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Resumo
A noção de corporeidade aponta para uma dimensão estética para o corpo: da revolução
industrial e seus atributos mecânicos, na cidade moderna cada vez mais desconectado da
geografia ao seu redor, e da contemporaneidade mediado por territórios virtuais. Nos gestos
dos africanos recém-chegados no Brasil é possível perceber uma geografia implícita, que
contrasta com a da cidade à qual ele se adapta e, ao mesmo tempo, transforma. Esta
adaptação forçada dos africanos a uma metrópole como São Paulo parece refletir, em alguma
medida, o poder global a que são submetidos esses imigrantes deslocados de sua cultura.
Palavras-chave: corporeidade, cidade, São Paulo, performance, África
Introdução
A deriva e a livre deambulação podem ser entendidas como uma atividade conjunta que
relaciona o sujeito e a geografia. Os situacionistas do movimento Internacional Situacionista
na França na primeira metade do século XX assim designaram: “a apropriação do espaço
urbano pelo pedestre através da ação de andar sem rumo” (JAQUES, p.22, 2003) e desde
então vem sendo explorada por diferentes especialistas em todo o planeta; artistas de
diferentes técnicas e procedências vêm, cada um a seu modo, criando sentidos e poéticas
para as derivas.
Neste artigo pretende-se rever as noções de cidades, considerando-a como o lugar do
acontecimento e do encontro; sua estrutura arquitetônica, política e social é definitiva para a
noção de presença e corporeidade, portanto, a cidade é, nesse sentido, a “construção integral
de um ambiente em ligação dinâmica com experiências de comportamento” (JACQUES, p14,
2003).
Para Debord, é preciso rigor para pesquisar a estreita relação entre o corpo
(percepção) e a cidade, faz-se necessário considerar os aspectos históricos e políticos que
acometem o corpo habitante das cidades contemporâneas. De fato, caminhar no centro de
uma metrópole como São Paulo significa ter uma experiência de multidão e anonimato
contrário ao convívio pressuposto pela proximidade.
Referências bibliográficas