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Lovecraft
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Howard Phillips Lovecraft (Providence, Rhode Island, 20 de agosto de 1890 Howard Phillips Lovecraft
— Providence, Rhode Island, 15 de março de 1937), mais conhecido por H. P.
Lovecraft, foi um escritor estadunidense que revolucionou o gênero de terror,
atribuindo-lhe elementos fantásticos típicos dos gêneros de fantasia e ficção
científica.
Lovecraft era uma criança constantemente doente. Seu biógrafo, L. Sprague de Camp,
Lovecraft com
aproximadamente 9 anos de afirmou que o jovem Howard sofria de poiquilotermia, uma raríssima doença que fazia com
idade. que sua pele fosse sempre gelada ao toque. Dados seus problemas de saúde, ele frequentou a
escola apenas esporadicamente, mas lia bastante.
Seu avô morreu em 1904, o que levou a família a um estado de pobreza, devido à incapacidade das filhas de gerirem seus bens. A
família foi obrigada a se mudar para acomodações menores e insalubres, o que prejudicou ainda mais a já débil saúde de Lovecraft.
Em 1908, ele sofreu um colapso nervoso, acontecimento que o impediu de receber seu diploma de graduação do ensino médio e,
consequentemente, complicou sua entrada numa universidade. Esse fracasso pessoal marcaria Lovecraft pelo resto de seus dias.
Durante a juventude, Lovecraft dedicou-se a escrever poesia, mergulhando na ficção de terror apenas a partir de 1917. Em 1917,
publicou seu primeiro trabalho profissional: o conto Dagon, na revista Weird Tales. Lovecraft, junto de Clifford Martin Eddy, Jr., foi
um ghostwriter da revista Weird Tales, inclusive escrevendo uma história para Harry Houdini, chamada "Sob as Pirâmides" ("Under
the Pyramids", também conhecida como "Imprisoned with the Pharaohs"). Sua mãe nunca chegou a ver nenhum trabalho do filho
publicado, tendo morrido em 1921 após complicações de uma cirur
gia.
Lovecraft trabalhou como jornalista por um curto período, durante o qual conheceu Sonia Greene, com quem viria a casar. Ela era
uma judia natural da Ucrânia, oito anos mais velha que ele, o que fez com que sua tias protestassem contra o casamento. O casal
mudou-se para o Brooklyn, na cidade de Nova Iorque, cidade de que Lovecraft nunca gostou.[9] O casamento durou poucos anos e,
após um divórcio amigável, Lovecraft regressou aProvidence, onde moraria até morrer.
O período imediatamente após seu divórcio foi o mais prolífico de Lovecraft, no qual ele se correspondia com vários escritores
estreantes de horror, ficção e aventura. Entre eles, seu mais ávido correspondente era Robert E. Howard, criador de Conan o Bárbaro.
Algumas das suas mais extensas obras foram escritas nessa época, como Nas Montanhas da Loucura e O Caso de Charles Dexter
Ward, seu único romance.
Seus últimos anos de vida foram bastante difíceis. Em 1932, sua amada tia Lillian Clark, com quem ele vivia, faleceu. Lovecraft
mudou-se com Annie Gamwell, sua outra tia e companhia remanescente, para uma pequena casa alugada, que se situava atrás da
biblioteca John Hay. Para sobreviver, considerando-se que seus próprios textos aumentavam em complexidade e número de palavras,
dificultando as vendas, Lovecraft apoiava-se como podia em revisões e ghost-writing de textos assinados por outros, inclusive
poemas e não-ficção. Em 1936, a notícia do suicídio do seu amigo Robert E. Howard deixou-o profundamente entristecido e abalado.
Nesse ano, a doença que o mataria (câncer no intestino) já avançara o bastante para que pouco se pudesse fazer contra ela. Pelos
meses seguintes, Lovecraft aguentou dores cada vez mais crescentes, até que, 10
a de março de 1937, viu-se obrigado a internar-se no
Hospital Memorial Jane Brown. Ali morreria cinco dias depois. Contava então 46 anos de idade.
Howard Phillips Lovecraft foi enterrado no dia 18 de março de 1937, no cemitério Swan Point, em Providence, no jazigo da família
Phillips.[10] Seu túmulo é o mais visitado do local, mas passou décadas sem ser demarcado de forma exclusiva. No centenário do seu
nascimento, fãs norte-americanos cotizaram-se para inaugurar uma lápide definitiva, que exibe a frase "Eu sou Providence", extraída
de uma de suas cartas.
Obra
Muitos dos trabalhos de Lovecraft foram directamente inspirados por
seus constantes pesadelos, o que contribuiu para a criação de uma
obra marcada pelo subconsciente e pelo simbolismo. As suas maiores
influências foram Edgar Allan Poe, por quem Lovecraft nutria
profunda afeição, e Lord Dunsany, cujas narrativas de fantasia
inspiraram suas histórias emTerras de Sonho.
Lovecraft é um dos poucos autores cuja obra literária não tem meio-
termo: volta-se única e exclusivamente para o horror, tendo como
finalidade perturbar o leitor, depois de atraí-lo para a atmosfera, o
ambiente, o clima daquilo que lê. Muitas vezes, ele parte de uma
situação, à primeira vista, banal para, paulatinamente, revelar o H. P. Lovecraft e as criaturas de Cthulhu, criadas
horror por trás dela. Assim acontece no romance O Caso de Charles por ele.
Dexter Ward, no qual a atmosfera de normalidade vai se desfazendo à
medida que o autor vai revelando, aos poucos, o resultado da pesquisa que o citado Charles fizera tentando encontrar um seu
antepassado que havia sido obscurecido propositadamente.
Além da atmosfera banal, outro ingrediente da fórmula lovecraftniana para seduzir o leitor é o uso da primeira pessoa: a maior parte
de seus contos, como "O Chamado de Cthulhu", "Um Sussurro nas Trevas", "A Cor que Caiu do Céu", "Sombras Perdidas no
Tempo" e "Nas Montanhas da Loucura", são narrados em primeira pessoa. Em algumas histórias, todos os acontecimentos são
vividos pelo narrador, como em "Sombras Perdidas no Tempo". Em outras, o narrador convive com algumas personagens e toma
parte dos fatos (em geral, a pior delas).
As constantes referências nas histórias de Lovecraft a horrores, monstros e divindades ancestrais acabaram por gerar algo análogo a
uma mitologia, popularmente conhecida como Cthulhu Mythos, expressão criada após a morte do autor pelo escritor August Derleth,
um dos muitos escritores a basearem suas histórias na mitologia criada por Lovecraft. O Cthulhu Mythos contém vários panteões de
seres extra-dimensionais que reinaram sobre a Terra há milhões de anos. Estes seres eram tão poderosos que eram ou podiam ser
considerados deuses. Alguns deles, inclusive, teriam sido os responsáveis pela criação da raça humana e teriam uma intervenção
direta em toda a história do universo.
Lovecraft criou também um dos mais famosos e explorados artefatos das histórias de terror: o Necronomicon, um fictício livro de
invocação de demônios escrito pelo também fictício Abdul Alhazred. Até hoje, é popular o mito da existência real deste livro,
fomentado especialmente pela publicação de várias edições falsas do Necronomicon e por um texto, da autoria do próprio Lovecraft,
explicando sua origem e percurso histórico.
Lovecraft também escreveu o ensaio "O Horror Sobrenatural na Literatura", ainda considerado o mais importante sobre o gênero,
mesmo tendo se passado mais de setenta anos da sua publicação. O surgimento, posteriormente, de autores como Robert Bloch e
Stephen King não alterou este fato.
Racismo
Racismo é o ponto mais controverso da obra de Lovecraft, pois algumas passagens deixam transparecer suas ideias abertamente
racistas. No conto Herbert West: Reanimator, por exemplo, há o seguinte trecho: "O negro foi nocauteado e um breve exame nos
revelou que ele assim ficaria. Ele era uma coisa grotesca, parecida com um gorila, com braços anormalmente longos que eu não
poderia evitar de chamar de patas dianteiras (...). O corpo deve ter parecido ainda pior em vida – mas o mundo contém muitas coisas
feias."
Contos como O Horror em Red Hook e O Chamado de Cthulhu também contém elementos racistas e frases com esse tipo de
conotação. Em uma carta endereçada a Lillian D. Clark em 1926 ele afirma que qualquer um que não tivesse "a pele clara dos
nórdicos" era inferior. O autor não demonstrava apreço uniforme por todos os povos brancos, demonstrando mais estima por povos
ingleses ou de descendência inglesa[11]. Muitos pesquisadores consideram que o preconceito exibido por Lovecraft era mais
culturalmente brutal do que biológico, pois ele mostrava simpatia a estrangeiros que adotavam a cultura anglo-saxônica, chegando ao
[11].
ponto de se casar com uma mulher de origem judaica
Para alguns autores, como China Miéville, o ódio de raça é um elemento central[12] na obra de Lovecraft: suas criaturas monstruosas
seriam representações de seus temores e fobias raciais. A opinião é diferente daquela do biógrafo de Lovecraft, S.T. Joshi, para quem
o elemento racista não seria elementar aos contos do autor
. Segundo ele, o preconceito seria uma característica das obras da juventude
do americano, e que teria se atenuado ao longo de sua vida, principalmente a partir do momento em que ele se casou com Sonia
Greene, que tinha ascendência judaica. De fato, seus escritos posteriores exibem um racismo que se atenuou para um
elitismo/classismo que considerava superiores todos aqueles que se "enobreçam através da alta cultura".
O racismo do autor foi um dos motivos que levou a premiação World Fantasy Award a modificar o design de seu trófeu[13], que até
2014 trazia um busto de Lovecraft. A mudança aconteceu após uma intensa campanha de autores do mundo todo, que chegaram a
assinar uma petição sobre o caso[14].
Influência
Muitas bandas de rock e heavy metal fazem homenagens a Lovecraft em suas músicas, como Metallica, Dylath-Leen,[15]
Ossadogva,[16], Spawn of Matriarch,[17] Abgott,[18] Advent[19] e Innzmouth.[20] Em 2010, a gravadora Voidhanger Records lançou
uma coletânea chamada Tribute to H.P. Lovecraft - Gate 1: Yogsothery - Chaosmogonic Rituals of Fear, contendo músicas
executadas pelas bandas Jääportit, Umbra Nihil, Aarni e Caput LVIIIm. As letras de todas as composições abordam como temática os
mitos de Chtulu, o ocultismo, a literatura e o horror.[21][22]
Notas
1. King citou-o na capa de 1982 da edição brochada deThe Best of H.P. Lovecraft: Bloodcurdling Tales of Horror and
the Macabre, publicado pela Del Rey Books, com introdução de Robert Bloch. Outras fontes citam King como
chamando o juízo de Lovecraft de "inegável",[6] ou "além de qualquer dúvida".[7]
Referências
1. «Poema "An American To Mother England" » (http://www.hplovecraft.com/writings/texts/poetry/p061.aspx). Donovan
K. Loucks
2. Wilson, Colin. The Strength to Dream: Literature and the Imagination . [S.l.: s.n.] p. 8. ISBN 1600250203
3. Smith, Don G. (2005).H.P. Lovecraft in Popular Culture. [S.l.: s.n.] p. 85. ISBN 0-7864-2091-X
4. Carol Oates, Joyce (13 de outubro de 1996).«The King of Weird» (http://www.nybooks.com/articles/1376). The New
York Review of Books. 43 (17). Consultado em 10 de outubro de 2010.
5. Wohleber, Curt (1995). «The Man Who Can Scare Stephen King»(http://www.americanheritage.com/articles/magazi
ne/ah/1995/8/1995_8_82_print.shtml). American Heritage Magazine (volume 46, issue 8)
6. «H.P. Lovecraft» (http://www.abebooks.com/docs/Fantasy/lovecraft.shtml). AbeBooks.com. Consultado em 10 de
outubro de 2010.)
7. H. P. Lovecraft. Bloodcurdling Tales of Horror and the Macabre: The Best of H. P. Lovecraft (http://ebooks.ebookmall.
com/ebook/102153-ebook.htm). [S.l.: s.n.]
8. Sante, Luc (10 de outubro de 2006).The Heroic Nerd. [S.l.]: The New York Review of Books
9. Houellebecq, Michel (2005).H. P. Lovecraft: Against the World, Against Life. Nova Iorque: McSweeney's & Believer
Books. 150 páginas
10. H. P. Lovecraft (http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GRid=1188) (em inglês) no Find a Grave
11. Joshi, S.T. (2001). A Dreamer and a Visionary: H.P. Lovecraft in his time. [S.l.]: Liverpool University Press. pp. 95, 97,
111, 221–222, 359–360.ISBN 978-0-85323-946-8
12. Amazon Books (7 de junho de 2009),China Mieville on H.P. Lovecraft (https://www.youtube.com/watch?v=mSxm_nh
qDyw), consultado em 20 de maio de 2018.
13. Flood, Alison (9 de novembro de 2015).«World Fantasy award drops HP Lovecraft asprize image» (http://www.theg
uardian.com/books/2015/nov/09/world-fantasy-award-drops-hp-lovecraft-as-prize-image) . the Guardian (em inglês).
Consultado em 20 de maio de 2018.
14. «Sign the Petition» (https://www.change.org/p/the-world-fantasy-award-make-octavia-butler-the-wfa-statue-instead-of
-lovecraft). Change.org (em inglês). Consultado em 20 de maio de 2018.
15. «Dylath-Leen» (http://www.metal-archives.com/band.php?id=34737). Encyclopaedia Metallum. Consultado em 3 de
fevereiro de 2011.
16. «Ossadogva» (http://www.metal-archives.com/band.php?id=3540264948). Encyclopaedia Metallum. Consultado em
3 de fevereiro de 2011.
17. «Spawn of Matriarch» (http://www.metal-archives.com/band.php?id=43259). Encyclopaedia Metallum. Consultado
em 3 de fevereiro de 2011.
18. Encyclopaedia Metallum. [1] (http://www.metal-archives.com/band.php?id=5034)
19. Encyclopaedia Metallum. [2] (http://www.metal-archives.com/band.php?id=13874)
20. «Innzmouth» (http://www.metal-archives.com/band.php?id=3540324008). Encyclopaedia Metallum. Consultado em 5
de março de 2011.
21. Encyclopaedia Metallum. [3] (http://www.metal-archives.com/review.php?id=290132)
22. Encyclopaedia Metallum. [4] (http://www.metal-archives.com/release.php?id=290139)
Bibliografia
Figueiredo, Kezia L'Engle.Weird Fiction and the Unholy Glee of H.P . Lovecraft. Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis, SC: 2003. (Revisão da fortuna crítica de Lovecraft e análise das formas de funcionamento
de sua teoria estética na obra gótica.)
Ligações externas
Contém a obra completa de Lovecraft - em inglês
Site com obras de Lovecraft
O chamado de CthulhuVersão eletrônica em português
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