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Resumo
O artigo apresenta uma reflexão sobre a profusão tecnológica e o controle sociopolitico na governança e
na governabilidade exemplificado na obra de George Orwell (1984) e a crise na segurança pública do
Estado de São Paulo. Do ponto de vista metodológico, o estudo tem por base a pesquisa bibliográfica e
exploratória. O referencial teórico perpassa por Dusek, Lee, Foucault, Heiddegger, dentre outros. Na parte
final, aborda-se sobre a questão da megamáquina e vigilância. O estudo conclui que o sistema público de
segurança de São Paulo tornou-se inoperante e que um poder alternativo preenche a lacuna deixada pela
ausência da megamaquina estatal: o PCC.
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Trabalho apresentado ao 9º Encontro Nacional de História da Mídia no GT História da Publicidade e
da Comunicação Institucional.
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Doutoranda e mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, MBA em
Marketing Político pela Universidade Católica do Tocantins e Jornalista pela Universidade Federal do
Tocantins. Professora da UFeS e UVV. rosevidal@yahoo.com.br.
I Introdução
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Albert Einstein- Ulm, 14 de março de 1879 — Princeton, 18 de abril de 1955- foi um físico teórico
alemão radicado nos Estados Unidos. 100 físicos renomados o elegeram, em 2009, o mais memorável
físico de todos os tempos. É conhecido por desenvolver a teoria da relatividade. Recebeu o Nobel de
Física de 1921, pela correta explicação do efeito fotoeléctrico; no entanto, o prêmio só foi anunciado
em 1922. O seu trabalho teórico possibilitou o desenvolvimento da energia atômica (Brasil Escola on
line, 2012).
mensagem, o chefe de estado americano deu início ao projeto
Manhattan, que tornou os Estados Unidos pioneiros no
aproveitamento da energia atômica em todo o mundo e resultou na
fabricação da primeira bomba atômica (PEPE, 2012, p.03).
A questão tecno-científica
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Burrhus Frederic Skinner (Susquehanna, Pensilvânia, 20 de Março de 1904 — Cambridge, 18 de Agosto
de 1990) foi um autor e psicólogo americano. Conduziu trabalhos pioneiros em psicologia experimental e
foi o propositor do Behaviorismo Radical, abordagem que busca entender o comportamento em função
das inter-relações entre a filogenética, o ambiente (cultura) e a história de vida do indivíduo. A base do
trabalho de Skinner refere-se a compreensão do comportamento humano através do comportamento
operante (Skinner dizia que o seu interesse era em compreender o comportamento humano e não
manipulá-lo).
Uma manobra relacionada é a inclusão geral da “tecnologia
psicológica” como parte do aparelho motivacional das atividades
tecnológicas, como o cântico nas sociedades de caça e coleta, ou
várias crenças políticas nas sociedades industriais (propagadas pela
propaganda, compreendida como um tipo de tecnologia por Ellul),
apagando a distinção entre tecnologias e cultura com a inclusão de
toda a cultura na tecnologia (DUSEK, 2006, p. 47).
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Portal UOL. Onda de violência derruba aprovação de Geraldo Alckmin. Disponível em
<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1190939-onda-de-violencia-derruba-aprovacao-de-geraldo-
alckmin.shtml>. Acesso em 25 de Nov de 2012.
desordem. Este pensamento vai em encontro aos conceitos de Thomas Hobbes (2002, p.
127-128) quando nos diz que mesmo com as leis naturais existentes e que cada
indivíduo respeita quando da vontade de respeitar e poder fazer isso com mais
segurança: "se não for instituído um poder suficientemente grande para nossa
segurança, cada um confiará, e poderá legitimamente confiar, apenas em sua própria
força e capacidade, como proteção contra todos os outros". Aqui observamos que o
Estado deve utilizar o poder para regular a segurança dos indivíduos em sociedade, se
este se sentir privado deve procurar outro poder, no caso o PCC.
Considerações Finais
O controle exacerbado propiciado pelos adventos científicos reafirma o que
Arendt (2007) diz sobre a sobreposição de esferas pública e privada. Tal transposição
coloca em cheque a essência da política, lócus de discussão, debate e deliberação para o
bem comum, propiciado na esfera pública, e abre brecha para o pensar em si mesmo, o
pensar no íntimo do outro, o entrar nada tímido na esfera privada das relações sociais.
Sendo assim, o controle gera mais descontrole, já que não se debate as aflições de todos,
mas defende-se os interesses privados, pensamento este defendido por Mumford (1967)
no conceito de Megamáquina.
A inoperância de um sistema de segurança público falido é reflexo de um
sistema arcaico e retrógrado que prima pela discrepância social. O Brasil figura como
sendo um país em franco desenvolvimento, no entanto suas políticas públicas de base
não contemplam as classes menos favorecidas. Entre as estatísticas que comprovam isto
é o índice de analfabetismo na população brasileira 7,9% segundo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ao pensar um controle sociopolítico apenas por tecnologia e sem levar em conta
a parte humana o Estado além de perder a governabilidade, cai na descrença da
governança. Thoreau (1854) nos chama a atenção para o fato de estarmos,
simplesmente, agindo mecanicamente quando lidamos com as novas tecnologias:
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