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Editore C/Are: Editor a wQLESA UNIVER, Fernando Pero do Siva BIRLTOTECA UNTURRSTTARTA 4213508-07 ee Feserarae wwe ‘rienacbos Pesan Luci Gouvée Pimentel lxandrino Duca Alexandre Vesconcais de Melo Projetogrifico capa Potians Peezzl Imagem da copa unio de Od6 Rs de contas do Ogu, Ores ans Oxum, ‘2004 Foto Francseo Morera a Cosa acarv do Muse do Fo aio, CNECPPHAN. 1968. Roberto Conduru. Projeto Pedagbgico: Lucia Gouvéa ino Duearmo : Coordenacéo Esitoral: Ferando ep: 709.81 Ronald Duarte. Nimbo/ Oxaié, performance, Rio de Jansiro, 2004. Fotos: Pedro Stephan. CAPITULO 5: DIALOGOS CONTEMPORANEOS Heterogéneas e dispersas, embora aparegam com forga aqui e ali, as conexdes estabelecidas com as culturas africanas e afro-bra- sileiras ndo chegam a constituir uma vertente especifica, nem um conjunto imediatamente destacével na producao de arte contempo- ranea no Brasil. Conscientes ou ndo, difusos territorialmente, muitas vezes pontuais, esses didlogos focam em questées étnicas, r sas, estéticas, artisticas, sociais e pollticas, delineando o campo da afro-brasilidade. O que enseja e demanda sua problematizacao. Como na histéria da arte européia, em que o encontro com a producdo artistica das culturas qualificadas como primitivas constantemente mitificado’, também na historia da arte do Brasil 0 contato com a arte da Africa algumas vezes ganha aura de experién- cia crucial com forcas artisticas genuinas. Na orelha de um livro sobre a obra de Artur Barrio é dito que, apés ter “intensa ligacao com a vida do campo e com as brincadei- ras dos meninos” no Porto, em Portugal, onde o artista nasceu em 1945, e antes de viver na rua onde surgiu a Bossa Nova, no Rio de Janeiro, Brasil, para onde sua familia emigrou em 1955, Barrio teve outra experiéncia marcante: “Em 1952 passa todo o ano em Angola, tomando contato com a arte primitiva africana.”? Ou seja, com sete anos, entre a lidica infancia portuguesa e a boemia carioca dos anos 1950, Barrio teria conhecido, in /oco, e experimentado diretamente o 1A esse respeito, ver: GOMBRICH, E. H. The preference for the primitive: episo- des in the history of western taste and Art. Oxford: Phaidon, 2002; PERRY, Gill. O primitivismo eo "moderno”. In: FRASCINA, Francis; HARRISON, Charles; PERRY, I. Primitivismo, cubismo, abstragdo. Comego do século XX. S80 Paulo: Cosac & Naify, 1988 "BARRIO, Artur Alipio. Barrio. Rio de Janeiro: Funarte, 1978, (orethal Artur Barrio. Mascaras ~ Série Africana, técnica mista s/papel cartéo, 36x27 cm, 1974, Colecdo de Deleir e Regina da Costa, primitivismo da arte africana. Obras de Barrio, como Mascaras ~ Sé- rie Africana, de 1974, Marfim africano..., de 1980-1981, ¢ a Série Afri- cana n® 1, apresentada na XIX Bienal Internacional de Sao Paulo, em 1983, podem até atestar a pertinéncia da valorizacao desse dado bio- grafico. Entretanto, caso se aceite essa hipétese, preciso abandonar as concepgées dominantes no imaginario mundial da Africa como lugar isolado onde se poderia experimentar ainda pulsante o passado mais remoto da humanidade e da arte do continente como expressao pura e intacta da vida humana ancestral. Tendo isto em mente e com um olhar menos viciado, & possivel propor que o trabalho de Barrio, a partir de sua experiéncia quando menino, foi marcado menos pela suposta pureza africana e mais pela heterogeneidade cultural de Angola nos anos 1950. Além disso, uma anotagao existente no CadernoLivro de 1973 - “Expressionismo Cubis- mo: Africa / Surrealismo: Oceania ~ indica que a relagao de Barrio com a Africa é tanto a persisténcia de uma vivéncia infantil recuperada pela meméria, quando a relagdo com uma forca artistico-cultural que emerge do contexto da arte, sua histéria e sistema. SBARRIO, Artur. Cader nneiro: Modo, 2002. 0. In: CANONGIA, Lig Artur Barrio. Rio de Ja: 80 Rosemo C: ‘Miéscara policromada. Tibo Baku ba, Republica Democritica do Congo. Acervo do Museu Real da Africa Central, Tervuren, Bélgica. Também mediado pela arte e suas instituigdes foi o en- contro de Cildo Meireles com a Africa, como ele relata: "Meus desenhos figurativos do comego dos anos 60 derivaram do im- pacto de uma exposigéo de mascaras e esculturas africanas da colegao da Universidade de Dakar, Senegal, que vi na UnB em 1963." Em outro depoimento, ele acrescenta Fiquei profundamente tocado pela mostra, que exerceu uma influéncia fundamental na minha formagéo, redirecionando 0 meu desenho. Eume senti estimulado a enfrentar a to de resol ver o problema da representacdo, a figura transportada para outro pla: no, Eu estava diante da arte africana sem a mediagao do Cubismo. O 4 me atraiu na arte africana foi o modo forte e formal era resolvida. E, também, 0 fato que ela falava de coisas imate- Fiais, mas de modo muito vital.® Oexpressionismo que o artista vé normalmente nesses affo-desenhos, como os chama’, nao derivou, contudo, apenas da arte africana, O Mosquera conversa com Cildo Meireles. In MEIRELES, Cildo. Cildo Meireles. Sao Paulo: Cosac & Naify, 2000. p. 9. “bidem. Entrevista (a Frederico Moras). In: MORAIS, Frederico (Org). ‘algum desenho [1983 - 2005}. Rio de Janeiro: CCBB, 2005. p 60-62, “Ibidem, Pano-de-roda. Arte & Ensaios, Rio de Janeiro, Programa de Pés: em Artes Visuais da EBA/UFRJ, ano Vi, n. 7, 2000, p. 11 do Meiroles: Ante

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