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Sébado 30 do Julho de 1983 I Série — Nimero 74 DIARIO DA REPUBLICA PREGO DESTE NUMERO - 136$00 E A aniatre meena srk ino om Ainaaees Fa 1 dedamaivo ove tea Pte be plana pare ends aa, 28 idl de Repbicn Senn ais Beare rots Rptedow Dil de duende da erie Compligiadar nao ara Revie Tada «correspond deve ser did 7° SUPLEMENTO IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA AVISO Por ordem superior € para constar, comunica-se que nao serdo aceites quaisquer originals destina- dos ao «Diério da Republica desde que nao ta gam aposta a competente ordem de publicacao, assinada @ autenticada com selo branco, SUMARIO Ministrio de HatitagSo, Obras Pillicas © Transportes: Decreto-Lel n.* 349-c183: Aprova 9 Regulamento de Estruturas de Beto Armado ¢ PPreEstorcado. MINISTERIO DA HABITAGAO, OBRAS POBLICAS E TRANSPORTES Decreto-Lei n.° 349-C/83 de 30 de Julho No quadro da actividade de actualizagio da regu- lamentagdo técnica de construgdo, foi oportunamente reconhecida a r2cessidade de abordar 0 dominio das estruturas de betdo armado e pré-esforgado. ‘Com efeito, 0 regulamento até agora em vigor, aprovado pelo Decreto n.° 47 723, de 20 de Maio de 1967 — que corresponde, aliés, a uma etapa muito importante no progresso dos conhecimentos, entéo em. répida evolucdo —, além de nao contemplar as estru- turas de betdo pré-esforcado, necessitava de actuali- zagdo face ao desenvolvimento técnico entretanto ve~ rificado, Acresce que a promulgacdo, pelo Decreto n.° 235/83, de 31 de Maio, do Regulamento de Se- uranga e Acgdes para Estruturas de Edificios ¢ Pon- tes, que estabelece as novas condigGes gerais a obser- var na verificagao da seguranga de todos os tipos de estruturas, independentemente da natureza dos mate- riais constituintes, imporia, por sis, a necessidade de revisio do regulamento de 1967. ‘© Regulamento de Estruturas de Betéo Armado Pré-Esforcado que 0 presente decreto aprova foi ela- borado pela subcomisséo especifica da Comissao de Instituigdo € Revisio dos Regulamentos Técnicos do Conselho Superior de Obras Publicas e Transportes, com base em estudos ¢ propostas do Laboratério Na- cional de Engenharia Civil, que participou também de forma muito activa nos trabalhos daquela subcomis- ‘Com a promulgacdo deste Regulamento ¢ do regu- lamento relativo a seguranca e acydes, anteriormente referido, passa o meio técnico nacional a dispor, neste dominio, de regulamentagdo actualizada ¢ perfeitamen- te harmonizada com as directrizes j4 adoptadas pelas grandes organizagSes técnico-cientificas internacionais que a tal harmonizagio tém dedicado a sua actividade. ‘Assim: © Governo decreta, nos termos da alinea a) do n.° 1 do artigo 201.° da Constituigéo, 0 seguinte: Antigo 1.° E aprovado o Regulamento de Estrutu- ras de Betéo Armado e Pré-Esforgado, que faz parte integrante do presente diploma. Art, 2.° $40 revogados o Regulamento de Estrutu- ras de Betdo Armado, aprovado pelo Decreto n° 47723, de 20 de Maio de 1967, bem como as alteragdes © rectificagdes nele introduzidas pelo De- creto n.° 47 842, de 11 de Agosto de 1967, € pelo Decreto.n.° 99/76, de 23 de Julho. ‘Art. 3.° Durante’o prazo de 2 anos a contar da data da publicacao do Decreto-Lei n.° 235/83, de 31 de Maio, que aprova o Regulamento de Seguranga ¢ ‘Acedes para Estruturas de Edificios e Pontes, pode- 2832-(100) To ser submetidos & aprovagéo das entidades com- petentes projectos elaborados de acordo com a legis- lagdo revogada pelo artigo 2.° Visto € aprovado em Conselho de Ministros de 12 de Maio de 1983. — Gongalo Pereira Ribeiro Teles — José Carlos Pinto Soromenho Viana Baptista. Promulgado em 23 de Maio de 1983. Publique-se, © Presideme da Repiiblica, ANTONIO RAMALHO EANes, Referendado em 30 de Maio de 1983. © Primeiro-Ministro, Francisco José Pereira Pinto Baisemao. MEMORIA JUSTIFICATIVA A necessidade de remodelar a regulamentagio na- cional sobre estruturas de betdo armado publicada em 1967 deve-se fundamentalmente a significativa evolu- io dos conceitos sobre seguranca estrutural entretanto serificada, j4 consagrada, alids, no Regulamemo de Seguranya ¢ Acgdes para Estruturas de Edificios Pontes. Por outro lado, a caréncia de regulamentagao sobre estruturas de betdo pré-esforcado, ha muito re- conhevida, ¢ a moderna unificagdo de conceitos que permite englobar no mesmo corpo de conhecimento este material e 0 beto armado aconselhavam seu tsatamento conjunto no mesmo regulamento. A evolugdo da regulamentagao portuguesa tem re- flectido a actividade internacional neste dominio, prin- cipalmente a que é conduzida pelo Comité Euro- international du Béton (CEB), cuja acgdo tem tido em vista no s6 0 avango tecnolégico, mas, princi- palmente, a harmonizagdo dos preceitos regulamenta: res dos diferentes paises, acg&o esta, aliés, em que a conttibuicdo portuguesa’ tem sido continua e muito proficua Note-se que a publicacdo do regulamento portugués de 1967 se seguiu a elaboracio da primeira versio das Recomendacoes do CEB, publicada em 1964 ¢ remo- delada em 1970 com a introduga0 de disposigdes re- lativas a betdo pré-esforgado. Porém, 0 grande desen- volvimento entretanto verificado nos estudos sobre se- guranga estrutural evidenciou a conveniéncia de os prineipios gerais relativos a esta matéria constituirem regulamentacao especifica, aplicavel, portanto, a todos os tipos de estruturas, independentemente’ do material constituinte. Foi esta j4 a orientacdo segui- da pelo CEB na edigdo de 1978 das Recomendasées, profundamente remodelada em relacéo as anteriores, € que, sob o titulo genérico de Sysidme internatio- nal de réglementation technique unifiée des structu- res, 6 vonstituida por dois volumes: Régles unifides communnes aux différents types d’ouvrages et de ma: tériaux ¢ Code modéle CEB-FIP pour les structures en béton. (© presente Regulamento, aplicavel as estruturas de betdo armado ¢ de betdo pré-esforcado, foi elabora- o, juntamente com o Regulamento de Seguranca e Acgées para Estruturas de Edificios e Pontes, de mo- doa integrar-se na linha de orientagao exposta. A preparagao deste diploma, tal como jé sucedera ‘com a do regulamento de 1967, constituiu encargo da Subcomissio do Regulamento de Estruturas de Betao 1 SERIE — 8 174 — 3-7-1983 Armado, da Comissio de Instituigio ¢ Revisto dos Regulamentos Técnicos do Conselho Superior de Obras Pblicas © Transportes. No entanto, ¢ como tem sido prética habitual, os estudos de base e pre- parayao de todos os documentos de trabalho foram efectuados pelo Laboratério Nacional de Engenharia Civil Antes de se proceder descrigdo e justificagao — nevessariamente sumarias — das principais.dispo Bes contidas no Regulamento, convém sublinhar que, devido ao facto de grande mniimcro delas constituir inovagdo, se exige dos utilizadores uma atengo pai ticular para a sua adequada interpretayao. Aliés, visando tal objectivo, introduziram-se no texto, sempre ‘que foi julgado util, comentarios ao articulado, com © intuito de esclarecer, justticar ou exemplificar a ma- téria especificada; estes comentarios, impressos em tipo diferente, nao constituem, porém, matéria regula. ‘mentar. A apresentacdo dos diversos aspectos que se julga de interesse focar, feita seguidamente, acompanha a divisdo tematica do texto. yosigdes gerais Como j4 foi referido, o presente Regulamento foi elaborado tendo em atengao a existéncia do Regula- mento de Seguranga ¢ AcgGes para Estruturas de Edi- ficios ¢ Pontes (RSA), com o qual directamente se ar- ticula. Consequentemente, é indispensdvel 0 conheci- mento detalhado do RSA, pois nele esto consignados 8 principios fundamentals da seguranca que interes- sam aplicagdo do presente Regulamento, nomeada- mente critérios de verificagao da seguranga, definigao de estados limites, quantificagdo e combinagio de acgdes € coeficientes de seguranca. © tratamento conjunto dado aos problemas do be- tao armado ¢ do betdo pré-esforcado justifica-se ndo 86 por ser hoje prética corrente a utilizagao de armaduras ordindrias © de armaduras de pré-esforgo desempenhando no mesmo elemento idéntica fun resistente, mas também porque as teorias do compor: tamento do betéo armado so facilmente generaliza- veis a0 betdo pré-esforgado. Quanto ao campo de aplicagdo do Regulamento, para além da extensdo a0 betdo pré-esforcado, ele é Praticamente idéntico ao do regulamento anterior, ha- vendo no entanto a registar que so pela primeira vez tratados os problemas ligados com a seguranga em re- lagao a fadiga e bastante aperfeicoados os aspectos relativos ao comportamento das estruturas sob a accao dos sismos; foi ainda dado maior desenvolvimento aos capitulos relativos a disposigdes construtivas ¢ a exe- cugdo e controle. A nao inclusdo no Regulamento de regras especifi- ‘cas para estruturas em que se utilizem betdes leves ou muito densos, estruturas mistas ago-betdo € certos ti pos de estruturas pré-esforgadas justifica-se em face da pequena importancia ow frequéncia que o empre- go de tais téenicas assume ainda no Pais; 0 mesmo se passa, de certo modo, relativamente a estruturas sujeitas a acgdes térmicas intensas Nao se julgou oportuno tratar também da accdo do fogo sobre as estruturas, pois tal problema deve ser articulado com a regulamentagao geral de seguranca contra incéndio que vier a ser promulgada no Pais No que se tefere ao problema das competéncias ¢ responsabilidades dos intervenientes no projecto e na T SERIE — Ni" 174 — 30--7-1983 direcclo das obras, entendeu-se que tal_matéria — porque envolve aspectos predominantemente juri dico-profissionais © no apenas técnicos — deve ser objecto de legislacdo especifica, de ambito generali zado a estruturas dos diversos tipos ¢ materiais, ¢ que reflicta devidamente um justo equilibrio entre os in reresses dos diversos intervenientes no processa cons- trutivo © 06 interesses da colectividade. Estas as razdes por que a redacgo dos correspondentes artigos do Ke- gulamento ¢ feita por mera referéncia genérica a tal Tegislacao, que, no entanto, carece de remodelagio © le aperfeiyoamento, © sistema de unidades adoptado no Regulamento € 0 Sistema Internacional de Unidades (SN), 4 con. sagrado em norma portngtiesa, © que ¢ de utilizacio cada vez mais generalizada a nivel nacional © na tite ratura ténica ¢ regulamentar estrangeira € internacic. nal. A simbologia empregada segue as directivas do CEB, € fundada em largo consenso internacional ¢ privilegia na sua formagio as designagdes em lingua Ingles 2 —Seguranga € acgdes Os critéring de segurangat adoptados, por Forca alias do estahelecido no RSA, nao diferem conceptualmente dos critérios utilizados’ na regulamentagdo anterior continuando pertanto a ser reulizada a verificagte dt seguranga em relagio aos estados limites; melhorou: se, porém, a voneretizagao de vettos estados limites lillimos, tais como os de encurvadura e de pungoa mento, ¢ atribuit-se maior importancia € desenvolvi ‘mento ao estado limite de fendilhagao, a fim de vobrir fos problemas especificos do betao préestorgade. E de assinalar, no entanto, que a formulacao das combinagses de aegdes ¢ propria quantificagan es tas foram substancialmente alteradas, dependendo ago- ra de situagdes da estrutura (em exploracdo normal ‘ou em certos periodos transitorios), do tipo de esta do limite (Ultimo ou de utilizacao), do tipo de acyies envolvidas (permanentes, variaveis ou de acidente) © da duragdo atribuida aos estados limites de wtilizagao, (muito curta, curta ou longa}; a quantificagdo das ac- goes necessaria para atender aos diversos tipos de Sombinagdes assim resultantes € feita no RSA consi derando valores caracteristivos ¢ de combinagao para 1 estaddos limites ltimos, e valores raros, frequentes © quase permanentes para os estados limites de uti lizacao. Houve, naturalmente, que. nova orginica regulamentar, definir neste Regulame os valores de avgdes especialmente ligadas ao hero, armado € a0 betdo pré-estorgado (certas acgoes 160. Togicas, pré-esfargos. © suas perdas, coeficientes de comportamento para quamificagao de acgdes sivuticay) cc. bom assim, enumerar os estados limites a conside: lar ¢ estabelever oy valores dos correspondentes coe. Fictentes de seguranga. inda de agordo com a Wo 3 — Materi No capitulo reterente aos materia incluem-se disposigdes relativas ao bello, as armaduras ordina: rise As armaduras de pré-esforgo, tendo em v1 lundamentalmente, a detnigad dos Valores dle cileulo 2832-(101) das diferentes propriedades mecinicay que devem ser considerados no dimensionamento das estruturas. No que se refere aos hetdes, estabeleceu-se um n0- vo escalonamento de classes, ue abrange uma gama alargada de resisténcias, tendo como principal objec: tivo cobrir as nocessidades das estruturas de betdio pré- cesforvado. Esta classificacdo dos betdes esta de acor: do com as normas internacionais sobre a matéria, continuando-se, no entanto, a privilegiar a resistencia determinada por ensaio de cubos na designagao da por ser ainda este tipo de provete 0 de utili- zacao’ mais Trequente no Pais. Foi dado grande desenvolvimento & materia relati va as propriedsdes reoldsicas do betdo (retracgiv udncia), cm virtude da grande importancia que tais propriedades tém no comportamento do betdo pré ‘sforgada, Quanto a0 diagrama de cilculo tensoes-extensoes do berio, adopiou-se o dianrama parabola-rectanguto em vez do diagrama parabolico preconizado pelo regula- mento de 1967, por ser esta a tendéneia geral na mo- derma regulamentacao. Nas disposigaes rel vas ay armaduras ordindrias, em que naturalinente se tiveram em contas as carite= teristicas da produyao nacional destes materiais, 10- ram incluidas as redes electrossoldadas ¢ especiticadas owas exigéncias selativamente aos ensaios de dobra- gem ¢ de aderéncia cle vardes, ¢ foi abordado 0 pro- blema da soldabilidade dos agos para efeito da reali zagdo de emendas. Quanto ses diugramas de vileulo, adoptou-se para os acos endurecidos a fio wm dia grama simplificado bilinear idgntico ay preconizado, para os acos Jaminados a quente, solugao que apre- senta vantageny de ondem pritica, nomeadamente por diagrama para ayos . independentemen- permitir a uulizagio do mesic com at mesma capacidade resistent te do. seu processo de fabrico. Mantevese a orientagio do ant que se refere a classitieagdo © homolog jor regulamento no 9 das ar. pelo Laboratorio Na- maduras ordindrias, a efectua cional de Engenharia Civil Relativamente ay armaduras de pré-esforgo, 0 fac~ to de apresentarem uma grace viriedade de’ tipos caracteristicas nao permitia, como seria desejavel. 0, Sew enguadramento em classes como no caso das, armaduras ordindrias, Q texto lumta-ve, por tal mo- tivo, @ enunciar as propricdades cuja quantificagao, interessa directamente ao project © 4 estabelecer “os stitérios de definigdo dos diagramas de calculo a uti lizat. Contudo, para relaxacao sao apresentados ele- mentos que. para as sifiazdes mats correntes da pra- tica, perinitem quantiticar esta_propriedade. 4 = Estados © Regnlumente estabeiece que a veriticagdo da se guranca em relagao aos estados limites tltimos scja tm geral efgetuada em termos de esforgos, excepto 0, caso de analise plastica de tajes, em que tal verifica edo deve em principio scr feita ant termos de accoes, Porém, relativamente aos estastos limites ultimos que envolvem fadiea, o critério adoptado para a veritica ao de seguranca ¢ formulado, aliis como habitual mente, em termos de tens6e No capitulo relativo a determinagdo dos estorgos re- istentes, so abordadas de modo sistematico os es- Foreos norms ¢ de Mesao, © esforeo transverse, ©

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