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Na indústria automotiva, dividir custos ao usar uma base para fazer vários modelos
quase sempre dá origem a carros melhores, desde que os responsáveis pelo projeto
consigam criar uma diferenciação – visual e física – entre os veículos distintos,
especialmente se forem de marcas diferentes.
Pois é esse o desafio que BMW e Toyota terão pela frente: ambas vão compartilhar a
mesma plataforma para produzir modelos diferentes de marcas com filosofias ainda
mais distintas.
Dela nasceu o novo Z4, que você conhecerá nas páginas a seguir, e o futuro Supra (já
em testes), o mítico cupê esportivo que cativou fãs pelo mundo afora entre 1978 a
2002.
Como em toda boa parceria, cada sócio colabora com o que tem de mais relevante.
Nesse caso, o carro foi, na essência, desenvolvido todo pelos alemães, enquanto os
japoneses vão pagar em tecnologia híbrida, para a BMW usá-la em outros veículos da
sua linha.
O que tem toda a lógica considerando que a BMW criou sua reputação produzindo
automóveis de comportamento esportivo empolgantes e a Toyota tornou-se referência
em combinar propulsão de combustão e elétrica – o Prius que o diga.
Folha em branco
Para descobrir se o trabalho dos alemães foi bem-feito, tivemos a chance de dirigir o
Z4 ainda em fase de protótipo e todo camuflado, mas muito próximo ao veículo de
produção em série.
O cenário é o campo de provas de Miramas, no sul da França, onde somos recebidos
por Peter Langen, o diretor de desenvolvimento de suspensões da BMW.
“Pudemos projetar este Z4 a partir de uma folha em branco, o que é bem diferente do
que tinha acontecido no caso do seu antecessor, do qual conservamos apenas o nome”,
explica Langen.
Não falta informação ao motorista, com destaque para head up display
Não falta informação ao motorista, com destaque para head up display (Divulgação/BMW)
A terceira geração (G29 no código interno) divide a plataforma com os futuros carros
da Série 3 e 4, com impacto direto nas suas dimensões, que cresceram de forma
evidente.
A nova geração é 8 cm mais comprida e 8 cm mais larga, enquanto a distância entre-
eixos foi levemente reduzida (em menos de 2 cm) e a cabine aproximou-se do eixo
dianteiro em 2,4 cm.
Assim, as proporções gerais estão bem diferentes do que se encontra em um roadster
típico, devido ao capô mais curto e uma generosa largura de 1,86 metro, não muito
diferente de um Porsche 911, ainda que o seu rival aspiracional seja o Boxster, que é 6
cm mais estreito.
Este é o novo quadro de instrumentos da BMW
Outra alteração relevante foi a substituição da capota rígida retrátil por uma cobertura
de lona, mais ligada ao espírito purista de pilotagem de um roadster – ela recolhe-se
eletricamente atrás da cabeça dos ocupantes em apenas 10 segundos.
Para compensar a perda de rigidez estrutural dessa troca, a BMW reforçou o uso de
alumínio no veículo, como capô, portas e laterais da carroceria. O benefício foi duplo:
além de o Z4 ter ficado, segundo a marca, 30% mais rígido do que o anterior, o
processo reduziu o peso em 60 kg.
O câmbio é sempre automático de oito marchas
Mesmo assim, o total ainda é um pouco elevado: a versão M40i avaliada chega a
1.535 kg, também porque está equipada com um diferencial autoblocante eletrônico
de série.
Suspensão de M3
“O novo Z4 evoluiu nitidamente enquanto carro esportivo”, afirma Jos van As, diretor
de dinâmica da BMW, que optou por um eixo traseiro multilink de cinco braços e um
dianteiro do tipo McPherson ligado à carroceria em quatro pontos, seguindo os
mesmos princípios da suspensão do M3 e do M4.
O maior uso do alumínio na estrutura aumentou a rigidez troianos em 30%
É fácil encontrar a melhor posição de dirigir e logo surge uma vontade incontrolável
de ligar o motor, tocando o botão de ignição no console central, igual ao do novo X7 –
e não no painel de bordo, como era no passado.
Tudo passa uma impressão positiva: o volante de pequeno diâmetro e aro grosso (mas
uma coluna de direção um pouco mais comprida seria melhor), a instrumentação
digital, a central multimídia bem integrada ao painel e direcionada para o motorista, o
completo e amplo head-up display e a altíssima qualidade de construção do interior.
Os dois únicos bancos do interior têm encosto de cabeça integrado à estrutura
Os dois únicos bancos do interior têm encosto de cabeça integrado à estrutura (Divulgação/BMW)
Há três modos de condução (Comfort, Sport e Sport Plus), mas mesmo no primeiro
ajuste o Z4 M40i mostra-se capaz de engolir a estrada facilmente, assumindo-se como
um legítimo esportivo.
Primeira versão à venda será a M40i, que terá motor 3.0 turbo de 340 cv (Divulgação/BMW)
A nova geração perdeu a capota rígida retrátil, que transformava o carro em um cupê fechado, em troca de um teto de lona que leva 10 segundos para ser aberto
A nova geração perdeu a capota rígida retrátil, que transformava o carro em um cupê fechado, em troca de um
teto de lona que leva 10 segundos para ser aberto (Divulgação/BMW)