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FRENTE 1 Mecânica

MÓDULO 55 Colisões
1. FASES DE UMA COLISÃO A velocidade relativa entre os cor- FASE DE FIM DA FASE DE
pos, antes da colisão, é chamada ve- DEFORMAÇÃO DEFORMAÇÃO RESTITUIÇÃO

q Fase de deformação locidade de aproximação, e sua Ecin Ecinmínima Eelástica


A fase de deformação começa intensidade é dada por: ⇓ e ⇓
Eelástica Eelásticamáxima Ecin
quando os corpos entram em contato
e termina quando suas velocidades Vap = VA – VB
q Colisão inelástica
tornam-se iguais.
Quando 0 ⭐ E < 1, a colisão é di-
Na fase de deformação, a energia A velocidade relativa entre os cor- ta COLISÃO INELÁSTICA, e pode,
mecânica do sistema pode-se trans- pos, após a colisão, é chamada velo- ainda, ser subdividida em dois tipos:
formar em outras formas de energia: cidade de afastamento, e sua a) 0 < E < 1: a colisão é chamada
(1) energia potencial elásti- intensidade é dada por: PARCIALMENTE ELÁSTICA ou
ca: ligada às deformações elásticas.
PARCIALMENTE INELÁSTICA.
(2) energia térmica: provo- Vaf = VB’ – VA’
Nesse caso, existem as duas fa-
cando aquecimento nos corpos que
ses da colisão (deformação e restitui-
colidem.
O coeficiente de restituição é um ção), os corpos se separam, porém
(3) energia sonora: produzin-
número (E) que mede a magnitude há dissipação de energia mecânica.
do “barulho” durante a colisão.
da fase de restituição e é definido pe- A porcentagem de energia mecânica
(4) trabalho: usado para pro-
la relação: dissipada depende do valor do coefi-
duzir deformações permanentes.
ciente de restituição.
q Fase de restituição Vaf E próximo de 1 ⇔ pouca dissipação
E = –––– E próximo de 0 ⇔ muita dissipação
A fase de restituição tem início Vap
quando as velocidades dos corpos se
NOTAS b) E = 0: a colisão é chamada
igualam e termina com a separação
Nota 1: O coeficiente de restitui- PERFEITAMENTE INELÁSTICA.
dos corpos.
ção é adimensional, isto é, não tem Nesse caso, não há fase de resti-

FÍSICA A
Durante a fase de restituição, de-
unidades. tuição e os corpos permanecem uni-
saparecem as deformações elásticas,
Nota 2: Em nossos estudos, o dos após a colisão. Corresponde ao
e a energia potencial elástica, armaze-
coeficiente de restituição varia no caso em que há maior dissipação de
nada durante a deformação, é retrans-
intervalo fechado de 0 a 1: energia mecânica.
formada em energia cinética, podendo
haver, ainda, mais produção de ener- E=1
0⭐E⭐1
gia térmica e sonora.
0≤E≤1
3. TIPOS DE COLISÃO 0<E<1
2. COEFICIENTE DE
RESTITUIÇÃO
q Colisão elástica
0≤E<1
Quando E = 1, teremos uma CO-
Considere uma colisão unidimen- LISÃO PERFEITAMENTE ELÁS-
E=0
sional entre duas partículas, isto é, an- TICA ou simplesmente COLISÃO
tes e após a colisão as partículas só ELÁSTICA. O termo “inelástica” pode ser
se podem mover ao longo de uma Na colisão elástica, não há dissi- substituído por “anelástica”.
mesma reta. pação de energia mecânica.
Na fase de deformação, a energia 4. CONSERVAÇÃO DA
cinética se transforma exclusivamente QUANTIDADE DE
em energia potencial elástica e, na MOVIMENTO
fase de restituição, a energia po-
tencial elástica se retransforma total- Em qualquer dos modelos citados
mente em energia cinética. de colisão, os corpos que colidem cons-
No fim da fase de deformação, a tituem um sistema isolado, pois, no
energia cinética é mínima (podendo ato da colisão, desprezamos as forças
ser zero ou não) e a energia elástica é externas em comparação com as forças
máxima. internas ligadas à colisão.

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O fato de os corpos constituírem um


sistema isolado implica a conservação h = H ⇔ E = 1 ⇔ colisão elás-
da quantidade de movimento total do
tica
sistema.
0 < h < H ⇔ 0 < E < 1 ⇒ coli-
NAS COLISÕES, HÁ CONSER-
são parcialmente elástica
VAÇÃO DA QUANTIDADE DE
MOVIMENTO TOTAL DO SIS- h = 0 ⇔ E = 0 ⇔ colisão per-
TEMA CONSTITUÍDO PELOS feitamente inelástica
CORPOS QUE COLIDEM. t1: início da colisão
t2: fim da deformação A altura atingida após n colisões
sucessivas é calculada como se se-
5. PROBLEMAS-MODELO t3: fim da colisão gue.

q Colisão unidimensional q Colisão com o chão h1 = E2H


h2 = E2h1 = E2.E2H = E4H

h3 = E2h2 = E2.E4H = E6H

Genericamente:
hn = E2nH

q Pêndulo balístico
Equações: É usado para se obter a velocida-
(1) Qf = Qi de de um projétil disparado contra um
H = altura máxima inicial
bloco suspenso, de modo a formar
mAVA’ + mBVB’ = mAVA + mBVB (I) h = altura máxima após a colisão um pêndulo.
VB = módulo da velocidade de
Vaf chegada ao chão
(2) E = ––––
Vap VB’ = módulo da velocidade de
saída do chão
VB’ – VA’ = E (VA – VB) (II)
Durante a queda livre de A para
FÍSICA A

B, temos:
As relações (I) e (II) traduzem o
equacionamento do problema. EcinB = EpotA
Um caso particular e importante é No ato da colisão (perfeitamente
aquele em que E = 1 e mA = mB. inelástica), temos:
m
––– VB2 = m g H ⇒ VB = 
2gH mV0
Em (I): 2 (M + m)V’ = mV0 ⇒ V’ = –––––– (1)
M+m
mVA’ + mVB’ = mVA + mVB
Durante a subida de B para C, te- Durante a elevação do sistema,
VA’ + VB’ = VA + VB
mos: desprezando-se o efeito do ar, temos:
Em (II):
E’cinB = EpotC M+m
VB’ – VA’ = VA – VB –––––– (V’)2 = (M + m) g h
2
Resolvendo-se o sistema de m
equações: ––– (V’B) 2 = m g h ⇒ V’B = 
2gh V’ = 
2 
gh (2)
2
VA’ = VB
Comparando-se (1) e (2), vem:
VB’ = VA O coeficiente de restituição na co-
mV0
lisão é dado por: ––––––––– = 
2 
gh
EM UMA COLISÃO UNIDIMEN- M+m
SIONAL, ELÁSTICA, ENTRE


DOIS CORPOS DE MASSAS Vaf VB’ h M+m
IGUAIS, HÁ TROCA DE VELO-
CIDADES ENTRE OS CORPOS.
E = –––– = –––– ⇒ E =
Vap VB
––
H (
V0= ––––––––
m ) 2gh

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MÓDULO 56 Leis de Kepler


1. LEIS DE
KEPLER (1571-1630) Planeta Excentricidade

Mercúrio 0,206
As Leis de Kepler descrevem os movimentos dos
planetas em torno do Sol. Vênus 0,007
q 1.aLei de Kepler
Terra 0,017
ou Lei das Órbitas
a) O que é uma elipse? Marte 0,093
A elipse é uma curva que corresponde ao lugar
geométrico dos pontos de um plano, cujas distâncias, a Júpiter 0,048
dois pontos fixos do plano, têm soma constante.
Os pontos fixos são chamados de focos da elipse. Saturno 0,056

Urano 0,047

Netuno 0,009

Cumpre ressaltar que, teoricamente, a órbita de


um planeta em torno de uma estrela pode ser circular,
mas a órbita elíptica é muito mais provável.

q 2.a Lei de Kepler ou Lei das Áreas


Para qualquer ponto P da elipse, temos: a) Raio vetor de um planeta

d1 + d2 = k (constante)

FÍSICA A
A distância entre os pontos A e A’ (ver figura) é a
medida do eixo maior da elipse.

Sendo a a medida do semieixo maior e f a medida


da semidistância focal, define-se excentricidade da
elipse como sendo o número E, dado por:
Para estudarmos o movimento de um planeta, em
f torno do Sol, tomamos um vetor com origem no centro
E = –– 0<E<1
a do Sol e extremidade no centro do planeta. Tal vetor é
Quando E = 0, a elipse “degenera” em uma chamado de RAIO VETOR ou VETOR POSIÇÃO do
circunferência (os pontos F1 e F2 coincidem com 0). planeta.

Quanto maior o valor de E, mais alongada é a elipse. A 2.a Lei de Kepler vai referir-se à área “varrida” pelo
raio vetor de um planeta, durante um certo intervalo de
Quando E = 1, a elipse “degenera” em um
tempo.
segmento de reta.
Admitamos que quando o planeta se deslocou de A
b) Enunciado para B (ver figura) em um intervalo de tempo Δt1, o seu
da 1.a Lei de Kepler raio vetor varreu uma área A1 e quando o planeta se
As órbitas descritas pelos planetas em deslocou de C para D em um intervalo de tempo Δt2, o
torno do Sol são elipses, com o Sol localizado seu raio vetor varreu uma área A2.
em um dos focos.
A tabela a seguir mostra que apenas Mercúrio des- b) Enunciados da 2.a Lei de Kepler
creve elipse alongada (maior excentricidade); os demais
1.o enunciado
planetas descrevem elipses muito próximas de circun-
O raio vetor que liga um planeta ao Sol varre
ferências (excentricidade muito pequena).
áreas iguais em intervalos de tempo iguais.

– 155
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Isso significa que: Verifica-se, portanto, que o movimento de translação


do planeta não é uniforme, sendo sucessivamente ace-
Δt1 = Δt2 ⇔ A1 = A2 lerado (do afélio para o periélio) e retardado (do periélio
para o afélio).
2.o enunciado
A área varrida pelo raio vetor de um planeta
é proporcional ao intervalo de tempo gasto. O MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO SOMENTE
SERIA UNIFORME SE A ÓRBITA DO PLANETA
Isso significa que: FOSSE CIRCULAR.
A = k Δt
k = constante de proporcionalidade, que é d) Velocidade
denominada velocidade areolar do planeta. escalar média de translação
A velocidade escalar média de translação de um
3.o enunciado
planeta é função decrescente da distância média do
A velocidade areolar (razão entre a área varrida
planeta ao Sol.
pelo raio vetor e o intervalo de tempo gasto) de cada
O planeta mais veloz é Mercúrio (para os gregos era
planeta é constante.
o deus mensageiro: o carteiro do Olimpo), com velo-
Nota: a velocidade areolar varia de um planeta para cidade escalar média de valor 50km/s, e o mais lento é
outro, aumentando com a distância média do planeta ao o planeta-anão Plutão, com velocidade escalar média de
Sol, isto é, é mínima para Mercúrio e máxima valor 5km/s. A velocidade escalar média da Terra tem va-
para Plutão. lor aproximado de 30km/s.
c) Consequências da 2.a Lei de Kepler Assumindo-se as órbitas como circulares, a velo-
cidade escalar média tem valor inversamente propor-
O fato de a velocidade areolar de um planeta ser cional à raiz quadrada do raio de órbita:
constante implica que a velocidade de translação
(razão entre a distância percorrida e o intervalo de tempo
k
gasto) seja variável. Vm = ––––––
De fato, a igualdade das áreas A1 e A2 (ver figura  R
anterior) implica que a medida do arco AB seja maior
Por exemplo, o raio de órbita de Plutão é
que a do arco CD e, como o intervalo de tempo é o aproximadamente 100 vezes maior que o de Mercúrio e,
mesmo, concluímos que a velocidade de translação em portanto, a velocidade escalar média de Mercúrio tem
AB é maior do que em CD. valor 10 vezes maior que a de Plutão.
FÍSICA A

A1 = A2 ⇒ med(AB) > med(CD) VM


Rp = 100RM ⇔ Vp = –––––
10
VAB > VCD
q 3.a Lei de Kepler ou Lei dos Períodos
Isso significa que à medida que o planeta vai a) Raio médio de uma órbita elíptica
aproximando-se do Sol em sua órbita elíptica, a sua velo-
cidade de translação vai aumentando. Isso se torna Seja dmáx a distância máxima do planeta ao Sol e
evidente se observarmos que com a aproximação do Sol, dmín a distância mínima do planeta ao Sol.
o raio vetor vai diminuindo, e para varrer a mesma área, Define-se raio médio da órbita elíptica como sendo a
o planeta deve mover-se mais rapidamente. média aritmética entre as distâncias do periélio e do
afélio até o Sol:
A velocidade de translação será máxima no ponto
mais próximo do Sol, chamado periélio, e será mínima dmín + dmáx
no ponto mais afastado do Sol, chamado afélio. R = ––––––––––––––
2

Observe que como dmín + dmáx é a medida do eixo


maior da elipse (AA’), o raio médio coincide com o
semieixo maior da elipse.
Raio médio (R) = semieixo maior (a)

dmín + dmáx
R = a = ––––––––––––––
2

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b) Período de translação ou ano de um Distância


planeta Período em
Planeta média ao Sol
anos terrestres
em ua
Define-se período de translação (ou período de
revolução ou ano) de um planeta como sendo o intervalo Mercúrio 0,39 0,24
de tempo (T) para dar uma volta completa em torno do
Sol.
Vênus 0,72 0,61
c) Enunciado da 3.a Lei de Kepler
Terra 1,0 1,0
Para todos os planetas do Sistema Solar, é
constante a razão entre o cubo do raio médio
da órbita e o quadrado do período de Marte 1,5 1,9
translação.
Júpiter 5,2 12
R3
–––– = constante
T2 Saturno 9,5 29

Para dois planetas A e B, temos: Urano 19 84

R3 3
RB R 3 T 2 Netuno 30 165
TA
A
–––– = –––– ou
2 TB2 (––––
R
A

B
) = (–––– )
T
A

Nota 3: A velocidade areolar, a velocidade escalar


Demonstra-se que a constante de proporcionalidade
média de translação e o período de translação são
da 3.a Lei de Kepler é dada por:
funções de órbita, isto é, só dependem da massa do Sol
e do raio médio da órbita, e não dependem das caracte-
R3 GM rísticas do planeta ou corpo celeste que esteja gra-
––––– = –––––– , em que:
T 2 4 π2 vitando.
Isso significa que, se um cometa gravitar em torno
do Sol, na mesma órbita da Terra, ele vai ter a mesma

FÍSICA A
G = constante de gravitação universal; velocidade areolar da Terra, a mesma velocidade escalar
M = massa do Sol. média de translação (30km/s) e o mesmo período de
translação (1 ano).
NOTAS
Nota 1: A rigor, a expressão da 3.a Lei de Kepler é: Nota 4: As três Leis de Kepler não valem apenas
para planetas do nosso sistema solar; elas valem para
R3 G(M + m) corpos que gravitam em torno de uma grande massa
–––– = ––––––––––, em que m é a massa do planeta.
central: planetas em torno de qualquer estrela, satélites
T2 4π2
naturais ou artificiais em torno de um planeta, corpos
celestes em torno da Lua etc.
Porém, como M >> m, desprezamos m em com-
paração com M e chegamos à equação apresentada. Nota 5: Em se tratando de satélites da Terra, é
importante salientar que:
a) a órbita pode ser circular ou elíptica.
Nota 2: A 3.a Lei de Kepler mostra que quanto mais b) o ponto mais próximo da Terra é chamado de
próximo do Sol (menor R), menor é o período de trans- perigeu e o mais afastado é chamado de apogeu.
lação do planeta. À medida que nos afastamos do Sol, a c) a velocidade areolar, a velocidade escalar média
velocidade escalar média do planeta vai diminuindo e a de translação e o período de translação só dependem da
extensão de sua órbita vai aumentando, o que implica massa da Terra e do raio médio da órbita; não dependem
um período de translação crescente. da massa ou de outras características do satélite.
Define-se unidade astronômica (ua) como sendo d) a velocidade escalar média de translação da Lua
a distância média da Terra ao Sol (1ua = 1,5 . 1011m). é da ordem de 1,0km/s, do satélite estacionário é da
A tabela a seguir representa a variação do período ordem de 3,0km/s e do satélite rasante 8,0km/s (sem
com a distância média ao Sol, medida em ua. efeito do ar).

– 157
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MÓDULO 57 Lei da Gravitação Universal


1. ENUNCIADO
DA LEI DE NEWTON

Apoiado nos estudos de Copérnico (1473-1543),


Galileu (1564-1642) e Kepler (1571-1630), Isaac Newton
apresentou a Lei da Gravitação Universal.
Entre dois corpos quaisquer, pelo simples fato de
terem massa, existe uma força de atração, denominada
força gravitacional.
A medida da força gravitacional é traduzida na
apresentação da lei:
O satélite vai descrever movimento circular uniforme
A força gravitacional entre dois pontos e a força gravitacional aplicada pela Terra faz o papel de
materiais tem intensidade diretamente pro- resultante centrípeta:
porcional ao produto de suas massas e in-
versamente proporcional ao quadrado da FG = Fcp
distância que os separa.

GMm
––––––
r2
=
mV2
––––
r
– ⇒ V=
 GM
––––
r

Para um satélite rasante (junto à superfície terrestre),


desprezando-se o efeito do ar, temos:

FG = Fcp

mV02
GMm m g0 = ––––––
R ⇒ V0 = 
g0 . R
F = ––––––––
d2
g0 = módulo da aceleração da gravidade nas
FÍSICA A

A constante de proporcionalidade G é denominada proximidades da Terra = 10m/s2.


constante de gravitação universal ou constante de R = raio da Terra = 6,4 . 106m
Gauss, e seu valor, obtido por Cavendish, é:
V0 = 
10 . 6,4 . 106 m/s
G = 6,7 . 10–11 unidades do S.I.
m km
V0 = 8,0 . 103 –– = 8,0 ––––
s s
G é uma constante universal que não depende dos
corpos que se atraem, da distância ou do meio interposto A velocidade do satélite rasante corresponde à
entre os corpos. velocidade de lançamento horizontal de um corpo para
Observe que a força gravitacional varia com a transformá-lo em um satélite da Terra e é chamada de
distância, da mesma forma que a força eletrostática, po- VELOCIDADE CÓSMICA PRIMEIRA.
rém existem diferenças marcantes:
3. VARIAÇÃO DA ACELERAÇÃO
(1) a força eletrostática pode ser de atração ou de DA GRAVIDADE COM A ALTITUDE
repulsão, mas a força gravitacional é sempre de atração;

(2) a força eletrostática depende do meio interposto


entre os corpos; a força gravitacional não depende do
meio.

2. VELOCIDADE ORBITAL

Consideremos um satélite em órbita circular de raio


r em torno do centro da Terra.

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Para um ponto material de massa m colocado em GM


um ponto A, a uma altitude h, temos: Para h = 0, temos g0 = –––––
R2
PA = FG Portanto, a gravidade na superfície de um planeta só
depende da massa do planeta (diretamente proporcional
GMm GM à massa) e do raio do planeta (inversamente proporcional
mgA = ––––––––– ⇒ g = ––––––
–––
(R + h)2 A
(R + h)2 ao quadrado do raio). Não consideramos os efeitos
ligados à rotação do planeta.

MÓDULO 58 Origem e Evolução do Universo


1. MATÉRIA E ANTIMATÉRIA criado pela Terra e não mais retornará se convencionou chamar de “ovo
à sua superfície. cósmico”) a uma temperatura incri-
Toda partícula (matéria) tem uma Esta velocidade de escape, no velmente alta.
correspondente antipartícula (an- caso de um corpo celeste esférico de Num dado instante, esta energia
timatéria). raio R e massa M, ignorando-se a começou a se expandir rapidamente
A partícula e a antipartícula têm presença de atmosfera e os efeitos de e a temperatura começou a baixar.
massas iguais e diferem em relação a rotação, é calculada pela expressão: A primeira consequência desta
alguma propriedade. Se a partícula e expansão foi a transformação de
a antipartícula tiverem cargas elé- energia em massa (de acordo com a
tricas, então estas cargas terão mó-
dulos iguais e sinais contrários.
Assim: o antielétron tem a mes-
VE =
 2GM
––––––
R
equação E = mc2), formando-se as
primeiras partículas e antipartículas:
quarks e antiquarks.
ma massa do elétron e carga positiva Em seguida, quarks e antiquarks
e = 1,6 . 10–19C; o antipróton tem a em que G = constante de gravitação começaram a se aniquilar, gerando
mesma massa do próton e carga universal. energia na forma de radiações eletro-
negativa –e = –1,6 . 10–19C. Se VE for maior que 3,0 . 108 m/s magnéticas (fótons), sempre obede-
Quando a partícula encontra sua (módulo da velocidade da luz no cendo à equação de Einstein
antipartícula, ocorre um processo vácuo), nem mesmo a luz conseguirá (E = mc2).
chamado aniquilamento e toda a escapar do campo gravitacional Porém, a quantidade de quarks
massa m (partícula + antipartícula) é criado pelo corpo celeste. era muito maior que a de antiquarks e

FÍSICA A
transformada em energia E na forma Buraco Negro é um corpo ce- após o processo de aniquilamento
de radiação eletromagnética, obede- leste ou uma região do espaço onde a sobraram quarks.
cendo à equação de Einstein: concentração de massa é tão grande, Em seguida, os quarks começam
o campo gravitacional é tão intenso, a se juntar para formarem prótons e
E = mc2 que nada, nem mesmo a luz, nêutrons. Três tipos de quarks (up,
consegue escapar de seu campo up, down) formam os prótons e outros
gravitacional. três tipos de quarks (up, down, down)
c = 3,0 . 108 m/s é o módulo da
Como o buraco negro não formam os nêutrons e a força respon-
velocidade com que a onda eletro-
emite luz, ele não pode ser visto e sua sável por estas fusões de quarks é a
magnética se propaga no vácuo.
presença só pode ser detectada pelo força nuclear forte.
efeito gravitacional que ele provoca Quando o Universo tinha uma
2. BURACO NEGRO
em suas redondezas, capaz mesmo idade de 1μs (10–6s), a fusão de
de desviar a trajetória da luz. quarks foi concluída e os quarks
Admitamos que a Terra não tenha
desapareceram.
atmosfera e desprezemos os efeitos
3. BIG BANG Nesse instante, o Universo é for-
de sua rotação.
mado por prótons, nêutrons e radia-
Se a partir da superfície terrestre
A teoria do Big Bang (nome ção eletromagnética na forma de
lançarmos verticalmente para cima
pejorativo dado por Fred Hoyle) pro- fótons.
uma pedra, com velocidade de mó-
cura explicar a origem e a evolução Em seguida, por meio da força
dulo V0, esta pedra voltará a cair na
do Universo. nuclear fraca, o nêutron emite um
Terra?
De acordo com esta teoria, há elétron e um neutrino (ou antineutrino)
A resposta correta é: depende do
valor de V0. 13,7 . 109 anos (13,7 bilhões de anos) e se transforma em um próton. Mas o
toda energia e massa que hoje próton também é capaz de capturar
Se V0 ≥ 11,2km/s (denominada
existem no Universo estavam ar- um elétron e um neutrino (ou anti-
velocidade de escape ou velocidade
mazenadas em uma pequena esfera neutrino) e se transforma em um
cósmica segunda), a pedra conse-
de menos de 1cm de diâmetro (que nêutron.
guirá escapar do campo gravitacional
– 159
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Quando o Universo tinha uma idade de 1s, a queda captada pelo observador.
de temperatura fez com que o próton não consiguisse O Efeito Doppler torna-se evidente para o som:
mais capturar o elétron e o neutrino (ou antineutrino) e quando uma ambulância com a sirene ligada se apro-
não consiguisse mais se transformar em nêutron. Porém, xima de nós, o seu som torna-se mais agudo (frequência
o nêutron continuava transformando-se em próton. Esse maior) e quando se afasta, o som torna-se mais grave
fato tem duas implicações: a presença de elétrons e (frequência menor).
neutrinos (ou antineutrinos) no Universo e um número Da mesma forma, quando uma estrela se afasta da
muito maior de prótons do que de nêutrons, na Terra, o espectro de sua radiação se desloca para o lado
proporção de quatro prótons para cada nêutron. da cor vermelha, que é a de menor frequência. Esse
Quando o Universo tinha idade de 10s, os prótons e desvio para o vermelho verificado por Hubble (red shift)
nêutrons começaram a se juntar, por meio da força foi a evidência de que as estrelas se afastavam da Terra
nuclear forte, para formarem os núcleos atômicos: e portanto o Universo estava em expansão.
• o próton sozinho é o núcleo de hidrogênio. Usando a equação do Efeito Doppler, Hubble con-
• o próton unido a um nêutron é o núcleo do seguiu medir a velocidade de afastamento V das estrelas
deutério, que é um isótopo do hidrogênio. e pelo brilho delas conseguiu obter a distância d até nós,
• o próton unido a dois nêutrons é o núcleo do trítio, verificando que V e d eram proporcionais, o que traduz
que é outro isótopo do hidrogênio. a chamada Lei de Hubble:
• dois prótons unidos a dois nêutrons é o núcleo do
hélio (também chamado de partícula α), que é o
V=Hd
mais estável dos núcleos formados.
• três prótons unidos a três nêutrons é o núcleo do
lítio. H = constante de Hubble, cujo valor é estimado entre
Quando o Universo tinha a idade de 3 minutos, as 19 . 10–19Hz e 26 . 10–19Hz.
fusões terminam e o Universo tinha aproximadamente
75% de núcleos de hidrogênio, quase 25% de núcleos
A velocidade com que uma estrela se afasta
de hélio e quantidades ínfimas dos demais núcleos.
de nossa galáxia é proporcional à sua
Nessa época, o Universo era considerado opaco
distância até nossa galáxia.
porque as radiações eletromagnéticas não conseguiam
expandir-se por estarem confinadas por uma espécie de
barreira formada por elétrons, neutrinos e pelos núcleos
atômicos.
Quando o Universo tinha uma idade aproximada de
380 000 anos, a temperatura já era suficientemente baixa
FÍSICA A

(6000K) para que, por meio da força eletro-


magnética, os núcleos começassem a capturar os elé-
trons para formarem os primeiros átomos. Com isto, a
barreira que confinava a radiação eletromagnética
desapareceu e o Universo se tornou transparente e a
radiação começou a se expandir e preencher o Universo q Radiação cósmica de fundo
até hoje, sendo chamada de radiação cósmica de
fundo, com uma temperatura atual de 2,7K e compri- Em 1965, dois astrônomos norte-americanos,
mento de onda da ordem de 1mm. Penzias e Wilson, descobriram acidentalmente a presen-
Quando o Universo tinha uma idade aproximada de ça de uma radiação que parecia provir de todas as
200 milhões de anos, pela ação da força gravita- direções e que mantinha sempre as mesmas carac-
cional, começaram a se formar as galáxias. terísticas: comprimento de onda da ordem de 1mm e
temperatura de 2,7K.
4. AS EVIDÊNCIAS DO BIG BANG Esta radiação foi identificada como a radiação cós-
mica de fundo prevista pelo big bang e usualmente
q Lei de Hubble citada como os ecos da criação do Universo. Cor-
Em 1929, o astrônomo Edwin Powell Hubble, anali- responde àquele chuvisco que observamos na televisão
sando a luz proveniente das estrelas, conseguiu mostrar quando o canal não está sintonizado.
que o Universo estava em expansão, e que portanto, em Contudo, um problema foi levantado: a radiação cós-
um passado remoto, deveria estar confinado no “ovo mica de fundo não podia ser absolutamente unifor me
cósmico”. como parecia de início, pois ela deveria ser afetada pela
A descoberta de Hubble se baseou no chamado presença das galáxias que preenchem o Universo. Se
Efeito Doppler-Fizeau, que afirma que quando uma fonte não se detectassem flutuações de comprimento de onda
de ondas se aproxima ou se afasta do observador, há e, portanto, de temperatura na radiação cósmica de
uma variação aparente na frequência da onda, isto é, a fundo, isto inviabilizaria a existência de galáxias e toda a
frequência da onda emitida é diferente da frequência teoria do big bang cairia por terra.

160 –
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 18/06/12 08:53 Página 161

Em 1992, um satélite de pesquisas espaciais norte-ame- q Paradoxo de Olbers


ricano conseguiu detectar flutuações na temperatura da
O paradoxo de Olbers refere-se à escuridão da noite:
radiação cósmica de fundo da ordem de 30 milésimos de
como a noite é escura se existem no Universo bilhões e
Kelvin e com isto salvar a teoria do big bang.
bilhões de estrelas enviando luz para nós?
Em 2003, outro satélite norte-americano conseguiu
Isto se explica pelo fato de que, como o Universo tem
medir flutuações ainda mais precisas, da ordem de
uma idade finita (e daí a comprovação do big bang), a
milionésimo de Kelvin, e permitiu estabelecer a idade do
luz da maior parte das estrelas não teve tempo suficiente
Universo em 13,7 bilhões de anos com um desvio
para chegar até nós.
máximo da ordem de 200 milhões de anos:
Se o Universo fosse eterno, isto é, sempre tivesse
Idade do Universo = (13,7  0,2) . 109 anos existido, a luz de todas as estrelas do Universo teria
chegado até nós e a noite seria necessariamente clara.

MÓDULO 59 Noções de Física Moderna


1. FÓTONS DE LUZ A energia cinética com que o elétron abandona o
átomo é a diferença entre a energia do fóton e a energia
Max Planck concluiu que a energia luminosa é emi- de ligação a ser vencida.
tida de modo descontínuo, isto é, agrupada em quan-
tidades bem definidas (pacotes de energia) que foram
Ecin = h f – τ
chamadas de fótons de energia.
Cada radiação eletromagnética é definida por sua
frequência f, que, para a luz visível, cresce do vermelho Portanto, para que uma luz consiga arrancar elétrons
para o violeta na sequência em que as cores aparecem de um metal, ela deve ter uma frequência adequada
no arco-íris: vermelho – alaranjado – amarelo – verde – dada por:
azul – anil e violeta.
O “quantum” de energia, isto é, a quantidade de
τ
energia E, associada a cada fóton de luz, é proporcional
hf> τ ⇒ f > –––
h
à frequência f da radiação:
Se fizermos um gráfico da energia cinética do elétron
E=hf
emitido em função da frequência da luz incidente, tere-
mos:
h = constante de Planck = 6,62.10–34J.s

FÍSICA A
Einstein comprovou que a energia luminosa também
se propaga e é absorvida de modo descontínuo, isto
é, através dos fótons de luz.
Assim, quando a luz se propaga no espaço, a
energia luminosa não está presente em toda a região var-
rida pela luz, mas sim concentrada em “pacotes” de
energia, verdadeiros grãos de energia que são os
fótons de luz e correspondem aos “quanta” de
energia apresentados por Planck.

2. EFEITO FOTOELÉTRICO
Observe que, como cada elétron só pode absorver
Quando determinado tipo de luz atinge a
um único fóton, é irrelevante para o valor da energia
superfície de um metal, observa-se que o
cinética a intensidade da luz incidente, importando
metal passa a emitir elétrons. Esse fenômeno
apenas a frequência (cor) dessa luz.
é chamado de efeito fotoelétrico.
O aumento da intensidade da luz incidente faz com
O efeito fotoelétrico foi explicado em 1905 por
que aumente a quantidade de elétrons emitidos, mas não
Einstein e lhe valeu o Prêmio Nobel de Física.
a energia cinética de cada um.
Einstein propôs que, no efeito fotoelétrico, um fóton
é inteiramente absorvido por um único elétron em um ti-
3. DUALIDADE
po de interação semelhante à colisão entre duas partí-
ONDA-PARTÍCULA: LOUIS DE BROGLIE
culas.
Para que o elétron seja emitido, é necessário que a
O efeito fotoelétrico mostrou que a luz, embora tenha
energia transportada pelo fóton de luz (E = h f) seja su-
natureza ondulatória, pode ter comportamento análogo
perior à energia de ligação (τ) entre o elétron e o núcleo ao de uma partícula (partícula de energia, que é o fóton).
do átomo.
– 161
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 18/06/12 08:53 Página 162

Este comportamento dual onda-partícula aplica-se nunca a luz tem simultaneamente os dois com-
não apenas para a luz, mas para todas as partículas. portamentos. Esse fato é chamado Princípio da
Assim, para uma partícula em movimento, complementaridade de Bohr.
a intensidade da onda associada, num dado
ponto, é proporcional à probabilidade de se 5. PRINCÍPIO DA INCERTEZA DE HEISENBERG
encontrar a partícula naquele ponto.
Um fóton de luz monocromática de frequência f e Consideremos uma partícula com velocidade V, cuja
c posição é definida por uma coordenada x.
comprimento de onda λ = ––– transporta energia E e A Física Moderna ensina que não podemos especifi-
f
car simultaneamente a posição e a velocidade (ou a
quantidade de movimento Q dados por:
quantidade de movimento) da partícula de um modo
exato. Esta impossibilidade é denominada “Princípio
E=hf da Incerteza”.
h Seja Δx a incerteza na medida da posição x da
Q = ––– partícula e ΔQ a incerteza na medida da quantidade de
λ movimento Q da partícula.

Analogamente, a uma partícula em movimento, com Heisenberg mostrou que:


quantidade de movimento Q e energia cinética E, asso-
ciamos uma onda de frequência f e comprimento de onda
λ dados por: h
(Δx) . (ΔQ) ≥ –––

E
f = –––
h
em que h é a constante de Planck, cujo valor numérico
h é muito pequeno (6,625 . 10–34J . s).
λ = –––
Q O princípio da incerteza nada tem que ver com
falhas de nossos instrumentos de medição ou com limi-
Observe que se a partícula se move com velocidade tações de nossos modelos. A incerteza prevista é
cujo módulo é muito pequeno em comparação com c irredutível, mesmo usando-se perfeitos instrumentos de
(3,0 . 108m/s), então sua massa é igual à de repouso e medição.
FÍSICA A

Q = m0 V. A restrição dada pelo Princípio da Incerteza não se


refere à precisão com que x ou Q podem ser medidos,
Porém, se o valor de V é próximo de c, então mas sim ao produto das incertezas ΔQ . Δx numa medida
simultânea de ambos. Quanto mais modificamos uma ex-
periência de modo a melhorar a precisão na medida de
m0
uma das duas grandezas (x ou Q), mais estaremos
Q = ––––––––––––––––– . V
aumentando a incerteza com que medimos a outra.


2
() V
1 – ––
c
O princípio da incerteza também pode ser formulado
em relação às incertezas na medida do instante (Δt) e da
energia (ΔE) associados ao movimento de uma partícula
elementar
m0
em que ––––––––––––––––– representa a massa


h
2 (Δt) . (ΔE) ≥ –––
( ) V
1 – ––
c

da partícula quando está com velocidade de módulo V. As incertezas nas medidas estão ligadas às
perturbações introduzidas pelos processos de
4. PRINCÍPIO observação e medida como, por exemplo, a interação
DA COMPLEMENTARIDADE DE BOHR entre o fóton de luz usado na observação e a partícula
elementar em estudo. A interação entre o fóton de luz e
De acordo com o princípio da dualidade onda-
a partícula pode modificar a sua posição, a sua
partícula, a luz ora se comporta como onda ora como
quantidade de movimento e a sua energia.
partícula, dependendo do fenômeno estudado, porém

162 –
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 18/06/12 08:53 Página 163

MÓDULO 60 Análise Dimensional


1. EQUAÇÕES DIMENSIONAIS 3. PREVISÃO DE FÓRMULAS
É usual, na Mecânica, escolhermos como grandezas A partir de experiências, um cientista pode prever de
fundamentais: a massa (M), o comprimento (L) e o tempo (T). que grandezas físicas (A, B, C) deve depender uma cer-
Qualquer outra grandeza (G) da Mecânica pode ser ta grandeza G.
escrita em função de M, L e T, elevados a expoentes ade- Por meio de uma análise dimensional, é possível ao
quados. cientista determinar os expoentes x, y e z com que as
A expressão de G em função de M, L e T é chamada de grandezas A, B e C figuram na expressão de G.
equação dimensional de G e os expoentes respectivos são
as dimensões de G em relação a M, L e T. análise
G = kAxByCz dimensional
[ G ] = MxLyTz
obtemos x, y e z
x = dimensão de G em relação à massa M.
y = dimensão de G em relação ao comprimento L. k é uma constante numérica (adimensional) que não
z = dimensão de G em relação ao tempo T. pode ser obtida pela análise dimensional.

Exemplos Exemplo
No estudo da queda livre, o cientista prevê que o
a) Velocidade tempo de queda deve depender da massa do corpo (m),
Δs L do módulo da aceleração da gravidade (g) e da altura
V = –––– ⇒ [ V ] = ––– = LT –1 = M0LT –1 de queda (H).
Δt T
Isto posto, o cientista escreve a equação:
A velocidade tem dimensões 0, 1 e –1 em relação
tq = kmxgyHz
à massa, comprimento e tempo.
Impondo-se que os dois membros tenham a mesma
b) Aceleração
equação dimensional, podemos determinar os valores
ΔV LT –1 de x, y e z:
a = –––– ⇒ [a] = –––––– = LT –2 = M0LT –2
Δt T [ tq ] = [ m ]x [ g ]y [ H ]z

A aceleração tem dimensões 0, 1 e –2 em relação M0L0T = Mx (LT –2)y . Lz

FÍSICA A
à massa, comprimento e tempo.
M0L0T = Mx Ly + z T –2y
c) Força
Identificando-se as dimensões:
F = ma ⇒ [ F ] = MLT–2

}
A força tem dimensões 1, 1 e –2 em relação à massa, x=0 x=0
comprimento e tempo.
1
y+z=0 ⇒ y = – ––
d) Energia 2
mV2 1
E = –––––– ⇒ E = M(LT –1)2 = ML2T–2 –2y = 1 z = ––
2 2

A energia tem dimensões 1, 2 e –2 em relação à O fato de x = 0 indica que o tempo de queda não
massa, comprimento e tempo. depende da massa, corrigindo a hipótese inicial do cientis-
ta, que estava errada. (Veja a força da análise dimensional.)
2. HOMOGENEIDADE
DAS EQUAÇÕES FÍSlCAS A equação assume o aspecto:

tq = k g(–1/2) H(1/2)
Para que uma equação física possa ser verdadeira,
é necessário que os dois membros da equação tenham ou
as mesmas dimensões. Em particular, se um dos
membros for constituído por uma soma de parcelas,
todas as parcelas devem ter as mesmas dimensões.
tq = k
 H
––––
g

Y = X ⇒ [Y] = [X] Apenas o valor de k não pode ser obtido por análise
dimensional e sim por meio de um ensaio experimental
Y = X + Z + W ⇒ [Y] = [X] = [Z] = [W] ou de alguma teoria física.

– 163
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 18/06/12 08:53 Página 164

FRENTE 2 Ondulatória

MÓDULO 28 Tubos Sonoros


1. INTRODUÇÃO

São tubos que, soprados adequadamente, emitem


som. Uma flauta, por exemplo, é um tubo sonoro.

As ondas estacionárias formadas dentro do tubo


fazem o ar dos arredores ressoar, havendo assim a pro-
dução do som.

q Tubos abertos
Têm as duas extremidades abertas.

q Cálculo da frequência
λ
1.o HARMÔNICO: L = 1 –––
2
Nas extremidades abertas do tubo, formam- λ
FÍSICA A

se sempre ventres. 2.o HARMÔNICO: L = 2 –––


2
λ
3.o HARMÔNICO: L = 3 –––
2
q Tubos fechados

Têm uma das extremidades fechada. •

λ
n.o HARMÔNICO: L = n –––
2
2L
∴ λ = –––– (I)
n

V
Mas V = λ f ⇒ f = ––– (II)
λ

Substituindo-se (I) em (II), vem:


Na extremidade fechada do tubo, forma-se
sempre um nodo. V ,
f = n –––––
2L

em que n é a ordem do harmônico ou o número de


2. TUBOS SONOROS ABERTOS nodos.
Representamos a seguir os três primeiros modos de Os tubos sonoros abertos emitem tanto os harmô-
vibração da coluna de ar existente no interior de um tubo nicos de ordem par, como os de ordem ímpar.
sonoro aberto de comprimento L.
164 –
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 18/06/12 08:53 Página 165

3. TUBOS SONOROS FECHADOS λ


3.o HARMÔNICO: L = 3 –––
4
Representamos a seguir os três primeiros modos de
vibração da coluna de ar existente no interior de um tubo λ
sonoro fechado de comprimento L. 5.o HARMÔNICO: L = 5 –––
4



λ
(2n – 1).o HARMÔNICO: L = (2n – 1) –––
4
4L
∴ λ = ––––––– (I)
2n – 1

V
Mas V = λ f ⇒ f = ––– (II)
λ

Substituindo-se (I) em (II), vem:


V
f = (2n – 1) –––– ,
4L

q Cálculo da frequência sendo n o número de nodos.

λ Os tubos sonoros fechados emitem apenas os


1.o HARMÔNICO: L = 1 –––
4 harmônicos de ordem ímpar.

MÓDULO 29 Qualidades Fisiológicas do Som

O ouvido humano normal distingue no som três qua- q Nível relativo

FÍSICA A
lidades distintas, denominadas qualidades fisiológicas do de intensidade (ou sonoridade)
som. São elas: a altura, a intensidade e o timbre. É a qualidade que permite ao ouvido diferenciar um
som forte de um som fraco.
q Altura (ou tom)
Som Forte → grande intensidade
É a qualidade que permite ao ouvido diferenciar um
som grave (baixo) de um som agudo (alto). Som Fraco → pequena intensidade

Os sons graves (ou baixos) têm baixa fre-


• Lei de Weber-Fechner
quência, enquanto os sons agudos (ou altos)
têm alta frequência. Sendo:
S0 = sonoridade de referência.
Destaquemos que a altura de um som está relacio-
nada exclusivamente com sua frequência. S = sonoridade do som considerado.
I0 = intensidade sonora de referência.
• INTERVALO ACÚSTICO (I) I = intensidade sonora do som considerado.
Chama-se intervalo acústico entre dois sons de
ΔS = S – S0 = magnitude da sensação auditiva,
frequências f1 e f2 o quociente dessas frequências.
temos:
f2
i = –––– (f2 > f1) I
f1 S – S0 = K log ––––
I0

Um intervalo acústico importante é a oitava. Nesse Se K = 1 → S em bel


caso, i = 2, o que significa que f2 = 2 f1. Se K = 10 → S em decibel (dB)

– 165
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 07/08/12 13:54 Página 166

Recordemos que a intensidade de um som, num


O timbre de um som relaciona-se com a
ponto situado a uma distância x de uma fonte de ondas
forma de onda do som que o caracteriza.
esféricas de potência P, é dada por:
Em (a) temos a forma de onda correspondente a
P uma nota emitida por um violino.
I = –––––––
4πx2 Em (b), (c), (d) e (e) estão os quatro principais
harmônicos que compõem essa nota.
A seguir, temos alguns níveis de intensidade sonora:

Casa calma 40dB

Conversa normal 60dB

Conversa em voz “alta” 70dB

Rua barulhenta 90dB

Grande explosão 110dB

Motor de avião a 3m de distância 130dB

q Timbre
É a qualidade que permite ao ouvido distinguir sons
de mesma altura e mesma intensidade, porém emitidos
por fontes sonoras diferentes.
Os responsáveis pelo timbre são os harmônicos, que
acompanham o som fundamental.

MÓDULO 30 Efeito Doppler-Fizeau


FÍSICA A

É o fenômeno que ocorre quando há aproximação q Cálculo da frequência aparente


ou afastamento entre um observador e uma fonte de Sendo:
ondas e que consiste na variação aparente da frequência
f0 = frequência (aparente) recebida pelo observa-
da onda.
dor.
q Aproximação fF = frequência emitida pela fonte.
Quando há aproximação entre o observador e a v = velocidade de propagação da onda.
fonte, o observador recebe mais frentes de onda do que
receberia se ambos estivessem em repouso. v0 = velocidade do observador.
Sendo f0 a frequência aparente percebida pelo vF = velocidade da fonte.
observador e fF a frequência real emitida pela fonte, tem-
e considerando o meio de propagação da onda em
se, neste caso:
repouso em relação à Terra, pode-se demonstrar que:
f0 > fF
f0 fF
––––––– = –––––––
v ± v0 v ± vF
q Afastamento
Quando há afastamento entre o observador e a fonte,
o observador recebe menos frentes de onda do que Na demonstração da fórmula anterior, convenciona-
receberia se ambos estivessem em repouso. se como positivo o sentido observador → fonte.

Nesse caso:

f0 < fF

166 –
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 18/06/12 08:53 Página 167

FRENTE 3 Mecânica
MÓDULO 55 Aplicações da Lei de Stevin
1. BARÔMETRO quida de altura H. É usual dizermos recurvado em U contendo um líquido
DE TORRICELLI que acima da coluna de mercúrio em equilíbrio (em geral, mercúrio),
temos o “vácuo torriceliano”. com uma das extremidades em
Denomina-se barômetro todo Como os pontos A e B pertencem contato com o local onde se deseja
aparelho ou dispositivo que se destina ao mesmo plano horizontal no interior medir a pressão p e a outra extremi-
a medir a pressão atmosférica. de um líquido homogêneo, em equilí- dade aberta e exposta à atmosfera.
brio e sob a ação da gravidade, eles Sendo µ a densidade do líquido e
suportam a mesma pressão e, por- igualando-se as pressões em A e B,
tanto, a pressão atmosférica (pressão vem:
no ponto A) é igual à pressão de uma p = patm + µ g h
coluna de mercúrio de altura H (pres-
são no ponto B). Se a pressão for medida em colu-
Assim, em Santos (no nível do na líquida, escrevemos apenas:
mar), temos H = 76cm, o que significa
que a pressão atmosférica é de 76cm H = Hatm + h
de Hg.
Em São Paulo, temos H = 70cm, o
que significa que a pressão atmosfé- 3. SISTEMAS DE
rica é de 70cm de Hg. VASOS COMUNICANTES
Se quisermos obter esta pressão
em pascal, fazemos: q Consideremos um recipiente for-
mado por diversos ramos que se co-
patm = µHg g h municam entre si. Esse recipiente
constitui um sistema de vasos comu-

FÍSICA A
patm = 13,6 . 103 . 9,8 . 0,70 (Pa) nicantes.

patm = 0,93 . 105 Pa


O barômetro mais simples que
existe é o barômetro de cuba ou de
Torricelli. 2. MANÔMETRO
Um tubo de vidro de comprimen- DE TUBO ABERTO
to da ordem de 1,0m é totalmente
cheio com mercúrio e sua extremi-
dade livre é tapada com o dedo. Em
seguida, o tubo é emborcado em uma Se um único líquido em equilíbrio
cuba contendo mercúrio, com a extre- estiver contido no recipiente, então:
midade livre para baixo, e o dedo é • A superfície livre do líqui-
retirado. do, em todos os ramos, é ho-
A coluna de mercúrio desce até rizontal e atinge a mesma altura
estabilizar-se em uma altura H acima h.
da superfície do mercúrio na cuba, Esse fato é conhecido como
como mostra a figura. Denomina-se manômetro todo “princípio dos vasos comuni-
Na região do tubo acima da colu- aparelho ou dispositivo para se medir cantes”.
na de mercúrio, existe apenas uma a pressão de um fluido (em geral, um • Em todos os pontos do
pequena quantidade de vapor de gás). líquido, que estão à mesma al-
mercúrio que exerce uma pressão O manômetro mais simples é o de tura (z), a pressão é a mesma:
considerada desprezível em compa- tubo aberto à atmosfera, represen-
p1 = p2 = p3
ração com a pressão da coluna lí- tado na figura. Trata-se de um tubo
– 167
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 18/06/12 08:53 Página 168

As propriedades expostas acima 4. PRINCÍPIO DE maior do que a pressão externa


decorrem imediatamente da Lei de FUNCIONAMENTO DE UM (atmosférica) e o líquido vai escoar,
Stevin. SIFÃO não importando qual seja a altura a
do chamado “cotovelo” do sifão,
q Considere um sistema de vasos Consideremos um sifão escorva- desde que μga < patm.
comunicantes contendo dois líquidos do, isto é, fechado na extremidade in-
homogêneos, A e B, imiscíveis. dicada por B e completamente cheio A condição de escoamento,
do mesmo líquido que está contido com o sifão escorvado, é
em um recipiente. que a extremidade B esteja
Seja A um ponto no interior do si- em nível inferior ao da super-
fão e ao nível da superfície do líquido fície livre do líquido no
contido no recipiente. interior do recipiente.
Seja μ a densidade do líquido e g
o módulo da aceleração da gravida-
de. Na situação esquematizada abai-
xo, temos:

Estando o sistema em equilíbrio e


sob a ação da gravidade, podemos
igualar as pressões nos pontos (1) e
(2) que pertencem ao mesmo líquido
A e ao mesmo plano horizontal.
p1 = p2
p0 + µA g hA = p0 + µB g hB
µAhA = µBhB Estando o sistema, na situação
mostrada na figura, em equilíbrio hi-
hA µB pB = pC
–––– = –––– drostático, de acordo com a Lei de
hB µA Stevin, temos: pA = patm = pC + μgh
FÍSICA A

pC = pA = patm e pB – pC = μgh pB = patm – μgh


As alturas líquidas, medidas
a partir da superfície de se-
paração dos líquidos, são in- pB = patm + μgh
A pressão no ponto B é menor do
versamente proporcionais Portanto, se abrirmos a extremi- que a pressão externa (atmosférica) e
às respectivas densidades. dade B, a pressão interna pB será o líquido retorna ao recipiente.

MÓDULO 56 Lei de Pascal e Princípio de Arquimedes

1. LEI DE PASCAL (1663) De acordo com a Lei de Stevin, temos:

Considere um líquido homogêneo, em equilíbrio e pB – pA = μ g h


sob ação da gravidade.
pB = pA + μ g h

Sendo o líquido incompressível (volume constante),


sua densidade μ permanece constante e, portanto, a
parcela μ g h permanece constante.

Isso significa que, se acontecer uma variação de


pressão no ponto A, a mesma variação de pressão ocor-
rerá em B.

168 –
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 18/06/12 08:53 Página 169

Se os êmbolos têm forma cilíndrica, suas áreas são


ΔpB = ΔpA, pois μ g h é constante dadas por:

Esse fato traduz a Lei de Pascal: SA = π R2A e SB = π R2B , sendo RA e RB os raios dos
êmbolos.
Os líquidos transmitem integralmente as
variações de pressão que recebem.
Portanto:
2
Isso significa que qualquer variação de pressão,
provocada em qualquer ponto de um líquido em equilíbrio,
é transmitida integralmente para todos os demais pontos
SB
( )
RB
Vm = –––– = ––––
SA RA

da massa líquida.
q Conservação do trabalho
2. PRENSA HIDRÁULICA Sendo dA o deslocamento do êmbolo A e dB o
deslocamento do êmbolo B e lembrando que o líquido é
q Descrição incompressível (volume constante), temos que o volume
A prensa hidráulica é uma máquina simples capaz líquido que desce em A é igual ao volume líquido que
de multiplicar forças e fundamentada na Lei de Pascal. sobe em B:
ΔVA = ΔVB

SA . dA = SB . dB

SB dA
––––– = –––– (II)
SA dB

Comparando-se as relações I e II, vem:

FB dA
––––– = –––– ⇒ FBdB = FAdA
FA dB

Os vasos comunicantes da figura contêm um líquido O trabalho da força transmitida é igual ao

FÍSICA A
homogêneo e estão vedados por dois êmbolos móveis trabalho da força aplicada.
sem atrito e com áreas SA (êmbolo menor) e SB (êmbolo
maior).
A relação anterior traduz a conservação do trabalho
Uma força de intensidade FA é aplicada ao êmbolo
nas máquinas simples.
A, o que permite transmitir ao êmbolo B uma força de
intensidade FB.
3. PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES (sec. III a.C.)
De acordo com a Lei de Pascal:
ΔpB = ΔpA Para demonstrar a Lei de Arquimedes, consideremos
um corpo sólido, com formato cilíndrico, imerso em um
FB FA FB SB líquido homogêneo, em equilíbrio, sob a ação da
–––– = –––– ⇒ –––– = –––– (I)
SB SA FA SA gravidade e com densidade μL.

Em uma prensa hidráulica, as forças têm


intensidades diretamente proporcionais às
áreas dos respectivos êmbolos.

q Vantagem mecânica
O número pelo qual a força é multiplicada é
chamado de vantagem mecânica (Vm).

FB SB
Vm = –––– = ––––
FA SA

– 169
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 18/06/12 08:53 Página 170

O líquido atua sobre todas as faces do cilindro com E = Pfluido = μfluido Vimerso g
forças de compressão e normais às regiões de contato deslocado
entre o líquido e o cilindro.

NOTAS
As forças horizontais F3 e F4, nas faces laterais, têm a
Nota 1: O ponto de aplicação do empuxo é o centro
mesma intensidade, pois estão aplicadas em pontos de
de gravidade da porção de fluido que foi deslocada pela
mesma profundidade, ou seja, de mesma pressão.
presença do sólido.
Portanto, as forças horizontais se equilibram e a resultante
Nota 2: A Lei de Arquimedes pode ser aplicada
das forças horizontais é nula.
mesmo no caso em que o sólido esteja mergulhado si-
multaneamente em dois fluidos, como na figura:
Na direção vertical, não há equilíbrio entre as forças
F1 e F2, pois a força F2 na face inferior é mais intensa que
a força F1 na face superior, já que a pressão é maior nos
pontos de maior profundidade.
Chamando de A a área da secção transversal do
cilindro, temos:

F2 – F1 = (p2 – p1) A

Usando-se a Lei de Stevin:

p2 – p1 = μL g h

E = EA + EB = μA VA g + μB VB g
F2 – F1 = μL g h A
μA = densidade do fluido A
O produto A . h representa o volume do corpo que
está imerso (no caso é o volume total). μB = densidade do fluido B
VA = volume do sólido imerso em A
F2 – F1 = μL g Vi
VB = volume do sólido imerso em B
O produto μL . Vi representa a massa de líquido que
FÍSICA A

Nota 3: A Lei de Arquimedes não pode ser


ocuparia o volume Vi. aplicada quando o fluido não banhar a face inferior do
sólido, como na figura:
F2 – F1 = mLg

O produto mL . g representa o peso do líquido que


ocuparia o volume Vi.

F2 – F1 representa a intensidade da força


resultante que o líquido exerce sobre o corpo

e que é denominada empuxo (E).

Lei de Arquimedes:
Quando um sólido é mergulhado total ou
parcialmente em um fluido homogêneo, em
equilíbrio e sob ação da gravidade, ele fica Neste caso, a força resultante aplicada pelo fluido é
sujeito a uma força, aplicada pelo fluido, de- a força F indicada, calculada como se segue:
nominada EMPUXO, com as seguintes carac-
F = p . A = (p0 + μ g h) A
terísticas:
I) Intensidade: igual ao peso do fluido A = área da face superior do sólido.
deslocado pela presença do sólido.
Nota 4: A Lei de Arquimedes é válida quer o sólido
II) Direção: vertical.
esteja totalmente imerso ou flutuando na superfície do
III) Sentido: de baixo para cima.
líquido.

170 –
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 18/06/12 08:53 Página 171

MÓDULO 57 Aplicação de Arquimedes


1. DENSIDADE DE UM SÓLIDO Substituindo-se na expressão do peso aparente, vem:
EM RELAÇÃO A UM LÍQUIDO μL
Pap = P – _____ P
μS
Considere um sólido (S) flutuando na superfície de
um líquido (L) homogêneo, em equilíbrio e sob ação da μL
gravidade. Pap = P (1 – ––––)
μS

μS – μL
Pap = P (––––––––)
μS

Analisando-se a expressão anterior, concluímos:


(I) Quando μS > μL ⇔ Pap > 0 e o sólido afunda.
(II) Quando μS < μL ⇔ Pap < 0 e o sólido aflora.

(III) Quando μS = μL ⇔ Pap = 0


Neste último caso, o sólido fica em equilíbrio totalmente
Para o equilíbrio do sólido, temos: imerso, em qualquer posição no interior do líquido.

E=P
3. ACELERAÇÃO NO
INTERIOR DE UM LÍQUIDO
μL Vig = μS V g
Consideremos um sólido S movendo-se no interior
μS Vi de um líquido, de modo a não perturbar muito a condição
––––– = –––––
μL V de equilíbrio do líquido (para continuar valendo a Lei de
Arquimedes).
A densidade do sólido, em relação ao lí- Aplicando-se a 2.a Lei de Newton:

FÍSICA A
quido, é igual à fração do sólido que fica imer-
sa no líquido.

2. PESO APARENTE DE UM
SÓLIDO IMERSO EM UM LÍQUIDO

q Definição
Considere um sólido S totalmente imerso em um
líquido homogêneo e em equilíbrio.
Seja P o peso do sólido e E a intensidade do
empuxo que o líquido exerce sobre o sólido. P–E=ma
Define-se peso aparente (Pap) do sólido S,
μS V g – μL V g = μS V a
imerso no líquido, pela relação:
g (μS – μL) = μSa
Pap = P – E

 
μS – μL
q Relação com as densidades a= ––––––––– g
μS
Sendo μS a densidade do sólido e μL a densidade
do líquido, temos:
( I ) Quando μS = μL ⇔ a = 0
P = μS V g μL
{ E = μL V g } E
→ ––– = ––––
P μS
(MRU)

(II) Quando μS > μL ⇔ ↓a
μL
E = ––––– . P →
μS (III) Quando μS < μL ⇔ ↑ a

– 171
C7_CURSO_FIS_TEO_A_Alelex 18/06/12 08:53 Página 172

MÓDULO 58 Noções de Hidrodinâmica


1. OBJETO DE ESTUDO Em um ponto A do líquido, a velocidade de es-
coamento tem módulo V1, a pressão é p1 e a altura em
A Hidrodinâmica estuda os fluidos em movimento. relação a um plano de referência horizontal é h1.
Em um ponto B do líquido, a velocidade de es-
2. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE coamento tem módulo V2, a pressão é p2 e a altura em
relação ao plano horizontal de referência é h2.
Aplicando-se o teorema da energia cinética entre os
pontos A e B, chegamos a:

μ V12 μ V22
p1 + μg h1 + ––––– = p2 + μg h2 + –––––
2 2

Isto significa que:


Considere um líquido homogêneo escoando ao
longo da tubulação cilíndrica indicada. μ V2
Em virtude da conservação da massa, a quantidade p + μ g h + ––––– = constante
2
de líquido na região hachurada permanece constante.
Em um intervalo de tempo Δt, o líquido percorreu Esta equação traduz a conservação de energia me-
uma distância L1 no trecho de área A1, com velocidade cânica, escrita na forma de parcelas que representam
de módulo V1 e uma distância L2 no trecho de área A2, pressão.
com velocidade de módulo V2, de tal forma que os vo-
μ V2
lumes líquidos, contidos nos cilindros de área A1 e altura A parcela –––––
h1, e de área A2 e altura h2, devem ser iguais: 2 é chamada pressão dinâmica.
A soma p + μ g h é chamada pressão estática.
Vol1 = Vol2
Em particular, analisando-se pontos de mesma altura
A1 L1 = A2 L2 h (canalização horizontal), temos:

A vazão Z do líquido é dada por: μ V2


FÍSICA A

p + ––––– = constante
2
Vol = A1 L1 = A2 L2
Z = ––– ––––– –––––
Δt Δt Δt Nesse caso, se houver um estrangulamento
(redução de área), a velocidade aumenta (equação da
continuidade) e a pressão p diminui, conforme
Z = A1 V1 = A2 V2 esquematizado na figura.

Esta equação traduz a conservação da massa e


é chamada equação da continuidade.

3. PRINCÍPIO DE BERNOULLI

Consideremos um líquido homogêneo, de densidade


μ, escoando ao longo de uma tubulação e admitamos
que haja conservação da energia mecânica.

V1 = V3 < V2 ⇔ p1 = p3 > p2

Um estrangulamento em uma canalização objeti-


vando um aumento de velocidade de líquido e a conse-
quente redução de pressão é chamado tubo de
Venturi.

172 –

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