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FILÓSOFO?
I.1 - INTRODUÇAO
D
e tempos em tempos, no meio acadêmico ou fora dele, nas
situações cotidianas mais corriqueiras ou inusitadas, muitas
vezes também na sala de aula, tenho ouvido a seguinte
pergunta:
Em outras palavras:
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2 - Qualquer pessoa, independentemente se possui estudos e/ou
formação adequada, pode ser considerada um filósofo?
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Entretanto, em oposição férrea aos defensores de tais disparates,
afirma-se e reitera-se: lógica nem sempre é sinônimo de verdade;
lógica nem sempre é sinônimo de veracidade. A fim de elucidar o
que se diz, tomemos um simples exemplo de argumentos lógicos,
mas que são falsos dentro do quesito veracidade e/ou verdade, a
saber:
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Isto é, filósofos não nascem filósofos simplesmente porque –
enquanto seres humanos –pertencem à espécie homo sapiens e/ou
gozam de boas faculdades mentais. Se ainda resta alguma dúvida,
atente-se para a teoria Aristotélica sobre o ATO e a POTÊNCIA.
III
Com esse discurso, todavia, não se está dizendo que somente
aqueles que passam pelos sistemas acadêmicos é que podem ser
chamados de filósofos. Hoje, com o avanço das novas tecnologias da
informação, os espaços de aprendizagem se tornaram mais amplos.
Ainda assim, o problema permanece: a falta de autonomia
intelectual. Autonomia intelectual não é somente ser capaz de
raciocinar com argumentos lógicos, mesmo porque, como já dito no
início, mas que aqui ainda vale redizer, lógica nem sempre é verdade,
lógica nem sempre é veracidade.
Um homem, pensa-se aqui, para ser filósofo de fato, tenha ele
formação acadêmica ou não, precisa ser dotado de inteligência.
Alguns, nessa hora, talvez se perguntem: mas o que é
inteligência?
E mais: Todos os homens, simplesmente por pertencerem à
espécie humana, por serem homo sapiens, já não são inteligentes?
Muito além do sentido vulgar que tem sido dado ao termo
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“inteligência”, que a identifica com as meras capacidades de
aprendizagem, Nietzsche responde: "A inteligência é a vida que
clarifica a própria vida".
Nietzsche diz-nos mais:
"O filósofo é o homem do amanhã; é aquele que cultiva a utopia;
é aquele que recusa o ideal do dia”.
Sendo assim, para aqueles que acreditam que qualquer ser
humano, simplesmente por pertencer à espécie homo sapiens, é por
isso também dotado de inteligência, perguntamos-lhes:
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B) Não conseguir superar “o espanto”: não conseguir
refazer-se, isto é, enlouquecer, ter o seu eu destruído e/ou
dissolvido na massa humana (segundo Heidegger, essas são
duas outras possibilidades trágicas que ocorrem com os
homens ditos comuns, que não se superam, transcendem
e/ou reafirmam as suas identidades);
IV
Em outras palavras:
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Diante dos espantos, náuseas e/ou angústias cotidianas, na
maioria das vezes, por falta de uma formação, temos quase
sempre tentado voltar à vida dita normal, enlouquecido um
pouco a cada dia, ou, num outro cenário, que por sinal tem
sido o de poucos, de fato transcendido, ou seja, nos
transmutado em filósofos?
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respectivamente transformá-la e transformá-lo sempre que se fizer
necessário. Nesse sentido:
***
SOBRE O AUTOR
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(https://www.ufrgs.br/filosofia/blog/2012/01/25/anpof-repudia-projeto-de-lei-que-regulariza-a-
profissao-de-filosofo/)
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Além disso, foi aluno Especial do Mestrado em Educação (1999-
2001/PROPED/UERJ), matriculado, após aprovação em concurso, nas
disciplinas [seminários de pesquisa] “ESTATUTO FILOSÓFICO”
(ministrado e coordenado pela professora Drª Lilian do Valle); e
“POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA”
(ministrado e coordenado pelo professor Dr. Pablo Gentili).
clebersonuerj@gmail.com
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