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Evandro Guedes

Graduado em Administração de Empresas


pelo Centro Universitário Barra Mansa (UBM).
Graduado em Direito pelo Centro Universitário
Geraldo di Biasi (UGB) e pela Faculdade Assis
Gurgacz (FAG-PR). Professor de cursos prepa-
ratórios em Cascavel, Curitiba, Rio de Janeiro,
Bahia e Minas Gerais. Possui vasta experiência
nas bancas da Cespe/UnB, Esaf, FCC, FGV entre
outras.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
Lei 8.429/92: improbidade
administrativa

Introdução
O tema improbidade administrativa está expressamente previsto no texto
Constitucional, no artigo 37, §4.º, com a seguinte redação:
Art. 37. [...]

§4.º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos,


a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

A improbidade administrativa está intimamente ligada ao princípio cons-


titucional expresso da moralidade administrativa e ao dever de probidade.
Ser probo é ser honesto, nesse sentido ser ímprobo quer dizer ser desones-
to, ou seja, improbidade administrativa nada mais é que a desonestidade
administrativa.

Contudo, o artigo 37, §4.º, somente determina a existência dos atos


de improbidade administrativa e seus efeitos, sem, contudo, determinar a
forma da aplicação das sanções para o agente que cometer os atos de im-
probidade administrativa, bem como não diz o que e quais são os atos de
improbidade.

Dessa forma, em 1992 foi editada a Lei 8.429 que veio regulamentar os
casos de improbidade administrativa e todos os seus ritos próprios, ou seja,
a referida lei viabilizou a aplicação da norma constitucional.

Essa lei aplica-se para qualquer agente público, servidor ou não, que
cometa ato de improbidade administrativa contra a administração direta,
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou
da receita anual (Lei 8.429/92, art. 1.º).

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O artigo 2.° da referida Lei determina quem deve ser considerado agente
público:
Art. 2.º Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego
ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

Modalidades
Modalidades são as formas em que o agente público pode cometer os
atos de improbidade administrativa. São três formas expressas na Lei, dadas
a seguir. Lembrando que os atos de improbidade administrativa elencados
na referida Lei são considerados um rol exemplificativo, pois no caso concre-
to qualquer ato que venha a ferir o princípio da moralidade administrativa
poderá ser considerado um ato de improbidade.

 Enriquecimento ilícito

Está expressamente previsto no artigo 9.º da referida Lei, o qual transcre-


vemos a seguir:
Art. 9.° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito
auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1.° desta Lei,
e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação
ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou


locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas
no art. 1.° por preço superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta
ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço
inferior ao valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material


de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1.° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados
ou terceiros contratados por essas entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a


exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de
usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

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VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer


declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço,
ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens
fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1.º desta Lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função
pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
patrimônio ou à renda do agente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento


para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante
a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba


pública de qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para


omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1.° desta Lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1.° desta Lei.

 Prejuízo ao erário

Está expressamente previstos no artigo 10 da Lei, a seguir transcrito:


Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1.º
desta Lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular,


de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1.º desta Lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1.º desta
Lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1.º desta Lei, sem observância das formalidades legais e
regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio


de qualquer das entidades referidas no art. 1.º desta Lei, ou ainda a prestação de serviço
por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço


superior ao de mercado;

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VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou


aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais
ou regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz


respeito à conservação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de
qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos
ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1.° desta Lei, bem como o trabalho de servidor público,
empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

XIV - celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;

XV - celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação


orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.

 Atos que atentem aos princípios da Administração Pública

Expressamente previstos no artigo 11 da referida Lei, transcrito a seguir:


Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
Administração Pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto,
na regra de competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva
permanecer em segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva


divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.

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Instâncias
A lei de improbidade administrativa não trata de crime para o agente pú-
blico. Nela, somente se fala em penalidades administrativas e civis, sem efei-
tos penais oriundos diretamente do texto legal.

Contudo, o que pode acontecer é que os atos praticados pelo agente pú-
blico também podem constituir crime, nesse caso o agente vai ser punido
tanto pela lei de improbidade administrativa nas instâncias civis e adminis-
trativa, como pelo Código Penal na esfera penal.

Efeitos
A Lei determina quatro efeitos, sendo os três primeiros penalidades e o
último mera medida cautelar.

São considerados efeitos da lei:

 suspensão dos direitos políticos – representa penalidade e somente


se efetiva após o trânsito em julgado da sentença;

 perda da função pública – representa penalidade de cunho adminis-


trativo e somente se efetiva após o trânsito em julgado da sentença;

 indisponibilidade dos bens – medida cautelar, não representa pena-


lidade e pode se dar através de arresto ou sequestro;

 ressarcimento ao erário – penalidade de cunho civil, se dá através da


multa civil.

Punição
O artigo 12 da referida Lei prevê as penalidades aos agentes públicos, que
transcrevemos a seguir:
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato:

I - na hipótese do art. 9.°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos de 8 (oito) a 10 (dez) anos, pagamento de multa civil de até 3 (três) vezes
o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 (dez) anos;

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II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos
ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos de cinco a 8 (oito) anos, pagamento de multa civil de até 2 (duas) vezes
o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 5 (cinco) anos;

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de 3 (três) a 5 (cinco) anos, pagamento de multa
civil de até 100 (cem) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de 3 (três) anos.

Quadro resumitivo das penalidades

Suspensão dos Proibição de contratar


Multa
direitos políticos direta ou indiretamente
Até 3x
Enriquecimento
8 a 10 anos valor acrescido 10 anos
ilícito
ao patrimônio
Até 2x
Prejuízo ao erário 5 a 8 anos 5 anos
valor do dano
Atos que atentem Até 100x
contra os princípios 3 a 5 anos valor da 3 anos
da administração remuneração

Sujeito ativo para propositura da ação


A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério
Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetiva-
ção da medida cautelar. A lei de improbidade administrativa veda qualquer
benefício aos agentes que cometerem ato de improbidade e, em especial, a
transação, acordo ou conciliação.

Sujeito ativo e sujeito passivo


O sujeito ativo pode ser quem comete os atos de improbidade praticados
por qualquer agente público, servidor ou não. Dessa forma, considera-se agente
público, para os efeitos da lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoria-
mente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego
ou função nas entidades referidas anteriormente (Lei 8.429/92, art. 2.º).

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Sujeito passivo são a administração direta, indireta ou fundacional de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municí-
pios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de en-
tidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual (nesse caso o
agente sofrerá todas as penalidades da lei, ou seja, suspensão dos direitos
políticos, perda da função pública, ressarcimento ao erário) serão punidos na
forma da lei (Lei 8.429/92, art. 1.º).

Assim, também é considerado sujeito passivo os atos de improbidade


praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefí-
cio ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público, bem como daquelas
para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos
de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes
casos, à sanção patrimonial (nesse caso receberá somente a multa e ficará
proibido de contratar) à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
públicos (Lei 8.429/92, art. 1.º, parágrafo único).

Vedações
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou
pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.

A Lei de improbidade administrativa veda qualquer benefício aos agen-


tes que cometerem ato de improbidade e, em especial, a transação, acordo
ou conciliação.

Prescrição
O artigo 23 da Lei prevê que
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeito as sanções previstas nesta Lei podem ser
propostas:

I - até 5 (cinco) anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou


de função de confiança;

II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares


puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo
ou emprego.

Prescrição é a perda da pretensão pelo decurso do tempo. Dessa forma,


fica a Administração Pública proibida de penalizar o agente que cometeu os

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atos de improbidade administrativa. Devemos lembrar que ações civis de


ressarcimento ao erário são imprescritíveis, quando o próprio agente causa
o prejuízo.

Resolução de questões
1. (Cespe) Julgue o item a seguir.

Considere que Pedro tenha denunciado o agente público João por


ato de improbidade, sabendo que este era inocente. Nesse caso, Pe-
dro perderá automaticamente sua função pública e terá seus direitos
políticos suspensos, além de ser condenado à pena de reclusão e ao
pagamento de multa.

Solução: Errado. A lei de improbidade administrativa em regra não


trata de crime. Na prática não existe crime previsto nessa lei para o
agente público, somente para o particular que faz acusação falsa con-
tra o agente público. Segue o artigo da lei que prevê a sanção penal
para o particular, sendo esse o único efeito isolado para o particular.
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público
ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.

Pena: detenção de seis a dez meses e multa.

Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o


denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.

2. (Cespe) Com relação ao processo administrativo (Lei 9.784/99) e à Lei


8.429/92, julgue o próximo item.

As disposições da Lei 8.429/92 são aplicáveis, no que couber, àquele


que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prá-
tica de ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma
direta ou indireta.

Solução: Certo. O particular pode cometer improbidade e sofrer seus


efeitos primários, mas somente se se beneficiar ou induzir ou de qual-
quer forma concorrer com o fato ilícito.

O artigo 1.º da Lei 8.429/92 prevê que “os atos de improbidade prati-
cados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a admi-
nistração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território,
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de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para


cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais
de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual (nesse caso
o agente sofrerá todas as penalidades da lei, ou seja, suspensão dos
direitos políticos, perda da função pública, ressarcimento ao erário)
serão punidos na forma desta lei”.

3. (Cespe) Considerando a Lei de Improbidade – Lei 8.429/92 – e os


procedimentos administrativos, julgue o item seguinte.

O procedimento administrativo cabe à Administração Pública, mas a


Lei de Improbidade permite ao Ministério Público designar um repre-
sentante do órgão para acompanhar esse procedimento.

Solução: Certo. A comissão processante dará conhecimento ao Mi-


nistério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência
de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im-
probidade e o Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas
poderá, a requerimento, designar representante para acompanhar o
procedimento administrativo e havendo fundados indícios de respon-
sabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à procu-
radoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação
do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público. Quando for o
caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens,
contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no
exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais (Lei 8.429/92,
arts. 15 e 16).

Atividades
1. (Cespe) No item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, referen-
te à prescrição administrativa, seguida de uma assertiva a ser julgada.

Foi proposta, em 5/6/98, ação civil pública por ato de improbida-


de administrativa contra um ex-prefeito, por ilícito praticado na sua
gestão. Na ação, foram requeridos não apenas a sua condenação por
ato de improbidade, mas também o ressarcimento dos danos causa-
dos ao erário. O término do mandato do referido prefeito ocorreu em
31/12/1992.
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Nessa situação, de acordo com a Lei 8.429/92 e os precedentes do Su-


perior Tribunal de Justiça (STJ), o ex-prefeito não poderá ser punido
pelo ato de improbidade, já prescrito, mas não ficará impune da con-
denação pelos danos causados ao erário, que são imprescritíveis.

2. (Cespe) Com base no que dispõe a Lei 8.429/92, julgue o item seguin-
te, relacionado à improbidade administrativa.

São sujeitos passivos do ato de improbidade administrativa, entre ou-


tros, os entes da administração indireta, as pessoas para cuja criação
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquen-
ta por cento do patrimônio ou da receita anual e as entidades que re-
cebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão
público.

3. (Cespe) Quanto aos atos de improbidade administrativa, julgue o item


a seguir.

Constitui enriquecimento ilícito o ato de um agente público receber


para seu filho um automóvel zero quilômetro como presente de um
empresário que tenha tido interesse direto amparado por omissão de-
corrente das atribuições desse agente público como servidor público.

4. (Cespe) Julgue o item a seguir.

As disposições da Lei 8.429/92 não são aplicáveis àqueles que, não


sendo agentes públicos, se beneficiarem, de forma direta ou indireta,
com o ato de improbidade cometido por prefeito municipal.

5. (Cespe) A respeito da Lei de Improbidade, dos contratos administrati-


vos e da licitação, julgue o item subsequente.

A notificação dos réus é fase prévia e obrigatória nos procedimentos


previstos para as ações que visem à condenação por atos de improbi-
dade administrativa. Somente após a apresentação da defesa prévia
é que o juiz analisará a viabilidade da ação e, recebendo-a, mandará
citar o réu.

6. (Cespe) Julgue o item a seguir.

A Procuradoria-Geral Federal ingressou com ação executiva fiscal por


crédito não tributário no valor de R$200.000,00. Consta dos autos que
esse crédito corresponde à multa administrativa imposta pela Anvisa,

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no exercício do Poder de polícia, já que, no dia 2/4/2002, havia sido


praticada a infração administrativa respectiva, ficando paralisado esse
processo administrativo até 5/4/2006, quando então foi inscrita em
dívida ativa. Foram opostos embargos à execução, nos quais foi profe-
rida sentença extinguindo a ação, com fundamento na prescrição.

Com base nessa situação hipotética, julgue o item seguinte.

O fato de o servidor público deixar de praticar, indevidamente, o ato


de ofício constitui infração administrativa prevista na Lei 8.112/90,
mas não ato de improbidade administrativa.

7. (Cespe) Julgue o próximo item, relativo ao instituto da improbidade


administrativa. A aplicação das medidas punitivas previstas na Lei de
Improbidade Administrativa pressupõe a ocorrência de dolo como o
único elemento subjetivo, pois o ato de improbidade administrativa
implica enriquecimento ilícito para o sujeito ativo, prejuízo para o erá-
rio ou afronta aos princípios da Administração Pública, circunstâncias
que afastam a configuração de culpa.

8. (Cespe) Acerca da Lei de Improbidade Administrativa, considerando a


jurisprudência do STF, julgue o item a seguir.

Segundo entendimento do STF, no caso de ação civil por improbida-


de administrativa, mostra-se irrelevante, para efeito de definição da
competência originária dos tribunais, que se cuide de ocupante de
cargo público ou de titular de mandato eletivo ainda no exercício das
respectivas funções, pois a ação civil em questão deve ser ajuizada pe-
rante magistrado de primeiro grau.

9. (Cespe) Julgue o item a seguir.

A aplicação das sanções previstas na Lei de Improbidade Administra-


tiva independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
mas fica suspensa até a aprovação ou rejeição das contas pelo órgão
de controle interno ou pelo tribunal ou conselho de contas.

10. (Cespe) Julgue o item a seguir.

O servidor público que ao ser omisso, viola os deveres de honestida-


de, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, deixando de
praticar, indevidamente, ato de ofício, pratica ato de improbidade que
atenta contra os princípios da Administração Pública.
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Dica de estudo
Não estou conseguindo estudar mais de uma matéria por dia. Será que
isso é ruim, que vou acabar ficando muito tempo para rever uma matéria?

Caro aluno, ruim seria se não estivesse estudando nenhuma matéria por
dia, sei que o conteúdo é extenso para se estudar, mas não adianta nada es-
tudar duas ou três matérias por dia se não absorver o conteúdo de nenhuma
delas, então lá vai a dica: estudar uma matéria intensamente e aprender é
melhor que estudar duas e no final não lembrar de nada!

Referências
BRASIL. Lei 8.429, de 2 de junho de 1992.

Gabarito
1. Certo

2. Certo

3. Certo

4. Errado

5. Certo

6. Errado

7. Errado

8. Certo

9. Errado

10. Certo

214
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