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LEISHMANIOSE : Você Sabia ?

Vacinação de cães contra Leishmaniose Visceral Canina


A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma doença reação de intradermorreação positiva mesmo após três
de notificação obrigatória de acordo com a legislação bra- anos e meio da vacinação.
sileira, regida pelo decreto do Senado Federal número É importante ressaltar que, além de proteger o ani-
51.838, de 14 de março de 1963, que a considera ende- mal vacinado contra a leishmaniose visceral canina, a
mia rural. Com o passar dos anos e o surgimento de ca- Leishmune® age como bloqueadora da transmissão da
sos de LVC em áreas urbanas, a doença foi inserida no doença. Trabalhos publicados demonstraram que cães va-
contexto das legislações estaduais e municipais sobre cinados e expostos ao desafio não são transmissores da
zoonoses, definindo-se que os animais soropositivos, LVC e revelaram também que os anticorpos gerados pela
além dos doentes, devem ser eutanasiados. vacina nos cães impedem o desenvolvimento do parasita
No Brasil, o constrangimento provocado por essa me- no inseto e, assim, a sua transmissão para outros cães e
dida é relatado por profissionais ligados ao setor público seres humanos5,6.
Fabiana Farinello Grecco e responsáveis pelo controle da Leishmaniose Visceral A demonstração de que os métodos sorológicos uti-
(fabiana.grecco@pfizer.com)
(LV) quando da busca do cão sorologicamente positivo, lizados pelos laboratórios de diagnóstico particulares (ELI-
Mestre em Parasitologia
pela Universidade de
nem sempre sintomático, para eutanásia. São crescen- SA S7, laboratório Biogene) e ELISA e RIFI utilizados pela
Campinas - UNICAMP tes as ocorrências de recusa em entregar o animal, o que, rede pública em inquéritos epidemiológicos (antígeno L.
Coordenadora Técnica consequentemente, mantém a cadeia de transmissão. major-like, laboratório Bio-Manguinhos) foram capazes
Linha Animais de Um importante estudo de modelagem matemática indi- de diferenciar cães vacinados com a vacina FML (Leish-
Companhia da Pfizer Saúde ca que a eutanásia de cães soropositivos deveria ser, em mune®) de cães naturalmente infectados com L. infan-
Animal escala de importância, a terceira medida adotada, e que tum7,8,9,10, comprova que a vacinação de um elevado per-
o controle dos flebotomíneos e a vacinação canina cons- centual de cães contra a LVC não interfere com o Progra-
tituiriam ferramenta útil na redução da incidência da do- ma Brasileiro de Controle da LV.
ença em humanos. A Leishmune® está sendo utilizada há oito anos no
O desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a LV Brasil, e demonstrou ser segura, protetora e imunogê-
foi também recomendado pela OMS como uma impor- nica para cães, além de ser capaz de bloquear a trans-
tante ferramenta no controle da LVC, assim como para missão.
efetiva erradicação da doença. Apesar da intensificação Finalmente, não parece ter fundamento a hipótese
nas pesquisas para uma vacina eficaz contra a LVC, ape- de que a vacinação de elevado percentual de cães em
nas duas vacinas de segunda geração concluíram os es- áreas endêmicas possa dificultar as ações de controle da
tudos a campo de Fase III no Brasil: a vacina FML (Leish- LV adotadas no Brasil, mas que a vacinação de cães pode
mune®) e a vacina A2 (Leish-Tec®), sendo que, até a pre- ser, no futuro, mais uma ferramenta, associada às demais
sente data, apenas a Leishmune® obteve o deferimento medidas já adotadas para o controle da LV.
dos estudos de fase III pelo Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (MAPA)1. Referências:
Desde que a vacina Leishmune® tornou-se disponí- 1 - Nota Técnica nº64/CPV./ 2 - BORJA-CABRERA et al. Long
vel, em 2004, os médicos veterinários do Brasil têm a lasting protection against canine kala-azar using the FML-
disposição mais uma ferramenta contra a LVC. A vacina QuilA saponin vaccine in an endemic area of Brazil. Vaccine,
v.20, p.3277-3284, 2002./ 3 - DA SILVA, V.O. et al. A phase III
FML foi registrada no MAPA em 2003, e tornou-se co-
trial of efficacy of the FML-vaccine against canine kala-azar in
mercialmente disponível sob o nome Leishmune® como an endemic area of Brazil. Vaccine, v.19, n.9-10, p.1082-1092,
a primeira vacina registrada contra a LVC no mundo, re- 2001./ 4 - BORJA-CABRERA, G.P. et al. Immunogenicity assay
cebendo do MAPA em 06 de outubro de 2011, o deferi- of the Leishmune® vaccine against canine visceral leishmani-
mento dos estudos de Fase III. asis in Brazil. Vaccine., v.26, p.4991-4997, 2008./ 5 - NOGUEI-
Desenvolvida pelo grupo de pesquisas da Dra. Cla- RA, F.S. et al. Leishmune® vaccine blocks the transmission of
rissa Palatnik de Sousa, pesquisadora da Universidade canine visceral leishmaniasis absence of Leishmania parasi-
Federal do Rio de Janeiro, a Leishmune® é composta tes in blood, skin and lymph nodes of vaccinated exposed dogs.
Vaccine, v.23, n.40, p.4805-4810, 2005./ 6 - SARAIVA, E.M.
pela glicoproteína FML (fucose mannose ligand), que
et al. The FML-vaccine (Leishmune) against canine visceral
inibe fortemente a penetração de promastigotas e amas- leishmaniasis: a transmission blocking vaccine, Vaccine, v.24,
tigotas em macrófagos murinos in vitro de forma espé- p.2423-2431, 2006./ 7 - ANDRADE, P.P. et al. Serologic discri-
cie específica. Utiliza como adjuvante de imunidade a mination between vaccinated and infected dogs in visceral
saponina, um potente adjuvante de imunidade capaz leishmaniasis, Vaccine Congress, Amsterdam, The Netherlan-
de estimular a resposta imune celular ao antígeno, pro- ds, 2007./ 8 - GRECCO, F.F. et al. Serologic differentiation be-
movendo aumento na síntese de várias citocinas, como tween Leishmune vaccinated and visceral leishmaniasis infec-
IFN-γ, IL2, IL-12 e TNF. Os estudos de Fase III a campo ted dogs, XV Congresso Brasileiro de Parasitologia Veteriná-
ria Curitiba - PR, 2008./ 9 - RISTOW, L.E.; PEREZ Júnior, A.A.
com a Leishmune® demonstraram proteção de até
Study of seroconvertion of dogs after vaccination against ca-
99%2,3,4, destacando a longa duração e a forte ação imu- nine leishmaniosis, 34th World Congress WSAVA, São Paulo -
noprofilática contra a LVC. A imunogenicidade da Leish- SP, 2009./ 10 - GRECCO, F.F. et al. Demonstração de sorologia
mune® foi demonstrada pela sua habilidade de dispa- negative em cães vacinados com Leishmune®. Revista Patolo-
rar potente resposta celular protetora, comprovada pela gia Tropical, v.38, SUPL. 2, 2009.
Colaboração:

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