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sempenhado o papel de manutenção de seus cos da TCC e obter uma percepção de realiza- ção
sintomas de pânico. ao utilizá-los.
Ao planejar intervenções para sintomas de Às vezes, os pacientes preferem começar atacando
ansiedade é preciso levar em consideração as seu problema mais desafiador por este ser
contingências ambientais. Se não for con- vitalmente importante para eles ou por- que as
siderada toda a gama de reforçadores da an- pressões do meio estão exercendo algu- ma pressão
siedade, seu trabalho em ajudar o paciente a (p. ex., ansiedade em relação a uma entrevista de
conseguir ficar mais livre do medo pode emprego quando o paciente está desempregado e
facilmente ser frustrado por quase sem dinheiro). Se, em seu julgamento, o
comportamentos sutis de segurança que lhe paciente precisará de mais alguma experiência
escapam ou por um membro bem- antes de conseguir abor- dar de maneira eficaz a
intencionado da família que re- força a situação, você pode dividir o problema global em
evitação como uma estratégia de en- partes menores. De uma maneira semelhante à
frentamento. abordagem do planejamento de tarefas graduais
descrita no Capítulo 6, estabeleça como objetivo
uma de- terminada parte do problema para atenção
Passo 2: Identificação ime- diata. Seja começando por atacar a situação
de alvos para intervenção mais difícil ou por facilitar o caminho para a
terapia de exposição de uma maneira gradual, o
Não é raro que um indivíduo tenha múl- treinamento das habilidades básicas descri- to a
tiplas manifestações de ansiedade. Gina, a pa- seguir poderá dar aos pacientes ferramen- tas para
ciente das vinhetas em vídeo, tinha medo de superar sua ansiedade.
dirigir, de estar em elevadores ou no meio da
multidão, de ser avaliada socialmente e de ter
mais ataques de pânico. Como demonstrado Passo 3: Treinamento de habilidades básicas
nos vídeos 1 e 2, o que freqüentemente fun-
ciona melhor é começar trabalhando um sin- Várias habilidades básicas da TCC podem ajudar os
toma ou meta que seja mais facilmente reali- pacientes com transtornos de ansie- dade a se
zável, de modo que o paciente possa construir envolverem com sucesso em interven- ções baseadas
confiança ao obter sucesso logo de início. na exposição. Detalhamos a se- guir cinco desses
Além disso, o que foi aprendido com as métodos: treinamento de rela- xamento, parada de
experiências no manejo de uma situação pensamentos, distração, des- catastrofização e
temida freqüente- mente pode ser retreinamento da respiração.
generalizado para usar estra- tégias eficazes
de enfrentamento para outras ansiedades.
Quando o Dr. Wright pediu a Gina para Treinamento de relaxamento
priorizar seus alvos para superar a ansiedade,
ela decidiu adiar seu maior medo, o de dirigir, O objetivo do treinamento de relaxamen- to é
até que pudesse fazer algum progresso na re- ajudar os pacientes a aprenderem a atin- gir uma
dução da ansiedade em relação a ir ao refeitó- resposta de relaxamento – um estado de calma
rio onde ela trabalhava. Seu medo de comer mental e física. O relaxamento mus- cular é um dos
em um refeitório cheio se originava de uma principais mecanismos para atingir a resposta de
noção irracional de que ela se humilharia dei- relaxamento. Ensina-se aos pacientes a liberar
xando a bandeja cair, quebrando os pratos e sistematicamente a ten- são em grupos musculares
fazendo com que as pessoas olhassem para por todo o corpo. À medida que a tensão muscular
ela e rissem. Embora o problema de ir ao diminui, o sen- timento subjetivo de ansiedade
refeitó- rio fosse modesto em comparação normalmente
com sua ansiedade em relação a dirigir, foi
uma boa oportunidade para aprender os
métodos bási-
Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental 127
vos no TOC (Abramowitz et al., 2003; Rassin e Aplique os métodos de reestruturação cognitiva
Diepstraten, 2003). do Capítulo 5, “Trabalhando com pensamentos
automáticos”, se necessário.
4. Avalie a percepção do controle, pedindo aos
Descatastrofização pacientes para classificarem até que ponto acreditam
ter controle sobre a ocorrência ou o resultado do
Os princípios gerais para o uso de méto- dos de evento. Utilize uma escala de 0% (sem controle) e
descatastrofização são explicados no Capítulo 100% (controle total). Anote esse valor para revisão
5 e estão ilustrados no vídeo 2. Essa vinheta futura.
mostra o Dr. Wright trabalhando com Gina para 5. Crie um plano de ação, fazendo um brain-
revisar seus pensamentos automáti- cos sobre os storm das estratégias para redução da pro-
desastres que a paciente prevê que acontecerão, babilidade de que a catástrofe ocorra. Peça ao
se ela enfrentar a multidão no re- feitório. Se as paciente para colocar no papel as ações que
técnicas usadas nesse exemplo não estiverem poderia realizar para melhorar ou evi- tar o
frescas em sua memória, pode ser útil rever o resultado temido.
vídeo 2 para aprender os méto- dos de 6. Desenvolva um plano para enfrentar a ca-
reestruturação cognitiva para pessoas com tástrofe, caso esta ocorra.
transtornos de ansiedade. Além disso, as- sistir o 7. Reavalie a percepção da probabilidade do
vídeo 2 pode trazer informações básicas úteis resultado catastrófico, bem como o grau de
para entender os métodos demonstrados nos percepção do controle sobre o resulta- do final.
outros vídeos que acompanham este capí- tulo. Compare essa avaliação com as avaliações
Aqui estão alguns procedimentos que po- dem originais e discuta quaisquer di- ferenças.
ser usados para ajudar os pacientes a re- duzirem 8. Faça uma análise, perguntando ao pacien- te
suas previsões catastróficas: como foi falar sobre seus pensamentos
catastróficos dessa maneira. Reforce o va- lor da
descatastrofização como parte do plano de
1. Faça uma estimativa da probabilidade
tratamento.
de ocorrer um resultado catastrófico, pedin- do
aos pacientes para classificarem sua crença em
uma escala de 0% (totalmente improvável) a
100% (certeza absoluta). Anote as respostas Retreinamento da respiração
para avaliações futu- ras dos resultados.
2. Avalie as evidências a favor e contra a O retreinamento da respiração geralmen- te é
pro- babilidade de acontecer um evento catas- utilizado no tratamento do transtorno de pânico,
trófico. Monitore a ocorrência de erros pois a hiperventilação é um sintoma freqüente
cognitivos dos pacienets e utilize o questio- dos ataques de pânico. A estratégia mais
namento socrático para ajudá-los a discri- freqüentemente usada para o retreina- mento da
minarem entre temores e fatos. respiração para ataques de pânico começa por
3. Revise a lista de evidências e peça aos pedir ao paciente para aumentar o ritmo da
pa- cientes para refazerem as estimativas da respiração, antes de reduzi-lo. O pa- ciente pode
probabilidade de ocorrer uma catástrofe. ser instruído a respirar rapida e profundamente
Normalmente, deve haver uma queda do va- lor por um curto espaço de tem- po (máximo de um
original no passo 1. Se a estimativa de minuto e meio) para re- produzir a respiração na
probabilidade aumentar (e a preocupação se vivência de um ata- que de pânico. O próximo
tornar mais crível), indague sobre as evi- dências, passo é pedir ao pa- ciente para tentar respirar
no passo 2, que fizeram com que o resultado lentamente até re- cobrar o controle normal sobre
temido parecesse mais provável. sua respiração.
130 Jesse H. Wright, Monica R. Basco & Michael E. Thase
Ela estava passando por altos graus de ansie- podia prever uma atividade de exposição que
dade e ataques de pânico associados a seu estivesse “acima de todas” – uma atividade que
medo de estar rodeada por outras pessoas e se causaria tanta ansiedade que uma classifica- ção
constranger. Durante a sessão, o Dr. Wright e de 100 na hierarquia atual seria baixa para
Gina começaram a desenvolver a hierarquia ge- descrever a intensidade da experiência. Depois de
rando sete itens e observando se seu grau de pensar por um momento, Gina respondeu que
ansiedade era influenciado por fatores como deixar a bandeja cair de propósito provo- caria
horário do dia que ia ao refeitório, o número de tanta ansiedade que ela precisaria clas- sificá-la
pessoas que encontrava lá, o tipo de pratos com com aproximadamente 125 em uma escala de 0 a
que se servia (i.e., de papel ou de porcela- na) e 100. O Dr. Wright sugerira ante- riormente que
se uma amiga a acompanhava ou não. Depois ela poderia considerar confron- tar seu maior
de listarem e classificarem os sete itens pelo medo a fim de melhorar o con- trole de sua
grau de ansiedade, o Dr. Wright pediu a Gina ansiedade (ver vídeo 2). A estra- tégia de pedir
para completar toda uma hierarquia com 10 a aos pacientes para gerarem idéias para atividades
12 itens como tarefa de casa. que justificariam as classifica- ções de ansiedade
acima do máximo pode ter vários benefícios:
3. os itens acima do máximo podem acabar Donald: Vamos tentar aquela de dirigir até o posto de
sendo adicionados à lista de atividades de gasolina.
exposição e, assim, auxiliarem o paciente a Terapeuta: Tudo bem. Tente se imaginar entrando no
carro e saindo da garagem. O que você está vendo, como
confrontar totalmente os estímulos temidos.
está se sentin- do, o que está pensando?
Donald: Estou segurando a direção com tanta força que
meus dedos estão ficando brancos. Estou pensando que
EXPOSIÇÃO NO IMAGINÁRIO não consi- go lidar com isso... vou pirar... vou perder o
controle... ou alguém vai virar a es- quina a toda
Há dois tipos de exposição, exposição no velocidade e bater em mim.
imaginário e in vivo. Quando é utilizada a ge- Terapeuta: Agora, tente verificar as previsões. Até que
ração de imagens mentais para a exposição gra- ponto elas estão corretas?
dual, o terapeuta pede ao paciente para tentar Donald: Há poucas chances de algo assim acon- tecer.
entrar na cena e imaginar como ele poderia Só estou abalado por causa do aci- dente.
reagir. São usados gatilhos para ajudar o pa- Terapeuta: O que você pode fazer para se acalmar e
ciente a vivenciar os estímulos relacionados continuar a caminho do posto de ga- solina?
Donald: Respirar fundo, dizer a mim mesmo para parar
à ansiedade da maneira mais vívida possível.
de ter pensamentos assus- tadores, lembrar a mim
A técnica de exposição a imagens mentais foi mesmo que sei dirigir e que as chances de acontecer
apli- cada em uma sessão de terapia para outro acidente são poucas.
ajudar Donald, um homem que desenvolvera Terapeuta: Você consegue continuar dirigindo?
trans- torno de estresse pós-traumático após Você consegue chegar à rua?
um aci- dente de carro. Donald: Sim, eu quero fazer isso.
quia in vivo).
134 Jesse H. Wright, Monica R. Basco & Michael E. Thase
A maioria das aplicações da exposição in tes a interromper comportamentos que este- jam
vivo é realizada como tarefa de casa, sem a perpetuando seu transtorno. Na TCC para
presença do terapeuta. Para implementar esse transtornos de ansiedade, a exposição e a pre-
tipo de exposição in vivo de maneira eficaz, venção de resposta são normalmente aplica- das
é preciso envolver o paciente em um juntas. Os pacientes são encorajados a se exporem
processo de exposição hierárquica, às situações temidas, ao mesmo tem- po
começando pela ex- posição a estímulos concordando em não utilizar sua resposta habitual
classificados com graus baixos de de evitação. Por exemplo, as interven- ções de
dificuldade ou ansiedade e progre- dir até a prevenção de resposta no tratamento de TOC
situação mais ameaçadora. O pacien- te deve podem ser tão simples quanto sair do ambiente
avaliar seu grau de ansiedade antes e depois onde um ritual compulsivo ocorre (p. ex., se afastar
do exercício de exposição e manter um da pia depois de lavar as mãos uma vez) ou aceitar
registro da quantidade de redução de ansie- participar em um com- portamento alternativo.
dade alcançada. Cada experimento subse- Para comportamentos de checagem, a pessoa pode
qüente deve ter como objetivo reduzir um concordar em sair de casa depois da primeira
pouco mais a ansiedade, até que a situação checagem e não voltar durante um período
não evoque mais o medo. Para agregar valor específico, apesar de sentir a premência de fazê-
a essa intervenção, peça ao paciente para fa- lo. Os métodos de prevenção de resposta
zer uma previsão do grau de ameaça que a geralmente funcio- nam melhor se forem
exposição terá e até que ponto ele acha que determinados de manei- ra colaborativa, em vez de
conseguirá lidar bem com ela. Estruture a ser uma prescrição do terapeuta. Paciente e terapeuta
exposição como um experimento para testar decidem jun- tos sobre os objetivos específicos
essas previsões. para a pre- venção de resposta e, então, o paciente se
Após prescrever a exposição in vivo como enga- ja para seguir o plano.
tarefa de casa, será preciso revisar a tarefa
com o paciente na próxima sessão. Peça-lhe
para comparar suas previsões com o resulta- RECOMPENSAS
do real. Se a situação tiver sido menos amea-
çadora e melhor controlada do que o previs- O reforço positivo aumenta as chances de que o
to, pergunte-lhe o que acha que isso significa comportamento recompensado ocorra novamente.
em relação a esforços futuros para enfrentar Portanto, ao desenvolver o traba- lho de exposição,
sua ansiedade. Se o paciente achar que a si- pode ser útil considerar o papel do reforço positivo
tuação foi mais difícil do que o previsto ou ao incentivar compor- tamentos adaptativos, como
que lidou com ela pior do que esperava, tor- se aproximar de situações temidas. Parentes e
ne a próxima etapa mais fácil de realizar ou amigos podem elogiar o paciente e dar
revise os métodos utilizados para controlar o recompensas ou incen- tivos pela realização dos
medo. Se o mais difícil foi aplicar as estraté- objetivos da exposi- ção. Por exemplo, eles podem
gias de enfrentamento, pratique-as na levar o paciente para jantar fora para comemorar a
sessão. Se obstáculos imprevistos tornaram conquista de um importante marco no processo de
a situa- ção mais complexa, procure ajudar o expo- sição. Os pacientes também podem
pacien- te a encontrar uma maneira de recompen- sar a si mesmos por suas realizações no
superar esses problemas. com- bate ao medo. As recompensas podem ser
qual- quer coisa que os pacientes achem prazeroso
ou positivo. O tamanho da recompensa deve estar
PREVENÇÃO DE RESPOSTA de acordo com o tamanho da realização.
Recompensas menores, como comidas (p. ex., sua capacidade de mudar, mas que os desafie e
tomar o sorvete preferido), podem ser empre- inspire a romper padrões de evitação e supe- rar
gadas para etapas iniciais ou intermediárias de seus medos.
enfrentar o medo. Recompensas maiores (p.
ex., comprar algo especial, fazer uma viagem)
podem ser planejadas por vencer obstáculos
• Exercício 7.3 : Terapia de exposição
mais difíceis.
1. Peça a um colega que faça o papel de um pacien- te
com transtorno de ansiedade ou faça esse exer- cício com
DANDO O RITMO DA TERAPIA DE EXPOSIÇÃO um de seus pacientes.
2. Usando as dicas na Tabela 7.2, coloque no papel
Pesquisas sobre a TCC para transtornos do uma hierarquia para exposição a uma situação temida
pânico, fobia social e TOC têm demonstra- do específica.
reduções substanciais nos sintomas com 3. Identifique pelo menos oito etapas diferentes,
protocolos de tratamento relativamente bre- variando em graus de dificuldade desde baixo até alto.
4. Escolha um alvo inicial para a terapia de expo-
ves (i.e., 12 a 16 sessões; Barlow et al., 2000;
sição.
Clark, 1997; Foa et al., 2005). Mas o número 5. Utilize a exposição no imaginário para ajudar a
de sessões necessárias para o tratamento efi- preparar a pessoa para a exposição in vivo.
caz pode variar desde uma única visita para 6. Procure identificar problemas em potencial para
fobias simples até protocolos mais extensos colocar em prática os planos de exposição e oriente a
para pessoas com TOC refratário (Öst et al., pessoa nos métodos de superação des- sas dificuldades.
2001; Salkovskis, 2000). Ao tomar decisões 7. Continue praticando os métodos de terapia de
exposição até que tenha dominado essa técnica
sobre o ritmo da terapia de exposição, leve em
comportamental fundamental.
conta o diagnóstico, a presença ou ausência de
condições comórbidas (p. ex., outros trans-
tornos de ansiedade, depressão, abuso de subs-
É utilizado um processo de quatro etapas como modelo geral para intervenções com-
portamentais para transtornos de ansiedade:
Esses métodos são praticados primeiro nas sessões de terapia e depois são aplicados como tarefas
de casa para extrapolar os ganhos do tratamento para a vida diária do paciente.