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MANUAL DE TECNICAS PARA A PREPARACAO DE COLECOES ZOOLOGICAS 18. TARDIGRADA DIVA DINIZ CORREA Campinas, sP 1987 SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOLOGIA MANUAL DE TECNICAS PARA A PREPARACAO DE COLECOES ZOOLOGICAS Cempinas, SP 1987 18. TARDIGRADA DIVA DINIZ CORREA Os tardigrados s%0 animais diminutos, medindo de 50 um a cerca de 1 mm de comprimento, com excesqueleto cuticular nao quitinoso, dividido em places segmentares em alguns e mudando, du- rante o crescimento, em todos. 0 corpo contém 4 segmentos (5 com @ cabeca), cada um com um par de pernas nao articuladas, terminan- do em gertes cuticulares. © aparetho bucal complexo, com estiletes efiedos, ¢ usado por todos os tardigrados para perfurar células de plantas © Sugar 0 seu contetidc. Alimentam-se também de anima: como rotife- Fos © amebss. Os sexos sao separados. A fecundago é interna e os 10 relativamente grandes. © numero de espécies conhecidas, que vem aumentando muito nos Gltimos enos, € de cerca de 500, das quais cerca de 40 marinhas. Os tardigrados sa0_animais cosmopolitas. 0g tardigrados aio animais estritamente _aquéticos, ocorrendo na agua doce e no mar. As espécies de gua doce podem Ser comumente encontradas em finas peliculas ou goticulas de qua existentes em plantas terrestres, como musgos de arvores, de pare- des, de encanamentos timidos, em iiquenes, hepéticas e em algunas gngiospermas. Ocurrem Caulem em musyos © @lyes que vivem centro da gua, om plantas aquéticos com raizes ene lodo, ereia e detritos de tangues e lagos e mesmo em agua do solo. Apesar do seu habito aquético, muitas espécies, especialmente as associadas com plantas terrestres, como musgos e 1iquenes, s80 capazes de sobreviver @ longos periodos de condicées desfavoraveis, como aridez, calor ou frio extremos. Nessas situacdes, eles podem encistar-se ov pessar @ um estado de vide latente, enabidtico, tornando-se enrugados e com tamanho reduzido. Seriam como um “reldgio perede mas com cor- da". Esses perfodos podem durar vérios anos e se verificer vérias vezes no decurso da vida do animal. 2 As espécies marinhas pertencem & meio-fauna _béntica, constituida por pequenos animais que vivem nos espacos intersti ciais, microcavernas existentes entre os graos de ereia das praias em gus rasa. Eles séo cuficientemente pequenos pere se locomove= rem atra' dos intersticios de um sedimento, sem pertubarem as particulas desse sedimento 7 O estudo da meio-fauna tem atraido muita atencio nos iltimos anos, com o consegiiente desenvolvimento de métodos espe- cializados de coleta. Um tratamento completo dos procedimentos e Departamento de Zoologia, Instituto de Biociéncias, Universida- de de Sao Paulo, Sao Paulo, sP. técnicas do assunto é o de Hulings & Gray (1971), em um manual de meiobentologia. Esse manual foi compilado apés a “Conferéncia In- ternacional sobre a Meio-Fauna", ocorrida na Tunisia em 1969 e co- bre muitos aspectos da pesquisa nesse campo. | © excelente trabalho da presente série, nt 11, GASTRO- TRICHA, de Liliana Forneris, é bastante completo e, afora natural- mente os aspectos especificos para os gastrotricos, aplica-se to- talmente aos tardigrados benticos marinhos. Nesse fasciculo o as- sunto é tratado em nivel mais especializado e mais cientifico que as técnicas simples e répidas que sero aqui descritas. COLETA DAS FORMAS DE AGUA DOCE A coleta das formas de agua doce taz-se _simplesmente levendo-se as plantas mencionadas e examinando pequenas porgdes deseo dyue cm ume lupo binoculer. Moterial seco, como musges © Liquenes, deve ser posto em agua durante vérias| horas a varios ias e revolvido periodicamente. Havendo tardigrados, eles podem ser encontrados na 4gue que continha as plantes & medida que saem da vida latente e comecam a se locomover. COLETA DAS FORMAS MARINHAS Para a colete das formas marinhes, cujo encontro é mui to ocasional, devemos primeiro localizar uma praie cor areia rela- tivamente grossa, pois os graos muito pequenos da areia fine nao Proporcionam intersticios suficientemente grande para conterem os onimeis. Yérias amostres ago retirades do areio superficie! molha~ ds, ou mais profunda, da faixa entre-marés e levadas para o labo- ratério e af Geixadas a sedimentar.cobertas com cerca de 2 cm de 4gua do mar. Dessas amostras sao retiradas pequenes porgdes de areia superficial, colocades en uma placa de vidro pequena, _com Pouca agua do mar, e cuidadosamente feita a procura dos animais, entre os grdos de areia, com o auxfiio de 2 aguihes finas e de uma lupe binocular. A experiéncia ten demonstrado que estes tardigra— doe 30 quase Gompre oncontrados por acasc, principalmente por pes Soas que trabalham com outros grupos de animais arenicolas, mais ricos en espécies e em espécimes. Assim, a técnica morosa de exa~ miner anostras de areie sob a lupa constitui uma rotina didria e a possibilidade de encontrar tardigrados aumenta. Tendo sido localizado um terdigrado, este deve ser retirede com o auxilio de um conta-gotas de eberturs muitc fina. Teto pode ser dificultado no caso dos tardigradcs __arenfcolas, pois uma das reacdes naturais dos componentes da meio-fauna é se Prenderem nos graos de areia, usando varios meios, como enrolamen- to ou uso de placas adesivas. As espécies de satillipes, tardigra- do marinho tipico, prendem-sé aos graos de areia, auxiliados pela conformagao dos seus dedos, que funcionam como "ventosas”. A cole- te de animais que vivem em pogas-de-maré é também ocasionol, de- vendo-se lavar as algas ¢ examinar a dgua em uma lupa binocular. © animal isolado deve ser estudado imediatamente. Mui- tos tardigrados sao transparentes e 0 estudo da anstomia interna pode ser feito colocando-se o animal em uma lamina, em pequena go- te de agua e recobrindo-o con uma laminule pequena. Havendo um mi croscépio com contraste de fase, o reconhecimento dos caracteres, tento externos como interns, poderé ser feito com meis precisdo Todo 0 trabalho @ ser realizado com estes aninais exige miita habi lidade @ paciancia, sempre faite oh a Inpa para cbservacio das

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