You are on page 1of 2

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL

Apelação Cível nº 2007.001.68909


16a Vara de Família da Comarca da Capital
Apelante: Luiz Miguel Alves Nascimento (REP/ P/ MÃE, Arilma Alves da Silva)
Apelado: Renato Telles do Nascimento
Relatora: Des. HELENA CANDIDA LISBOA GAEDE

ALIMENTOS. O FUNDAMENTO DO PEDIDO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA É A


QUEBRA DO DEVER DE ALIMENTAR DECORRENTE DO PARENTESCO,
PODENDO OS FILHOS MENORES EXIGIR DOS PAIS A PRESTAÇÃO
ALIMENTÍCIA COM BASE NO DEVER DE SUSTENTO DECORRENTE DO
PÁTRIO PODER, SENDO DEVERES DE AMBOS OS CÔNJUGES O SUSTENTO, A
GUARDA E A EDUCAÇÃO DOS FILHOS (ART. 396 E SEGUINTES DO CÓDIGO
CIVIL, ART. 229 DA CF, E ART. 1.566, INCISO IV, DO CÓDIGO CIVIL). INEXISTE
INTERESSE DO APELANTE NA OBTENÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL
PRETENDIDA, TENDO EM VISTA QUE O APELADO VEM PROVENDO, DE
MANEIRA ESPONTÂNEA, AS NECESSIDADES DO FILHO, CONFORME
DOCUMENTOS JUNTADOS AOS AUTOS, QUE COMPROVAM O PAGAMENTO
DE PLANO DE SAÚDE FAMILIAR E DAS MENSALIDADES ESCOLARES, ALÉM
DAS PRESTAÇÕES REFERENTES AO FINANCIAMENTO DO IMÓVEL EM QUE
AMBAS AS PARTES RESIDEM, LUZ, GÁS E TELEFONE, TENDO O RÉU
INCLUSIVE COMPROVADO, ATRAVÉS DOS GASTOS DISCRIMINADOS NA
FATURA DO CARTÃO DE CRÉDITO, O PAGAMENTO DE DESPESAS COM
ALIMENTAÇÃO E MATERIAL ESCOLAR DO ALIMENTANDO. NEGADO
SEGUIMENTO AO RECURSO, NA FORMA DO ART. 557, CAPUT, DO CPC.

DECISÃO

Luiz Miguel Alves Nascimento (Representado por sua mãe, Arilma


Alves da Silva), propôs ação em face de Renato Telles do Nascimento, objetivando a fixação de
alimentos em 30% do salário bruto do Réu, ou quatro salários mínimos, em caso de perda do vínculo
empregatício, sustentando que o Réu é casado com a representante do Autor há dez anos, e que,
apesar de viverem sob o mesmo teto, o casal encontra-se separado de fato há aproximadamente dez
meses.

O Juízo a quo, às fls. 65/66, julgou improcedente o pedido, condenando o


Autor ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o
valor atribuído à causa, com observância ao disposto no art. 12 da Lei 1.060/50.

Apelação do Autor às fls. 75/81, sustentando violação ao Princípio do


Contraditório e da Ampla Defesa, eis que não houve depoimento pessoal das partes, alegando ser
presumida a necessidade do Apelante, eis que os pais estão separados de fato.

Contra-razões às fls. 88/92, prestigiando o julgado.

Parecer do Ministério Público em 1ª Instância às fls. 96/98, e da D.


Procuradoria de Justiça às fls. 103/104, pelo desprovimento do apelo.
É o relatório.

Embora o fato de o casal estar separado de fato, mas convivendo sob o


mesmo teto, não inviabilize o pedido de alimentos, para que haja interesse de agir é necessária a
comprovação de que a parte esteja descumprindo a obrigação alimentar existente, fato que não restou
demonstrado ao longo da presente ação.

Com efeito, o fundamento do pedido de pensão alimentícia é a quebra do


dever de alimentar decorrente do parentesco, podendo os filhos menores exigir dos pais a prestação
alimentícia com base no dever de sustento decorrente do pátrio poder, sendo deveres de ambos os
cônjuges o sustento, a guarda e a educação dos filhos (art. 396 e seguintes do Código Civil, art. 229
da CF, e art. 1.566, inciso IV, do Código Civil).

Entretanto, inexiste interesse do Apelante na obtenção da tutela


jurisdicional pretendida, tendo em vista que o Apelado vem provendo, de maneira espontânea, as
necessidades do filho, conforme documentos de fls. 56/63, que comprovam o pagamento de Plano de
Saúde Familiar e das mensalidades escolares, além das prestações referentes ao financiamento do
imóvel em que ambas as partes residem (fls. 151/155), luz, gás e telefone (fls. 41, 43 e 46), tendo o
Réu inclusive comprovado, através dos gastos discriminados na fatura do cartão de crédito, o
pagamento de despesas com alimentação e material escolar do alimentando (fls. 30, 33, 34 e fls. 36).

Ademais, embora o casal alegue que está em vias de se separar, até 11/06/07,
data em que foi reduzida a termo a audiência de fls. 20/21, não havia sido formalizada qualquer ação
na justiça, devendo-se salientar que a mãe do menor admitiu que o Réu vem arcando com as despesas
regulares do filho, tendo o MP inclusive opinado pela extinção do feito sem análise do mérito, eis que
não foi comprovado qualquer obstáculo por parte do Réu ao exercício do direito do Autor aos
alimentos.

Por esses motivos, nega-se seguimento ao recurso, na forma do art. 557,


caput, do CPC.

Rio de Janeiro, 23 de janeiro de 2008.

______________________________________
Des. HELENA CANDIDA LISBOA GAEDE
Relatora

You might also like