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CAPITULO 1 003 A Légica Molecular da Vida 0s organismos vivos séo compostes de moléculas destituidas de vida, Quando essas meléculas sio isoladas ¢ examinadas in dividualmente, elas obedecem a todas as eis fisicas ¢ quimicas que descrevem o comportamento da materia inanimada. Nao obstante, os organismos vivos possuer atributes extraording rios que nto sto exibides por una coleyaa de macula ese lidas ao acaso, Neste capitulo, conside priedades dos organismos vivos que o distinguem de outeas porcdes da matéria. Depois de chegarmes a uma definigdo geral da vids, paderemos descrever um conjunto de prineipios que caracterizam todos 05 organismos vives. Bsses principios fun domentam « ongenizagao dos organismes e das células que os constituem e fornecem a base para a estrutura deste livro. Eles sjucanso yoce a ter em mente o grande quadro da vida enquanto explora os exemplos ilusteativas apresentados mo texto, A Unidade Qui Organismos Vivos jiferentes dos © que distingue 0s organismos vivos dos objetos inanimados? Primeieo ¢ seu grau de complexidade quimice e de ocganizagio. les possuem estruturas celulares internas intrineadas (Fig, 1 Is) e contém mustas espécies de moléculas complexas. Em con- teaste, 2 materia nanimada existente em nosso meio — terra, areia,rachas, igua de mar — usualmente consiste de misturas ide compostos quimicos relativamente simples. ‘Segundo, os organismos vivosextraem, transformam e usam 4 energia que eneontram no meio ambi tb) habitual mente na forma de nutrientes quimices ou de energia radiante dda luz solar, Essa encrgia torna os organismos vivos eapazes de construire manter suas propriasestruturasintrincacias ede rea lizar trabalho mecinico, quimico, osmético ¢ de varios outros tipos, Em contraste, a matéria inanimada nao usa a energia de forma sisteratica para manter a sua estrutura ou para realizar trabalho. A materia inanimada tende a se degenerar em um tado mais desordenada, aleangando umn equilibria com o seu iene, (© teiceiro e mais caracteristico atributo dos organismos vi- vos €a capacidade para auto-replicagdo e automontagem, pro- priedades que podem ser vistas como a quinta-esséncia do esta do vivo (Fig. I-Ie). Uma Unica eélula bacteriana colocada num meio nuitiente esteril pode dar origem a um bilhao de célulos filhas idénticas, no espago de 24 horas. Cada uma das células con: tm milhares de moléculas diferentes algumasentremamente com= plexass mesmo assim, cada bactéria € uma eépia fiel ca original, construida inteiramente a partir da informagao contida no in= (Fi terior do material genético da celula original Embora a capacidade de auoduplicar-se ndo tenha nenbum | anilogo verdadero no mundo da matériainanimada,cxiste uma analogia instru va no crescimento de cristais, que corre nas Figura 1-1 ~ Algumas caracteristicas da matérla viva. (a) Visio 20 microscopio letrnico, esse padaga de tecido muscular de vert brao ewdencis sua complexidade e crgarvzacaa. (b) 0 Takeo accu re nutrientes pela ingestdo de pissaros menores {e|& reprodusso biologic core com fiseiade prcxima da perfocio solugdes saturadas. A cristalizagao produz acrescimo de mate- rial ideatico, em estrutura de rede, a do cristal original. Os 1 tais s20 muito menos complexos Ga que os mais simples orgi nismos vivos, suas esiruturassio estiticase nao dinimieas.como as das células vivas, Nio obstante, a capacidade de os cristais “reproduzirem” sua propria esteutura permitiv ao fsico Erwin Schridinger propor, cm seu famoso ensio "O que € a vida”, {que © material genético das e¢lulas deveria ter as propriedades cde um cristal. Esse ensaio do Schridinger é de [944 (anos antes, Ewen Schréidinger (1887-1981) do atual entendimento da esteutura do gene ter sid estabelec: do}, mas desereve de forma acurad cido desosirribenucléico, o material dos genes, specifica, liso ¢ verdade nao somente para at estruturas ma muitas das propriedades do da componente de um organistao vivo tem uma fungi0 croscapicas, como folhas e caules ou cor: es ¢ pulmoes, mas sar 1 pars as estruturas intracelulares microscépicas, coma ‘os micleos eos corophastos. Até mesmo os composts quimicos individuais, existentes nas células, tem fungoes especiticas, O mnentes quimicos de wm corgaaismte vivo é dindmicosalteragses em um vocam mudangas caordenadas ow compensiterias em outro, tendo © conjunto exibindo earactersticas que vao além daquelas exibidas pelos constituintes individuass. A colegio de moléculas executa um program: shade final a reprougo do programa es auteperpetuagao daquela cole- mo resultad: A biog procura explicar a vida em termos quimicos Se es organismos vivos do compostos de molgculas intrinseca ‘mente inanimadas, como podem essas moléculasexibir aextraor dindria combinagao de caracteristicas que chamarnos de vida? Figura 1-2 ~ Organismos vivos diferentes compartilham caracteristicas quimicas iguais. Pissaros, an mais, plantas e mictoras rnsmos do sola compartiharn com o Homer es rmesmas undadas estruturas basicas (cAulao, ‘os mesos tinos de macromolefas IDNA, RNA, Protenas)construldas com es mesmes tpos de lndades monomericas (nueleotkieos, amino 0s), Utiizam 25 mesmas was para sintese de componente smo coclgo genético ¢ 0% mesmas ancestais eve. iuciowios. ("0 jardin do Eden” (detate), por van Kessel, O Joven (1626-1679) Como pode ser que um organismo vive parega ser mais do que os, uma pondetam que 0s organisms vivos sia dotados dé vital iv firmemente rejeitada pela cigneia mod a ¢ misteriosa, mas essa doutrina (vtalismo) ter sido na. © objetivo bisico ia bioquimica § mostrar como as colegdes de moléculas inanimadas, que constituem os onganismos vivos,interag: entre si para manter e perpetuar a vida animada,e te potas leis quimicas« governam o universe nao vivo COrganismos vivos sao enormemente diferentes (Fig. 1 [Na aparéncia ¢fungae, passaros e bestas,drvores, gramtas e orga nisms mieroscépivos diferem grandemente, Ate pesqu tadomente semelhante ss bigguimicas evelam que todoseos ‘em niveis celular ¢ quimice, Bioguimi ca desereve em ter mos € 05 processos quimicos compartilhades por todos os acionais que funda. rmentem a vida em codas as suas diferentes formas, principios esses que coletivamente seria referidas cama a légica moieedar organisms, e fornece os principios org do vid. Embora a bioquimica produvza importantes visoes do ento edas aplicacdes préticas em medicina, agricultw: e indistria, ela estd,em tilkima instancia, preocupa: dae imtetessada na maravilha que a vida € em si mesma Embora a vida seja fundamentalment tante reconhecer que poug ussirnas generalizagdes a respeito dos snitivia, € impor organisms vi a absolutamente corretas para todos eles © sob quaisquer condigoes. A variagao de habitat nos quais os ‘organismos vivem, desde fontes tetmais quentes até tundea ar tiea, de intestinos de animais a dormitorios de resdencias est dlantis, €acompanhada por uma variagio igualmente ampla de ulaptagdes bioguimicas especiti sgradas cm um padrio quimico fu todos os organ feitas, eles per s FssIs adhaptagdes Sto inte damental, compartilhado por eralizagdes nio sejam per ‘mos. Embora a anecem iuteis, De fato, as excecdes geralmente iluminam as generaliagbes cientificas, Todas as macromoléculas séo construidas 4 partir de poucos compostos simples ‘A maioria do’ constituintes moleculares dos sistemas vivos € composta de dtomos cle carbono unidos covalentemente &ou- tras éromos de carbono € 2 stomos de hidrogénio, oxigenio & nitrogénio, As propriedadesespeciais de ligagao da carbono per- mitem a formagio de uma grande variedade de moléculas. Os «compostos orginicos de peso molecular (também chamado de ‘masa molectlarrelativay Ma}! menor que aproximadamente 500, come aminocidos,mucleotideos emronossacrideos,servemeome subunidades monoméricas de proteinas, cides nuckicos e po lssacarideos, respectivamente. Uma tunics molécula prottica pode ter 1.009 ov mais aminoavidos, e 0 Acido desoxirribor. gio tem milhoes de nucleotideos Cada cla da bacieriaFicherchia coli col corném mats de 6.000 tipos diferentes de eompostos orginicos.incuindo perto se 3000 proteinas diferentes ¢ um mimero sii de moléculas de dcidos nueldicos e centenas de tipos de carboidratos¢ lip dios. Em numanos pode haver dezenas de railhares de tipos ferentes de proteines, assim como muitos tipes de polistacar: eos (cadeias de agtcares simples), ume grande variedade del Pidios ¢ muitos outros compostos de peso molecular menor. Purificar e caracterizar exatamente todas essas moléculas serie um trabalho insuperavel se nao fosse 0 foto de cai classe de macromoléculas (proteinas,acidosuciéicos, polissacarideos) ser composte de um pequeno conjunto de subtinidades, mono: réricas comuns, Esses subunidades monoméricas podem ser Luides covalentemente em: ume vatiedade virtualmente Ge de sequéncias (Fig. 1-3), exctamente como as 26 letras do alfebeto inglés podem sor arranjadas em um nuimero ilimitado Ge palavras, sentengas ou livros. ‘0s acidos desoxirribonuceicos (DNA) s1o consttuidos de apenas quatro tipos diferentes de unidades monomeéricss simi- ples, oy desoxirribonucleotideos; & os écidos ribonucléicos {(RNA) sao compostos por apenas quae tipos de tihonucleo «eos. As proteinas sin compostas de 20 tipes diferentes de ami nodcidos. Os ito tipos de nucleotideos com os quais todos os Asidos mucléicos s30 constituidos ¢ 0s 20 tipos de aminodeddos «com os quals todas as proteinas sto constituidas so idénticos «m todos 03 erganismos vivos ‘A maioria das subunidades monomerias com a8 quais to dass macromoléculas S20 constituidasexerse mais de uma fun «0 mas células vies. Os nuclatidens servem nao apenas como Suiuniiades para os Scidos muclécos, mas também como mole- alas transportacoras de energia. Os aminaicidos sao suburi desdas moléculas protécas e também precursores de neuro missores, pigmentos ¢ muitos ou'rostipos de biomoleculs Destas considcrayses podemas destaear alguns dos pri pios da Logica moleculer da vidar + Todos os organismos vivos constrocm moléculas a par- tir dos mesmos tipos de subunidades monoméricas. + Nestruture de ume macromolécula determina sua fun io biologica espectics. + Cada géncro ¢ espécie so definices por seu conjunto distinto de macrornoléculas TOs ermas wadcs pur indicat o amano de ume mekicula so Freients nent confuncidos. Nés uses peso molecular ou Mf srassa moeculat ‘etna, uma razo adimensional da mass de ums mca pars um dove soe a} dr aase db %C. O tartano de uns mola pox tain se ‘orretamente dado em termos de mia molecular ra, que tem ides de dtons (Da) ou unas de masa avomie (uma), Ue molecule nuncs ddve sr desta como tendo um peo molecular ow M, (urna propredade limensiona expres em dts ou unites de masa aomica 005 Suburidades monoméricas Letra do Desoto. Amino slab maclectideos Sidon (26 ps ie ipoe ote irene) dire Aieerte JyT OR iq ™ ay nD @ iy in ls Bp Qv Gs Uys a a= PaMO To em Wo, x &, ee 6 te Ge bod bob iG M oe i. oe See FAL Eom O96 ti b Pee O09 PSs eGe O88 Aas ipa 908 GGG TT Mm ? yg yo S PEE pee O96 Ss} @ea O08 Paes cdo Prtenas inglese ——_desonribonuclico {DNA} ‘Sexes lineaesordenadas © amen de serena eens poses prs ur segment de 8 ssbunidaces = 26 ou fou 20° ow aa! ass 2566 10° Figura 1-3 ~ As subunidades monomérices emt seaiiécias Ineates adm expressar mensagens intintarnente corrploxas, Q Fumero de diferentes seqiéncas posses (5 depende do numero de diferentes tipos de subunidades (W) e do compnmeno ea saquencia Ineat = N° Fara polimeros do tamanho de proteinas = 400}, 5€ 204 um rumen asironomica A Producao de Energia e seu Consumo, no Metabolismo ‘Acenergia & ur tema central em biogulmica: as células eos orga nnismos dependem de um suprimento constante de energia para poderem se opor a tendéncia, inexorével da natureca, de queda para niveis menores de estado energético. © armazenat expressio da informacio consomem energias sem essa energia asestruturas ras em informagdo tomar-se-iam inexoravelment desordenadas e sem signifcad. As reages de sintese que ocor rem no interior das células, como os processos de sintese em ‘uma fbrica, requerem 0 fornecimento de energia. A energia & consumica no movimento de wma bactéria ou em uma corrida olimpica, no acender cs lzes de um vaga-hue ou na descarga de um peixe-eltricu. As célules desenvolveram, durante a evo= lagao, mecanismos altamente eficientes para capturar a energia do $ol,ou extra-la de alimentos aniaveis,e wansferi-la para os processos que dela necessitam.

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