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Surrealismo

Criando com a linguagem dos sonhos


Valéria Peixoto de Alencar*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Um relógio que derrete, um peixe com corpo de mulher. Esquisitices assim só podem ser
vistas em sonho, já que estão acima da realidade - ou, em francês, "sur le réel", daí o termo
"surrealismo", escola artística que tem esses delírios como tema.
Esse movimento artístico e literário surgiu em Paris na década de 1920, mais ou mesmo ao
mesmo tempo em que apareciam outros movimentos modernistas, como ocubismo.
Foi o escritorAndré Breton(1896-1966) o primeiro a utilizar o termo, ao publicar o
"Manifesto Surrealista", em 1924. Os artistas deste movimento acreditavam que a arte
deveria se libertar das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência do dia-a-dia,
para poder expressar o inconsciente, a imaginação e os sonhos.
Baseavam-se também nos estudos de Sigmund Freud (1856-1939), considerado o pai da
psicanálise. Em sua obra mais conhecida, "A Interpretação dos Sonhos", Freud descreve o
funcionamento do inconsciente e a forma como ele aflora nos sonhos.

Em algumas obras surrealistas pode-se ver influências do dadaísmo, do cubismo, do


abstracionismo e do expressionismo, que eram movimentos artísticos contemporâneos. A
diferença básica em relação a esses movimentos está nas figuras representadas. O
surrealismo prefere imagens de um universo onírico, isto é, o mundo dos sonhos e à
imaginação.
A fantasia e a imaginação
O catalão Salvador Dali (1904-1989) e o belga René Magritte (1898-1967) são dois dos
principais artistas do movimento surrealista.
A imagem acima é um dos clássicos do surrealismo. Por que você acha que se chama "A
persistência da memória"?
O relógio é utilizado para marcar o tempo. Note que as idéias de tempo e memória estão
bastante ligadas. É como se, com o passar do tempo, a memória fosse se apagando,
escorrendo, assim como o tempo...
Agora imagine uma sereia.
Provavelmente, a imagem de sereia que veio à sua cabeça não é exatamente essa que você
viu no quadro acima. A obra "Invenção Coletiva", é de outro gênio do surrealismo,
Magritte. O título da obra brinca com o imaginário coletivo, povoado de seres que não
existem na realidade, mas que habitam a imaginação de muitas pessoas por serem
difundidos em nossa cultura.
Por trás dessas obras cheias de sonho, os pintores surrealistas tinham um propósito bem
real. O surrealismo foi um movimento surgido num período entre guerras, e tinha o
propósito de rejeitar o racionalismo e a lógica, que, usados ao extremo, haviam levado a
Europa a ser destruída por armas e bombas construídas graças ao uso desmedido da ciência.

*Valéria Peixoto de Alencar é historiadora formada pela USP e cursa o mestrado em artes no
Instituto de Artes da Unesp. É uma das autoras do livro "Arte-Educação: Experiências, Questões
e Possibilidades" (Editora Expressão e Arte).

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