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Abstract Resumo
1 Escola Politécnica de Saúde The article addresses the use of anabolic an- Abordamos o discurso médico sobre o uso dos
Joaquim Venâncio, Fundação
Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,
drogenic steroids (AAS), synthetic drugs whose esteroides anabolizantes androgênicos (EAA),
Brasil. abuse has been characterized as a public health drogas sintéticas cujo abuso vem sendo caracte-
2 Escola Nacional de Saúde
problem, operated in the opposition between rizado como problema de saúde pública, sendo
Pública Sergio Arouca,
Fundação Oswaldo Cruz, “medical” and “non-medical” uses. A qualita- operado na contraposição entre usos “médi-
Rio de Janeiro, Brasil. tive approach was used to analyze the text in cos” e “não-médicos”. Com base em abordagem
3 Instituto de Ciências
76 biomedical articles published from 2002 to qualitativa, realizamos análise de enunciações
Humanas e Sociais,
Universidade Federal Rural 2012. The discourse shows a persistent ban on presentes em 76 artigos da área biomédica en-
do Rio de Janeiro, Seropédica, non-medically regulated use of AAS by young tre 2002 e 2012. Nesse discurso, permanece o
Brasil.
people, while the limits on clinically qualified banimento, entre jovens, de usos de EAA não
Correspondência use appear to expand among older people, even regulados pela medicina, ao passo em que as
D. R. Moraes given the contradictions straining the argument fronteiras do emprego clinicamente qualifica-
Laboratório de Educação
Profissional em Atenção à
on the prevention of health risks. Moralizing do parecem se expandir para pessoas idosas,
Saúde, Escola Politécnica de biopolitical stances appear, based on gender mesmo frente a contradições que tensionam o
Saúde Joaquim Venâncio, distinctions or under the aegis of criminalizing argumento de prevenção dos riscos à saúde. Per-
Fundação Oswaldo Cruz.
Av. Brasil 4365, sala 311,
drug use. cebem-se marcações biopolíticas moralizantes,
Rio de Janeiro, RJ seja via distinções de gênero, seja sob o signo da
21040-900, Brasil. Anabolic Agents; Health Risk; Review criminalização do uso de drogas.
danielle@fiocruz.br
científica seria agir sanitariamente por, além de por objetivo identificar elementos discursivos,
não desconsiderar os riscos, compreender que as mapeando o discurso sobre diferentes tipos de
futuras estratégias de controle devam se adequar usos de EAA, presente em artigos publicados em
às configurações sociais dos usuários 5,7,13. periódicos científicos, valendo-se de uma busca
Apesar do ensaio de um tom mais relativiza- sistemática na base de recuperação de referên-
dor quanto às estratégias de enfrentamento des- cias Scopus.
ta questão, notamos que, em geral, propunha-se
o banimento do “uso não-médico”, geralmente
justificado por uma relação, naturalmente con- Materiais e método
ferida pelos autores, entre uso de drogas, mas-
culinidade, agressividade e violência 3. Paralela- Entre maio e junho de 2013, foi realizada busca
mente, percebemos também que haveria outro sistemática no banco online de recuperação de
rol de indicações recentes (que denominamos referências bibliográficas Scopus, lançando-se
emergentes), que ficariam mais próximas do “uso mão dos termos anabolic [AND] steroids [AND]
médico”. Tais indicações seriam voltadas não prevention. A busca foi limitada ao período 2002-
mais ao tratamento de condições potencialmen- 2012, às áreas de ciências da saúde e ciências so-
te fatais, mas situadas no campo de ação da me- ciais e humanas, e aos campos de título, resumo
dicina antienvelhecimento, em que proliferam e palavras-chave. A escolha dos termos de busca
tecnologias de aprimoramento. foi informada por experiência análoga realizada
De acordo com Peter Conrad 18, o aprimora- em artigo anterior 3, em que, utilizando-se ana-
mento biomédico refere-se a qualquer interven- bolic steroids em combinação com effects e ag-
ção que vise a aumentar o desempenho físico ou gression, foi encontrado que o registro principal
mental. E, diferentemente da menopausa, o que da retórica dos trabalhos de periódicos se rela-
alguns chamam de andropausa ainda não é uma cionava com a visão negativa sobre o emprego
doença reconhecida a ponto de constar da 10ª re- “não-médico” de EAA.
visão da Classificação Internacional de Doenças No entanto, naquele momento da pesqui-
(CID-10). Desse modo, sua abordagem farmaco- sa, alguns artigos apontavam para a existência
lógica pode ser considerada como um uso emer- de uma literatura que apoiaria novos usos clí-
gente de EAA, em que análogos da testosterona nicos dos anabolizantes. Dessa feita, a escolha
são prescritos de modo a aumentar o vigor, a for- atual objetivou recuperar artigos que tratassem
ça, delinear o corpo e, principalmente, melhorar da interseção dos termos prevenção e esteroides
a performance sexual de homens idosos. anabolizantes, e que permitissem identificar
Assim, vimo-nos diante de duas tendências: possíveis artigos em que pudessem ser verifica-
a primeira, proibicionista do uso “não-médico”, dos esses efeitos “emergentes” positivos. Ainda
ligando o uso de EAA por homens jovens a episó- que, no jargão do campo da saúde, o termo risco
dios violentos, num desdobramento reduzido do seja muitas vezes relacionado à prevenção, este
fenômeno social violência ao fenômeno biológi- não foi incluído na busca, uma vez que a pala-
co da agressividade; a segunda, uma vertente de- vra risco, quando atribuída a textos deste campo,
fensora do uso de EAA por homens idosos, que se traz geralmente uma conotação negativa 23; aqui,
apresentava como “uso médico”, apesar de não almejava-se justamente a ampliação da busca de
se encaixar nas habituais indicações clínicas. eventuais artigos que apresentassem possíveis
Nossas observações iniciais voltaram-se à registros positivos do uso de EAA. No mesmo
possibilidade de tomar os textos médicos, nome- sentido, optamos por recorte cronológico mais
adamente os do gênero artigo científico, como recente que o do trabalho anterior, pois já havia
material de análise. Tratar os artigos dessa forma pistas de que o uso “emergente” poderia ser ob-
é ainda uma experiência pouco usual, especial- servado em textos mais novos.
mente no campo da saúde coletiva, em que as O banco Scopus foi identificado como sen-
formações discursivas são mais estudadas com do uma base de robustez para o tema, pois além
base em textos midiáticos. No entanto, esse é um de englobar os mesmos periódicos da principal
exercício desejável e necessário, quando foca a base de indexação de artigos da área biomédica,
literatura acadêmica em geral 19,20. Especifica- o MEDLINE, abarca também uma ampla varie-
mente no campo da saúde, o mesmo é referen- dade de publicações de áreas afeitas ao campo
dado por outros autores, que indicam que esses da saúde coletiva, tais como as ciências sociais e
textos poderiam suscitar possíveis formações do humanas em saúde. É importante ressaltar que
discurso médico, em que transitam tacitamen- se deseja, neste trabalho, investigar um núcleo
te aspectos biopolíticos contemporâneos, como de publicações que possui maior influência na
processos de medicalização e de distinções de produção discursiva médica. Isso não significa
gênero 21,22. Nesse sentido, este trabalho tem dizer da inexistência de produções ou emissão
tendo um padrão viril de corpos envelhecidos se- dos denotam principalmente a função normati-
xualmente empinados. Os empregos emergentes zadora da medicalização.
também compõem uma eficiente estratégia bio- Nesse sentido, as apropriações do conceito
política, se consideramos que hoje a longevidade de risco, tendo como horizonte a classificação
transformou-se em um bem desejável 44. Aqui, é dos usos de EAA em “médicos” e “não-médicos”,
importante mencionar que, embora as expres- servem de pilar para erigir suas fronteiras biopo-
sões “jovens bombados” e “velhos empinados” líticas, que possuem como revestimento o argu-
não tratem de categorias êmicas, elas intitulam mento moral de evitação dos riscos à saúde. E,
este trabalho por evocarem a perspectiva ideo- apesar de, no campo da saúde, esse argumento
lógica (e culpabilizadora e/ou moralizante) do ser construído cientificamente sob a forma de
discurso sobre os riscos dos EAA, encontrada em evidências clínicas, sua esperada neutralidade
nosso corpus. enfraquece diante das contradições que cercam
Esses achados mostram que a análise de ar- as antigas e as recentes indicações terapêuticas
tigos da área biomédica parece fornecer boas de EAA. Tais contradições desvelam possíveis pa-
pistas para o estudo do discurso médico. Para péis que os jogos de interesse desempenham na
nós, eles podem ser considerados como dife- área acadêmica e ajudam a desconstruir a cren-
rentes aspectos dos processos de medicalização ça em um fazer científico que ainda seguiria a
da sociedade. No entanto, dada a especificidade ideia mertoniana de “desinteresse” como uma
deste trabalho e tendo em vista a variedade de das características das práticas do cientista, cuja
acepções do termo “medicalização”, conforme produção de objetos não se contamina por di-
as contribuições de Zorzanelli et al. 45, cabe-nos mensões políticas e ideológicas.
sinalizar que os elementos discursivos identifica-
Resumen Colaboradores
Nos acercamos al discurso médico sobre el uso de este- D. R. Moraes, L. D. Castiel e A. P. P. G. A. Ribeiro contribu-
roides anabólicos androgénicos (EAA), drogas sintéti- íram igualmente no desenvolvimento do artigo.
cas, cuyo abuso se ha caracterizado como un problema
de salud pública, que ha operado bajo una oposición
entre sus usos “médico” y “no-médico”. Desde un enfo- Agradecimentos
que cualitativo, se realizó un análisis de los enuncia-
dos en 76 artículos biomédicos, entre 2002 y 2012. Por Gostaríamos de agradecer a valiosa contribuição que as
un lado, y entre los jóvenes, prevalece un discurso ba- sugestões dos pareceristas trouxeram ao texto.
sado en la prohibición de usos “no médicos” de EAA; y
por otro lado, dirigiéndose a las personas de edad, las
fronteras de usos clínicos tienden a expandirse, inde-
pendientemente de las contradicciones que desestabi-
lizan argumentos de prevención de riesgos para la sa-
lud. Percibimos marcas moralizantes biopolíticas, ya
sea a través de las distinciones de género, ya sea bajo
el signo de la criminalización del consumo de drogas.
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