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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO

Cecília Maria da Silva Costa


Graduanda em Letras-Português/IFSP

ABDALA JR., Benjamin. PASCHOALIN, Maria Aparecida. Realismo - Naturalismo


(1865-1900). In: História Social da Literatura Portuguesa.

O capítulo Realismo-Naturalismo de a História Social da Literatura Portuguesa


apresenta um panorama histórico com as condições sócio-políticas e econômicas que
propiciaram a formação do movimento realista em Portugal. Sob a dependência industrial da
Inglaterra, Portugal permanece um país extremamente agrário levando a diversas revoltas da
burguesia que leva ao movimento de Regeneração (1851-1910). Portugal assume o regime
parlamentar com a participação de dois partidos: o conservador, regido pelo movimento
regenerador e o menor conservador, liderado por reformistas e progressistas.
Os proprietários de terra vão para cidade e a classe média na cidade passa a ter raízes
agrícolas e um maior grupo comercial, que beneficia o desenvolvimento da comunicação.
Entretanto, Abdala aponta que a burguesia Portuguesa não possui controle sobre o próprio
país. O desenvolvimento material alavanca a ativação cultural e os meios de comunicação
fomentam o consumo de jornais, revistas e romances. Surge então, a possibilidade de
representação da realidade cotidiana, apresentando igualmente os problemas sociais,
políticos, econômicos e psicológicos para o leitor.
Com essas condições, se inicia por volta de 1865 o Realismo em Portugal, com a
questão de Coimbra, gerada pelo geração de 70. Grupo formado por Antero de Quental, Eça
de Queirós, Teófilo Braga, Manuel Arriaga, Guerra Junqueira e outro influenciados por
românticos franceses com preocupações sociais, como Victor Hugo, Heine e Michelet e por
teorias científicas da época, como o positivismo de Comte, o evolucionismo de Darwin, o
determinismo de Taine, anticlericalismo de Renan e o socialismo reformista de Proudhon.
É com propósito de contribuir para a sociedade portuguesa, que o grupo propõe a
Conferência democrática do Cassino Lisbonenses (1871). Entretanto, uma maré
conservadora que assola a Europa após a Comuna de Paris, e os debates passam a ser
atacados por jornais conservadores. Em uma dessas conferÊncias, Eça de Queiroz defende a
função social da literatura realista como a anatomia do caráter, em oposição a apoteose de
sentimento romântico. A dispersão do grupo acontece ao decorrer da década de 70, mas
durante a década de 80, durante os anos de 87/88, o grupo propõe uma retomada nomeada
“Vencidos da Vida”, por terem sido vencidos no teor ideológico. Com as manifestações
populares após o Ultimato, surge a poesia combativa de Guerra Junqueira, com perspectiva
ideológica da pequena burguesia citadina.
Das características Realistas, Abdala e Paschoalin destacam que o Realismo é um
compromisso social entre a realidade social e a arte, que se desenvolve no Naturalismo, uma
forma histórica do Realismo com caráter mecanicista e positivista. O Realismo tem como
base as teorias cientificistas da época, geradas após a Revolução Industrial. Esse não é o caso
de Portugal, que importa o Realismo dos países mais tecnologicamente avançados da Europa.
Dessa forma, as obras Realistas portuguesas se apresentam mais tímidas, como uma
crítica ao tradicionalismo vazio, a visão conservadora da Igreja, que impede o avanço social;
apresentam uma visão objetiva da realidade e uma representação social da vida
contemporânea, visando uma reforma e não uma revolução social.
Dos autores principais do movimento, Abdala e Paschoalin evidenciam Antero de
Quental, Eça de Queirós, Cesário Verde, Guerra Junqueiro e Fialho de Almeida, destacando
suas contribuições para o movimento literário e social que sondaram Portugal no final do
século XIX.

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