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CONSTITUICAO DE 21 DE AGOSTO DE 1911 A Assembleia Nacional Constituinte, tendo sancionado, por unanimidade, na sessiv de 19 de Junho de 1911, a Revolugdo de 5 de Outubro de 1910, ¢ afirmando a sua confianga inquebrantavel nos superiores destinos da Patria, dentro de um regime de liberdade ¢ justica, estatui, decreta ¢ promulga, em nome da Nagio, a seguinte Constituigio Politica da Repiblica Portuguesa: TITULO I DA FORMA DO GOVERNO E DO TERRITORIO DA NACGAO PORTUGUESA ARTIGO 1° A Nagiio Portuguesa, organizada em Estado Unitirio, adopta como forma de governo a Republica, nos termos desta Constituigao. ARTIGO 2° O territério da Nag&io Portuguesa é 0 existente a data da pro- clamagdo da Republica. § tnico — A Nagao nio renuncia aos direitos que tenha ou possa vir a ter sobre outro qualquer territério. TITULO IL DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS ARTIGO 3.° A Constituigdo garante a portugueses e estrangeiros residentes no pais a inviolabilidade dos direitos concernentes 4 liberdade, A seguranga individual e & propriedade, nos termos seguintes: 1.© ~ Ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude da Ici: 2.9—A lei é igual para todos, mas sé obriga aquela que for promulgada nos termos desta Constituicio; 3.°— A Repablica Portuguesa ndo admite privilégio de nasci- mento, nem foros de nobreza, extingue os titulos nobiliérquicos ¢ de conselho ¢ bem assim as ordens honorificas, com todas as suas prer- rogativas ¢ regalias. Os efeitos civicos e os actos militares podem ser galardoados com diplomas especiais. Nenhum cidadéo portugués pode aceitar condecoragdes estrangeiras; 4.°-— A liberdade de consciéncia ¢ de crenga é inviolavel; 5. — O Estado reconheve a igualdade politica ¢ civil de todos os cultos ¢ garante o seu exercicio nos limites compativeis com a ordem publica, as leis e os bons costumes, desde que nao ofendam os principios do direito publico portugues; 6.°— Ninguém pode ser perseguido por motivo de religifio, nem perguntado por autoridade alguma acerca da que professa; 7.° — Ninguém pode, por motivo de opinido religiosa, ser pri- vade dum direito ou isentar:se do cumprimento de qualquer dever civie 8.° —E livre o culto piblico de qualquer religiio nas casas para isso escolhidas ou destinadas pelos respectivos crentes, ¢ que poderio sempre tomar forma exterior de templo; mas, no interesse da ordem publica ¢ da liberdade ¢ seguranga dos cidadaos, uma lei especial fixard as condigdes do seu exercicio; 9.°— Os cemitérios ptblicos terao cardcter secular, ficando livre a todos os cultos religiosos a pratica dos respectivos ritos, desde que ndo ofendam a moral piblica, os principios do direito ptiblico portugues e a lei; 10.° — O ensino ministrado nos estabelecimentos publicos ¢ particulares fiscalizados pelo Estado sera neutro em matéria religiosa; 11.9 — O ensino primario elementar sera obrigatério e gratuito; 12.9 — f mantida a legislagdo em vigor que extinguiu ¢ dissol- yeu em Portugal a Companhia de Jesus, as sociedades nela filiadas, qualquer que seja a sua denominagao, c todas as congregacées reli- giosas e ordens monisticas, que jamais serfio admitidas em territé- rio portugués; : 13.° — A expresso do pensamento, seja qual for a sua forma, é completamente livre, sem dependéncia de caugHo, ccnsura ou autorizagdo prévia, mas o abuso deste direito é punivel nos casos ¢ pela forma que a lei determinar; 14.° — O dircito de reunidio ¢ associagao é livre. Leis especiais determinar&io a forma e condigées do seu exercic 15.° —E garantida a inviolabidade do domicilio, De noite ¢ sem conscntimento do cidadao, 86 se podera entrar na casa deste a reclamagio feita de dentro, ou para acudir a vitimas de crimes ou desastres; de dia, s6 nos casos e pela forma que a lei determinar; 16.° — Ninguém podera ser preso sem culpa formada a nao ser nos casos da flagrante delito e nos seguintes: alta traigdo, falsifica~ cio de moeda, de notas de bancos ¢ titulos da divida piblica portu- guesa, homicidio voluntario, furto doméstico, raubo, faléncia frandulenta ¢ fogo posto:

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