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‘Titulo original Liquid Modernity ‘Trudugdo autorizada da ppublicada em 2000 pe de Oxford, Ing Copytight © 2000, Zygament Bauman 41 Rio de Janeiro, RJ 2529-4787 shavcom.br | wiewrzaharcom.br Todos o ‘A reprodugio néo au ‘ou em parte, consti Gaia atualzada reepetandoo nove Acordo Ortogrfico da Lingua Portuguesa Novo projeto grafico: 2014 (Capas Carol Sé Sérgio Campante Tradugio de Liquid modernity ISBN 978-85-7110-598-0 1. Civlizagie moderna ~ Século XX, 2 Sociologia. Tital, (CD; 303.4 01-0404 125274 DU: 316.42 + Sumario - Prefécio: Ser Levee Liquide 7 1, Emancipagaio 25 a liberdade, 27» As casvolida As béncdos 2 sorta cambiantes da smo ~ pesado e leve, 72 » Tenho carro, ‘mostre-mel, 63. A compulsio transformada em vicio, 99+ 0 corpo do consumider, 98» Comprar como ritual de exorcism, 108+ Live para comprar 01 assim parece, 105» Separados, compramo: 3.Tempo/Espago 117 4. Trabalho 164 550 @ fé nahi mento & cosbitagio, 185 Os lagos humanos no mundo fuido, 201» autoperpetusgio da falta de con- fiange, 207 Prog 166 Ascenso e queds do tabalhs 0: breve historia de procra | A modernidade imediata 6 | dinémica que @ modernidade Oe AN Zygmunt Bauman cumpre aqui sua missdo do sociélogo, esclarecendo como se dou essa transigdo nos auxiliando a repensor os conceiios e wseqemon cognitivos usados para descrever a experiéncia individual humane «cn a histéria conjunta, J em Globalizacdo: as consequéncias Junlos, esses 18s volumes for 44. CARTAS DO MUNDO LIQUID MaDERNO ‘Amor tiauioo APRENDENDO A PENSAR COM A SOCOIOGIA O MALESTAR DA POS-O Rees Meo tiouwo JODERNIDADE E AMBI pee BIVALENGIA ‘Moneeninans CCEGUERA MORAL £4 ayn (ehe) | Nt Ele Oa PARA GUE SERVE A SOCOKOGIA? (Comuninane © teT0RNO Do FéNDUO A.cUMTURA NO MUNDO LQUIDO MODERNO RerroroPa Ensaios SoBe © CONCETO DE CULTURA ‘A RQueza € roucos Esiibo be cha BENEFICA TODOS NOS? ESTRANHOS A NOSSA PORTA Spare emUCAeAo’e KNENTNg A tnica € rossives num Heeoueunce ‘MUNDO DE CONSUMIDORES? Vipa tious Gionaueacho: Vik Page cONSUIO [AS CONSEQUENCIAS HUMANAS “WibAS DESPERDICADAS IoenTioaDe Viciancis tious Lewis Cannot X dificil lembrar, e ainda mais dificil compreender, que hé nao mais de 50 anos a disputa sobre a esséncia dos prognésticos populares, sobre o que se deveria temer ¢ sobre 08 tipos de hor- ores que o futuro estava fadado a trazer se nao fosse parado ‘a tempo se travava entre 0 Admirdvel Mundo Novo de Aldous Huxley € 0 1984 de George Orwell A disputa certamente era legitima ¢ honesta, pois os mun- cram téo diferentes quanto 4gua e vinho. O de Orwe 40, de escassez e necessidade; 0 de era uma terra de opuléncia ¢ devassidao, de abundancia e-saciedade. Como era de se esperar, os habitantes do mundo de Orwell eram tristes e assustados; os de Huxley, despreocupados ealegres. Havia muitas outras diferencas no menos notévels: os dois mundos se opunham em quase todos os detalhes, No entanto, havia alguma coisa que unia as duas visbes, (Sem isso, as duas distopias nao dialogariam, e muito menos se oporiam.) O que elas compartilhavam era o pressentimento de um mundo estritamente controlado; da liberdade individual no apenas reduzida a nada ou quase nada, mas agudamente 0 rejeitada por pessoas treinadas a obedecer a ordens e seguir roti- s estabelecidas; de uma pequena elite que manejava todos os cordées — de tal modo que o resto da humanidade poderia pas- sar toda sua vida movendo-se como marionetes; de um mun- do dividido entre administradores e administrados, projetistas © seguidores de projetos - os primeiros guardando os projetos grudados ao peito e os outros nem querendo nem sendo capazes de espiar os desenhos para captar seu sentido; de um mundo que fazia de qualquer alternativa algo inimaginavel. O fato de o futuro trazer menos liberdade, mais controle, vigilancia ¢ opressio ndo estava em discussao. Orwell ¢ Hux- ley nao discordavam quanto ao destino do mundo; eles apenas viam de modo diferente 0 caminho que nos levaria até ld se continudssemos suficientemente ignorantes, obtusos, plécidos ou indolentes para permitir que as coisas seguissem sua rota natural Em carta de 1769 a Sir Horace Mann, Horace Walpole escrevia que “o mundo é uma comédia para os que pensam, e uma tragédia para os que sentem”. Mas os sentidos de “c6i co” ¢ “tragico” mudam ao longo do tempo, e quando Orwell ¢ Huxley esbosaram os contornos do trigico futuro, ambos senti- ram que a tragédia do mundo era seu ostensivo e incontrolavel Progresso rumo & separacio entre os cada vez mais poderosos € remotos controladores ¢ 0 resto, cada vez mais destituido de poder e controlado, A visio de pesadelo que assombrava os dois escritores era a de homens e mulheres que nao mais controla- vam suas préprias vidas. De modo semelhante a pensadores de outros tempos, Platio ¢ Aristételes, que néo eram capazes de imaginar uma socledade boa ou mé sem escrevos, Huxley € Orwell nao podiam conceber uma sociedade, fosse ela feliz ou infeliz, sem administradores, projetistas e supervisores que em conjunto escreviam 0 roteiro que outros deveriam seguir, ordenavam o desempenho, punham as falas na boca dos ato- res ¢ demitiam ou encarceravam quem quer que improvisasse seus préprios textos. Nao podiam imaginar um mundo sem tor-

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