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A LEL DE AMPERE ‘No capitulo precedente, discutimos os efeitos do campo magnético sobre parti- culas carregadas em movimento e€ sobre correntes em circuitos, sem nos preocuparmos com as fontes do campo magnético (exceto pela existéncia de imés permanentes, cuja natureza microsc6pica nfo foi analisada). J4 que ndo cxistem pélos magnéticos isolados, quais sao as fontes de B? Em 1819, 0 fisico dinamarqués Hans Christian Ocrsted, procurando ver se uma corrente elétrica atuaria sobre um im, colocou uma biissola (agulha imantada) perpendi- cular a um fio retilfnco por onde passava corrente, ¢ nao observou nenhum efeito. Entre- tanto, descobriu que, quando ela era colocada parulelamente ao fio, a bissola softia uma deflexdo, acabando por orientar-se perpendicularmente a ele!. eg | | U Figura 8.1 Campo magnético devido a uma corrente Por conseguinte, wma corrente produz um campo inagnético e, para um fio retilfneo que transporta corrente, as linhas de forga magnéticas sao cfrculos em planos per- pendiculares ao fio, (fig. 8.1), cuja orien- tagiio (que da o sentido de B) é anti-ho- réria quando vista por um observador -lo que vé o sentido da corrente atrzvessé dos seus pés para a sua cabega. Os resultados de Oersted foram apresen- tados em 1820 numa reunifio da Acade- mia de Ciéncias da Franga, em Paris. O jovem fisico André Marie Ampére assis- tiu a apresentagdo e, imediatamente apés, deu infcio a uma série de experiénci s 140 Alei de Amptre belissimas, cujo primeiro resultado, anunciado uma semana depois, dizia respeito & inte- ragiio magnética entre dois fios transportando correntes paralelas. Ampére foi chamado por Maxwell de "o Newton da eletricidade”. 8.1 Alei de Ampére Como div B = 0, as linhas de forga magnéticas sao necessariamente fechadas (possivelmente no infinito), Um exemplo so as linhas de forga circulares em torno de um fio retilineo com corrente (fig. 8.1). Logo, a circulagdo de B ao longo de uma linha de forga fechada é necessariamente # 0 (positiva ou negativa conforme a orientagio que se dé ao clemento de linha di). Para uma curva fechada C qualquer orientada, com orientagao definida da forma indicada na fig. 8.1, a circulagaio € J B-dl>0 c que As vezes & chamada de "forga magnetomotriz", por analogia com a (6.8.10). Resulta das experiéncias de Ampére que essa circulagao € proporcional a inten- sidade de correnie i total que atravessa a curva C: isto vale para correntes estaciondrias. f waeei Cc Como | B| mede-se em eiemC/s, as unidades de k sitio No SI (8.1.1) onde Hp =Anx107 (8.1.2) A (8.1.1) é a lei de Ampére para correntes estaciondrias e a constante [Lo chama-se permeabilidade magnética do vacuo (cf. Seg. 11.2). 8.1 Alei de Ampére 141 Na Ici de Ampére, C é uma curva fechada arbitrdria e i a corrente total que a atravessa. Em particular, se a curva C é inteiramente externa a regiiio onde existem correntes, # = 0 no 2.° membro. ' Se aplicarmos a lei de Ampére no interior da distribuigio de corrente, a uma super- ficie S limitada pelo contorno C, teremos j (fig. 8.2) © (8.1.3) Figura 8.2 Circuito C interno 4 distribuigaa de corrente § B-dl (8.1.4) Cc a ‘ onde a convengao sobre a orientagao da normal n é a mesma nos dois casos. Logo, J roe Beids=t) jefids Ss S © que tem de valer qualquer que scja 8. Isso s6 & possivel se rot B= Uy j (8.1.5) As equaces divB=0 | 8.1.6 (rot B= yy j ELS) sio as equagdes de Maxwell para 0 campo magnético no vacuo produzido por correntes estaciondrias, da mesma forma que rot E=0 divE= 2 (8.1.7) fo | sao as equagdes de Maxwell para 0 campo eletrostatico no vacuo produzido por cargas estdticas. Note que, se associarmos B com E e j com p, 0 andlogo de €0 6 1/[Lo: & O1/ py (8.1.8) A restrig&io a correntes estaciondrias est4 embutida na forma local da lei de Ampére, rot B = [to j. Com efeito, como foi observado ao discutir os operadores vetoriais asso- ciados a V, para qualquer vetor vale a identidade (4.5.14):

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