposentado da ECT e do
Ministério das Comunicações – Brasilia-DF
Autor do livro: Vasurna – a Trágica Realidade da Política Brasileira.
Vencedor do “Prêmio Poeta da Melhor Idade” – Edição 2015“ –
com o poema “Algoz de si mesmo”.

C.A.R.D.O., um
gigante adormecido
E m 1946, nascia a gigante indústria
açucareira, orgulho dos valadarenses,
batizada com o nome de Companhia Açucareira
residências para aqueles que ocupavam cargos
na administração. Construíram também um
Grupo Escolar e contrataram médicos para
Rio Doce-CARDO. Era um dos maiores centros assistirem os trabalhadores(as) e suas respectivas
produtores de açúcar da região e invejada, não só famílias: Dr. Walter de Paula Freitas e Dr. Xisto
pela imponência da construção, mas também pelo RodriguesCoelho. A ideia de criação de uma
extenso canavial que ocupava uma área de oitenta empresa açucareira em Governador Valadares
e cinco alqueires e eram produzidas trezentas partiu da empresa Belgo-Mineira, empresa que já
toneladas de açúcar, por alqueire, totalizando atuava na região, tendo como líder o Dr. Moacir
vinte e cinco mil e quinhentas toneladas/mês. Paletta de Cerqueira Lage. Segundo dados colhidos
Houve sério e responsável planejamento para no Museu da Cidade e através de relatos do Sr.
que o empreendimento entrasse efetivamente Sebastião Tomás Simínio e outros documentos,
em funcionamento. Os primeiros passos, nessa administração do Dr. Paletta (1946/47) foi
como todo empreendimento exige, foram: colhida a primeira safra. Até 1968 a produção
confecção de projetos e cálculos, tanto para a era controlada pelo Instituto do Açúcar e do
área de plantio quanto para a construção do álcool, mantendo sessenta funcionários efetivos
espaço físico (prédio), onde se instalariam a e de maio a setembro, a CARDO contratava de
administração e produção. Os administradores seiscentos a mil trabalhadores braçais, tanto para

{ {
não pensaram somente na produção de açúcar e a colheita quanto para a manutenção da usina e
no faturamento, mas deram especial atenção ao carregamento. Não há registros de que a CARDO
lado social. Com recursos próprios construíram produzisse álcool.

A PRIMEIRA DIRETORIA DA CARDO FOI FORMADA POR:


Superintendência - Dr. Moacir Paletta de Cerqueira Lage
1º Diretor - José Augusto
Vice-diretor - Elfhren Macedo e Albert Reiner, que vieram da Europa, do Grã-
Ducado de Luxemburgo.

SEGUNDA DIRETORIA
EM 1968, quando a nova diretoria foi criada, já se cogitava a venda da companhia.
Superintendência: Dr. Elfhren Macedo
Gerência: Wandik Coller
Técnico químico: Sr. Humberto Ribeiro Ramalho
Chefe de escritório: Fausto Paraguaçu de Oliveira

34 SUINDARA
Tempos depois, a CARDO foi vendida em dezembro de 2013. Isso não aconteceu,
para o usineiro José Egreja, de Paulinea/SP. lamentavelmente! Dessa primeira etapa que está
Todos os direitos foram quitados e alguns centralizada do lado direito do prédio principal,
funcionários foram transferidos, acompanhando existem pilares paralelos aos existentes(reforço),
o novo patrão. Quanto aos que ficaram, consta um auditório(inacabado), banheiros(inacabados),
nos documentos pesquisados que lhes foram escadas, uma laje(mezzanino) e pilares na
oferecidos casa e terrenos como indenização. parte interna que supostamente estão sendo
José Egreja deu ordem para que se chovesse, construídos para sustentação dos existentes,
poderiam encerrar a safra. Esta última ainda daria que foram construídos com tijolos maciços,
para produzir, aproximadamente, cinqüenta mil dobrados, ou seja para se alcançar a espessura
sacas de açúcar. desejada. O telhado está danificado, não há
Em entrevista dada ao Portal G1, dia vitrais nem outro tipo de material nas enormes
03/04/2013, o ex-secretário de obras..... da janelas na parte superior da entrada. A torre está
Prefeitura informou que em dez dias, a partir remendada externamente, goteiras por todos
do dia da entrevista 13/04/2013, a 1ª etapa da os cantos. Os tetos dos banheiros estão com
reforma estaria pronta. Nas áreas reformadas infiltrações, portas quebradas. Do lado esquerdo,
(total), segundo o secretário, funcionariam: há um galpão (parte da construção) sem janelas,
Centro de convenções, hall com galeria de sem telhado onde o mato se espalhou. Resumo,
exposições, área para eventos e feiras, dois a obra de restauração está inacabada. Segundo
auditórios, um restaurante e área administrativa. A informações, há um impasse entre a Prefeitura e
expectativa era de que as obras fossem concluídas a empresa contratada para execução das obras.
Fontes: Portal G1 de 03/04/2016
Artigos pesquisados no Museu da Cidade de Gov. Valadares

Dr. Marcus Moraes de Jesus


Pediatra | Neonatologia

Rua Marechal Floriano, 600 - Sala 100 - Ed. Montenegro | Fone: 3271.2902

SUINDARA 35
Zenólia M. de Almeida
Patrono: Darcy Ribeiro
Natural de Governador Valadares - MG
Especialização em Economia pela PUC
Teoria Econômica, Economia Brasileira, Sociologia, Metodologia, Adesguiana
Doutora em Gestão pela Universidade de Trás-os Montes e Alto Douro-UTAD, Portugal
Mestre em Ciências Sociais.

Pra ver a
banda passar...
O lugar, um amontoado de casas cercadas de vibração e alegria para toda a comunidade.
por densa e exuberante floresta. Poucos pioneiros Nesses tempos, a banda do maestro Orlando
de diferentes lugares: estrangeiros de outras abrilhantava as festas religiosas, fazia retretas no
terras, de outros países. Suor e trabalho. Sons de coreto da praça alegrando a vida dos moradores.
machados derrubando árvores e de animais que Na época apropriada aos festejos momescos,
se espantam com a chegada do bicho homem. formaram dois interessantes blocos — o Pierrô
Na clareira aberta, nasce um povoado, terra que e o Leão da Folia —, realizavam desfiles de
acolhe e dá vida a desconhecidos, desterra e mata carros alegóricos, puxados por bois, fartamente
uma nação indígena. Porto de Figueira do Rio enfeitados e encimados por jovens fantasiados,
Doce, inicialmente um pequeno entreposto pertencente ao “Clube Leões”, por eles fundado.
comercial, se fez Vila, com a chegada dos trilhos “O coreto era o local das festas onde a banda
da ferrovia nos idos de 1910. Com ela, vieram tocava, a procissão passava, os políticos discursavam e os
comerciantes e madeireiros que aqui fincaram velhos, os jovens e as crianças se encontravam. Do alto do
raízes que os prenderam para sempre nas poucas coreto, podia-se enxergar toda a cidade. (...) Esse coreto
ruas de construções modestas e precárias, às foi, por muito tempo, a alma de Figueira e de Governador
margens do rio de abundantes águas cristalinas. Valadares. Ali a banda tocava a retreta e era o ponto de
Atraído pela oportunidade de conseguir passeio dos jovens e até dos velhos da época. O coreto era
terras doadas pelo governo de Minas, meu bisavô, o ‘ponto mais livre’ de Figueira” (Octaviano Fabri,
José Venâncio Pinto, ferreiro de profissão, veio Apud SIMAN, 2008).
acompanhado de sua mulher Delfina Maria Pinto A luta pró-emancipação teve início em
e seis filhos. Sua família frutificou-se na Figueira
de antão, dando origem a descendentes probos
e lutadores, que participaram diretamente da
colonização pioneira. Dada a musicalidade inata,
promoveram a alegria do vilarejo. Formaram
uma banda — IBITURUNA JAZZ — da qual
participavam meu avô, Corando José Pinto e os
filhos Ernesto e Adhemar (meu pai), seu irmão
Orlando José Pinto e os filhos Jarbas, Hiram
e Didinho, além do Chico de Paula e outros.
Na década de vinte, já ofereciam momentos

36 SUINDARA
1935, com a fundação do Partido Emancipador dificuldades encontradas para sua sobrevivência,
de Figueira, cuja luta culminou com a assinatura a Banda LIRA 30 DE JANEIRO é um
do decreto-lei estadual nº 32, de 31 de dezembro exemplo de dedicação, amor à música e,
de 1937. Em 30 de janeiro de 1938, a população sobretudo, resiliência. As décadas seguintes até
foi despertada ao som da “Furiosa”, que os anos 70 registram protagonismo e presença
comemorava a emancipação da cidade de constante nas festas e comemorações da cidade.
Governador Valadares. Após esse dia, a banda Os anos 80 e 90 foram de esquecimento e
decidiu assumir o nome de “LIRA 30 DE crise: os instrumentos, sem manutenção, foram
JANEIRO”. Em sua sede inaugurada em maio se deteriorando, os uniformes envelhecendo,
de 1942, aconteciam os bailes de carnaval, as até que o prédio ruiu. Nesse momento, uma
horas dançantes, além de funcionar uma escola campanha da Associação Comercial conseguiu
de música e de dança de salão. reerguer a sede, restabelecendo a dignidade dos
Seu nascimento foi arquitetado pelos músicos que, sem nada receber, tornam mais
amigos: Joaquim Campos, do Amaral, Otávio felizes o cotidiano da cidade.
Soares da Cunha, Dr. João Perboyre Starling, Nos festejos de comemoração do
Manoel Byrro, Lincoln Byrro, Álvaro Cesar da aniversário de 79 anos da cidade, vimos uma
Silva, Sinval Rodrigues Coelho, Joaquim Fidelis, banda formada essencialmente por jovens. Esse
Otaviano Fabri, Siva Monteiro de Castro, retrato da LIRA trouxe renovadas esperanças ao
Leonardo Cristino, os músicos Pedro de Deus e meu coração.
José Marinho Moura. A LIRA, tal como a cidade, não deixará se
A história não termina aí. Apesar das render às intempéries do tempo e da vida.

Fonte:
LOTT, Cleuzany. Prá ver a banda tocar. Governador Valadares, 16 de agosto de 2011. Disponível no Museu Histórico de Governador Valadares, MG.
SIMAN, Lana Maria de Castro. Memórias sobre a história de uma cidade: a História como labirinto.
Educ. rev. [online]. 2008, n.47, p.241-270.
http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?codmun=312770. Acesso em 29.01.2017
http://www.valadares.mg.gov.br/Materia_especifica/12094/Historia-da-Cidade. Acesso em 29.01.2017
http://www.estacoesferroviarias.com.br/efvm/governador.htm. Acesso em 29.01.2017

99989.5851

SUINDARA 37
Homenagem
O Acadêmico Willian Anacleto Figueiredo,
foi homenageado, pelos trabalhos desen-
volvidos no âmbito cultural, de forma
a promover a literatura no país. Foram
escolhidos, pela Editora Helvetia Edições,
com o apoio da Fundação Gilberto Freyre,
os 25 autores brasileiros que seriam
homenageados. As menções honrosas foram
entregues no dia 14 de janeiro de 2017, na
Fundação Gilberto Freyre, em Recife, capital
de Pernambuco. Foi lançado neste mesmo
dia, um livro contendo poesias e contos
desses 25 autores.

- RIO DOCE -
Marcos Santiago
Governador Valadares/MG

Premita-me apresentar:
Chamo-me Rio Doce, ou melhor,os outros é que assim me chamam.
Não sei se há algo de doce em mim, senão a várzea que emanoro.
Nasci no aconchego montanhoso de Minas Gerais, no encontro entre Do Carmo e Piranga.
Como menino inquieto, rompi a terra rumo ao Atlântico, ilumindo pelo Espírito Santo.
Mato a sede de muita gente, de cidade em cidade. Essa é minha sina, e doravante
arrisco rima, sou de dar alegria pra quem é de amizade.
Mas já me excedi, peço desculpas. É que o ressentimento me transbordou.Note
que o tom amarronzado pode ser claustrofobia . Às vezes tenho saudades do
tempo em que me espreguiçava pelas margens que hoje me sufocam (noite e dia).
Ando meio esgotado, se que me entende. Carente de atenção dessa gente, que
culpada ou inocente, faz minha alma assorear.
Trafego magro e melancolico, sem o reflexo cristalino de outrora. Até os peixes me
deixaram como se em triste degola. Mas para os amigos, não vou lamuriar, ainda
me resta - o resto - da mata ciliar.
Aos pés do Pico da Ibituruna sigo corrente, pelo caminho que bravamente construí.
Guardo comigo os feitos de desbravadores que navegaram por aqui. E quando a
chuva vem, minha rima melhora, minha cabeceira se alegra e me deleito como outrora.
Ainda vivo e vou cantando pelas terras que beijei. Se sou doce, isso já não sei.
Sei é que sou líquido da vida - tomara que bem vivida – na torneira dos que ouvem
minha estória. E se ainda rego o sorriso de uma criança, isso me basta como memória.
Revista LiteraLivre de São Paulo (pág.84), publicou o poema Rio Doce, da autoria do escritor, Acadêmico Marcos Santiago.
É a primeira edição da Revista, disponível em PDF- virtual.
Site da revista: http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/edicoes
O que estou lendo?
Moby Dick - Herman Melville

O livro, lançado em 1851, narra a história de um grupo de caçadores marinheiros que se


lança em busca de uma temida baleia branca nos mares do Pacífico. O livro conta com
diversos estilos: prosa, teatro, poesia, autobiografia, relatos científicos etc. É um clássico da
literatura norte-americana. O autor, que foi efetivamente um marinheiro, não
teve sucesso em vida como escritor. Após a sua morte, a crítica especializada
foi aos poucos entendendo que suas narrativas meio ficcionais e meio
autobiográficas (das quais Moby Dick é a mais conhecida), possuíam real
valor literário. Há diversas adaptações deste livro para o cinema, mas, na
minha opinião, a abordagem mais interessante do ato de leitura desta obra
está em “Zelig”, do diretor norte-americano Woody Allen.
Bruno Costa Magalhães
Patrono: José Lins Rego

O Escritor do mês
Charles Bukowski
Fugindo das leituras comuns, procurei por autores peculiares e acabei me apaixonando
pelas obras de Charles Bukowski. Em seu romance “Mulheres”, por exemplo, ele trata de
um realismo sujo, com um estilo coloquial. Este romance foi meu primeiro contato com o
trabalho de Charles e fiquei assustada, de início com tanta obscenidade em um
só livro. Mas apesar dessa parte obscena, o livro relata a vida amorosa de Henry
Chinaski (personagem que faz referência ao alter ego de Bukowski). Muitas
mulheres passam pelas mãos do boêmio e poeta Henry Chinaski, sem rolar
sentimento algum. Como Henry Chinaski, Bukowski era um homem que não se
importava com os sentimentos alheios, apaixonar-se era uma façanha. Bukowski
morreu com 73 anos. Foi uma ótima leitura e recomendo.
Bárbara Calixto Peixoto
Cursando Técnico de Segurança do Trabalho- IFMG/GV

O Livro do mês
“O DITADOR” - Autor: Sidney Sheldon
Sem emprego, o ator nova-iorquino, Eddie Davis, endividado, obrigado a deixar o
apartamento por falta de pagamento do aluguel, onde morava com sua esposa, grávida e se
desespera e sai atrás de seu agente Johnson, para pedir qualquer trabalho.
Johnson não acreditava muito no talento de Eddie, mas, mesmo assim, seu agente conseguiu
um papel em uma peça que iria ser apresentada na América do Sul. Seria em Amador, um país
fictício, governado pelo ditador coronel Bolívar, onde toda trama se desenrola.
Na noite de estréia da peça “My Fair Lady”, Eddie participaria de um pequeno
papel. O capitãoTorres, braço direito do coronel Bolívar, fora assistir à estréia,
e se assustou com a semelhança entre Eddie e o coronel Bolívar, e teve a ideia
de falar que Eddie poderia se passar pelo Coronel. Assim, começa a incrível
história relatada nos dois primeiros capítulos.
Por fim, Eddie fica um período atuando no papel que nenhum ator teria jamais
atuado e que mudaria sua vida para sempre.
Mário Ferreira da Silva
Patrono: Mario de Andrade
Seria
Seriabom
bomler...
ler...
Ansiedade - Augusto Cury
Como enfrentar o mal do século.

Tempos Idos e Vividos - Benedito Valadares


A descrição da vida do eminente político mineiro.

Minha Vida - Mikhail Gorbachev


Uma leitura agradável sobre a vida do homem que derrubou a cortina de ferro.

Quem me roubou de mim? - Padre Fábio de Melo


Um livro de grande beleza espiritual.

Desafio do bem - Dr.ª Gisela Savioli


Um guia para quem deseja ter uma vida saudável.

A Floresta dos Pigmeus - Izabel Allende


Livro para apreciação e lazer de adolescentes, que narra a vida de ferozes
criaturas que viviam na Amazônia.

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