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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ – CAMPUS ITABIRA

Curso de Engenharia Ambiental

THAYS INGRID MOREIRA FERREIRA

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE UM PROJETO PILOTO DE


UMA USINA DE GERAÇÃO DE ENERGIA FOTOVOLTAÍCA EM ITABIRA, COMO
ALTERNATIVA DE REABILITAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA DE MINA

Itabira

2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ – CAMPUS ITABIRA

Curso de Engenharia Ambiental

THAYS INGRID MOREIRA FERREIRA

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE UM PROJETO PILOTO DE


UMA USINA DE GERAÇÃO DE ENERGIA FOTOVOLTAÍCA EM ITABIRA, COMO
ALTERNATIVA DE REABILITAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA DE MINA

Monografia apresentada à Coordenação de


Trabalho Final de Graduação, como requisito
parcial, para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Ambiental da Universidade Federal
de Itajubá – Campus Itabira.

Orientador: Prof. Dr. João Carlos Costa


Guimarães

Itabira

2016
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, responsável por todas as conquistas da minha vida até
o momento, por me conduzir, me capacitar e fazer escolhas por mim que não teria sido capaz
sozinha.

Aos meus avós, Constantino Moreira e Salvadora Moreira, por sempre terem tido
orgulho de mim e terem sido grandes incentivadores, seja com palavras ou com orações, essa
conquista é dedicada especialmente a eles.

Ao meu pai, Humberto Ferreira, por esses últimos seis anos de convivência diária, por
ter sido o meu maior incentivador, por sua amizade e por sempre estar presente quando precisei.

À minha mãe, Magda Moreira por ter sido a base de minha educação e por junto com o
Vanderlei Barbieri estar sempre ao meu lado, mesmo em circunstâncias delicadas.

A todos os amigos que fiz durante essa caminhada, que mais que amigos foram
parceiros, conselheiros e família uns para os outros.

Aos professores João Carlos Guimarães e Rafael Emílio Lopes, que me auxiliaram no
desenvolvimento deste trabalho, cada qual com sua parcela de conhecimento.

À Secretária de Meio Ambiente de Itabira, à Fundação Estadual de Meio Ambiente de


Minas Gerais, à Vale e a Superintendência de Geoprocessamento de Itabira, pelo imenso apoio
e por todas às reuniões e informações cedidas. Sem vocês este trabalho teria se concretizado.

E pôr fim à Universidade Federal de Itajubá – campus Itabira e a todos os meus


professores, que proporcionam a oportunidade e o conhecimento para que tudo isso fosse
possível.
RESUMO

A recuperação de áreas degradadas por mineração ainda é um grande desafio para as


empresas que exploram e para os municípios que detém das consequências da exploração. Em
virtude do grau de degradação que esta atividade causa no ambiente, torna-se essencial que seja
planejado o uso futuro da área explorada quando do fim da exploração, visando não só a
recuperação do meio físico, mas também do meio econômico e especialmente do meio social.
Existem algumas formas aceitáveis de recuperação de áreas degradadas, sendo a reabilitação
talvez a mais comum, uma vez que a restauração ecológica em alguns ambientes de mineração
é considerada impraticável, devido ao elevado estresse que a atividade causa no ambiente. A
reabilitação de uma área degradada trata-se de dar um novo uso àquele ecossistema, ou seja,
dar novas funções a um ambiente que havia perdido praticamente todas as suas funções. Desta
forma, este estudo propõe analisar a viabilidade de um novo uso em três áreas no município de
Itabira onde existe atividade de mineração exaurida. O novo uso proposto seria a implantação
de uma usina de geração de energia solar fotovoltaica, afim de mitigar alguns impactos
causados pelo fim da atividade minerária e desenvolver novas funções a essas áreas. A
utilização da geração de energia por fonte renovável além de contribuir para a diversificação da
matriz energética brasileira, também contribuiria para o desenvolvimento de um novo nicho de
mercado no município. Assim analisou-se as alternativas locacionais do empreendimento, as
alternativas tecnológicas, a estimativa de quantidade de energia possível de ser gerada em cada
área e por fim a análise da viabilidade econômica. Perante às atuais condições do mercado e
devido ao alto grau de degradação das áreas estudadas, observou-se que a instalação de uma
usina de geração de energia solar fotovoltaica se apresenta como uma alternativa inviável tanto
como ferramenta de reabilitação de área degradada por mineração, como em relação ao retorno
financeiro do investimento, mas ainda assim é uma alternativa válida e passível de ser mais
explorada, devido à seu potencial de possibilidades futuras.

Palavras-chave: Mineração. Plano de Fechamento de Minas. Energia. Fotovoltaica.


Recuperação de Áreas degradas. Análise de Viabilidade Econômica.
ABSTRACT

The recovery of degraded areas by mining is still a major challenge for companies that
explore and counties which holds the exploration consequences. Because of the degree of
degradation that this activity causes to the environment, it is essential to plan the future use of
the degraded area when the mining activities ceases, aiming not only the recovery of the
physical environment, but also the economic and social factors. There are some acceptable
forms of recovery of degraded areas, been rehabilitation perhaps the most common, as
ecological restoration in some mining environments is considered impractical due to the high
stress that the activity caused to the environment. The rehabilitation of a degraded area must
give a new use to that ecosystem, or give new functions to an environment that had virtually
lost all its functions. This study aims to analyze the feasibility of a new use in three exhausted
mining areas in the county of Itabira. The proposed new use would be the implementation of a
solar photovoltaic power generation plant in order to mitigate some impacts caused by the end
of mining activities and develop new functions to these areas. The use of a renewable energy
generation will contribute to the diversification of Brazil's energy matrix and development of a
new market niche in the city. The locational alternatives of the project were analyzed with the
technological alternatives and the estimated amount of energy that can be generated in each
area taking into account the analysis of economic viability. Given the current market conditions
and due to the high degree of degradation of the areas studied, it was observed that the
installation of a photovoltaic solar power generation plant is presented as an impractible
alternative both as an area rehabilitation tool, as for the financial return on investment, but it is
still a viable alternative that can be further explored, due to its high potential for future
possibilities.

Keywords: Mining. Mine Closure Plan. Energy. Photovoltaic. Degraded areas recovery.
Economic Feasibility Analysis.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Pico do Cauê em 1942 e 2007, exemplo de degradação ambiental .......................... 33

Figura 2- Antiga pedreira de Itaquera em 1957 (esquerda) e Aterro de Inertes de Itaquera em


2005 (direita) ............................................................................................................................ 35

Figura 3 - Parque Francisco Rizzo antes e depois da reabilitação ........................................... 35

Figura 4 – Crescimento da produção mundial de energia solar fotovoltaica no período de 1995


a 2012 em GW. ......................................................................................................................... 38

Figura 5 - Evolução da potência instalada em sistemas fotovoltaicos no mundo no período de


2000 a 2012. ............................................................................................................................. 39

Figura 6 - Radiação solar global, média anual. ........................................................................ 40

Figura 7 - Insolação média diária anual em horas, para Minas Gerais. .................................... 41

Figura 8 - Composição da matriz elétrica brasileira em 2013. ................................................. 42

Figura 9 - Componentes básicos de um sistema fotovoltaico para aplicação de usina. ........... 45

Figura 10 - Esquema básico da composição de um sistema fotovoltaico de grande porte. ..... 46

Figura 11 - Demonstração do efeito fotovoltaico ..................................................................... 47

Figura 12 - Curva de corrente versus tensão de células de silício conectadas em série. .......... 49

Figura 13 - Curva de corrente versus tensão de células de silício conectadas em paralelo...... 50

Figura 14 - Corrente elétrica em função da diferença de potencial aplicada em uma célula de


silício, sob condições padrão de ensaio. ................................................................................... 52

Figura 15 - Localização do município de Itabira em Minas Gerais. ........................................ 54

Figura 16 – Visualização planialtimétrica da macrorregião estudada, onde é possível observar


a localização das três áreas de estudo. ...................................................................................... 56

Figura 17 - Delimitação hipotética e curvas de nível da mina da área degrada do Pico do Cauê.
.................................................................................................................................................. 58

Figura 18 - Delimitação hipotética e curvas de nível do Areal da Família Reinaldo Bragança.


.................................................................................................................................................. 59

Figura 19 - Delimitação hipotética e curvas de nível da área de Mina de Conceição. ............. 60


Figura 20 - Delimitação da área com menor declividade dentro da área da Mina do Cauê, onde
será proposto o estudo. ............................................................................................................. 61

Figura 21 - Delimitação da área com menor declividade dentro da área da Mina da Conceição,
onde será proposto o estudo. .................................................................................................... 62

Figura 22 - Delimitação da área com menor declividade dentro da área da Mina do Areal
Família Bragança, onde será proposto o estudo. ...................................................................... 63

Figura 23 - Radiação solar direta normal diária média anual de Minas Gerais........................ 66

Figura 24 – Distância em km entre as áreas onde está sendo proposto o estudo. .................... 77

Figura 25 - Irradiação solar no plano horizontal para localidades próximas à região estudada.
.................................................................................................................................................. 78

Figura 26 - Irradiação solar no plano inclinado para à macrorregião estudada. ....................... 79

Figura 27 - Relação de aproveitamento de área degradada no estudo proposto....................... 80


LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Reservas mundiais de minério de ferro em bilhões de toneladas ............................ 26

Tabela 2 - Eficiência das melhores células fotovoltaicas fabricadas em laboratório até 2012. 48

Tabela 3 - Áreas ocupadas por diferentes módulos e tecnologias. ........................................... 49

Tabela 4 - Locais sugeridos pela Secretária de Meio Ambiente de Itabira, Minas Gerais, para a
possível instalação de uma usina solar fotovoltaica ................................................................. 55

Tabela 5 - Apresentação dos parâmetros de declividade das três áreas. .................................. 64

Tabela 6 - Parâmetros de estimativa de custos com nivelamento para cada área de estudo. ... 65

Tabela 7 - Parâmetros de irradiação da estação mais próxima a macrorregião de estudo. ...... 79

Tabela 8 - Levantamento de tecnologias para módulos solares fotovoltaicos de Sílicio


Policristalino de 260 Wp e 320 Wp. ......................................................................................... 81

Tabela 9 – Relação de potência de geração nominal (CA) e custo (R$) das alternativas
tecnológicas para módulos de 260 Wp e 320 Wp, para as três áreas estudadas. ...................... 82

Tabela 10 - Levantamento de tecnologias para inversores de diversas potências, afim de atender


à demanda do potencial de geração. ......................................................................................... 82

Tabela 11 - Estimativa do custo do investimento inicial, considerando-se a possibilidade de


módulos solares fotovoltaicos de 260 Wp e 320 Wp. .............................................................. 83

Tabela 12 - Parâmetros energéticos de impacto da temperatura das células na geração e relativos


à energia gerada por ano. .......................................................................................................... 84

Tabela 13 - Fluxo de caixa e parâmetros de análise de viabilidade econômica dos três sistemas
estudados. ................................................................................................................................. 85
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA Agência Nacional das Águas


ANEEL Agência Nacional Energia Elétrica
BA Benefício Anual
BAL Benefício Anual Líquido
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CA Corrente Alternada
CBPE Congresso Brasileiro de Planejamento Energético
CC Corrente Contínua
CRESESB Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais
CEPEL Centro de Pesquisa de Energia Elétrica
CFEM Compensação Financeira pela Exploração de Recursos
CSN Companhia Siderúrgica Nacional
CVRD Companhia Vale do Rio Doce
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FC Fator de Carga
FDI Fator de Dimensionamento do Inversor
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente
FRC Fator de Recuperação de Capital
GEE Gases do Efeito Estufa
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineração
IGA Instituo de Geociências Aplicadas
INMETRO Instituo Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
MCT Ministério de Ciências e Tecnologia
NRM Normas Reguladoras de Mineração
PAFEM Plano Ambiental de Fechamento de Mina
PBE Plano Brasileiro de Etiquetagem
PRAD Plano de Recuperação de Área Degradada
RAD Recuperação de Área Degradada
SFCR Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede
SGEO Superintendência de Geoprocessamento
SIN Sistema Interligado Nacional
SMDU Secretária Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo
SMMA Secretária Municipal do Meio Ambiente
TIR Taxa Interna de Retorno
VPL Valor Presente Líquido
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 22

2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 24

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 24

2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 24

3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................. 25

3. 1 MINERAÇÃO ............................................................................................................... 25

3.1.1 A mineração e sua importância para o Brasil ........................................................... 25

3.1.2 Os impactos ambientais e sócioeconômicos da atividade de mineração ................. 29

3.1.3 A Recuperação de Áreas Degradadas como ferramenta para o planejamento do


fechamento de uma mina................................................................................................... 32

3.2 GERAÇÃO DE ENERGIA ............................................................................................ 36

3.2.1 A participação da energia solar fotovoltaica no desenvolvimento do setor energético


brasileiro ............................................................................................................................ 36

3.2.2 Instrumentos legais de gestão da energia em âmbito nacional................................. 42

3.3 TECNOLOGIAS E OPERAÇÕES PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ............... 43

3.3.1 Componentes básicos de um sistema fotovoltaico ................................................... 44

3.3.2 Módulos fotovoltaicos ........................................................................................ 46

3.3.3 Inversores ........................................................................................................... 50

3.3.4 Parâmetros elétricos ............................................................................................ 51

4 METODOLOGIA.................................................................................................................. 54

4.1 Caracterização da área ............................................................................................... 54

4.2. Estudo das alternativas locacionais ............................................................................ 55

4.3. Estudo das alternativas tecnológicas .......................................................................... 67

4.4. Quantidade de Energia Gerada .................................................................................. 69

4.5. Análise econômica ..................................................................................................... 73


5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 77

5.1. Descrição das minas estudadas .................................................................................. 77

5.2. Escolha das Tecnologias ............................................................................................ 81

5.3. Dimensionamento da Usina Fotovoltaica .................................................................. 84

5.4. Análise econômica ..................................................................................................... 85

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 89

Sugestões para trabalhos futuros ......................................................................................... 91

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 92
22

1 INTRODUÇÃO

A recuperação de área degradada por um empreendimento, neste caso a mineração, pode


ser definida como o conjunto de ações necessárias para que a área volte a estar apta para algum
uso produtivo em condições de equilíbrio ambiental. Para que seja possível obter-se novo uso
da área, é necessário que ela apresente condições de estabilidade física (processos erosivos,
movimentos de terrenos) e estabilidade química (a área não deve estar sujeita a reações
químicas que possam gerar compostos nocivos à saúde humana e ao ecossistema, tais como,
drenagens ácidas de pilhas de estéril ou rejeitos contendo sulfetos). Dependendo do uso pós-
mineração, pode-se adicionar os requisitos de estabilidade geológica (áreas utilizadas com a
finalidade de conservação ambiental). No caso do empreendimento mineiro, a participação do
homem deve iniciar ao se planejar a mina e finalizar quando as relações fauna, flora e solo
estiverem em equilíbrio e em condições de sustentabilidade.

De um modo geral, a recuperação de áreas de mineração devem levar em conta não só


a cava do minério, mas também as áreas de deposição dos resíduos e as áreas de infraestrutura
do empreendimento.

O ideal seria que as atividades de recuperação de área degradada ocorressem


concomitantemente com a exploração da mesma, mas o conceito e a valorização da importância
de lidar com essas áreas extremamente alteradas são recentes, e vem ganhando espaço nos
últimos anos.

A mineração é uma atividade extremamente degradante ao meio ambiente, causando não


apenas impactos ambientais nos meios físicos, mas no meio antrópico e econômico da região
onde se desenvolve.
Alguns impactos da mineração são considerados como irreversíveis por alguns
estudiosos, no entanto sendo a atividade da mina planejada do início ao fim, desde a exploração
quanto ao uso final que será dado à mesma, os impactos causados podem ser gradativamente
mitigados, tornando então a atividade muito menos agressora ao meio que ela influencia.

A recuperação pode se dar com a reabilitação ou restauração ou a restauração ecológica


da área degradada, sendo o primeiro dar um novo uso à área por meio da construção outros
empreendimentos que não visem o retorno do ambiente ao que ele era antes da exploração, e o
segundo é o retorno do ambiente a condições mais próximas do que ela era anteriormente,
buscando a estabilidade total da área degradada.

22
23

Sendo assim, este trabalho dispõe de um estudo sobre a viabilidade da implantação de


uma usina de geração de energia solar fotovoltaica como uma alternativa para reabilitação de
área degradada de mina, propondo um novo uso.

A mineração é uma atividade antrópica que pode ser considerada como recente no
Brasil, como evidência o caso da companhia Vale do Rio Doce (atual Vale) que iniciou suas
atividades em 1942 no país e desde então vem explorando as jazidas nacionais. Minas Gerais
tem um importante papel no desenvolvimento da mineração no país, uma vez que se apresenta
como berço da atividade e também como o estado que contém a maior concentração de riquezas
minerais (IBRAM, 2014).
O município de Itabira, localizado em Minas Gerais está introduzido no contexto
estratégico da história da mineração do Brasil, tendo sido um dos primeiros locais a serem
explorados, devido não só a sua riqueza, mas também a sua localização privilegiada com relação
a logística da exploração, possibilitando que fosse criada a ferrovia Minas-Espírito Santo.
Ainda não existem estudos publicados que tratam sobre a reabilitação de áreas
degradadas utilizando a construção de usinas de geração de energia solar fotovoltaica como
alternativa para reabilitação, sendo que outras minerações já adotaram para recuperação a
construção de aterros sanitários e lixões, ou áreas de lazer. Um estudo voltado para a produção
de energia, trata-se de um avanço na visão sistêmica do problema, pois de um lado propõe uma
solução para a recuperação de uma área extremamente degradada e de complexa recuperação e
de outro propõe-se a diversificação da matriz energética com uso da energia fotovoltaica, um
problema extremamente atual e que está fomentando o mercado da energia.

Assim, o objetivo deste estudo é analisar energética, ambiental e economicamente a


proposta de reabilitação de área de mineração em Itabira, por meio da construção de uma usina
de geração de energia fotovoltaica, ou seja, atribuir uma nova função e dar um novo uso para
uma área altamente degradada. Um dos intuitos é que a geração de energia nesta área seja
revertida em geração de benefícios econômicos (receitas) que possam ser utilizados para a
recuperação de outras áreas de mineração ou áreas impactadas pela mineração.
24

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar a viabilidade técnica e econômica de instalação de uma usina de energia solar


fotovoltaica como alternativa de reabilitação de área degradada de mina, em uma mina
específica no município de Itabira, Minas Gerais.

2.2 Objetivos Específicos

a) Definir e descrever as possíveis áreas de implantação do empreendimento juntamente


com a Secretária do Meio Ambiente - SMA;
b) Fazer análise das alternativas locacionais de acordo com as características físicas de
cada uma das opções para implantação do empreendimento;
c) Analisar as tecnologias disponíveis que irão compor o sistema fotovoltaico de acordo
com os parâmetros de viabilidade do projeto (ambiental, econômico e energético)
d) Dimensionar a usina de acordo com a área disponível para implantação do
empreendimento e estimar a energia gerada;
e) Fazer análise econômica e previsão da quantidade de Gases do Efeito Estufa – GEE que
deixarão de ser gerados;
f) Sintetizar os dados afim de apontar dentre as áreas estudadas qual trará melhor retorno
financeiro e maior reaproveitamento de área degradada;
g) Indicar possíveis estudos futuros atrelados a esta oportunidade.
25

3 REVISÃO DA LITERATURA

3. 1 MINERAÇÃO

Para que seja realizada a análise da viabilidade de implantação de usina solar


fotovoltaica em área de degradação de mina, é preciso entender a importância econômica desta
atividade, bem como de que forma ela agride o meio ambiente e com qual intensidade. Alguns
aspectos técnicos da recuperação de área degradada também devem ser apontados. Assim, a
seguir serão apresentadas informações relevantes para o entendimento do tema alinhadas aos
objetivos do projeto.

3.1.1 A mineração e sua importância para o Brasil

Em 1908 o presidente Theodore Roosevelt, então presidente dos Estados Unidos da


América, promoveu um congresso em Estocolmo para a pesquisa dos usos industriais e
conservação dos recursos naturais do mundo. Dentre os assuntos discutidos, um dos principais
foi a avaliação das reservas mundiais de ferro. Até a realização deste encontro, a riqueza mineral
do Brasil era desconhecida para os EUA, Inglaterra, Alemanha, França e Bélgica, países
industrializados que já cogitavam a possibilidade de esgotamento de suas reservas. O brasileiro
Orville Derby estava presente no congresso representando o Brasil e apresentou um estudo que
apontava que o Brasil possuía uma reserva de 3 trilhões de toneladas de minério de ferro,
surgindo então um interesse destes países no potencial de exploração brasileiro. A partir deste
momento os países industrializados começaram a investir no Brasil comprando as opções sobre
as jazidas, bem como investindo em estradas ferroviárias visando a logística da exploração,
estima-se que cerca de 1 milhão de toneladas de minério de ferro foi adquirida a uma média de
um conto de réis o equivalente a menos de um real hoje em dia (PELAEZ, 1970).

Já nesta época, o estudo apresentado por Orville Derby mostrava que a região mais
favorecida em termos de concentração do mineral era o Vale do Rio Doce, localizado em Minas
Gerais, com uma estimativa de 538 milhões de toneladas, acentuada no município de Itabira do
Mato Dentro (atual Itabira), local onde também já se percebia a possibilidade de criação de uma
estrada de ferro que ligasse Minas Gerais ao Espírito Santo, onde posteriormente o minério de
ferro seria transportado a esses países pelo porto de Vitória, sendo considerada a rota mais
eficiente (PELAEZ, 1970).
26

Houve um grande impasse no fechamento das negociações de diversas empresas


estrangeiras com o Brasil, as negociações duraram cerca de três décadas. Até que em 1942 foi
criada a Vale, Antiga Companhia Vale do Rio Doce, por empenho do então presidente Getúlio
Vargas que deu início às suas atividades no Brasil, juntamente com a Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), com o objetivo de exportar 1,5 milhão de toneladas de minério de ferro. O
prazo de duração de exploração da CVRD era de 50 anos a partir da sua criação, no entanto, a
mesma já explora minério no Brasil há mais de 70 anos, contrariando a previsão inicial (VALE,
2012).

Como pode ser observado na Tabela 1, com relação as reservas atuais de minério e o
mercado atual, sabe-se que o Brasil possui aproximadamente 8% das jazidas de minério do
mundo, o equivalente a 17 bilhões de toneladas, sendo que as reservas do Brasil e da Austrália
apresentam o maior teor de ferro contido, cerca de 60% (BNDES, 2002).

Tabela 1 - Reservas mundiais de minério de ferro em bilhões de toneladas


País Toneladas (bilhões) Percentual (%)
CEI 78 35,18
Austrália 28 12,63
Canadá 26 11,73
EUA 25 11,28
Brasil 17 7,67
Índia 12 5,41
África do Sul 9,3 4,19
China 9 4,06
Suécia 4,6 2,07
Venezuela 3,3 1,49
Outros países 15,5 6,99
Total 221,7 100
*CEI refere-se à Comunidade dos Estados Independentes composto por 11 repúblicas: Armênia, Azerbaijão,
Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia e Uzbequistão.

Fonte (BNDES, 2002)

Com relação a produção mundial, o Brasil está na segunda posição, com 18% da
produção total, o equivalente a 183 milhões de toneladas, atrás apenas da China. No entanto
quando se considera o conteúdo do minério de ferro, ou seja, a pureza do material, a produção
do Brasil é superior à da China (BNDES, 2002).
27

Segundo dados estatísticos minerais sobre Minas Gerais, o estado é responsável por
mais de 50% da produção brasileira de minerais metálicos e a atividade está presente em mais
de 250 municípios, o equivalente a 30% dos municípios do estado. Dos dez maiores municípios
mineradores do Brasil, sete estão em Minas Gerais, sendo o município de Itabira o maior do
país. Mais de 300 minas estão atualmente em operação no Brasil, dentre as 100 maiores, 40
estão no estado e 67% destas minas são de classe A, ou seja, produzem mais de três milhões de
toneladas de minério por ano (IBRAM, 2014).

Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração - IBRAM, os principais minerais


produzidos no estado de Minas Gerais são bauxita, ferro, manganês, ouro, paládio, prata,
dolomito, filito, quartzo, calcário, chumbo, zinco, fosfato, feldspato, granito, zircônio, cobalto,
enxofre, níquel, barita e nióbio, com destaque para a produção de ferro, ouro, zinco, fosfato e
nióbio, este último concentrando 92% da produção mundial (IBRAM, 2014).

Diante deste cenário promissor, a Constituição Federal de 1988 considerou os recursos


minerais como de propriedade da União, assim como a competência privativa de legislar sobre
as jazidas, minas e outros minerais e metalurgia. Além disso, a Constituição Federal assegura à
União, Estados e Municípios a participação no resultado da exploração dos recursos naturais
do território ou a compensação financeira por esta exploração.

A Constituição Federal dispõe em seu art. 20, § 1º, que: "É assegurada, nos termos da
lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da
administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou
gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros
recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou
zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração"
(BRASIL, 1988).

Assim, a Lei nº 7.990 de 1989 criou a Compensação Financeira de Exploração de


Recursos Minerais - CFEM.

" Art. 1º - O aproveitamento de recursos hídricos, para fins de geração de energia


elétrica e dos recursos minerais, por qualquer dos regimes previstos em lei, ensejará
compensação financeira aos Estados, Distrito Federal e Município, a ser calculada,
distribuída e aprovada na forma estabelecida nesta Lei" (BRASIL, 1989).

A Lei nº 8.001, de 1990, define que a CFEM será de 3%, sobre o valor do faturamento
líquido resultante da venda do produto mineral, obtido após a última etapa do processo de
beneficiamento adotado e antes de sua transformação industrial.
28

"Art. 2º - Para efeito do cálculo da compensação financeira de que trata o artigo 6° da


Lei n° 7.990, de 28 de dezembro de l989, entende-se por faturamento líquido o total
das receitas de vendas, excluídos os tributos incidentes sobre a comercialização do
produto mineral, as despesas de transporte e as de seguros".
“Art. 2, § 2º: A distribuição da compensação financeira de que trata este artigo será
feita da seguinte forma:
I - 23% (vinte e três por cento) para os Estados e o Distrito Federal;
II - 65% (sessenta e cinco por cento) para os Municípios;
III - 12% (doze por cento) para o Departamento Nacional de Produção Mineral -

DNPM, que destinará 2% (dois por cento) à proteção ambiental nas regiões
mineradoras, por intermédio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA, ou de outro órgão federal competente, que o
substituir" (BRASIL, 1990).
Desta forma, percebe-se que apesar da exploração intensa, tanto União, quanto Estado,
quanto Municípios tem direito sobre parte da produção das mineradoras. Tal percentual (2%) é
bastante discutido devido ao fato de por muitas vezes autoridades o avaliarem como ineficientes
para seu propósito, que é o de compensar os danos ambientais e mudanças na dinâmica de
população dos territórios que abrangem.

Um outro aspecto que precisa ser destacado quando se fala sobre mineração é o Novo
Código da Mineração que tramita pela Câmara dos Deputados desde 2013 e tem previsão de
ser finalizado em 2016. No Novo Código vem com intuito de melhorar a forma com que se
explora e a valoração da mineração no país, mas há muitas controvérsias a respeito. Dentre os
assuntos a serem analisados sobre o Novo Marco Regulatório tem-se a questão de que é
autorizado que a mineração seja realizada em Unidades de Conservação (UCs) e a previsão de
um aumento no ritmo de exploração por meio de garantias legais visando crescimento
econômico (PEREIRA, 2013).

Um estudo realizado em 2012, denominado “Novo Marco Legal: Para quê? E para
quem? ” Levanta uma outra problemática relativa ao desenvolvimento do Novo Código da
Mineração: a falta de transparência com as questões sociais e a preocupação em atender os
interesses de empresas mineradoras. A autora chegou nesta conclusão devido à dificuldade de
se encontrar informações oficiais sobre as discussões sobre as mudanças (MALERBA, 2012).
29

3.1.2. Os impactos ambientais e socioeconômicos da atividade de mineração

A mineração de ferro, objeto deste estudo, causa diversos impactos ao meio ambiente,
identificado como meios físico (biótico e abiótico), social e econômico que são muitas vezes
irreversíveis ou no mínimo difíceis de lidar. Com relação aos impactos ambientais eles são por
muitas vezes mitigados e/ou compensados pelas empresas mineradoras, porém na maioria das
vezes, são ineficientes para resiliência da área degradada ou simplesmente ignorados por tais
empresas.

Os impactos econômicos tendem a ser positivos em um primeiro momento, pela geração


de empregos, recebimento do CFEM, alteração da dinâmica local fazendo com que haja um
maior índice de rotação de dinheiro; em um segundo momento a economia local enfrenta o
fechamento da mina ou a queda brusca na produção do minério, que por alterar a dinâmica
local, torna-se muitas vezes dependente da atividade, fazendo com que a queda do setor
implique em crise econômica local.

Por último, mas não menos importante, tem-se os impactos sociais, muitas vezes não
lembrados, principalmente no que se trata da operação, fechamento e pós fechamento da mina,
pois além da geração de poeira e ruídos, ainda existe uma dependência econômica que reflete
na situação de empregos do local, podendo ser muito positiva ou muito negativa para
trabalhadores, causando desemprego em massa em cidades na qual a economia é dependente
da mineração.

De acordo com Trindade et al. (2000) apud Siqueira et al (1994), a atividade de


mineração causa, de início, uma degradação pontual na área de atuação, pela retirada da
vegetação nativa, da camada superficial de solo e da geração de rejeito. Dessa atividade,
resultam substratos que podem apresentar características inadequadas ao desenvolvimento
vegetal, como, por exemplo: baixa taxa de infiltração de água, desuniformidade das superfícies,
baixa aeração, presença de metais pesados, deficiência de nutrientes, alta salinidade e valores
extremos de pH. Tais alterações causam queda na produtividade e degradação do ecossistema
(TRINDADE et al., 2000 apud SIQUEIRA et al., 1994).

A recuperação dessas áreas vai depender, dentre outros fatores, de uma microbiota ativa,
já que esta é uma componente chave na manutenção de um ecossistema em equilíbrio, em
virtude de sua participação na ciclagem de nutrientes e de mudanças físico-químicas necessárias
para a formação de uma camada propícia ao enraizamento e crescimento das plantas. A
30

população microbiana do solo exerce papel fundamental para o perfeito funcionamento do


sistema solo-planta, especialmente nos ecossistemas naturais onde a fertilidade do solo
depende, quase que inteiramente, dos processos microbianos (TRINDADE et al., 2000 apud
SIQUEIRA et al., 1994).

Em suma, sabe-se que um ecossistema que sofreu alterações profundas, como um


ecossistema oriundo de mineração, dificilmente retornará ao que ele era anteriormente. Isto
porque a recuperação de uma área degradada, seja ela por mineração ou outra atividade que
cause um grande estresse local, é extremamente complexa. Para que seja realizada uma tentativa
eficiente de recuperação de tais áreas, é imprescindível o planejamento da degradação e no caso
da mineração, para tal existem duas ferramentas básicas: O Plano Ambiental de Fechamento de
Mina – PAFEM (estabelecido pela DN COPAM 127/2008) e o Plano de Recuperação de Área
Degradada – PRAD.

O PRAD é voltado para recuperação de áreas degradadas em geral, é uma ferramenta


legal que considera a necessidade de se fazer comprimir a legislação no tange a reparação de
danos ambientais baseado em Termos de Referências e Instruções Normativas. O PRAD deve
conter informações completas a respeito da degradação e as medidas a serem tomadas com o
objetivo principal de minimizar o dano ambiental (BRASIL, 2011).

No entanto, em se tratando de área minerárias, a ferramenta do PAFEM se apresenta


como mais completa por tratar especialmente deste tipo de degradação, visando especialmente
os impactos sociais que se desencadeiam da atividade.

Entende-se por área minerada, de acordo com as Normas Reguladoras de Mineração do


DNPM - NRM 21, toda área utilizada na atividade mineira, tais como a própria mina, os
depósitos de estéril e de rejeitos, as áreas construídas, as vias de circulação e demais áreas de
servidão. Um PAFEM deve contemplar a minimização dos impactos físicos, biológicos,
econômicos e sociais decorrentes deste fechamento, além de alternativas de uso futuro para a
área minerada. Ele deve garantir a segurança e saúde da população e a sustentabilidade dos
fatores ambientais na área a ser reabilitada (CAMELO, 2006).

O fechamento de uma mina é composto por basicamente três etapas (IBRAM, 2013):

I. Descomissionamento ou desativação: é o período que tem início pouco antes do término


da produção mineral (encerramento) e se conclui com a remoção de todas as instalações
31

desnecessárias e a implantação de medidas que garantam a segurança e a estabilidade


da área, incluindo a recuperação ambiental e programas sociais.
II. Fechamento: o momento, após o final da produção, que marca o término ou
encerramento das atividades de desativação de uma mina.
III. Pós fechamento: é o período após a completa implementação das medidas de
desativação, no qual são executadas ações como monitoramento, manutenção e
programas sociais, visando atingir os objetivos de fechamento.

O fechamento de uma mina pode ser programado, ou seja, quando ele se dá como
previsto em um plano de fechamento; ou prematuro, quando ele ocorre antes do previsto pelo
plano de fechamento, precedido por suspensão temporária onde ele pode ou não voltar a
produção ou resultar em fechamento prematuro.

De qualquer forma, o não planejamento do fechamento de uma mina pode trazer


diversos problemas para o município e região em questão. E uma vez que os estudos que
envolvem o fechamento de uma mina requerem um grande e detalhado estudo de viabilidade
exploração, porque o fechamento de uma mina não haveria de receber a mesma atenção?

Segundo Lima et al. (2006), o fechamento de mina é caracterizado pela paralisação


permanente das operações de uma mina e suas instalações de tratamento de minério, após o
completo processo de descomissionamento e reabilitação do local. Descomissionamento ou
desativação refere-se a uma intensa atividade do programa de fechamento, que inicia quando
da cessação das atividades de produção, o qual incorpora as atividades de remoção,
desmontagem de infraestrutura e serviços, bem como a construção de componentes específicos
para o fechamento (LIMA et al., 2006).

O IBRAM, lista algumas razões para que empresas, autoridades governamentais e


entidades da sociedade civil deem ao fechamento de uma mina a mesma importância que dão à
sua abertura (IBRAM, 2013):

1. A abertura de uma mina pode significar uma mudança radical para a comunidade
anfitriã. O fechamento da mina pode também representar impactos
socioeconômicos adversos da maior importância para a comunidade, com perda
de empregos, fechamento de pequenos negócios, redução da arrecadação tributária
municipal e queda do nível de serviços públicos.
2. Toda mina modifica o ambiente de forma significativa e, muitas vezes,
permanente. A mineração é uma forma temporária de uso do solo. Ao ser
encerrada a atividade, novas formas de uso das áreas ocupadas pela mina devem
32

ser viáveis, considerando as restrições decorrentes das modificações permanentes,


assim como as aptidões e oportunidades associadas ao período de funcionamento
da mina.
3. Minas são ativos que podem ser negociados. Obrigações assumidas pela empresa
que abriu a mina precisam ser assumidas por seus sucessores. Se as condições a
serem cumpridas para fechamento não estiverem claramente estabelecidas o mais
cedo possível, cresce o risco de abandono ou de legado de um passivo ambiental
e social.
4. O fechamento implica custos que deveriam ser conhecidos antecipadamente pela
empresa, instituições financeiras e órgãos governamentais. Planejar o fechamento
desde o início de um projeto ajuda a tomar decisões empresariais que conduzam à
escolha de alternativas técnicas que facilitem o fechamento, sejam viáveis e
financeiramente aceitáveis.
5. O fechamento implica riscos para as empresas – financeiros e de imagem – e para
as comunidades; se for malconduzido, pode prejudicar a reputação de uma
empresa e resultar em custos mais altos que o de um fechamento satisfatoriamente
conduzido; planejar o fechamento auxilia a conhecer e gerenciar os riscos
residuais das ações de fechamento.

Sendo assim, o intuito deste estudo é analisar uma possibilidade de planejamento


adequado para quando se der o fim das atividades de uma mina, ou seja, seu fechamento.

3.1.3 A Recuperação de Áreas Degradadas como ferramenta para o planejamento do


fechamento de uma mina
Diante disso é preciso entender bem alguns conceitos aplicados como o de degradação
ambiental e área degradada. Entende-se como Recuperação de Área Degradada - RAD qualquer
técnica adotada para reverter uma situação de degradação ambiental. Entende-se por
degradação o conjunto de processos resultantes de danos ao meio ambiente, pelos quais se
perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade
produtiva dos recursos ambientais. A degradação ambiental ocorre quando há perda de
adaptação às características físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o desenvolvimento
socioeconômico. A degradação de uma área ocorre, por exemplo, quando a vegetação nativa e
a fauna forem destruídas, removidas ou expulsas; a camada fértil do solo for perdida, removida
ou enterrada; e a qualidade e o regime de vazão do sistema hídrico forem alterados.

Sanchez (2006) define que a degradação ambiental ocorre quando há perda de capital
natural (solos, vegetação ou biodiversidade), perda de funções ambientais (ex. regulação do
33

regime hídrico), alteração da paisagem (relevo, resíduos, excesso de publicidade) e/ou existe
risco à saúde e segurança das pessoas (taludes instáveis, barragens, solos contaminados). Ele
define também que áreas degradadas são áreas onde os processos naturais se encontram em
desequilíbrio, onde há supressão de componentes essenciais para que sejam mantidas as funções
ecológicas, onde há presença de substâncias perigosas e/ou áreas que sofrem qualquer
perturbação percebida que seja danosa ou indesejável (SANCHÉZ, 2006).

Rudolfs de Groot, 2002, define que funções ambientais são bem e serviços ambientais
que norteiam o bem-estar humano e garantem benefícios ecológicos e sociais. É um conceito
unificador entre economistas e conservacionistas. As funções ambientais se subdividem
basicamente em funções de regulação (clima, inundação e erosão), funções de suporte (cultivos
e recreação), funções de produção (água e oxigênio) e funções de informação (valor estético e
cultural) (GROOT, 2002).

A Figura 1 apresenta a esquerda o antigo Pico do Cauê em 1942 (início das atividades
da Vale no Brasil), e a direita o que resta do Pico do Cauê - mais conhecido atualmente como
Mina do Cauê, em 2007, um ambiente que claramente foi degradado, perdeu funções ambientais
e causa perturbação local.

Figura 1- Pico do Cauê em 1942 e 2007, exemplo de degradação ambiental

Fonte (VALE, 2012)

Segundo o Art. 3 do Decreto Federal 97.632 de 1989 a recuperação de uma área


degradada tem por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo
com um plano pré-estabelecido para o uso do solo, visando a obtenção de uma estabilidade do
meio ambiente (BRASIL, 1989). Sánchez (2006) diz que recuperação significa que o sítio
degradado será retornado a uma forma de utilização de acordo com um plano preestabelecido
para o uso do solo. Implica que uma condição estável será obtida em conformidade com os
34

valores ambientais, estéticos e sociais da circunvizinhança. Significa, também, que o sítio


degradado terá condições mínimas de estabelecer um novo equilíbrio dinâmico, desenvolvendo
um novo solo e uma nova paisagem (SÁNCHEZ, 2006).

Desta forma, existem basicamente três alternativas de recuperação de uma área


degradada:

1. Reabilitação: Retorno de uma área degradada a sua condição de equilíbrio ambiental,


restabelecendo parte das funções ambientais (SER, 2004).
2. Restauração ecológica: Restabelecimento de estrutura e função típicas do ecossistema
de referência que foi degradado, danificado ou destruído (SER, 2004).
3. Remediação: Conjunto de técnicas usadas quando o local degradado apresenta
contaminação de ordem química, sendo necessária a imobilização ou conversão do
contaminante (TAVARES, 2000).

Sabe-se se que a mineração implica em impactos diretos indiretos, alguns deles mais
simples de mitigar e outros não, no entanto um dos aspectos mais afetados pela mineração é o
solo. Um resumo das funções do solo é dizer que ele é a matriz física, química e biológica dos
ecossistemas, ele controla a distribuição de água e a ciclagem de nutrientes, atua como filtro,
armazena carbono e é fonte de ar e nutrientes para as plantas. Perder o solo implica diretamente
na perda de funções vitais de um ecossistema, e recuperar um solo é um dos maiores desafios
da mineração (SÁNCHEZ, 2006).

Desta forma, o objeto de estudo deste trabalho está relacionado a uma forma de
recuperação de área degradada do tipo reabilitação, com o intuito de recuperar parte das funções
ambientais sejam elas diretas ou indiretas, conferindo um novo uso ao ecossistema. Vários são
os novos tipos de usos dados a um ecossistema degradado, podendo ser recreação, depósito de
resíduos, áreas comerciais, conservação e educação ambiental.

Consideram o retorno do ecossistema degradado a um tipo de estado alternativo,


ocorrendo somente através de forte intervenção antrópica, pois o estado de degradação atual da
área degrada, sem aplicação de intervenção, se manteria numa condição de degradação
irreversível (SAMPAIO, 2006 apud PRIMACK et al, 2001).

Como exemplo da reabilitação de uma área degradada por mineração, tem-se o Aterro
de Itaquera em São Paulo (Figura 2), que em 1957 iniciou a exploração como pedreira, que
durou cerca de 50 anos. Após o fim da exploração adequou-se seu uso como aterro de materiais
35

inertes com a condicionante de que após a conclusão e ao fim da vida útil do aterro, o mesmo
estivesse preparado para receber edificações, ou seja, todo o processo de preenchimento da cava
haveria de ser planejado para que não comprometesse o uso futuro. Assim, a partir de 2006,
quando a cava foi completamente preenchida por materiais inertes, iniciou-se a ocupação
urbana da região, dando então uma nova função e um novo uso para a área degradada
(SUZUMURA, 2007).

Figura 2- Antiga pedreira de Itaquera em 1957 (esquerda) e Aterro de Inertes de Itaquera em


2005 (direita)

Fonte (Adaptado de SUZUMURA et al, 2007)

O Parque Francisco Rizzo (Figura 3), localizado no município de Embu, onde


anteriormente era uma área de mineração de areia, é um outro exemplo, no entanto neste caso
deu um novo uso a área minerada, criando um parque de lazer bem estruturado, onde ainda é
possível ver vestígios da mineração que ali ocorreu. O parque Francisco Rizzo é hoje uma
importante área de diversão da cidade onde é possível pescar, fazer atividades físicas ao ar livre,
possui bibliotecas e áreas de recreação infantil, além de também ser um ponto de coleta seletiva
de resíduo urbano (SUZUMURA et al, 2007).

Figura 3 - Parque Francisco Rizzo antes e depois da reabilitação

Fonte (Adaptado de SUZUMURA et al, 2007)


36

A alternativa de reabilitação de área degrada de mineração com a construção de usina


de geração de energia fotovoltaica é uma alternativa nova e ainda não muito discutida, porém
assim como os outros usos citados (aterro, uso urbano para edificações e áreas de lazer),
consiste em uma nova forma de uso que irá atribuir valor e dar função à área degradada, além
de um outro fator importante que irá auxiliar na diversificação da matriz energética, que é um
gargalo nacional e vem sendo muito discutido nos últimos anos. O encontro destes dois
problemas - a recuperação de área degradada de mina e a diversificação da matriz energética -
trazem discussões interessantes no que tange o desenvolvimento local da área afetada pela
mineração e o impacto nacional da geração distribuída de energia.

3.2 GERAÇÃO DE ENERGIA

Entendidos os conceitos, a importância e os problemas que cercam a atividade de


mineração, bem como as definições do que seria a reabilitação de área degradada, é preciso
agora esclarecer os aspectos ligados à outra atividade econômica foco deste estudo: a geração
de energia elétrica com ênfase na geração de energia por fonte solar fotovoltaica. A seguir serão
apresentadas informações relevantes para o entendimento do tema alinhadas aos objetivos do
projeto.

3.2.1 A participação da energia solar fotovoltaica no desenvolvimento do setor energético


brasileiro

O Brasil é um país com pouco mais de 200 milhões de habitantes, segundo estimativas
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, e se destaca como a quinta nação mais
populosa do mundo. Em 2008, cerca de 95% da população tinha acesso à rede elétrica. (IBGE,
2016). No entanto, em termos de geração de energia elétrica, a matriz energética brasileira é
composta de 45% da energia advinda de fontes renováveis, sendo a principal a energia
hidráulica (BEN, 2014), e diante da crise hídrica que o país vem vivendo, que se aguçou
principalmente no ano de 2012 e persiste, as discussões sobre a diversificação da matriz,
geração distribuída de energia e incentivos econômicos aumentaram, fazendo com que o uso de
novas tecnologias e alternativas se tornasse mais interessante (ANA, 2014)

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, quase todas as fontes
de energia – hidráulica, biomassa, eólica, combustíveis fósseis e energia dos oceanos – são
37

formas indiretas de energia solar. O calor do sol aquece o planeta e promove a formação de
padrões climáticos, o aquecimento dos mares, a formação de correntes oceânicas e o movimento
da atmosfera (MACHADO, 2015). No caso da geração de energia fotovoltaica, ela ocorre por
meio do contato da radiação solar com determinados materiais, que convertem essa radiação
em energia elétrica. (ANEEL, 2012). A energia solar além de renovável, em seu processo de
aproveitamento não existem emissões de poluentes atmosféricos (gases); resíduos sólidos
(lixo), emissões de efluentes (águas contaminadas e esgotos) e nem tão pouco há consumo de
outros bens naturais, como a água. O único processo existente durante a operação é de
transformação da irradiação solar, em energia elétrica.

De acordo com discussões que ocorreram no Congresso Brasileiro de Planejamento


Energético (CBPE, 2014), estima-se que, de acordo com irregularidades relacionadas aos ciclos
hidrológicos atuais, intensificam-se discussões que envolvem o planejamento de alternativas de
geração de energia que se diferem do maior potencial brasileiro explorado atualmente, o
hidrelétrico. Desta forma, é prevista a necessidade de investimento de outras fontes de geração
de energia, eólica e solar por exemplo, como parte integrante do planejamento energético
nacional.

A Eletrosul destaca que a geração fotovoltaica nos próximos anos deverá ganhar seu
devido espaço no Brasil como uma fonte que trará complementaridade a matriz energética,
aumentando também sua eficiência energética. Embora os custos de implantação de plantas de
energia fotovoltaica vêm caindo ano a ano no mundo, atualmente o custo desta energia ainda é
visto como uma barreira para a expansão do setor no país, que possui uma matriz já bastante
limpa baseada na energia hidráulica. Por esta razão, o incentivo a projetos que contribuam ao
desenvolvimento deste novo mercado é bem-vindo, inclusive a inserção desta fonte em Leilões
de Energia de Fontes Alternativas, mostra-se como um grande avanço para a tecnologia e sua
aceitação pelo mercado (ELETROSUL, 2011).

Um estudo realizado pela empresa MPX (2011), indicou que o consumo anual global
de energia elétrica até 2011 ano era de cerca de 12,5 TW, sendo previsto um aumento de
aproximadamente 36% até 2030 sendo que o potencial de energia solar que pode ser utilizado
para geração de energia elétrica no mundo pode ser estimado em 580 TW, considerando-se
apenas as áreas viáveis de implementação, ou seja, o aproveitamento integral do potencial de
energia solar fotovoltaica supriria 34 vezes o consumo global de energia elétrica (MPX, 2011).
Salienta-se que a associação de dados é apenas para enfatizar um comparativo, mas que tal
38

cenário hipotético demonstra que os investimentos nesta tecnologia e o conhecimento de seus


potenciais podão trazer grandes benefícios futuros.

Outro estudo denominado Global Market Outlook for Photovoltaics, aponta algumas
estratégias políticas brasileiras que visam o aumento da exploração do potencial fotovoltaico
do país, concluindo que o desenvolvimento da energia solar fotovoltaica no Brasil é apenas uma
questão de regulação e sensibilização política adequada, estimando que até o fim do ano de
2016 o mercado brasileiro pode chegar à geração de 1GW de energia elétrica oriunda desta
fonte (EPIA, 2013).

Apesar de se apresentar como uma alternativa de geração de energia promissoras, a


energia fotovoltaica ainda tem um custo tecnológico elevado se comparado às formas mais
usuais de geração. No entanto ao longo dos últimos anos vem sendo realizados incentivos para
a instalação de sistemas fotovoltaicos, aumentando significativamente a produção mundial das
células fotovoltaicas, conforme evidenciado na Figura 4, com um aumento de 54%entre 2001
e 2012 (RONEY, 2013).

Figura 4 – Crescimento da produção mundial de energia solar fotovoltaica no período de


1995 a 2012 em GW.

Fonte (Roney, 2013)


Acompanhando este crescimento na produção das células fotovoltaicas, cresceu também
a potência instalada em sistemas fotovoltaicos no mundo no período de 2000 a 2012 (Figura 5).
Salienta-se que 74% do potencial instalado encontra-se na Europa e que na Itália por exemplo,
a geração fotovoltaica correspondeu a aproximadamente 5% do consumo de energia do país.
39

Figura 5 - Evolução da potência instalada em sistemas fotovoltaicos no mundo no período de


2000 a 2012.

Fonte (EPIA, 2013)

Segundo dados da ANEEL, no Brasil a potência outorgada já em operação de é da ordem


de 27 MWp, porém se considerar empreendimentos com construção ainda não iniciada, mas
com potência outorgada, essa estimativa cresce para aproximadamente 2 GWp (ANEEL, 2016).

Estima que se toda a área alagada para a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu
(1.350 km²) fosse coberta por placas solares fotovoltaicas, a usina fotovoltaica geraria cerca de
94 TWh/ano de energia a mais que a usina hidrelétrica, suprindo 40% de toda a necessidade de
energia que é consumida no Brasil, o que equivale a 20% a mais do que Itaipu fornece
(RUTHER, 2000). Salienta-se que tal estimativa é apenas um comparativo de potenciais de
exploração, pois neste caso, cobrindo Itaipu com placas de geração de energia, seriam causados
outros impactos ambientais de efeitos adversos que não entram em questão, mas é preciso
entender que apesar de ainda em desenvolvimento, a tecnologia solar tem potencial competidor
e deve ser continuamente estudada.

A Figura 6 apresenta o mapa solarimétrico do Brasil, desenvolvido pelo Centro de


Pesquisas de Energia Elétrica – CEPEL, no qual evidencia o potencial brasileiro de explorar tal
recurso, sendo as cores mais quentes (próximas do vermelho) com maior potencial e cores mais
40

frias (próximas do azul) com menor. É intuitivo raciocinar que os locais onde exista maior
incidência de radiação, haverá certamente um maior retorno com relação à eficiência do
sistema, no entanto a orientação do sol e possíveis sombreamentos artificiais são uma influência
direta no funcionamento do sistema (CEPEL, 2004).

Figura 6 - Radiação solar global, média anual.

Fonte (CEPEL, 2014)


Com relação a este potencial, Minas Gerais apresenta um índice de radiação global

variando entre 4,5 e 6,5 kWh/m²/dia, fato que pode ser observado na Figura 7 (CEMIG, 2012).
41

Figura 7 - Insolação média diária anual em horas, para Minas Gerais.

Fonte (CEMIG, 2012)

Segundo Pereira et al. (2006), a menor irradiação global no Brasil é de 4,25 kWh.m-2
(no litoral norte de Santa Catarina) e a maior é de 6,5 kWh.m-2 (norte da Bahia). Em virtude
disso, a irradiação solar global incidente em qualquer região do território brasileiro varia de
4.200 a 6.700 kWh.m-2.ano-1, superior às verificadas em outros países que hoje são expoentes
do uso da energia solar: 900 a 1.250 kWh/m²/ano na Alemanha; 900 a 1.650 kWh.m-2.ano-1 na
França; e 1.200 a 1.850 kWh.m-2.ano-1 na Espanha (PEREIRA et al, 2006).

Segundo levantamento no Balanço Energético Nacional – BEM de 2014, a energia


oriunda de fonte solar nem mesmo compôs a matriz energética brasileira, Figura 8, sendo que
dentre as renováveis, apenas a energia eólica (1,1%), biomassa (7,6%) e hidráulica (70%) fazem
parte com significância da matriz (BEN, 2014).
42

Figura 8 - Composição da matriz elétrica brasileira em 2013.

Fonte (BEN, 2014)

Sendo assim, temos a energia solar como uma energia limpa, sustentável, renovável,
inesgotável e com um potencial de exploração no Brasil muito maior que o apresentado pelos
países que são atualmente líderes de utilização desta fonte e suas tecnologias. E apesar de todo
este potencial, o recurso não está sendo aproveitado na mesma proporção.

3.2.2 Instrumentos legais de gestão da energia em âmbito nacional

Em 1997, o governo federal deu um primeiro passo criando a Lei nº 9.478, que dispõe
sobre a política energética nacional e aborda o aproveitamento racional das fontes de energia
que visarão, dentre outros aspectos, buscar soluções adequadas e/ou alternativas para suprir as
demandas de energia nas diversas regiões do país, visando o aproveitamento de insumos e
tecnologias aplicáveis, além de fomentar pesquisas para o desenvolvimento de fontes
renováveis (BRASIL, 1997).

Em 2013, afunilando ainda mais as discussões, visando um maior incentivo e


aproveitando um momento extremamente delicado e de crise no setor energético, o governo de
minas gerais criou o Decreto Estadual nº 46.296, dispõe sobre o Programa Mineiro de Energia
Renovável - Energias de Minas - e de medidas para incentivo à produção e uso de energia
renovável. O objetivo é o de promover e incentivar a produção e consumo de energia de fontes
renováveis e contribuir com o desenvolvimento sustentável, por meio de incentivos fiscais e
43

tratamento tributário diferenciado aos empreendimentos localizados em Minas Gerais, seja na


produção de peças ou componentes utilizados na geração da energia, no material de insumo ou
obras de construção civil, na infraestrutura de conexão e transmissão pelo Sistema Interligado
Nacional (SIN) e no fornecimento da energia produzida, por um prazo de quinze anos, a contar
do início da operação (MINAS GERAIS, 2013).

Ainda neste sentido, no mesmo ano foi promulgada no Estado de Minas Gerais a Lei
Estadual 20.849, conhecida como “Lei Solar", que institui a política estadual de incentivo ao
uso da energia solar e tem como objetivo incentivar o uso de energia solar, aumentando sua
participação na matriz energética, estimulando seu uso em áreas urbanas e rurais, contribuir
com a redução da emissão de gases do efeito estufa (GEE), reduzir a necessidade de alagar
áreas para o aproveitamento hídrico na geração, estimular a implantação de indústrias de
equipamentos e materiais utilizados em sistemas de energia solar em Minas Gerais, entre outros
aspectos (MINAS GERAIS, 2013).

Assim, atualmente tem-se discutido cada vez mais sobre o uso da energia solar
fotovoltaica como não só uma alternativa renovável de geração de energia, mas também como
uma alternativa confiável para diversificação da matriz energética devido a seu elevado
potencial e altos índices de irradiação no Brasil. Além disso, a energia solar possibilita a geração
distribuída, ou seja, geração elétrica realizada junto ou próxima do consumidor, facilitando a
logística para atendimento de pequenas comunidades rurais ou até mesmo indústrias mais
distantes da rede de distribuição.

3.3 TECNOLOGIAS E OPERAÇÕES PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

O efeito fotovoltaico consiste na conversão direta da luz solar (radiação) em eletricidade


por meio de células fotovoltaicas, que resumidamente podem ser descritas como um
equipamento feito em material semicondutor capaz de realizar tal conversão.

A radiação solar é a designação atribuída à energia emitida pelo sol, em particular aquela
que é transmitida sob a forma de radiação eletromagnética. Apenas uma parte da energia
emitida pelo sol atinge definitivamente a superfície do planeta. Esta atenuação está relacionada
com a reflexão e a absorção da radiação solar na atmosfera, nas nuvens e ainda devido à difusão
provocada por partículas de pó, vapor d’água e gases poluentes que se encontram presentes no
44

ar. Naturalmente, a radiação solar na superfície do planeta será menor que no exterior da
atmosfera (SMA, 2008).

“Radiação solar” é um termo genérico que pode ser referenciado em termos do fluxo de
potência, onde é chamado de irradiância solar, ou em termos de energia por unidade de área,
onde é chamado de irradiação solar (GRASSI, 2015).

Um outro termo muito importante e utilizado quando se fala de energia solar é o termo
“Horas de Sol Pleno”, que corresponde ao número equivalente de horas com radiação constante
e igual a 1 kW.m-2. Horas de Sol Pleno ou Horas de Sol de Pico (HSP) é a unidade responsável
pela medição da radiação solar, é uma unidade hipotética onde converte-se a quantidade de
radiação solar em horas de sol, a uma constante de 1 kW.m-2 (BARRETO & SCARDUA, 2016).

Sendo assim, é essencial saber captar de forma adequada a cada tipo de sistema essa
energia, e também saber armazená-la. Desta forma será abordada a geração energia solar, bem
como tipos de sistemas e tecnologias que podem ser aplicadas, com direcionamento para o tipo
de geração deste estudo: as Usinas Fotovoltaicas – UF.

3.3.1 Componentes básicos de um sistema fotovoltaico

A definição da arquitetura e componentes básicos de um sistema fotovoltaico varia


conforme sua aplicação. São várias as aplicações de sistemas fotovoltaicos, podendo compor
sistemas isolados, (individuais ou mini rede), sistemas de bombeamento de água, sistemas de
telecomunicação e monitoramento remoto, sistemas conectados à rede (micro e minigeração,
sistemas integrados a edificações e usinas fotovoltaicas).

Neste estudo a abordagem restringe-se à aplicação para usina fotovoltaica. Um esquema


geral de como seria composto um sistema de uma usina fotovoltaica é apresentado na Figura 9.
45

Figura 9 - Componentes básicos de um sistema fotovoltaico para aplicação de usina.

BLOCO DE
BLOCO DE
BLOCO GERADOR ARMAZENAMENTO
CONDICIONAMENTO
(opcional)

Conversores cc-cc
Módulos em diferentes
associações Ponto de proteção
máxima (SPPM)

Inversores Baterias

Cabeamento que Controladores de carga


interliga estrutura e
suporte
Acessórios

Fonte (Adaptado de CEPEL, 2014)

As usinas solares fotovoltaicas atingem potenciais da ordem do MWp, normalmente são


conectadas a rede em média tensão, com tensões que variam normalmente entre 13,8 V ou 34,5
V. Segundo a RN 482 da ANEEL, caso a potência do sistema seja de até 1 MWp, ela é
enquadrada como mini geração, mas o nível de tensão da conexão deve ser determinado junto
com a distribuidora, que limita as características técnicas da rede (ANEEL, 2012).

O dimensionamento de usinas solares fotovoltaicas deve ser minucioso, tais sistemas


não precisam de armazenamento de energia, uma vez que estão conectados à rede; eles operam
em CA (corrente alternada) e são projetados para terem a mesma tensão e corrente da rede local,
que deve ser capaz de receber a energia gerada. Fatores como sombreamento, estética e
qualidade da energia devem ser considerados (CEPEL, 2014).

Em casos de dimensionamento de usina, a definição da demanda (quantidade de energia


elétrica a ser instalada) é menos importante, pois a energia solar gerada tem função de
complementariedade para a rede elétrica, ou seja, o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Um esquema básico de uma usina de energia solar fotovoltaica é apresentado na Figura


10.
46

Figura 10 - Esquema básico da composição de um sistema fotovoltaico de grande porte.

Fonte (CEPEL, 2014)

Este estudo será composto pelo dimensionamento de usina fotovoltaica, assim, é de


grande importância que os componentes do sistema sejam conhecidos e familiares, bem como
suas funções.

3.3.2 Módulos fotovoltaicos

Em 1839, Becquerel, um cientista francês, observou que ao iluminar uma solução ácida
surgia uma diferença de potencial entre os eletrodos imersos nessa solução, esta foi a primeira
constatação cientificamente comprovada sobre diferença de potencial. Em 1883 surgiram os
primeiros dispositivos fabricados em selênio que puderam ser denominados células solares u
fotovoltaicas, mas só a partir de 1950 essas células começaram a ser comercializadas, e já
naquela época atingiram eficiências de conversão relativamente altas, em torno de 6% e com
potência de 5 mW em uma área de 2 cm² (CEPEL, 2014).

Atualmente muito já se estudou sobre os potenciais, as eficiências, a mudança em tais


parâmetros de acordo com o tipo de material considerado. No entanto essas tecnologias ainda
se encontram em pleno desenvolvimento, principalmente com os incentivos regulatórios que
tratam de se obter maiores eficiências em tecnologias que não onerem em grandes proporções
o sistema.

Um modulo fotovoltaico é composto por várias células individuais conectadas em série,


interligadas eletricamente e encapsuladas, com o objetivo de gerar energia. O comportamento
da corrente em uma célula é diretamente proporcional à radiação incidente, e, da mesma forma
a tensão em um módulo fotovoltaico é diretamente proporcional a temperatura. A célula não
oferece um valor constante de potência, pois essa irá depender da radiação solar, assim é preciso
trabalhar com a energia fornecida em um dia (Wh/dia) (ELETROSUL, 2005).

A teoria básica de funcionamento da geração de energia elétrica a partir da energia


fotovoltaica consiste em células fotovoltaicas fabricadas com material semicondutor, ou seja,
47

um material com características intermediárias entre um condutor e um isolante. A partir de um


processo conhecido como dopagem é possível obter um material com elétrons livres do tipo N
(em caso de dopagem com Fósforo); ou um material com falta de elétrons do tipo P (em caso
de dopagem com Boro) (ELETROSUL, 2005).

A célula fotovoltaica é composta por uma camada de material tipo P justaposta a uma
camada de material tipo N que, ao serem unidas, forma-se um campo elétrico próximo a junção.
Quando ela é exposta à luz, a energia dos fótons da luz do sol permite que elétrons presentes na
camada P consigam passar para a camada N, criando uma diferença de potencial nas
extremidades do semicondutor. Se forem conectados fios às extremidades e estes forem ligados
a uma carga, haverá um fluxo de corrente elétrica, fazendo os elétrons retornarem para a camada
P, reiniciando o processo. Em resumo, a luz do Sol fornece energia para impulsionar os elétrons
em um só sentido, estabelecendo assim, a corrente elétrica. Tal processo está demonstrado na
Figura 11 (ELETROSUL, 2005).

Figura 11 - Demonstração do efeito fotovoltaico

Fonte (CEPEL, 2004)

As tecnologias fotovoltaicas são classificadas em três gerações (CEPEL, 2004):


48

I. Silício monocristalino (m-Si) e policristalino (p-Si), correspondendo a 85% do


mercado e possuindo as melhores eficiências comercializadas;
II. Silício amorfo (a-Si), disseleneto de cobre e índio (CIS), índio e gálio (CIGS) e
telureto de cádmio (CdTe), também chamados filmes finos. Possui menor
eficiência que a primeira e alguns componentes são considerados tóxicos;
III. Célula fotovoltaica multijunção, célula fotovoltaica para concentração (CPV –
Concentrated Photovoltaics), e células orgânicas poliméricas (OPV – Organic
Photovoltaics). Esta última geração ainda está em fase de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) e vem mostrando-se eficiente, porém seus custos ainda
não são competitivos com as demais tecnologias.

Green et al. (2013), apresentaram um estudo que considerou a eficiência das células
fotovoltaicas com diferentes materiais e tecnologias (Tabela 2). Observa-se que os materiais
mais comercializados apontam uma maior eficiência, ou seja, os de primeira geração onde
destaca-se os de Silício Monocristalino, com 25%. Ressalta-se que as demais tecnologias,
apesar de não se apresentarem com eficiência tal qual as tecnologias de primeira geração,
devem estar continuamente sendo estudadas, visando sempre o aprimoramento e
desenvolvimento afim de buscar as melhores alternativas.

Tabela 2 - Eficiência das melhores células fotovoltaicas fabricadas em laboratório até 2012.

Tecnologia Eficiência
1ª Geração Monocristalino 25,0%
Policristalino 20,5%
2ª Geração (Filmes CIGS 19,5%
finos) CdTe 18,5%
Silício Amorfo 10,0%
3ª Geração Multijunção 13,4%

Fonte (Adaptado de GREEN et al., 2013)

Outro aspecto importante a ser considerado na escolha das placas é a área ocupada pelas
mesmas, uma vez que em muitos projetos fotovoltaicos a área disponível para instalação do
painel é um fator restritivo. A Tabela 3 apresenta uma relação entre tecnologias e área ocupada
(CEPEL, 2014).
49

Tabela 3 - Áreas ocupadas por diferentes módulos e tecnologias.

Tecnologia Potência/área (Wp/m²)


Silício monocristalino (m-Si) 150
Silício policristalino (p-Si) 135
Silício amorfo (a-Si) 85
Disseleneto de Cobre-Índio 100
Telureto de Cádmio (CdTe) 110

Fonte (Adaptado de CEPEL, 2014)

Destaca-se que a escolha de um módulo fotovoltaico deve levar em consideração não a


eficiência da placa, pois tal parâmetro não indica a qualidade do mesmo, e sim o custo, o
potencial, a durabilidade, a confiança no fabricante, garantia, entre outros, tudo isso de acordo
com os objetivos individuais de cada projeto.

3.3.2.1 Arranjos e associações de células fotovoltaicas

A associação de células fotovoltaicas pode se dar de duas maneiras básicas: em série e


em paralelo. Tais arranjos são arquitetados de forma que se obtenha níveis de corrente e tensão
desejados e únicos.

Nas associações em série as tensões são somadas e a corrente e igual entre os dispositivos,
Figura 12. Se os dispositivos são iguais e estão expostos às mesmas condições ambientais, então
as correntes individuais serão iguais. Caso as correntes dos dispositivos sejam diferentes, o
sistema fica limitado pela menor corrente (CEPEL, 2014).

Figura 12 - Curva de corrente versus tensão de células de silício conectadas em série.

Fonte (CEPEL, 2014)


50

Nas associações em paralelo acontece o inverso, as correntes dos dispositivos são


somadas e a tensão permanece a mesma, Figura 13.

Figura 13 - Curva de corrente versus tensão de células de silício conectadas em paralelo.

Fonte (CEPEL, 2014)

Os parâmetros elétricos de tensão e corrente de um circuito são afetados pela irradiância


incidente e pela temperatura de operação.

3.3.3 Inversores

O inversor é um equipamento básico que compõe o sistema o sistema solar fotovoltaico,


este equipamento fornece energia elétrica em corrente alternada (CA) a partir de uma fonte de
corrente contínua (CC). No caso de usinas fotovoltaicas, esta energia é proveniente dos módulos
fotovoltaicos, ou seja, unidade geradora de energia. Como configurações básicas, a tensão CA
de saída deve ser adequada e sincronizada com a tensão da rede que irá receber a energia.
Normalmente a tensão de entrada é d 12, 24 ou 48 V (CC) e converte em 127 ou 220 V (CA)
(SÁ, 2010).

A conversão de corrente CC para CA (ou vice-versa) que os inversores fazem,


acontecem pois estes equipamentos são constituídos de chaves eletrônicas controláveis feitas
de material semicondutor, estas chaves determinam quando a corrente será bloqueada ou
conduzida por meio de um sinal de controle.

Dentre as características dos inversores, para a escolha do equipamento adequado deve-


se estar atento a eficiência em carga nominal e parcial, confiabilidade e baixa manutenção,
operação em uma faixa ampla de tensão de entrada, boa regulação na saída, forma da onda do
inversor, emissão de ruído e interferência magnética, tolerância a surtos de partida, grau de
51

proteção adequado ao tipo de instalação e garantia de fábrica (CEPEL, 2014). A maioria dos
inversores comercializados atualmente possuem display incorporado onde é possível monitorar
as funções e os dados do sistema e, de um modo geral, a garantia do fabricante para este
equipamento é de cerca de 10 anos.

Para Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede com aplicação de Usina Fotovoltaica,


utilizam-se inversores centrais (grid-tie) que são trifásicos e com potências que variam entre
centenas de kWp até MWp (CEPEL, 2014).

No Brasil os equipamentos comercializados devem sempre apresentar um registro o


Inmetro afixada no produto. Os ensaios são realizados em condições nominais, em torno de
24°C, são analisadas eficiência, distorção harmonica, frequência e sobrecarga. Em condições
extremas, em torno de 40°C, são feitos ensaios de proteção de polaridade e curto-circuito,
eficiência, distorção harmônica e regulação da tensão e frequência. O Plano Brasileiro de
Etiquetagem (PBE) fotovoltaico foi implementado em caráter compulsório por meio da Portaria
Inmetro no 4, de 4 de janeiro de 2011, complementada pelos critérios estabelecidos na Portaria
Inmetro n° 357/2014. O objetivo dessa legislação é o estabelecimento de regras para os
inversores de energia solar fotovoltaica (INMETRO, 2016).

A determinação da potência do inversor se dá de acordo com a potência que o sistema


gera ou tem intenção de vir a gerar futuramente. Pode-se ter até 15% a mais de potência
instalada (quantidade de painéis) do que a potência nominal do inversor. O ideal é que o inversor
não seja nem subdimensionado nem superdimensionado, visando uma melhor operação do
sistema como um todo (PORTAL SOLAR, 2016).

3.3.4 Parâmetros elétricos

A Figura 14 apresenta a curva típica de corrente e tensão (IxV) de uma célula


fotovoltaica de Silício. A partir desta curva são determinados os parâmetros elétricos que
caracterizam as células fotovoltaicas (CEPEL, 2014).
52

Figura 14 - Corrente elétrica em função da diferença de potencial aplicada em uma célula de


silício, sob condições padrão de ensaio.

Fonte (CEPEL, 2014)


a) Tensão de circuito aberto (Voc): tensão entre os terminais da célula (positivo e negativo)
quando não há corrente elétrica circulando e é a máxima tensão que uma célula pode
produzir. Este parâmetro varia conforme a tecnologia utilizada, sendo as mais comuns:
c-Si: 0,50 – 0,60 V
CdTe: 0,86 V
a-Si: 0,89 V
DSSC: 0,74 V
b) Corrente de curto circuito (ISC): refere-se a máxima corrente obtida e é medida quando
a corrente elétrica nos terminais é zero. Estes valores de corrente também podem ser
estimados conforme a tecnologia:
c-Si: 38,00 – 42,70 mA/cm²
CdTe: 26,95 mA/cm²
a-Si: 16,75 mA/cm²
DSSC: 22,47 mA/cm²
c) Fator de forma (FF): razão entre a máxima potência e o produto da corrente de curto
circuito com tensão de circuito aberto. De acordo com as tecnologias, podem ser
estimadas em:
c-Si: 80,90 – 82,80 %
CdTe: 77 %
a-Si: 67,80 %
DSSC: 71,20 %
d) Eficiência (ƞ): define a eficiência da conversão de energia em solar em energia elétrica.
A Tabela 2 apresenta a variação das eficiências conforme as tecnologias.
53

Assim, temos que tomados os devidos cuidados quanto à escolha dos equipamentos,
arranjos, tecnologias e considerando-se dados reais com relação às características locais do
empreendimento, torna-se interessante o estudo de análise de viabilidade de implantação de
uma usina fotovoltaica em substituição das atividades minerárias.

Dentre outros aspectos, os ganhos ambientais como a reabilitação de áreas degradadas


e redução de emissão de GEE, os ganhos econômicos como a comercialização da energia gerada
por compensação ou venda da energia em leilões, e a possibilidade de reverter o benefício
econômico gerado com a venda da energia em ativos a serem investidos em novos ganhos
ambientais para recuperar outras áreas degradadas, mostra que o uso desta tecnologia tem
potencial de viabilidade técnica e econômica para ser usado como alternativa de recuperação
de área degradada por mineração.
54

4 METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de um estudo de levantamento de viabilidade de instalação


de uma usina fotovoltaica em área exaurida de mineração de propriedade da empresa Vale em
Itabira, Minas Gerais.

A metodologia deste estudo é composta de quatro etapas: Estudo das Alternativas


Locacionais; onde são apresentadas as opções de alocação do empreendimento para as três áreas
mineradas; Estudo das Alternativas Tecnológicas, onde são escolhidos os equipamentos
utilizados no empreendimento; Dimensionamento do sistema para as áreas estudadas, visando
saber o quanto de energia será gerada em cada uma e quantidade de GEE que não serão emitidos
com a geração, caracterizando um impacto ambiental positivo; e por fim a Análise Econômica
do Empreendimento para as três áreas.

4.1 Caracterização da área


O município de Itabira, está localizado na região central do estado de Minas Gerais
(Figura 15), a 110 Km da capital Belo Horizonte. O acesso é feito a partir de Belo Horizonte
pela BR 381, no sentido Vitória-ES, onde se segue por 66,9 Km até a MG-434 seguindo a MG-
434 e MG-129 até Itabira por 36,3 Km. A posição geográfica do município é um atrativo para
investimentos, principalmente no que se trata de mineração.

Figura 15 - Localização do município de Itabira em Minas Gerais.

Fonte (IBGE, 2016)


55

O município localiza-se dentro dos limites do quadrilátero ferrífero, que é a


denominação demográfica dada aos municípios pertencentes a este seleto grupo onde se
encontram as maiores reservas de minério do país. A microrregião de Itabira acolhe parte das
operações de mineração, siderurgia e reflorestamento que constituem a economia de toda a
região. O município possui em seu território minas produtivas de minério, operadas pela Vale,
uma das principais multinacionais brasileiras. A mineração na região implicou no rápido
crescimento populacional, impacto da infraestrutura produtiva e logística de grande escala e
poluição de áreas habitadas próximas ao limite da mina.

4.2. Estudo das alternativas locacionais

As áreas iniciais deste estudo foram levantadas pela Fundação Estadual do Meio
Ambiente de Minas Gerais – FEAM-MG, juntamente com a Secretária Municipal do Meio
Ambiente de Itabira – SMMA. Os dois órgãos estão em conjunto realizando um estudo paralelo
sobre o potencial de implantação de um sistema fotovoltaico em consórcio com a reabilitação
de áreas degradadas. Assim, a SMMA forneceu uma lista das possíveis localizações do
empreendimento; desta lista, retirou-se três áreas que se localizam em área de mineração de
propriedade da empresa Vale. A Tabela 4 apresenta a localização geográfica das áreas de
estudo.

Tabela 4 - Locais sugeridos pela Secretária de Meio Ambiente de Itabira, Minas Gerais, para
a possível instalação de uma usina solar fotovoltaica

Locais sugeridos Descrição Coordenadas

01 Cava da mina do Área Urbana. Pertence a Vale S.A.. 19º 36`08,22” S;


Pico do Cauê 43º 14` 26,51” O;

02 Areal família Área Urbana. Pertence a particulares 19º 38`24,78” S;


om subsolo pertencente à Vale S.A..
Reinaldo Bragança 43º 14` 22,11” O;

03 Pilha de estéril da Área Rural. Pertence a Empresa Vale 19º 40`34,71” S;


S.A..
mina de Conceição 43º 16` 18,07” O;

Fonte (Adaptado de SMMA – Itabira, 2015)


A localização das áreas passadas pela SMMA foram validadas com a Figura 16,
fornecida pela Vale, onde está apresentado uma figura resumida do que seria o mapa
56

planialtímetrico da macrorregião estudada, ou seja, uma visão geral das três áreas: Mina do
Cauê, Mina Conceição e Areal Família Bragança.

Figura 16 – Visualização planialtimétrica da macrorregião estudada, onde é possível observar


a localização das três áreas de estudo.

Fonte (Vale, 2016)

Assim, diante do apresentado, foi realizada uma análise das opções afim de dar subsídios
técnicos à escolha ou não desses locais para instalação do empreendimento, a partir da
viabilidade dos locais, principalmente em termos de potencial energético e econômicos. Os
critérios estudados foram baseados nas caracterizações físicas das áreas, levando-se em conta a
disponibilidade de área para implantação da Usina Fotovoltaica, a declividade do terreno e a
radiação incidente sobre cada área.

4.1.1 Área disponível para implantação da Usina Fotovoltaica e declividade do terreno


A empresa Vale disponibilizou a delimitação topográfica das minas em questão. Fez-se
inicialmente um estudo das áreas via Google Earth, onde relacionou-se a delimitação real
57

(disponibilizada pela Vale) com a degradação visual, obtendo-se então uma delimitação
hipotética da área, afim de focar o estudo nas áreas degradadas.

Utilizando-se o ArcGis, e com auxílio e colaboração da Superintendência de


Geoprocessamento – SGEO do município de Itabira, foi elaborado o mapa com as curvas de
nível das áreas analisadas. Para elaboração do mapa utilizou-se a delimitação hipotética da área,
e os shapesfiles de Hidrografia, Altimetria e Sistema Viário fornecidos pelo Instituto de
Geociências Aplicadas – IGA (SMDU, 2014). As Figuras 17, 18 e 19, apresentam o mapa de
localização e curvas de nível elaborados neste estudo.

Assim, analisou-se o mapa visualmente e restringiu-se a área de estudo para as três


minas, selecionando as áreas com menor declividade do terreno, pré-requisito para a instalação
de sistemas fotovoltaicos, visando um menor sombreamento. Posteriormente calculou-se a
declividade das três áreas estudadas, bem como a área disponível para análise de viabilidade do
empreendimento (em km²). As delimitações restritas das áreas com declividade menos
acentuada, ou seja, onde será proposto o estudo de viabilidade, estão apresentadas nas Figuras
20, 21 e 22.
58

Figura 17 - Delimitação hipotética e curvas de nível da mina da área degrada do Pico do Cauê.

58
59

Figura 18 - Delimitação hipotética e curvas de nível do Areal da Família Reinaldo Bragança.


60

Figura 19 - Delimitação hipotética e curvas de nível da área de Mina de Conceição.


61

Figura 20 - Delimitação da área com menor declividade dentro da área da Mina do Cauê, onde será proposto o estudo.
62

Figura 211 - Delimitação da área com menor declividade dentro da área da Mina da Conceição, onde será proposto o estudo.
63

Figura 22 - Delimitação da área com menor declividade dentro da área da Mina do Areal Família Bragança, onde será proposto o estudo.
64

Sabendo-se que a o mapa de curva de nível foi elaborado com espaçamento de 10 m em


10 m e que quanto maior a distância entre as curvas de nível, menor a declividade, fez-se a
delimitação visual da área onde havia maior espaçamento entre as curvas de nível por meio da
ferramenta polígono do Google Earth, e calculou-se a área do polígono utilizando-se a
ferramenta Web Earth Point (earthpoint.us). Assim, obteve-se a área, dentro dos terrenos
estudados, no qual foi proposto o estudo de viabilidade.

Já para a estimativa da declividade, tendo-se os valores das escalas de cada mapa e


sabendo-se a princípio que os mapas de curva de nível foram elaborados para curvas de 10 m
em 10 m. Fez uma relação, considerando-se as escalas de cada mapa, afim de analisar a
declividade das áreas estudadas. O cálculo realizado para a definição da declividade foi feito
conforme equação 1. Considerou-se a distância horizontal como a distância no mapa entre o
ponto mais alto e o ponto mais baixo da área estudada, conforme escala de cada mapa. E a
distância vertical foi estimada pela diferença entre a curva de nível mais alta pela mais baixa.

𝐷 = 𝑑⁄ℎ 𝑥 100 (1)

Onde:

D: declividade do terreno (%).


d: distância horizontal (m).
h: distância vertical (m).
Os valores encontrados para área e declividade em cada área de estudo estão expressos
na Tabela 5.

Tabela 5 - Apresentação dos parâmetros de declividade das três áreas.

Distância (m)
Mina Área (m²) Horizontal Vertical Declividade
Cauê 9.000 250 40 16.00%
Conceição 9.300 420 60 14.29%
Areal 230 150 40 26.67%
Fonte (Elaborado pelo autor)
Desta forma tem-se a área disponível para realização do estudo e a declividade das
mesmas, a partir desses dados serão iniciadas as discussões relativas à viabilidade de
implantação do empreendimento. Salienta-se que os valores encontrados para declividade são
superiores aos valores indicados para implantação de sistemas de geração fotovoltaica (cerca
de 3%), desta forma, em caso de implantação do empreendimento em qualquer das três áreas,

64
65

será necessária a realização de intervenções civis com relação a terraplanagem com fins de
nivelamento, para que seja possível a geração fotovoltaica.

Assim, o nivelamento foi estimado considerando-se a altura do terreno a ser nivelada


para que seja alcançada uma declividade de 3%. Fez-se uma regra de três simples, onde a altura
vertical está para a declividade encontrada (conforme Tabela 5), assim como a altura de
nivelamento está para a declividade de 3%. Considerando-se os custos de mercado para
terraplanagem, que incluem a raspagem do terreno, limpeza e nivelamento, de acordo com
pesquisa de mercado em Maio de 2016, o valor médio do serviço variou entre R$5,00 e R$10,00
o metro cúbico, considerou-se como R$7,00 o metro cúbico neste estudo. Considerou-se
também cerca de 70% de aproveitamento da declividade natural. Os custos com nivelamento
para cada área estão apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 - Parâmetros de estimativa de custos com nivelamento para cada área de estudo.

Altura de nivelamento para 3% de


Mina Área (m²) Custo (R$)
declividade (m)
Cauê 7.50 550.00 R$ 8,662.50
Conceição 12.59 820.00 R$ 21,679.98
Areal 4.50 80.00 R$ 756.00
Fonte (Elaborado pelo autor)

4.1.2 Radiação local incidente


Estimou-se a radiação incidente sobre cada uma das três alternativas locacionais deste
projeto por meio da plataforma do Cresesb (www.cresesb.cepel.com.br) pelo programa
SunData. Para assegurar a confiança do projeto e validar o estudo, utilizou-se a irradiação
mínima incidente e comparou-se tal radiação com a do Atlas Solarimétrico de Minas Gerais
elaborado e disponibilizado pela Cemig, Figura 23.

Salienta-se que o Atlas Solarimétrico de Minas Gerais possui toda um metodologia


individual em seu desenvolvimento, levando em consideração a radiação direta normal
(SWERA, 2005), a declividade do território (SRTM), os recursos hídricos, as localizações das
linhas de transmissão da Cemig e o uso e ocupação do solo (Embrapa). Assim fez-se as
correlações dos dados do Cresesb com os dados da Cemig, visando uma simulação mais
aproximada da realidade local.
66

Com relação a irradiação no plano inclinado, o sistema do Cresesb oferece 3 resultados que
variam com a inclinação e são sugeridos como inclinação a ser utilizada no projeto do sistema
fotovoltaico, sendo eles:

 O ângulo igual a latitude;


 O ângulo com maior valor médio diário anual de irradiação;
 O ângulo com maior valor mínimo diário anual de irradiação.

A escolha entre as inclinações varia conforme a atividade final do projeto. Neste trabalho
consideraremos o ângulo com maior média diária anual de irradiação, utilizada no caso de
aplicações de sistema solares conectados à rede de distribuição dentro do Sistema Nacional
interligado, definido pela Resolução Normativa da Aneel nº 482/12.

Figura 233 - Radiação solar direta normal diária média anual de Minas Gerais.

Fonte (Cemig, 2012)


4.1.5 Acessos
Considerou-se que por se tratarem de áreas onde anteriormente já era realizada uma
atividade econômica, os acessos utilizados no projeto serão mantidos tal qual os que já haviam
67

na atividade mineradora, não sendo os mesmos levados em consideração nos critérios de


avaliação das alternativas locacionais devido ao fato de que as três áreas possuem acessos bem
definidos. Destaca-se este ponto apenas para que caso sejam elaborados outros estudos
baseados neste trabalho, é importante levar em consideração a presença ou ausência de acessos
definidos, não só por questões de segurança, mas também por questões econômicas.

4.3. Estudo das alternativas tecnológicas

4.3.1. Módulos Fotovoltaicos


Os módulos são responsáveis pela geração da energia, por isso é imprescindível que a
tecnologia utilizada seja bem estudada, pois isso impacta diretamente na quantidade de energia
gerada e no custo do investimento.

Para seleção da tecnologia de painéis fotovoltaicos, considerou-se inicialmente o


levantamento de potenciais de 260 Wp e 320 Wp, para tecnologias de Sílicio Policristalino.

Alguns requisitos foram considerados mínimos neste levantamento:

a) Certificação INMETRO IEC 61215: que garante a segurança e durabilidade do painel


solar, sendo o mesmo resistente a chuva de granizo;
b) Garantia de fabricação mínima de 25 anos para eficiência de operação e 10 anos para
defeitos de fabricação;
c) Grau de proteção mínimo IP65: grau de proteção do equipamento elétrico que garante
que o mesmo seja resistente a poeira e jatos d’água. O ensaio é feito com aspersão de
jatos d’agua em todas as direções possíveis com pressão de 30KN/m2. Vazão de
12,LN/min;
d) Tolerância > 1%: margem de erro que o fabricante diz que o equipamento tem à potência
nominal.

Após o levantamento de equipamentos elétricos com as características mínimas acima


citadas, fez-se a comparação dos parâmetros básicos:

a) Potência máxima;
b) Eficiência do módulo;
c) Tensão máxima;
d) Corrente máxima;
68

e) Área do módulo;
f) Material;
g) Custo unitário.

Dos critérios citados, considerou-se como decisivos para escolha da tecnologia do módulo
a área do módulo, o custo unitário, a potência máxima e por fim a eficiência. Selecionou-se
uma placa com potência de 260 Wp e uma de 320 Wp. Fez-se a analise de geração de energia
e análise econômica para as duas peças, e por final apontou-se qual delas apresentava-se como
alternativa mais viável economicamente.

4.3.2. Inversores
O inversor é um dos principais elementos de um sistema fotovoltaico, sua importância é
tão grande que muitos fabricantes se referem a ele como o coração do sistema fotovoltaico,
sendo ele o responsável pela conversão da energia do sistema de corrente contínua (CC) para
corrente alternada (CA). Além de converter a energia, o inversor também garante a segurança
do sistema e gera dados de monitoramento do desempenho por meio de um display (IHM).

Neste tipo de instalação os inversores estão instalados em locais abertos e expostos ao calor
do sol, assim recomenda-se a escolha de um inversor com potencial igual ou superior ao
potencial do gerador, no entanto, considera-se o fato de que o sistema não irá produzir 100%
do seu potencial. Segundo informações do Portal Solar (2016), o dimensionamento do inversor
pode ser até 20% menor em termos de potencial, do que a potência nominal do gerador.

Neste estudo o sistema estará conectado à rede, ou seja, considerou-se inversores do tipo
grid-tie, e, para assegurar que a tecnologia de inversor escolhida seja de confiança, considerou-
se os seguintes critérios mínimos:

a) Inversor solar com transformador: critério exigido pela distribuidora Cemig, para
este tipo de sistema;
b) Grau de proteção IP 55: recomendação da NBR IEC 60529, para sistemas
instalados em locais abertos;
c) Garantia do inversor: garantia de fábrica de pelo menos 5 anos.

Após o levantamento de inversores que atendam as características mínimas acima citadas,


fez-se a comparação dos parâmetros elétricos:

a) Potência nominal;
b) Tensão de saída;
69

c) Faixa de temperatura de funcionamento;


d) Eficiência;
e) Valor unitário.

Diferentemente dos módulos, para escolha do inversor considerou-se além das


características mínimas, apenas o potencial do equipamento, uma vez que a escolha será
determinada de acordo com a potência nominal do gerador em cada área.

Escolhido o gerador adequado para cada área, calcula-se então o fator de dimensionamento
do inversor – FDI conforme equação 2. O FDI é a relação entre a potência máxima do inversor
e a potência nominal máxima do gerador fotovoltaico. Recomenda-se um FDI superior a 0,6,
afim de não se perder produtividade do sistema. O FDI indica a capacidade do inversor com
relação a potência máxima do gerador (PEREIRA & GONÇALVES, 2008).

𝑃𝑁𝑐𝑎 (𝑊)
𝐹𝐷𝐼 = (2)
𝑃𝐹𝑉 (𝑊𝑝)

Onde:
FDI: Fator de dimensionamento do inversor;
PNca: Potencia nominal em corrente alternada do inversor;
PFV: Potencia de pico do painel fotovoltaico.
Assim, a escolha do inversor atendeu o FDI.

4.4. Quantidade de Energia Gerada


Tem-se as áreas disponíveis em cada área estudada, de acordo com este dado, faz-se a
estimativa de número de painéis a serem utilizados em cada área. Considera-se que perde-se
cerca de 20% da área disponível devido ao acoplamento dos painéis (percentual hipotético de
perda de área).

𝐴 𝑥 80% [𝑚2 ]
𝑁= (3)
𝑎 [𝑚²]

Onde:
N: número de placas solares a serem usadas.
A: área de proposta do estudo com declividade menos acentuada (m²).
a: área unitária da placa solar escolhida (m²).
70

Desta forma, tem-se o número de painéis possíveis de instalar em cada área. Assim, estima-
se a potência que será instalada em cada uma das três áreas estudadas.

𝑃𝑖 = 𝑁 𝑥 𝑃𝑢[𝑊𝑝] (4)

Onde:
Pi: potência nominal instalada (Wp).
N: número de placas solares utilizadas.
Pu: potência nominal das placas escolhidas (Wp)

Neste estudo optou-se por utilizar o menor número de inversores que atendam a no
mínimo 85% da potência de geração e apresentem FDI superior a 0,6.

As estimativas de cálculo de energia apresentadas a seguir, foram propostas em um


estudo realizado por Marco Antônio Menezes, 2008, denominado Proposta de Procedimento
para Dimensionamento de Sistemas de Geração Fotovoltaica (MENEZES, 2008).

Fez-se primeiramente o cálculo da potência do sistema em corrente alternada à saída do


inversor. Esta potência é afetada por fatores como descascamento entre os módulos, tolerância
de fabricação, sujeira dos módulos e condições ambientais.

𝑃𝐶𝐴 = 𝑃𝐶𝐶,𝑆𝑇𝐶 𝑥 𝐸𝐶 (5)

Onde:

PCA: Potência em corrente alternada à saída do inversor (Wp)


PCC,STC: Potência em corrente contínua pela composição dos módulos (Wp)
EC: Eficiência de conversão

A eficiência dos inversores é da ordem de 90% ou mais, mas levando-se em


consideração as perdas do sistema, adota-se uma eficiência de conversão entre 70 a 75%. Neste
estudo utilizou-se a eficiência com 75%.

O Impacto da temperatura na célula fotovoltaica deve ser considerado, assim


determinou-se a temperatura real de operação conforme Equação 6.
(𝑇𝑁𝑂𝐶 −20°)
𝑇𝐶𝐸𝐿 = 𝑇𝐴𝑀𝐵 [ ] 𝑥𝑆 (6)
0,8

Onde:

TCEL: Temperatura da célula em C°


71

TAMB: Temperatura ambiente em C°


TNOC: Temperatura nominal de operação da célula em C° (fornecido pelo fabricante)
S: Irradiância (kW/m²)
As células operam em temperaturas entre 25°C a 30°C acima da temperatura ambiente,
este fator influência diretamente na redução da potência em aproximadamente 0,5% por
centígrado acima de 25°C. Assim calcula-se o Fator de Conversão relativo a temperatura da
célula e temperatura ambiente.

𝐹𝑇𝐴 = 1 − [0,005 𝑥 (𝑇𝐶𝐸𝐿 − 25°)] (7)

Onde:

FTA: Fator de conversão


TCEL: Temperatura da célula em C°
A potência CC corrigida será então dada conforme equação 8.

𝑃𝐶𝐶 = 𝑃𝐶𝐶,𝑆𝑇𝐶 𝑥 𝐹𝑇𝐴 (8)

Onde:
PCC: Potência corrigida (Wp)
PCC,STC: Potência em corrente contínua pela composição dos módulos (Wp)
FTA: Fator de conversão

A eficiência geral do sistema é dada considerando-se o descascamento entre os módulos,


tolerância de fabricação e sujeira nos módulos.
𝑃𝐶𝐴
𝐸𝐶 = 𝑃 𝑥 𝐹𝑇𝐴 𝑥 𝐹𝐷𝑀 𝑥 𝐹𝑇𝐹 𝑥 𝐹𝑆𝑀 (9)
𝐶𝐶,𝑆𝑇𝐶

Onde:
EC: Eficiência de conversão CC/CA.
PCA: Potência CA à saída do inversor.
PCC,STC: Potência em corrente contínua pela composição dos módulos (Wp).
FTA: Fator de conversão em função da temperatura dos módulos.
FDM: Fator de conversão em função do descascamento (0,97).
FTF: Fator de conversão em função das tolerâncias de fabricação (0,98).
FSM: Fator de conversão em função da sujeira dos módulos (0,96).
72

‘ Os valores para os fatores de conversão foram estimados considerando uma perda de


3% para o descasamento entre módulos, perda de 4% para sujeira nos módulos, 2% devido a
tolerâncias de fabricação e uma perda de 10% para o inversor

A produção diária de energia é dada pela equação 10.

𝐸 = 𝐼𝑑 𝑥 𝐴 𝑥 η𝑚 (10)

Onde:
E: Energia diária (kWh/dia).
Id: Energia por m²/dia.
A: Área do painel FV (m²).
ηm: Eficiência média total do sistema ao longo do dia.

Calcula-se então a potência em corrente alternada para 1-Sol.


1𝑘𝑊
𝑃𝐴𝐶 = ( ) 𝑥 𝐴 𝑥 η1−𝑆𝑜𝑙 (11)
𝑚²

Onde:
η1-Sol: Eficiência de conversão a 1-Sol.
1-Sol é referente a irradiância de 1000 (kWh/m².dia) ao sol do meio dia.

Assim tem-se a Energia gerada conforme a equação 12.

𝐸 = 𝑃𝐴𝐶 𝑥 [ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠/𝑑𝑖𝑎_𝑑𝑒_𝑝𝑖𝑐𝑜_𝑑𝑒_𝑠𝑜𝑙] (12)

A quantidade de energia gerada por ano deve levar em consideração o Fator de


Capacidade – FC e a Potência Nominal em CA conforme equação 13.
𝑘𝑊ℎ
𝐸 [ 𝑎𝑛𝑜 ] = 𝑃𝐶𝐴 𝑥 𝐹𝐶 𝑥 8670 (13)

Onde:
E: Energia gerada por ano [kWh/ano].
PCA: Potência CA à saída do inversor [kWp].
FC: Fator de capacidade.
8670: Quantidade de horas por ano [h]

Sendo Fator de Carga - FC calculado conforme Equação 14.


73

(ℎ/𝑑𝑖𝑎_𝑑𝑒_𝑝𝑖𝑐𝑜_𝑑𝑒_𝑠𝑜𝑙)
𝐹𝐶 = (14)
24 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠

No Brasil os valores de FC variam entre 0,18 a 0,23, com ângulo fixo de inclinação
(L+15°), voltado para o norte.

4.5. Análise econômica

Nesta fase do projeto, utiliza-se como base de cálculos e métodos o livro Principles os
Corporate Finance de Matthew Will (WILL, 2011).

Analisar a viabilidade econômico-financeira de um projeto de desenvolvimento de


produtos e serviços significa estimar e analisar as perspectivas de desempenho financeiro do
produto e dos serviços associados resultante do projeto. Essa análise é de certa forma iniciada
na própria definição do portfólio dos projetos de desenvolvimento de produtos e serviços, pois,
ao escolher um dos produtos para ser desenvolvido, adota-se como base para a tomada de
decisão a análise da viabilidade econômico-financeira de seu projeto (RODRIGUES, 2010).

Nesta etapa do trabalho já se tem o valor do investimento para cada projeto analisado,
considera-se que o custo total do empreendimento é a soma do custo com nivelamento, com o
valor do investimento (módulos + inversores) e o custo com manutenção, que é estimado em
20% do valor do investimento ao longo da vida útil do sistema, que é de 25 anos segundo a
garantia dos fabricantes.

Assim, a análise econômica possibilita realizar um estudo quanto a viabilidade


econômica do sistema, que depende do tipo de tecnologia adotada, a tarifa de energia elétrica e
a taxa de juros vigente no país. Sendo assim, a partir dos investimos iniciais para a implantação
do sistema são calculados parâmetros econômicos do projeto visando analisar sua viabilidade.

Atualmente, o Banco Central do Desenvolvimento – BNDES possui um programa de


financiamento para “Energia – Geração de vapor e energia renovável” que possui o objetivo de
expandir e modernizar a infraestrutura de geração de energia do país a partir de fontes de energia
renováveis como hidrelétricas, eólica, solar, biomassa, entre outros. A Taxa de juros é composta
por custo financeiro, remuneração básica do BNDES e taxa de risco de crédito (BNDES, 2016).

Sendo assim, para este trabalho adota-se a taxa de juros de incentivo do BNDES
composta da seguinte forma (BNDES, 2016):

 Taxa de juros a longo prazo para o mês de Abril a Junho de 2016: 7,5%;
74

 Remuneração básica do BNDES para apoio direto: 1,5%;


 Taxa de risco de crédito: 1%

Totalizando uma taxa de juros de 10% ao ano.

Como parâmetros de projeto temos o valor da tarifa vigente para o grupo B1 Residencial
Normal em 0,51 R$/kWh em junho de 2016 (CEMIG, 2016) e tem-se o Fator de Emissão de
Gás Carbonico – CO2 calculado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia em 0,1244
tCO2/MWh (MCT, 2015).

Calcula-se inicialmente o custo dos equipamentos, conforme equação 15, considerando


o custo com manutenção estimado em 20% do investimento.

𝐶𝑇 = [(𝑛𝑀. 𝑥 𝑅$ 𝑀) + (𝑛𝐼 𝑥 𝑅$ 𝐼)] 𝑥(1 + 𝑚) (15)

Onde:
C: Custo total do investimento
nM: Número dos módulos
R$M: Valor unitário do módulo
nI: Número de inversores
R$I: Valor unitário dos inversores
m: Percentual de manutenção

O fator de recuperação de capital (FRC) é utilizado no cálculo do valor presente dos


custos marginais de longo prazo e no cálculo do valor de locação da infra - estrutura
disponibilizada ao solicitante. Com efeito, ele produz uma série de pagamentos periódicos que
amortizam o investimento inicial e remuneram o investimento remanescente ao longo de sua
vida útil econômica à taxa periódica (FGV, 2010). A equação 16 expressa o cálculo do FRC.

(1+𝑘)𝑛 𝑥 𝑘
𝐹𝑅𝐶 = (16)
(1+𝑘)𝑛 − 1

Onde:
FRC: Fator de Recuperação de Capital
k: Taxa de Juros ao ano (a.a.) SELIC vigente
n: vida útil dos módulos

Posteriormente calcula-se o Benefício Anual do projeto, considerando-se a tarifa de


energia vigente.
75

𝐵𝐴 = 𝐸𝑃 𝑥 𝑡 (17)

Onde:
BA: Benefício Anual (R$/ano)
EP: Energia produzida pelo sistema por ano (kWh/ano)
t: Tarifa de energia vigente (R$/kWh)

Calcula-se então Beneficio Anual Líquido conforme a seguir.

𝐵𝐴𝐿 = (𝑐𝑀 + 𝑐𝐼) − [(𝐼 𝑥 𝐹𝑅𝐶) + 𝑀] (18)

Onde:
BAL: Benefício Líquido Anual (R$/ano)
cM: Custo dos módulos (R$)
cI: Custo dos inversores (R$)
I: Investimento (R$)
FRC: Fator de recuperação de capital
M: Custo com manutenção (R$)

Fez-se então a estimativa do fluxo de caixa, que levou em consideração o valor do


investimento, o benefício anual e os custos com manutenção, bem como uma perda de eficiência
do sistema de 1% ao ano. O fluxo de caixa também foi estimado utilizando-se a ferramenta do
Valor Presente Líquido - VPL do software Excel que é capaz de capaz de determinar o valor
presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do
investimento inicial. É o mesmo que estimar quanto valem todos os futuros pagamentos,
descontado o valor do investimento, hoje.

A seguir fez-se a estimativa do Tempo de Retorno do Investimento – TIR, utilizando a


ferramenta TIR do Excel, onde foi considerado o retorno anual do investimento ao longo dos
25 anos de projeto.

Utilizando a função NPER do Excel, estimou-se o número de períodos para


investimento de acordo com os pagamentos constantes do fluxo de caixa e da taxa de juros, tal
parâmetro é denominado Payback.

O Payback refere-se ao período em que os resultados (retornos financeiros) do


investimento, descontado a uma taxa fixa, equivale ao valor investido. Sabe-se que quanto
76

maior o tempo de retorno de um investimento (Payback), maiores são as incertezas de retorno,


uma vez que o dinheiro muda de valor ao longo do tempo.

O VPL total do projeto foi estimado considerando a taxa de juros, o fluxo de caixa total,
menos o valor do investimento. Este valor refere-se ao lucro total do investimento ao longo de
todo o projeto, ou seja, dos 25 anos.

Os resultados da viabilidade econômica foram expressos graficamente por meio de duas


análises: o retorno anual do sistema fotovoltaico e o retorno acumulado ao longo da vida útil
do projeto (considerando-se 25 anos de vida útil).

Por último fez-se a análise de sensibilidade das variáveis econômicas estimando qual
seria o impacto da alteração em -40%, -20%, 20% e 40% no benefício, dos parâmetros de taxa
de juros, custo do investimento e valor da tarifa.
77

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Descrição das minas estudadas
Segundo informações da Vale (2016), as minas do Cauê e Conceição estão com suas
atividades minerárias já finalizadas, ou seja, suas áreas de mineração estão exauridas. Já a área
do Areal Família Bragança é uma área particular onde havia mineração de areia, atividade que
também já foi finalizada. Apesar de não ser de posse da Vale, a empresa detém a propriedade
do subsolo local, ou seja, o direito de exploração segundo as normas do DNPM (Vale, 2016).

A Figura 24 apresenta as relações de distâncias entre as coordenadas geográficas de


referência das áreas abordadas neste estudo, sendo 11,5 km entre Mina Conceição e Mina do
Cauê, 5,4 km entre Mina Conceição e Areal e 6,5 entre o Areal e a Mina do Cauê.

Figura 244 – Distância em km entre as áreas onde está sendo proposto o estudo.

Fonte (Adaptado de Google Earth, 2016)


78

Estando situada entre as latitudes 19° e 20° Sul e meridianos 43° e 44° Oeste, esta
posição confere a região Sudeste uma forte radiação solar. Local de clima Tropical de Altitude
Cwa, segundo classificação climática de Koppen, a região Sudeste possui temperatura média
máxima de 25°C e a mínima de 15°C (ALVARES et al., 2013).

Com relação à irradiação, como os pontos estudados estão próximos entre si, a uma
distância máxima de 11,5km (Ponto da Mina Conceição até o ponto da Mina do Cauê), utilizou-
se os mesmos dados de irradiação para as três áreas de estudo.

A Figura 25 apresenta a curva de irradiação no plano horizontal em kWh/m²,


correspondentes às médias diárias mensais para os 12 meses do ano. Observa-se que os maiores
picos de irradiação ocorrem nos meses de janeiro a março (período de verão no Brasil),
decaindo consideravelmente nos meses de abril a junho (período de outono no Brasil) e
voltando a crescer a partir de julho. A média de irradiação no plano horizontal na região é de
4,60 kWh/m².dia, o valor máximo é de 5,36 kWh/m².dia e o valor mínimo é de 3,56 kWh/m².dia.

Figura 25 - Irradiação solar no plano horizontal para localidades próximas à região estudada.

Fonte (Cresesb, 2016)


A análise em plano horizontal no sistema do Cresesb indica que a melhor orientação dos
módulos fotovoltaicos também é a 19º N.

A análise em plano inclinado apresenta a irradiação que foi utilizada para os cálculos de
geração de energia, indicando que a média de irradiação foi de 4,78 kWh/m².dia. Os maiores
picos ocorreram nos meses de março (5,42 kWh/m².dia) e julho (5,30 kWh/m².dia), e os
menores picos ocorreram nos meses de junho (4,35 kWh/m².dia) e outubro (4,36 kWh/m².dia).
Os resultados discutidos estão expostos na Figura 26.
79

Figura 26 - Irradiação solar no plano inclinado para à macrorregião estudada.

Fonte (Cresesb, 2016)


A Tabela 7 apresenta resumidamente os parâmetros de irradiação que são usados neste
estudo, para as três áreas alternativas.

Tabela 7 - Parâmetros de irradiação da estação mais próxima a macrorregião de estudo.

Distância Valores mínimos de irradiação


Coordenadas máxima da [kWh/m².dia] Orientação do
da estação estação aos módulo
pontos [km] Plano horizontal Plano inclinado
19,6’ e 43,2’ 5 3,56 4,35 19° N
Fonte (Cresesb, 2016)
Os dados gerados pelo Cresesb são coerentes porém não idênticos com os dados
fornecidos pelo Mapa de Radiação Direta Normal, desenvolvido pela Cemig (Figura 21).
Observou-se que segundo dados do Atlas, a faixa de coloração que atinge o munícipio de Itabira
é a amarela mais clara, ou seja, radiações entre 5 e 5,5 kW/m².dia, sendo este o valor médio de
radiação. Segundo Cresesb, os valores médio de radiação no plano inclinado são de 4,78
kW/m².dia.

Percebe-se então há uma variação entre os resultados, assim admite-se neste estudo o
menor valor de irradiação, o fornecido pelo Cresesb, com valor de 4,35 kW/m².dia no plano
inclinado, afim de tornar o estudo mais confiável.

Fazendo-se uma análise da área calculada para aplicação do estudo e confrontando a


mesma com o total de área degrada (Figura 27), observa-se que a parcela passível de
aproveitamento da área da Mina é extremamente pequena, sendo de aproximadamente 6% para
80

a Mina do Cauê, aproximadamente 9% para a Mina Conceição e 35% para a área do Areal,
sendo este último o maior aproveitamento.

Figura 27 - Relação de aproveitamento de área degradada no estudo proposto.

Fonte (Adaptado de Google Earth, 2016).

Este é um fato importante a ser levado em conta quando o estudo trata-se de uma
alternativa para reabilitação de área degradada, ou seja, esperava-se que a área a ser
reaproveitada devesse ser um pouco maior, afim de haver uma maior recuperação. No entanto,
81

ainda assim a pequena parcela possui características físicas consideradas aproveitáveis para a
geração de energia elétrica.

5.2. Escolha das Tecnologias


Com relação a escolha dos módulos fotovoltaicos, foram pesquisados 6 módulos que
atendiam aos requisitos mínimos de qualidade: a certificação INMETRO IEC 61215, grau de
proteção IP65 e tolerância maior que 1%.

O levantamento se deu com quatro marcas que atendiam os quesitos mínimos: Canadian
Solar (origem no Canadá), Globo Brasil (origem brasileira), Komaes (China), Kyocera (Japão)
e Solar Word (origem alemã). Todas as opções em Sílicio Policristalino, material com maior de
índice de comercialização e que possui uma eficiência um pouco menor porém com custo mais
atrativo. A relação está expressa na Tabela 8.

Tabela 8 - Levantamento de tecnologias para módulos solares fotovoltaicos de Sílicio


Policristalino de 260 Wp e 320 Wp.

Potência Custo Área do


Marca Modelo Eficiência
máxima unitário módulo

[W] [%] [R$] [m²]


Canadian Solar CS6P-260P 260 16.16 1191,84 1,61
Globo Brasil GBR-265 265 16.4 953,65 1,62
Komaes KM260 260 17.1 750,00 1,63
Kyocera KB260 260 16.8 1030,00 1,65
Solar Word SW320 320 16.04 1212,26 2,40
Globo Brasil GBR-320 320 16.5 1195,8 1,94
Fonte (Elaborado pelo autor)
Observa-se que foram levantadas potências que variaram entre 260 Wp a 320 Wp.
Dentre as alternativas, a que se apresentou como a com o menor custo unitário e melhor relação
de área e eficiência foi o módulo da Komaes. A Komaes é uma marca com representação da
Kyocera, uma outra marca extremamente conceituada no mercado solar, compondo inclusive
uma das mais importantes Usinas Fotovoltaicas do Brasil, a Usina de Tauá (MPX, 2011).

Outra alternativa que se destacou foi a da Globo Brasil de 320 Wp, devido ao sua
potência nominal elevada e à sua elevada eficiência.
82

Assim, o estudo de viabilidade foi realizado para ambas as alternativas, afim de ser
verificado qual apresentaria os melhores resultados ao longo do estudo.

A primeira análise foi composta dos resultados sobre custos do investimento e potência
nominal de geração. De acordo com a Tabela 9, observa-se que a alternativa de 260 Wp
apresenta custo com módulos aproximadamente 34% menos onerosos do que os custos da
alternativa de 320 Wp. Em contrapartida, a alternativa de 320 Wp apresenta cerca de 3,5% mais
potência de geração do que a alternativa de 260 Wp.

Tabela 9 – Relação de potência de geração nominal (CA) e custo (R$) das alternativas
tecnológicas para módulos de 260 Wp e 320 Wp, para as três áreas estudadas.

Potência do Potência nominal Custo com


Área Nº de
Mina módulo de geração módulos
módulos
[Wp] [m²] [kWp] [R$]
260 550 337 87,73 R$ 253,067.48
Cauê
320 550 284 90,72 R$ 339,015.46
260 820 503 130,80 R$ 377,300.61
Conceição
320 820 423 135,26 R$ 505,441.24
260 80 49 12,76 R$ 36,809.82
Areal
320 80 41 13,20 R$ 49,311.34
Fonte (Elaborado pelo autor)
Com relação aos inversores, as opções pesquisadas também atendiam aos requisitos
mínimos: com transformador, Grau de proteção IP55 e garantia de 5 anos. Assim, apresentou-
se alternativas de diferentes potenciais, uma vez que a escolha destes equipamentos variou
conforme o potencial do gerador. A Tabela 10 apresenta as alternativas de inversores levantadas
neste estudo.

Tabela 10 - Levantamento de tecnologias para inversores de diversas potências, afim de


atender à demanda do potencial de geração.

Potência Máxima
Marca Modelo Eficiência Custo
de saída
[kW] [%] [R$]
Kaco 72.0TL3PARK 72 98,3 R$ 52.033,00
Fronius Symo 20.0-3-M light 20 98,0 R$ 31.390,00
Fronius Symo 12.5-3-M 12.5 98,0 R$ 23.690,00
Fonte (Elaborado pelo autor)
Assim, sabendo-se que o inversor pode ser dimensionado de modo a atender entre 15%
e 20% a menos do que o potencial nominal de geração, tem-se que:
83

a) Para a Mina do Cauê, utilizou-se um inversor de 72 kWp;


b) Para a Mina Conceição, utilizou-se um inversor de cada, ou seja, um de 72 kWp, um de
20 kWp e um de 12.5 kWp; e
c) Para o Areal utilizou-se um inversor de 12.5 kWp.

O fator de dimensionamento do inversor para as três áreas de estudo ficou acima do


mínimo recomendado de 0,6 (PEREIRA & GONÇALVES, 2008). Sendo de 0,82 para o Cauê,
0,80 para Conceição e 0,98 para o Areal.

Desta forma, foi possível estimar o custo total de investimento inicial no sistema para
cada área de estudo (Tabela 11), levando-se em conta o custo dos módulos e inversores, o custo
de manutenção (2% a.a.) e o valor do nivelamento do terreno. Os custos foram estimados para
ambas as tecnologias de módulos (260 Wp e 320 Wp).

Tabela 11 - Estimativa do custo do investimento inicial, considerando-se a possibilidade de


módulos solares fotovoltaicos de 260 Wp e 320 Wp.

Custos [R$]
Mina Total
Módulos Inversor Manutenção Nivelamento
260 Wp 253,067.48 6,102.01 319,864.99
Cauê 52,033.00 8,662.50
320 Wp 339,015.46 6,780.31 345,795.77
260 Wp 377,300.61 9,688.27 515,781.87
Conceição 107,113.00 21,679.98
320 Wp 505,441.24 10,108.82 515,550.06
260 Wp 36,809.82 1,210.00 62,465.81
Areal 23,690.00 756.00
320 Wp 49,311.34 986.23 50,297.57
Fonte (Elaborado pelo autor)
Selecionou-se então para cada área, aquela que demandou de um menor custo de
investimento total de um modo geral. Estruturou-se o projeto então da seguinte forma:

a) Mina do Cauê: 337 módulos de 260 Wp e um inversor de frequência de 72 kW,


com valor total de investimento de R$319.864,99;
b) Mina da Conceição: 423 módulos de 320 Wp, um inversor de frequência de 72 kW,
um inversor de frequência de 20 kW e um inversor de frequência de 12,5 kW, com
valor total de investimento de R$ 515.550,06;
c) Areal Família Bragança: 41 módulos de 320 Wp e um inversor de 12,5 kW, com
valor total de investimento de R$ 50.297,57.
84

5.3. Dimensionamento da Usina Fotovoltaica


Tendo-se então a escolha das tecnologias para cada caso, deu-se início às análises
relativas à geração real de energia.

Os parâmetros listados na Tabela 12 são referentes ao impacto da temperatura na célula


fotovoltaica e com relação à quantidade de energia gerada em cada sistema, alguns parâmetros
são iguais para os três sistemas, uma vez que a irradiação incidente na área é a mesma.

Tabela 12 - Parâmetros energéticos de impacto da temperatura das células na geração e


relativos à energia gerada por ano.

Potência CA Potência Eficiência Energia


Temperatura
saída do CC da produzida
Mina da célula
inversor corrigida Conversão ao ano
[°C] [kWp] [kWp] CA/CC [kWh/ano]
Cauê 65,80 69,87 104,47
Conceição 65,72 98,10 43,20 54,51% 161,07
Areal 9,57 10,16 12,77
Fonte (Elaborado pelo autor)
Observa-se que a Mina de Conceição, com maior área disponível, gerou mais energia
que as demais, seguida pela Mina no Cauê e por fim o Areal da Família Bragança. Salienta-se
que a diferença em termos de quantidade de energia gerada pela Mina Conceição com relação
ao Areal é de cerca de 10 vezes mais energia, e da Mina Conceição com relação à Mina do Cauê
é de apenas 1,5 vezes.

Menezes (2008) diz que as células fotovoltaicas operam em temperaturas cerca de 35°C
acima da temperatura ambiente, o que condiz com o resultado encontrado de 65°C. Este fator
influência diretamente na eficiência da conversão CA/CC do sistema, que foi calculada em
54%.

O fator de capacidade calculado nos sistemas foi de 0,18 em todas as áreas, tal parâmetro
também foi estimado com base na irradiação incidente, o que justifica ser igual nos três
sistemas. O valor encontrado para o fator de capacidade está dentro do estimado para o Brasil,
que varia entre 0,18 a 0,23, com módulos com ângulo de inclinação fixo (L+15°C), voltado
para o Norte (MENEZES, 2008).
85

5.4. Análise econômica


A análise econômica tem como principal objetivo neste estudo saber se o projeto
proposto irá se pagar, qual o retorno que pode-se esperar do projeto e em quanto tempo este
retorno irá acontecer. Os métodos tradicionais de análise basearam-se no estudo do fluxo de
caixa e partir dele analisou-se o VPL, da TIR e do Payback. Assim, diante dos custos de cada
projeto, estimou-se os parâmetros econômicos básicos, como pode ser visto na Tabela 13.

Tabela 13 - Fluxo de caixa e parâmetros de análise de viabilidade econômica dos três


sistemas estudados.

Vida útil Mina


Cauê Conceição Areal
0 -R$ 319,864.99 -R$ 515,550.06 -R$ 50,297.57
1 R$ 41,025.91 R$ 61,630.32 R$ 4,626.31
2 R$ 40,615.65 R$ 55,467.29 R$ 4,580.05
3 R$ 40,209.49 R$ 49,920.56 R$ 4,534.25
4 R$ 39,807.40 R$ 44,928.51 R$ 4,488.90
5 R$ 39,409.32 R$ 40,435.66 R$ 4,444.01
6 R$ 39,015.23 R$ 36,392.09 R$ 4,399.57
7 R$ 38,625.08 R$ 32,752.88 R$ 4,355.58
8 R$ 38,238.83 R$ 29,477.59 R$ 4,312.02
9 R$ 37,856.44 R$ 26,529.83 R$ 4,268.90
10 R$ 37,477.87 R$ 23,876.85 R$ 4,226.21
11 R$ 37,103.09 R$ 21,489.17 R$ 4,183.95
12 R$ 36,732.06 R$ 19,340.25 R$ 4,142.11
13 R$ 36,364.74 R$ 17,406.22 R$ 4,100.69
14 R$ 36,001.10 R$ 15,665.60 R$ 4,059.68
15 R$ 35,641.08 R$ 14,099.04 R$ 4,019.09
16 R$ 35,284.67 R$ 12,689.14 R$ 3,978.90
17 R$ 34,931.83 R$ 11,420.22 R$ 3,939.11
18 R$ 34,582.51 R$ 10,278.20 R$ 3,899.72
19 R$ 34,236.68 R$ 9,250.38 R$ 3,860.72
20 R$ 33,894.32 R$ 8,325.34 R$ 3,822.11
21 R$ 33,555.37 R$ 7,492.81 R$ 3,783.89
22 R$ 33,219.82 R$ 6,743.53 R$ 3,746.05
23 R$ 32,887.62 R$ 6,069.17 R$ 3,708.59
24 R$ 32,558.75 R$ 5,462.26 R$ 3,671.50
25 R$ 32,233.16 R$ 4,916.03 R$ 3,634.79
VPL R$ 60,941.66 R$ 56,508.90 R$ 35,026.70
TIR 13% 11% 7%
Payback 17 17 14
Fonte (Elaborado pelo autor)
86

O primeiro critério de análise de viabilidade consiste em verificação do VPL que deve


ser sempre maior que zero, deste modo, todos os projetos retornaram valores de VPL aceitáveis.
O melhor VPL estimado foi referente ao projeto da Mina do Cauê, aproximado em
R$61.000,00, seguido do projeto da Mina do Cauê, aproximado em R$56.500,00 e por último
o projeto do Areal, com VPL em torno de R$35.000,00.

O segundo parâmetro de análise consistiu na verificação da taxa interna de retorno. Da


teoria sabe-se que para que um projeto apresente-se como viável a taxa de juros deve ser menor
que a TIR de retorno do fluxo de caixa. Assim, temos que a taxa de juros aplicável do BNDES
é de 10% e que os projetos Mina do Cauê e Mina Conceição retornaram valores de TIR
superiores ao valor da taxa de juros. Apenas o projeto da área do Areal retornou uma TIR menor
que a taxa de juros, com valor de 7%.

Por último temos o Payback, que refere-se ao período em que os retornos financeiros
do investimento, descontado a taxa de juros fixa de 10%, equivale ao valor investido. Sabe-se
que quanto maior o Payback, maiores são as incertezas de retorno do projeto. Assim, temos que
os projetos Mina do Cauê e Mina Conceição retornaram um Payback de 17 anos e o Areal
retornou um Payback de 14 anos.

Desta forma, em uma análise de risco de viabilidade obtemos que o projeto com menor
risco de investimento de um modo geral, mesmo retornando um VPL menor, é a área da Mina
do Areal.

É natural pensar que uma área maior tem maior potencial de geração de energia e
consequentemente pode trazer um maior retorno acumulado ao longo da vida útil do projeto.
Tal resultado pode ser observado no Gráfico 1. Onde observa-se que a Mina Conceição traz um
maior retorno financeiro ao longo da vida útil do projeto, da ordem de R$897.310,92 ao fim
dos 25 anos; seguido do projeto do Cauê que traz um retorno financeiro da ordem de
R$741.067,17; e por fim a Mina do Areal que traz um retorno bem menor, da ordem de
R$86.365,62.
87

Gráfico 1 – Retorno econômico acumulado de cada projeto ao longo da vdos 25 anos


de vida útil.
R$1,000,000.00 R$897,310.92
R$741,067.17
Retorno econômico acumulado (R$)

R$800,000.00 R$86,365.62
R$600,000.00
R$400,000.00
R$200,000.00
R$0.00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
(R$200,000.00)
(R$400,000.00)
(R$600,000.00)
(R$800,000.00)
Vida útil do projeto (ano)

Cauê Conceição Areal

Fonte (Elaborado pelo autor)


Desta forma, observa-se que cada projeto possui suas particularidades, principalmente
no que tange os parâmetros econômicos. Observa-se que apesar de apresentarem maior risco de
investimento do que a Mina do Areal, o retorno financeiro do projeto da Mina do Cauê é cerca
de 88% maior que a do Areal, e o retorno financeiro da Mina Conceição é cerca de 90% Maior
que a do Areal.

A análise de sensibilidade do comportamento dos sistemas com relação à variação dos


parâmetros econômicos de custo do investimento, taxa de juros e valor da tarifa estão expressos
nos Gráficos 2, 3 e 4.

Gráfico 2 – Análise de sensibilidade dos parâmetros econômicos da área da Mina do


Cauê.
R$ 80,000.00
R$ 70,000.00
R$ 60,000.00
R$ 50,000.00
R$ 40,000.00
R$ 30,000.00
R$ 20,000.00
R$ 10,000.00
R$ 0.00
-40 -20 0 20 40

Tarifa Custo Juros

Fonte (Elaborado pelo autor)


88

Gráfico 3 – Análise de sensibilidade dos parâmetros econômicos da área da Mina do


Conceição.
R$ 120,000.00

R$ 100,000.00

R$ 80,000.00

R$ 60,000.00

R$ 40,000.00

R$ 20,000.00

R$ 0.00
-40 -20 0 20

Tarifa Custo Juros

Fonte (Elaborado pelo autor)


Gráfico 4 – Análise de sensibilidade dos parâmetros econômicos da área da Mina do
Areal da Família Bragança.
R$ 10,000.00

R$ 8,000.00

R$ 6,000.00

R$ 4,000.00

R$ 2,000.00

R$ 0.00
-40 -20 0 20

Tarifa Custo Juros

Fonte (Elaborado pelo autor)


Da análise dos três gráficos, percebe-se que o único parâmetro que varia
consideravelmente o benefício líquido é a tarifa. Em todos os casos, aumentando-se a tarifa em
40%, tem-se um aumento de benefício líquido de cerca de 30%.

É curioso observar que o custo dos equipamentos e o valor da taxa de juros pouco
influenciam os resultados de benefício.
89

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de uso de geração de energia fotovoltaica como alternativa de reabilitação de


área degradada é uma proposta nova e ainda não consolidada no Brasil. Acredita-se que com o
contínuo incentivo às pesquisas, conforme vem sendo feito pela FEAM, futuramente poderão
vir a viabilizar o uso da tecnologia para este fim.

A análise de disponibilidade física dos locais degradados demonstra que a possibilidade


de aproveitamento espacial nas três áreas é muito pequena se comparada à área total degradada,
sendo de aproximadamente 6% para a Mina do Cauê, aproximadamente 9% para a Mina
Conceição e 35% para a área do Areal, sendo este último o maior aproveitamento.

Diante do exposto que a proposta do estudo seria a reabilitação de uma área degradada
com a implantação de sistema fotovoltaico, percebe-se que tal objetivo apresenta-se como não
sendo a melhor alternativa de reabilitação na área. Tal fato deve-se principalmente à acentuada
declividade do terreno e sua irregularidade, o que não é indicado para este tipo de instalação,
devido ao fato de que a inclinação adequada do painel é um dos fatores que garante a eficiência
energética do sistema.

Ressalta-se que o tratamento do terreno é um fator a ser considerado para este tipo de
empreendimento, visto que a área degradada possui uma grande extensão e seu aproveitamento
pode ser continuamente estudado, inclusive para a implantação de usina fotovoltaica em toda
área disponível, o que aumentaria consideravelmente a quantidade de energia gerada e mudaria
completamente os resultados da análise econômica.

Considerando-se as áreas selecionadas, onde havia declividade mais próxima da


adequada ao projeto, percebe-se que a quantidade de energia gerada varia conforme a
disponibilidade de área. A Mina da Conceição possui cerca de 30% mais área, gera cerca de
30% mais energia e possui um valor de investimento 45% maior que a Mina do Cauê. E a Mina
do Cauê, se comparada ao Areal, possui cerca de 85% a mais de área, energia gerada e valor do
investimento.

De um modo geral todas as Minas conseguem ter um bom aproveitamento da área


disponível, com relação à geração de energia. Isto porque a radiação base de projeto relacionado
90

ao fator de conversão da temperatura e à potência em CC retorna uma eficiência de cerca de


52% na conversão de CC para CA.

Com relação aos parâmetros econômicos, observou-se que a tarifa de energia é o fator
que mais influenciou os resultados. Sabe-se que em tempos de crise hídrica no Brasil, é
necessário o acionamento de energia por termelétricas, o que faz com que a tarifa de energia
elétrica aumente de valor. Neste cenário a utilização de sistemas solares como proposto neste
estudo aumentam significativamente o benefício do projeto.

Os parâmetros de taxa de juros e custo do investimento não apresentaram alterações


consideráveis no benefício, no entanto salienta-se que os impostos inclusos no valor dos
equipamentos, taxas de importação e até mesmo a taxa de juros que é aplicada no ciclo de vida
de desenvolvimento dos produtos podem interferir no custo final de maneira a poder alterar o
benefício em estudos mais específicos.

De um modo geral, nas atuais condições fiscais e econômicas apresentadas, bem como
nas condições físicas discutidas, temos que o projeto proposto não deve ser considerado como
forma de reabilitação ideal por não cumprir seus dois principais objetivos:

a. A reabilitação de área degradada: uma vez que a parcelada de área passível de


reabilitação, diante da parcela de área degradada em cada uma das minas, não
justifica tal escolha de alternativa de reabilitação;
b. Diversificação da matriz energética: apesar de os sistemas gerarem energia
elétrica pela fonte solar, empresas privadas tendem a investir em projetos que
tragam retornos financeiros consideráveis com pequenos riscos de investimento,
o que podemos observar que não aconteceu nestes sistemas. A geração de energia
por fonte fotovoltaica nestas condições para estas áreas não se apresenta ainda
como um bom investimento.

Assim, conclui-se que devem ser continuamente estudadas opções tanto para a
recuperação por áreas degradadas por mineração, quanto opções para a diversificação da matriz
energética, pois são dois gargalos delicados para o Brasil. Os incentivos fiscais, atrelados a
novas pesquisas podem vir a futuramente tornar economicamente e ambientalmente viável a
instalação deste projeto, mas no cenário atual observa-se que o investimento é inviável e não
tem potencial para cumprir seus objetivos.
91

Sugestões para trabalhos futuros

Este trabalho buscou avaliar a viabilidade da implantação de um projeto que utilizaria a


instalação de usina solar fotovoltaica como ferramenta de reabilitação de área degradada por
mineração. Constatando-se que nas condições atuais a implantação do sistema se mostra como
inviável, acredita-se que o contínuo estudo sobre as problemáticas em questão, podem vir a
trazer bons resultados posteriormente, principalmente por tratar-se de um estudo novo.

Acredita-se que os seguintes pontos podem ser interessantes de serem explorados:

 Busca por tecnologias aplicáveis em áreas com declive mais acentuado, como
placas solares móveis, que recebem uma maior quantidade de radiação direta e
possuem menores perdas, onde seria possível ter um maior aproveitamento da
área degradada e a proposta ser válida como alternativa de reabilitação de área
minerada.
 Análise sobre a possibilidade de tratamento dos terrenos, afim de amenizar a
declividade local e propiciar um maior aproveitamento da área.
 Análise da viabilidade de implantação de outros sistemas de recuperação de área
degradada para as áreas mineradas em questão, como aterros sanitários,
loteamentos, áreas de lazer ou a instalação de algum outro tipo de
empreendimento.
 Pesquisas relacionadas ao encarecimento das tecnologias importadas devido aos
elevados impostos aplicados nas tecnologias. Além da possibilidade estudo
sobre um aumento no incentivo de fabricação nacional das peças de energia solar
fotovoltaica, afim de criar novos nichos de mercado e diminuir os custos fiscais
que são aplicados à importação das tecnologias.
 Realização de um estudo sobre os impactos ambientais reais das áreas
mineradas, afim de intensificar os questionamentos acerca da importância do
planejamento do fechamento de mina.

Considerando-se que o estudo em questão é uma proposta atual para o munícipio de


Itabira, espera-se que este trabalho contribua de alguma forma com as análises do projeto e que
tenha ficado clara a necessidade de continuar estudando as alternativas para resolução dos
problemas relacionados à mineração, a matriz energética e também à importância dos
incentivos fiscais no desenvolvimento do país.
92

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