Professional Documents
Culture Documents
São Luís
2008
0
São Luís
2008
1
CDU: 378
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Jorge Washington Silva dos Santos (Orientador)
Faculdades Integradas de Jacarepaguá
__________________________________________________
1º Examinador
Faculdades Integradas de Jacarepaguá
__________________________________________________
2º Examinador
Faculdades Integradas de Jacarepaguá
3
"Conhecimento é poder."
Francis Bacon
RESUMO
6
ABSTRACT
7
The corporative education as tool to refine the competence of the enterprise and human’s
ability. Emphasize that many firms have corporate university, that link apprenticeship at
purpose of the organization. On the education by distance, student and teacher are separate
in time and/or in the space. Verify the efficiency of the education by distance as an
instrument of the corporative education on the Universidade Corporativa Banco do Brasil.
Show a bibliographical revision about corporative education, corporative university and
the education by distance, as well as research about Universidade Corporativa Banco do
Brasil and about education by distance practiced by the same. Conclude that corporative
education practiced on the Banco do Brasil is in tune with the principles defined for the
consulted authors. Suggest that in a process of continuous improvement, the Universidade
Corporativa Banco do Brasil search resources on market to become self-maintain.
BB – Banco do Brasil
DESED – Departamento de Seleção e Desenvolvimento do Pessoal
EAD – Ensino à distância
FBB – Fundação Banco do Brasil
FDC – Fundação Dom Cabral
FEA – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
FGV – Fundação Getúlio Vargas
FIA – Fundação Instituto de Administração
FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
GDP – Gestão de Desempenho de Pessoas por Competências
GEPES – Gestão de Pessoas
MBA – Master Bussiness Administration
MDIC – Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
PUC (RJ) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
SIAP – Sistema Integrado de Avaliação de Programas de Treinamento e Desenvolvimento
SUMOC – Superintendência da Moeda e do Crédito
TAO – Banco de Talentos e Oportunidades
TBC – Treinamento baseado em computador
T&D – Treinamento e Desenvolvimento
TVBB – Televisão Corporativa Banco do Brasil
UC – Universidade Corporativa
UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
UniBB – Universidade Corporativa Banco do Brasil
USP – Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
9
1 INTRODUÇÃO …...............…………………………………………………. 11
2 OBJETIVOS...................................................................................................... 17
2.1 Objetivo Geral................................................................................................... 17
2.2 Objetivos específicos......................................................................................... 17
3 JUSTIFICATIVA............................................................................................. 18
4 METODOLOGIA............................................................................................. 21
5 EDUCAÇÃO CORPORATIVA...................................................................... 23
5.1 Implantação e desenvolvimento da educação corporativa............................ 24
5.2 Educação Corporativa no Brasil..................................................................... 27
6 UNIVERSIDADE CORPORATIVA.............................................................. 34
6.1 Surgimento das universidades corporativas................................................... 35
6.2 Missão, objetivos e princípios das universidades corporativas.................... 36
6.3 Implantação, desafios e resultados das universidades corporativas............ 38
7 EDUCAÇÃO CORPORATIVA À DISTÂNCIA........................................... 45
7.1 Escolha dos meios para ensino corporativo à distância................................ 46
7.2 Vantagens do ensino corporativo à distância................................................. 51
7.3 Aspectos vulneráveis do ensino corporativo à distância............................... 53
8 UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL........................ 54
8.1 Banco do Brasil S.A.......................................................................................... 54
8.1.1 Missão do Banco do Brasil............................................................................... 56
8.1.2 Crenças do Banco do Brasil............................................................................. 57
8.1.3 Visão de futuro do Banco do Brasil................................................................. 57
8.2 Educação corporativa no Banco do Brasil..................................................... 57
8.3 Estrutura e funcionamento da Universidade Corporativa Banco do
Brasil.................................................................................................................. 59
8.3.1 Estratégia educacional da UniBB.................................................................... 61
8.3.2 Programas de formação e de capacitação profissional da UniBB................ 62
8.3.3 Participação nos programas da UniBB e parcerias....................................... 65
9 O PORTAL DA UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO
BRASIL............................................................................................................ 67
9.1 Cursos............................................................................................................... 68
9.2 Sua Carreira.................................................................................................... 68
9.3 Ferramentas Gerenciais.................................................................................. 69
9.4 Biblioteca.......................................................................................................... 70
9.5 Educação Corporativa.................................................................................... 70
9.6 Educadores Corporativos............................................................................... 71
9.7 Farol Gerencial................................................................................................ 72
9.8 Na Rede............................................................................................................ 72
9.9 Orientação Profissional................................................................................... 72
9.10 Profissionalização............................................................................................ 72
9.11 Trilhas............................................................................................................... 73
9.12 Gestão de Pessoas............................................................................................ 73
10 O ENSINO À DISTÂNCIA NA UNIVERSIDADE CORPORATIVA
BANCO DO BRASIL...................................................................................... 74
10.1 Análise da Educação Corporativa do Banco do Brasil................................ 74
10
1 INTRODUÇÃO
O conhecimento é o ativo mais valioso que uma empresa pode ter, constituindo-se
em uma vantagem competitiva sustentável. Mas, como ensina Graciotti (2005), informação
não é igual a conhecimento. O autor explica que conhecimento é a seleção, interpretação e
utilização prática das informações.
Na obra de Mundim e Ricardo (2004, p. 45) lê-se que a partir do final do século XX
houve a gradual modificação de uma sociedade industrial para uma sociedade voltada para
o conhecimento. Isso fez com que a gestão de conhecimento se convertesse em área de
importância estratégica nas organizações. Mas, ao contrário dos ativos físicos, o valor do
capital intelectual aumenta com o uso.
Houve um tempo em que a vida de um profissional era dividida em dois períodos: o
da escola e o do trabalho. Hoje os trabalhadores precisam construir seu conhecimento por
11
toda a vida, o que leva trabalho e aprendizagem a se sobreporem em setores tão distintos
quanto saúde, telecomunicações e serviços bancários (MEISTER, 1999, p. 11).
Eboli (2004, p. 46) afirma que, na medida em que compreendem a relevância do
conhecimento para sua manutenção e desenvolvimento, as empresas começam a investir na
educação corporativa, cujo principal foco é integrar o desenvolvimento das pessoas com as
estratégias do negócio.
Assim, para se adaptarem a essa nova realidade, as empresas de alta performance
buscam a via da educação corporativa, a qual capacita os funcionários com foco na
estratégia empresarial (BENETTI et al., 2006).
Em decorrência dessa nova percepção, surgem as universidades corporativas, com a
missão de formar e desenvolver competências na gestão empresarial e com o principal
objetivo de aprimorar habilidades humanas e empresariais fundamentais para a realização
das estratégias de negócios (EBOLI, 2004, p. 46).
Portanto, observa Meister (1999, p. 19), muitas empresas norte-americanas
lançaram universidades corporativas para conquistarem vantagem competitiva no mercado
global. Tais empresas, explica a mesma autora, têm a meta de desenvolverem uma infra-
estrutura que garanta o aprendizado contínuo e um desempenho excepcional.
Isso resulta, entre outros fatores, da evolução da administração taylorista-fordista
para a gestão flexível, onde se elimina a divisão rígida entre trabalho manual e mental,
passando-se para a exigência, em todos os níveis organizacionais, de pessoas capazes de
pensar, de decidir e de executar de modo simultâneo (EBOLI, 2004, p. 46).
Uma das conseqüências desse processo, como aponta Eboli (2004, p. 47), foi a
migração da simples idéia do treinamento e desenvolvimento tradicional para a educação
corporativa como um pilar da gestão empresarial bem sucedida, com destaque para as
universidades corporativas.
Citando Meister, Eboli (2004, p. 45-46) apresenta as forças que sustentaram o
aparecimento das universidades corporativas no século XX: organizações flexíveis,
caracterizadas pelo dinamismo e ausência de hierarquia rígida; era do conhecimento,
considerado como base para formação de riqueza; rápida obsolescência do conhecimento,
associado ao sentido de urgência; empregabilidade, com profissionais preparados para o
mercado e não para uma única empresa; e educação para a estratégia global, mediante a
formação de pessoas com visão global e internacional dos negócios.
Para Meister (1999, p. 22), embora as universidades corporativas tenham muitos
elementos de uma universidade tradicional, elas são muito mais do que a reunião do
12
2 OBJETIVOS
3 JUSTIFICATIVA
Tal realidade exige um sistema que permita o desenvolvimento da pessoa para agir
no inédito, com habilidade de relacionamento, de interação e de transferência de
conhecimento. Ou seja, colaboradores capazes de agirem como prestadores de serviços e
que reconheçam o cliente como ator principal (MUNDIM; RICARDO, 2004, p. 49).
Ainda na obra de Mundim e Ricardo (2004, p. 96) lê-se que se não houver uma
estratégia de educação corporativa definida, as empresas investirão tempo e dinheiro em
programas que prometem a solução para todos os problemas de aprendizagem nas
organizações, mas que serão vistos pelos empregados como “modismos” sem maior
relevância. Disso resulta o fracasso de muitos projetos do gênero, com desperdício de
trabalho e de dinheiro.
A educação corporativa precisa substituir gradualmente o mero treinamento e
desenvolvimento (T&D) pelo aperfeiçoamento integral do indivíduo, de forma contínua. A
educação corporativa deve impulsionar o compromisso e o envolvimento de todos os
elementos da equipe, através de significados e perspectivas compartilhados (MUNDIM;
RICARDO, 2004, p. 99). Esse é um dos fatores que torna a análise desse assunto relevante,
pois é necessário superar a noção de educação corporativa como conjunto de cursos
empresariais sem relação com resultados organizacionais.
E uma valiosa estratégia para a eficácia da educação empresarial são as
universidades corporativas. De acordo com Eboli (2004) as organizações brasileiras já
começaram a perceber a necessidade de repensar seus centros de T&D, substituindo-os por
universidades corporativas, sistemas de desenvolvimento fundados na gestão de pessoas
por competências.
Mas esse tema ainda é recente no mercado nacional e trabalhos acadêmicos que
contribuam com o esclarecimento do mesmo são cada vez mais necessários. Meister (1999,
p. 1) ressalta a importância de se compreender as forças que sustentam o fenômeno das
universidades corporativas como instrumento de transformação cultural.
Verifica-se a mudança de paradigma na qual o foco do treinamento sai do
funcionário isoladamente e vai para a capacidade de aprendizagem da organização, por
meio de equipes de trabalho e comunidade de estudantes. O resultado almejado não é mais
a conclusão de um curso formal, mas o desenvolvimento da capacidade de aprender e de
aprender fazendo (MEISTER, 1999, p. 23).
Segundo Meister (1999, p. 23), com as universidades corporativas, as empresas
reestruturam seus ambientes de aprendizagem, tornando-os estratégicos, pró-ativos,
19
4 METODOLOGIA
5 EDUCAÇÃO CORPORATIVA
Desse modo, não se treina mais o colaborador apenas para que ele opere um
determinado equipamento, mas para que ele entenda o porquê de operar o equipamento,
como e para quê. Por isso é necessário que a dinâmica de aprendizado seja constante e que
haja visão compartilhada, uma vez que a educação corporativa impulsiona o compromisso
e o envolvimento de todos os elementos das equipes (MUNDIM; RICARDO, 2004, p. 99).
Ainda de acordo com Mundim e Ricardo (2004, p. 101) a organização que aprende
tem integridade, valores e visão, além de privilegiar o diálogo e estimular o pensamento
sistêmico. Assim, a educação corporativa é estratégica para a formação do capital
intelectual, pois estimula princípios, estabelece diretrizes e media a troca de conhecimentos
entre pessoas, unidades, fornecedores, clientes e parceiros.
Eboli (2004, p. 46-48) define que o objetivo da educação corporativa é aumentar a
competitividade e o valor mercadológico da empresa através do desenvolvimento das
pessoas. Ela afirma que, para isso, deve-se estimular e potencializar a inteligência
empresarial, através da instalação da mentalidade e da atitude de aprendizagem contínua
em todos os níveis organizacionais: estratégico, tático e operacional.
Embora esteja cada vez mais clara a importância de uma estratégia de educação
corporativa, ainda existem resistências e ceticismo em relação aos projetos, métodos e
resultados obtidos, segundo Mundim e Ricardo (2004, p. 103). Na maioria das
organizações os programas de educação corporativa ainda não estão integrados à estratégia
empresarial.
Manciola (2007) esclarece que a capacitação oferecida pela educação corporativa
precisa abranger as habilidades técnicas e humanas, através da educação permanente,
holística e geradora de empresas e pessoas comprometidas, capazes de entender a
realidade, desenvolvê-la e alterá-la continuamente em busca do sucesso.
A mesma autora, em suas pesquisas, identificou que a educação corporativa é
definida como ferramenta para aprimorar as competências empresariais e humanas por
meio de práticas educacionais contínuas que privilegiem a gestão do conhecimento.
Eboli (2004, p. 251-252) observa que o principal foco da educação corporativa é
vincular o desenvolvimento das pessoas com as estratégias de negócios. A estudiosa
verifica ainda que as empresas que implantam a educação continuada têm maior índice de
retenção de talentos.
mesmos serão detalhados a seguir, com base no livro de Mundim e Ricardo (2004, p. 106-
108).
A educação organizacional contribui para a sustentação da empresa por meio do
aprimoramento da cultura de inovação e do desenvolvimento e retenção do capital
intelectual. Algumas ações para esse princípio: inclusão da educação como item de
desempenho para o gestor e incentivo à busca de soluções inovadoras.
Além disso, a educação corporativa deve focar na aprendizagem contínua, com
estreito vínculo entre o conhecimento e a prática do trabalhador. Um exemplo de ação para
isso é a capacitação de um facilitador de aprendizagem alocado em cada unidade da
empresa.
Outro aspecto relevante sobre o tema é que os gestores e os demais funcionários são
co-responsáveis pela efetividade dos programas educacionais, ou seja, a responsabilidade
pela educação é compartilhada. Isso demanda forte valorização da liderança educadora e
do esforço individual de auto-desenvolvimento.
Deve-se estar atento também ao aumento da diversidade nas empresas. Por isso, a
estratégia educacional tem que considerar o respeito às diferenças pessoais e profissionais,
adaptando-se a multiplicidade de estilos de aprendizagem, utilizando-se, por exemplo,
mídias diversas nas soluções de educação.
É imprescindível também a democratização do acesso às oportunidades, com
medidas que vão desde as condições físicas e psicológicas de aprendizagem até a
organização do tempo de cada atividade para que haja espaço para educação. Uma
alternativa para a realização desse princípio é a criação de ambientes virtuais de ensino.
Mas o sucesso de um programa de educação corporativa depende também da
definição das competências que se deseja desenvolver no colaborador organizacional. Para
Eboli (2004, p. 52) a competência é resultante de três fatores: conhecimentos, habilidades e
atitudes.
A autora explica que o conhecimento relaciona-se ao saber, ou seja, à compreensão
de conceitos e de técnicas. Já a habilidade é a aptidão, a capacidade de realizar (poder
fazer). E as atitudes são a postura e o modo de agir em relação a objetos, fatos e outras
pessoas do ambiente. É o querer fazer.
Meister (1999, p. 12-17) aprofunda-se no assunto e explica as novas competências
exigidas no ambiente de negócio: aprendendo a aprender; comunicação e colaboração;
raciocínio criativo e resolução de problemas; conhecimento tecnológico; conhecimento de
negócios globais; desenvolvimento de liderança e auto-gerenciamento da carreira.
26
atitude pró-ativa à área de ensino. Assim, o principal desafio da educação corporativa é ser
efetiva no estabelecimento de estratégias, indicadores e programas que verdadeiramente
contribuam para tornar a empresa competitiva (MUNDIM; RICARDO, 2004, p. 109).
Ao longo dos últimos anos o tema educação corporativa ganhou notoriedade, tanto
nas empresas públicas e privadas quanto no âmbito da academia. Por exemplo, na
Fundação Instituto de Administração (FIA) – Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade (FEA) / Universidade de São Paulo (USP) existe um programa de MBA-RH
com um módulo de quarenta horas sobre gestão do conhecimento, educação corporativa e
aprendizagem organizacional. Fatos assim demonstram que a educação corporativa
adquiriu bastante relevância na gestão empresarial brasileira, não sendo, portanto, apenas
mais um modismo da Administração (EBOLI, 2004, p. 61).
A educação organizacional, segundo Eboli (2004, p. 62-63), tem o objetivo de
tornar as empresas mais competitivas no árduo mundo dos negócios. A adoção de sistemas
educacionais estratégicos e competitivos pode ter impacto positivo nos resultados do
negócio, o que tem incentivado o crescente interesse pelo tema, tanto na academia quanto
no mundo corporativo. As intensas mudanças no campo educacional que ocorrem
atualmente demandam a urgente integração de esforços das esferas pública e privada. No
Brasil observa-se o movimento, sem precedentes, de qualificação e educação de
trabalhadores para elevação de desempenho das empresas.
Essa realidade propicia o comprometimento da empresa com a educação e o
desenvolvimento das pessoas, o que se configura em vantagem competitiva sustentável.
Um dos pilares da gestão empresarial bem-sucedida é o foco na estratégica, com a
migração do centro de treinamento e desenvolvimento para a educação corporativa.
Mundim e Ricardo (2004, p. 96) alertam para o fato de que a ausência de estratégia
de educação corporativa definida leva o empregado a enxergar a educação continuada
como algo sem propósitos evolutivos. Essa é uma das maiores causas de fracasso de
projetos educacionais em empresas, com o desperdício de trabalho e de investimentos.
A adoção do conceito de educação corporativa intensifica-se no Brasil durante a
década de 1990, em virtude, principalmente, do fortalecimento da globalização do
28
6 UNIVERSIDADE CORPORATIVA
Eboli (2004, p. 45) afirma que a universidade corporativa surge no final do século
XX como o setor de maior crescimento no ensino superior. A autora enumera as cinco
forças que sustentaram o aparecimento desse fenômeno: organizações flexíveis, era do
conhecimento, rápida obsolescência do saber, empregabilidade e educação para estratégia
global.
Assim, as empresas tornam-se mais dinâmicas e passam a entender o conhecimento
como base de formação de riqueza. Além disso, o prazo de validade do conhecimento é
cada vez menor e o foco dos colaboradores deixa de ser o emprego para a vida toda e se
volta para a empregabilidade. E a mudança global requer a formação de pessoas com visão
abrangente (EBOLI, 2004, p. 46).
Meister (1999) observa que muitas empresas estão transformando suas salas de aula
corporativas em infra-estruturas de aprendizagem empresarial, para desenvolverem novas
35
Entre 1993 e 1999, a University of Chicago Hospitals obteve uma redução de 26% para
16% na rotação de funcionários (EBOLI, 2004, p. 252).
Outro aspecto interessante é que após investirem em universidades corporativas de
qualidade, as empresas precisam alocar cada vez menos recursos naquelas, pois as UC’s
amadurecem e conquistam fontes próprias para se sustentarem, como cobrança de cursos
para o público externo.
Eboli (2004, p. 254) também ressalta que a UC contribui para os objetivos
negociais das companhias, na medida em que as necessidades de aprendizagem,
prioridades e índices de sucesso são determinados em parceria com os líderes de negócios.
Ou seja, os programas de aprendizagem se norteiam pelas estratégias da empresa.
Entre os principais resultados obtidos por uma universidade corporativa estão o
desenvolvimento de lideranças e a mudança cultural, além do envolvimento dos
executivos. Tal envolvimento pode ser verificado quando os líderes fazem referência à UC
em seus discursos e mensagens, quando atuam como representantes internos da
aprendizagem e até mesmo quando ministram cursos e seminários.
As universidades corporativas são multidisciplinares e multifuncionais, sendo um
ponto de convergência para as ações de treinamento e de desenvolvimento de uma
organização, através da qual se relacionam os objetivos dos negócios e o desenvolvimento
de talentos. Seu sucesso depende da união de diversas variáveis quanto a processos,
tecnologias e principalmente quanto a pessoas.
44
deve-se ter cuidado para que não sejam desenvolvidos projetos distantes das reais
necessidades organizacionais (FRANKOLA, 2002).
Frankola (2002) observa também que um treinamento misto pode envolver
qualquer combinação de treinamento em sala de aula, acesso pela Internet ou intranet,
curso virtual em sala de aula, CD-ROMs, materiais impressos e treinamento no local. Essas
alternativas têm vantagens e desvantagens em custos e em eficácia.
No momento da decisão sobre o tipo de ensino a utilizar, a empresa pode contar
com um consultor que não desenvolverá o curso, mas dará conselhos sobre o caminho a
seguir. E antes mesmo de começar a pensar em modos de treinamento, é recomendável
estudar as atuais ofertas da área (FRANKOLA, 2002).
Meister (1999, p. 135-162) explica as principais características de modalidades de
ensino à distância, tais como: aprendizagem via satélite, ensino via multimídia, tecnologias
de aprendizagem cooperativa, banco de dados de conhecimento na intranet, aprendizagem
via Web e campus virtual.
Assim, a aprendizagem via satélite pode ocorrer de modo sincronizado ou não. Ela
permite treinar um grande número de colaboradores em um período menor em comparação
aos métodos tradicionais. Através de instrutores qualificados e especialistas em
determinados assuntos, se produz educação consistente. Além disso, essa modalidade reduz
os custos com viagens e permite a interação em tempo real. Também é possível manter um
registro dos alunos que receberam o treinamento e de seu grau de aprendizado. Possibilita
ainda uma experiência interativa e participativa, que aumenta o grau de retenção de
aprendizado.
Outro método explicado por Meister (1999, p. 141) é o ensino via multimídia, no
qual o computador de mesa é transformado em uma estação que emprega vídeos, áudio,
gráficos e animação para facilitar a aprendizagem. A meta é criar soluções de
aprendizagem que possam ser acessadas a qualquer momento e que despertem a
imaginação e o interesse, reduzindo custos e tempo de treinamento, além de acelerar o
aprendizado.
Já as tecnologias de aprendizagem cooperativa dizem respeito ao poder da
aprendizagem em grupo. Essas tecnologias podem estar ligadas a softwares ou a avançados
bancos de dados de conhecimento. Em ambos os casos têm-se a mesma meta: formar um
centro de convergência em torno do qual os profissionais do conhecimento se reúnem,
aprendem e compartilham o sucesso (MEISTER, 1999, p. 143).
48
o que merece prioridade no treinamento para depois se decidir sobre tecnologia, conteúdos
e processos; medirem-se os benefícios quantificáveis que o e-learning pode trazer; e
estender-se todo o programa de treinamento à cadeia de valor, do fornecedor ao cliente.
Para Frankola (2002) existem três fatores primários que permitem escolher o
melhor canal para ministrar um treinamento: conteúdo, público e nível de mudança de
desempenho esperado pela empresa. Os interesses negociais mais urgentes devem ter
prioridade. Um dos aspectos de maior sucesso da abordagem on-line é a estruturação do
treinamento prático, antes não formalizado.
A utilização do EAD tem demonstrado um caminho alternativo para a capacitação
profissional, sendo que sua utilização pode – e muitas vezes deve – ser balanceada com o
treinamento presencial de acordo com o programa a ser oferecido. A escolha das mídias
está intrinsecamente relacionada ao público-alvo a ser capacitado, seus recursos
tecnológicos, bem como sua habilidade de uso das mesmas. Com a diversidade
tecnológica, cultural e de infra-estrutura existente no Brasil, diversas mídias coexistirão
por muito tempo (ALBUQUERQUE, 2003).
Além disso, afirma Meister (1999, p. 167), essa experiência em tempo real permite
que a educação e o treinamento cheguem onde o cliente está e ofereçam um aprendizado
sob medida. Verifica-se ainda que a aprendizagem via Web possibilita a incorporação do
estudo ao trabalho para que os funcionários aprendam enquanto interagem com os
membros de suas equipes, clientes, fornecedores e com a organização como um todo.
Não se pode esquecer da vantagem da redução de custos em treinamento, da
uniformidade e da agilidade no fluxo de informação, da flexibilidade no tempo e no ritmo
do aprendizado (SMITH, 2005b).
Albuquerque (2003) diz que o ensino à distância proporciona liberdade de escolher
o próprio local e espaço de estudo para o adulto aprendiz. E para a organização, além de
agilizar o processo de capacitação profissional dos funcionários, garante uma economia de
custos dos treinamentos corporativos em até 60%.
Bueno (2008) contribui para o assunto citando também algumas vantagens do
EAD: desenvolvimento de autonomia no processo de aprendizagem, de organização e de
disciplina pelo aluno, pois este passa a ser co-responsável pelo processo de aprendizagem
e, assim, a retenção do conhecimento é realizada mais facilmente.
No caso do e-learning existe ainda a facilidade de acesso, retomada e resgate das
informações, pois o espaço virtual permite que o aluno possa armazenar e acessar qualquer
informação importante obtida durante ou mesmo depois do curso (BUENO, 2008).
O e-learning também permite a oferta de conteúdos menos estáticos, com maior
interatividade, dinamismo e preocupação com a didática. O e-learning é um termo que
sedimentou de vez a confluência de todos os meios de ensino à distância por vias
eletrônicas, mas ainda assim não corresponde à totalidade dos canais utilizados no ensino à
distância, pois este é mais amplo e envolve estratégias de canais tão antigas quanto o
correio tradicional e o rádio (SMITH, 2002a).
O e-learning é a versão digital do ensino à distância. Significa uma modalidade de
ensino em que tanto professor quanto aluno estão separados geograficamente ou
temporalmente, utilizando para isto, algum recurso para transmitir o conhecimento. A
tecnologia é favorável para que a distância deixe de ser um fator limitante ao ensino
(BUENO, 2008).
A meta é tornar a aprendizagem parte do cotidiano de trabalho. Os laboratórios de
aprendizagem das universidades corporativas permitem que o estudo se transforme em
uma operação autônoma, disponível a todos e não apenas aos poucos que estejam dispostos
a estudar a qualquer custo.
52
Meister (1999, p. 166) assegura que a aprendizagem à distância veio para ficar, não
podendo mais ser considerada mero modismo. Uma das principais causas desse fenômeno
é o maior acesso à Internet. Outrossim, o prazo de validade do conhecimento está cada vez
menor em todos os segmentos do mercado, o que gera demanda por aprendizagem
permanente, a qual deve ser flexível, livre de controvérsias e acessível.
O e-learning não é composto somente de ferramentas, mas exige uma equipe
multidisciplinar capacitada para desenvolver os cursos com clara proposta didática, cujos
conteúdos são adaptados para o espaço virtual. Esses cursos podem ser totalmente à
distância, híbridos e ainda com interação ou não. Tudo depende do público-alvo e dos
objetivos a serem atingidos (BUENO, 2008).
Por isso ferramentas tanto de hardware quanto de software farão cada vez mais
parte das universidades corporativas. E a visão do mercado sobre a qualidade do ensino à
distância tem se tornado cada vez mais positiva.
Em artigo na revista Exame, Jack Welch e Suzy Welch (2008) dizem que há alguns
anos hesitariam em contratar alguém que tivesse feito um curso à distância, mas que hoje,
se a pessoa for inteligente e talentosa, o fato de ela ter feito um curso à distância não será
empecilho para sua contratação.
Existem pessoas no setor de e-learning que afirmam que aulas on-line podem gerar
o mesmo tipo de discussão e de aprendizagem observado em aulas tradicionais, sem as
despesas de deslocamento. Mas no texto de Frankola (2002) lê-se a ressalva de que as
aulas virtuais ainda estão em um estágio imaturo e que é difícil para alguns funcionários
acessar informações, por inabilidade ou por restrições do sistema utilizado.
Além disso, o treinamento sincronizado pode ser uma “faca de dois gumes”, pois,
uma vez que os funcionários não têm que se dirigir a outro local, os treinandos acabam não
aparecendo, absorvidos pelas atividades do trabalho. (FRANKOLA, 2002).
Deve-se considerar ainda a dificuldade que a maioria das pessoas têm para
administrar seu tempo ao se prepararem para estudar por conta própria (SMITH, 2005b).
Outro problema apontado por Frankola (2002) é preocupar-se muito com a tecnologia em
detrimento da qualidade do ensino.
53
A Fundação Banco do Brasil (FBB) foi criada em 1985. Uma das principais
transformações na história recente do Banco deu-se em 1986, com a extinção da Conta
Movimento mantida pelo Banco Central. Em contrapartida, o Banco pôde atuar em todos
os segmentos de mercado franqueados às demais instituições financeiras. A criação da BB
Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A marcou o início da transformação do
Banco em conglomerado financeiro.
O ano de 1988 foi marcado por grandes realizações, sobretudo no campo
mercadológico. Em 1989 o Banco inaugurou o primeiro Centro Cultural Banco do Brasil.
E na implantação do Plano Real, em 1994, o BB assumiu papel estratégico, sendo
responsável pela substituição da antiga moeda pela nova.
Já em 1995 a Empresa é reestruturada para se adaptar à nova conjuntura advinda do
Plano Real. No primeiro semestre de 1996, o Banco enfrentou o desafio de expor a grave
situação em que se encontrava. Realizados os ajustes necessários, o Banco voltou a
apresentar lucro de R$ 573,8 milhões em 1997.
O BB lidera na área de mercado de capitais, varejo e seguridade. Em 1998, o Banco
do Brasil é o primeiro a ganhar o certificado ISO 9002 em análise de crédito. Além disso,
recebeu o rating nacional máximo da Atlantic Rating, "AAA", e é classificado como
instituição da melhor qualidade.
O Banco inaugurou um Centro Tecnológico, que está entre os mais modernos e bem
equipados do mundo. O ano 2000 marcou a expansão do BB na Internet, com o
lançamento do Portal Banco do Brasil. Em 2001, o Banco do Brasil adotou o formato de
Banco Múltiplo.
Essa nova estrutura configurou o Banco em três pilares negociais: Atacado, Varejo,
Governo, além de Recursos de Terceiros. No ano de 2002 o Estatuto Social foi adequado
para aprimorar a Governança Corporativa e ocorreu a fundação da Universidade
Corporativa Banco do Brasil. Já em 2003 criaram-se o Banco Popular do Brasil e a BB
Administradora de Consórcios S.A. Nos anos seguintes o Banco continuou em trajetória
ascendente.
Em 200 anos de existência, o primeiro banco a operar no País se caracteriza pelo
pioneirismo e pela liderança. Também foi o primeiro a entrar para a bolsa de valores; a
lançar o serviço de mobile banking; a utilizar cartão de múltiplas funções; a se
comprometer com uma Agenda 21 Empresarial e a aderir aos Princípios do Equador. Hoje
é líder em ativos, depósitos totais, câmbio-exportação, carteira de crédito, base de
correntistas, rede própria de atendimento no país, entre outros.
56
Com 24,6 milhões de clientes correntistas, 82,5 mil funcionários, 15,1 mil pontos
de atendimentos em 3,1 mil cidades e 22 países, o Banco do Brasil é hoje a maior
instituição financeira do País, atendendo a todos os segmentos do mercado financeiro.
O site do Banco do Brasil apresenta os seguintes itens como crenças adotadas pela
empresa:
Ética e transparência.
Compromisso com o desenvolvimento das comunidades e do País.
Responsabilidade socioambiental.
Excelência e especialização no relacionamento com o cliente.
Gestão participativa, decisão colegiada e trabalho em equipe.
Ascensão profissional baseada no mérito.
Marca como diferencial competitivo.
Conservadorismo e pró-atividade na gestão de riscos.
Comprometimento com rentabilidade, eficiência e inovação.
9.1 Cursos
complementares aos tratados nos cursos, como sites interessantes, leituras relacionadas,
perguntas mais freqüentes, correções/ alterações dos conteúdos dos cursos e novidades
sobre os temas.
1) Publicações: são duas. “Em Sintonia” teve duas edições no ano 2000, nas quais
se abordaram questões na área de gestão de pessoas para o segmento de administração e
gerenciamento. A segunda publicação é a “PROFI Gerencial”, uma série de fascículos que
busca auxiliar na capacitação gerencial;
2) Referenciais de Gestão: apresenta definições sobre os elementos essenciais para
a construção de uma proposta de gestão. Os principais temas abordados são: conhecimento,
liderança, princípios pessoais, comunicação, gestão de mudanças, capacidade de aprender,
gestão de pessoas, gestão de processos e gestão do negócio;
3) Sistematização do Treinamento Gerencial: possui uma tabela com a
sistematização dos treinamentos em habilidades gerenciais destinadas aos cargos de gestão,
distribuídos nos níveis executivo, diretivo e operacional;
4) Dicas Dorsey, Rocha: uma série de pequenas dicas na área de gestão fornecidas
pela Instituição.
9.4 Biblioteca
Além das três divisões principais, o portal UniBB possui os links Biblioteca,
Educação Corporativa, Educadores Corporativos, Farol Gerencial, Na Rede, Orientação
Profissional, Profissionalização e Trilhas, cujos conteúdos serão abordados a seguir.
Assim, o item Biblioteca possibilita o acesso aos acervos bibliográfico e digital,
teses, além de informar sobre novas aquisições. A Biblioteca da UniBB possui
aproximadamente 22 mil volumes entre livros, monografias, dissertações, teses, folhetos,
jornais, revistas, folders, Dvds e fitas de vídeo.
Os funcionários podem solicitar empréstimos, renovações e reservas por meio do
site ou através do sistema interno do Banco. As buscas podem ser por autor, palavras no
título, assunto ou editora. Também é possível pesquisar e realizar download de
monografias, teses e dissertações elaboradas pelos funcionários.
O Farol Gerencial é um espaço referencial das práticas cotidianas onde podem ser
compartilhadas, a partir de relatos da realidade, ações gerenciais. Existe um mecanismo de
busca por palavra-chave, critério (temas como clientes, liderança, sociedade, informações e
conhecimento, pessoas, estratégias e planos, processos, clima organizacional e
reconhecimento), dependência e administrador.
9.8 Na Rede
9.10 Profissionalização
9.11 Trilhas
A partir dos elementos até aqui apresentados será possível realizar-se uma análise
do ensino à distância praticado na Universidade Corporativa Banco do Brasil (UniBB),
buscando-se identificar a efetividade do mesmo. Tal análise também ensejará sugestões
que contribuam para a melhoria contínua da educação no Banco do Brasil S.A.
Isso está em sintonia com Meister (1999), quando ela afirma que a Web é o ponto
de encontro onde colegas compartilham experiências de sucesso, armazenam ferramentas e
fazem perguntas sobre problemas que estão tentando solucionar. Através da Internet são
oferecidos muitos recursos paralelos aos alunos sem ocupar espaço no disco rígido ou
precisar produzir, apresentar e atualizar continuamente um CD-ROM.
Existem, contudo, alguns aspectos vulneráveis do ensino à distância que devem ser
superados pelas universidades corporativos. Um deles, explicado por Frankola (2002), é o
de que ainda é difícil para alguns funcionários acessar informações, por inabilidade ou por
restrições do sistema utilizado. A UniBB adota algumas medidas contra essa ameaça, como
disponibilizar um curso sobre navegação na Web no portal da universidade corporativa. E
todos os seus colaboradores têm acesso ao site da UniBB, através de senha cadastrada no
sistema interno do Banco.
Deve-se considerar também a dificuldade das pessoas para administrar seu tempo
ao se prepararem para estudar por conta própria, sendo absorvidos pelas atividades do
trabalho. No Banco do Brasil as agências têm metas de treinamento de seus funcionários, o
que leva os administradores a auxiliarem seus colaboradores na definição de horário de
estudo, de modo que os treinamentos são realizados no próprio ambiente de trabalho dos
participantes, dentro de seu expediente normal.
Outra possível ameaça citada por Smith (2005b) é a resistência em lidar com o
novo, especialmente por parte de executivos de diretorias e de altas gerências. O Banco do
Brasil promove eventos de sensibilização dos funcionários, como o Ciclo de Palestras –
Eventos de Atualização Técnico-Gerencial e tem a maioria de seus principais executivos
como educadores da UniBB, o que contribui para a disseminação da cultura de educação e
abertura a novos formatos de aprendizagem.
Há também o risco de que os profissionais de Recursos Humanos não busquem
auxílio na elaboração de cursos à distância e com isso acabem centralizando informações.
As ações da UniBB, contudo, são caracterizadas por parcerias, como se verifica, por
exemplo, no curso de MBA à distância, desenvolvido com instituições de ensino superior.
Desse modo, o ensino à distância é efetivo como instrumento de educação na
Universidade Corporativa Banco do Brasil porque utiliza diversos meios, como Internet,
CD-ROMs e materiais impressos, além de estabelecer parcerias, contar com o apoio da alta
administração da empresa, permitir disseminação do conhecimento e flexibilidade na
aprendizagem. Outrossim, não exclui a adoção do ensino presencial sempre que necessário.
82
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS
treinamento prático, antes não formalizado. O ensino à distância pode – e muitas vezes
deve – ser balanceado com o treinamento presencial de acordo com o programa a ser
oferecido.
Sem dúvidas uma das modalidades de ensino à distância com maior nível de
desenvolvimento atual é a aprendizagem via Web. Hoje a Internet está modificando o
modo como se armazena, transfere-se, encontra-se e gerencia-se o conhecimento. A Web
permite personalizar experiências de aprendizagem de acordo com as necessidades e as
preferências de cada indivíduo, com o acompanhamento automático dessa experiência.
As tecnologias de ensino à distância geraram um profundo impacto na aplicação do
desenvolvimento organizacional e da gestão do conhecimento. O e-learning, por exemplo,
permite que a empresa prolongue seu alcance. Com o advento da Internet e da intranet foi
possível a incorporação do estudo ao trabalho para que os funcionários aprendam enquanto
interagem com os membros de suas equipes, clientes, fornecedores e com a organização
como um todo.
Existe ainda a vantagem da redução de custos em treinamento, além da
uniformidade e da agilidade no fluxo de informação, da flexibilidade no tempo e no ritmo
do aprendizado. E o aluno desenvolve disciplina e autonomia. O e-learning exige uma
equipe multidisciplinar capacitada para desenvolver os cursos com clara proposta didática,
cujos conteúdos são adaptados para o espaço virtual.
Mas devem-se buscar alternativas para superação dos aspectos vulneráveis do
ensino à distância, como a dificuldade da maioria das pessoas em administrar seu tempo ao
se prepararem para estudarem por conta própria. Outro problema é preocupar-se muito com
a tecnologia em detrimento da qualidade do ensino, além da resistência em lidar com o
novo, principalmente por parte de executivos de diretorias e de altas gerências.
Assim, a tecnologia precisa ser usada de forma racional, não por modismo. Deve-se
encontrar a combinação de ensino on-line que seja capaz de atender às necessidades da
empresa e dos treinandos. Há casos em que um curso presencial é mais efetivo.
Diante da importância do tema em questão foi realizada uma pesquisa sobre a
utilização do ensino à distância como instrumento de educação empresarial na
Universidade Corporativa Banco do Brasil. A partir dessa pesquisa, pôde-se verificar se o
sistema de educação corporativa do banco estava de acordo com os padrões e requisitos
estabelecidos pelos estudiosos consultados, bem como se identificaram algumas
oportunidades de aprimoramento.
85
O Banco do Brasil S.A (BB) possui uma estrutura voltada para o desenvolvimento
de seu pessoal desde 1965 e, atualmente, disponibiliza treinamentos específicos à execução
dos trabalhos bancários e, também, outros destinados à formação intelectual dos
profissionais. Assim, o capital intelectual é entendido e utilizado como vantagem
competitiva.
Em 11 de julho de 2002 foi inaugurada a Universidade Corporativa Banco do Brasil
(UniBB), que amplia a comunidade de aprendizagem do BB, compartilhando
conhecimentos com a cadeia de relacionamentos e com a sociedade, disponibilizando
notícias, informações e conteúdos relativos ao desenvolvimento profissional.
Os programas e políticas do sistema educacional do Banco são formulados em
estreita relação com o trabalho e operacionalizados por meio de capacitação e
desenvolvimento de curta, média ou longa duração, garantindo a perpetuidade desse
sistema. Além disso, há programas dos quais o público externo, como clientes e
fornecedores podem participar, garantindo a conectividade.
Dentre esses programas existem aqueles realizados em eventos presenciais, alguns
desenvolvidos em parceria com instituições de ensino superior, mas a principal ferramenta
utilizada pela UniBB para promover a capacitação de seus funcionários são os cursos auto-
instrucionais, oferecidos para realização no próprio ambiente de trabalho dos participantes,
dentro de sua jornada normal de expediente. As formas de estudo são CDs, apostilas,
Internet, intranet e TV Corporativa.
E o Banco do Brasil forma parcerias internas e externas, pois seus funcionários
podem atuar também como educadores corporativos, bem como a empresa mantém
acordos com instituições renomadas de ensino superior. As ações dessa Universidade
Corporativa estão alinhadas com o direcionamento estratégico do Banco do Brasil.
A UniBB também desenvolve a liderança educadora, pois a maioria de seus
programas são elaborados e ministrados por profissionais do próprio banco
pedagogicamente preparados. Outrossim, essa Universidade não se resume às salas de aula,
existindo também em ambientes virtuais, Internet e intranet, estimulando a utilização do
conhecimento tácito, permitindo o compartilhamento do conhecimento das pessoas que
formam a organização e oferecendo ferramentas para que os gestores exerçam seu papel de
orientadores.
Existe ainda o Sistema Integrado de Avaliação de Programas de Treinamento e
Desenvolvimento (SIAP), no qual os programas da UniBB são avaliados semestralmente
nos níveis de reação, aprendizado, impacto no trabalho e de impacto na organização. A
86
Este estudo de caso não é um trabalho definitivo, pois não esgota o assunto,
principalmente porque a educação empresarial, e os conceitos a ela relacionados, como o
ensino à distância e universidades corporativas, são muito recentes e merecem novas
pesquisas que aperfeiçoem o conhecimento sobre o assunto.
Um possível tema para trabalhos futuros é a avaliação das vantagens obtidas pelas
universidades tradicionais que firmaram parcerias com universidades corporativas. Outra
sugestão é a análise comparativa entre mais de um modelo de universidade corporativa.
REFERÊNCIAS
BUENO, ODILA. Desvendando o e-learning. [S.l.], jan. 2008. Disponível em: <
http://www.rh.com.br/ler.php?cod=4945&org=2>. Acesso em: 23 fev. 2008.
Baseada na NBR – 6023/2002, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
88
EBOLI, Marisa. Educação corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo: Editora
Gente, 2004.
HASHIMOTO, MARCOS. Ensino à distância que funciona. [S.l.], nov. 2002. Disponível
em: < http://vocesa.abril.com.br/evolucao/fechado/co_24997.shtml>. Acesso em: 23 fev.
2008.
______ . Estado de arte do e-Learning no mundo. [S.l.], nov. 2002. Disponível em: <
http://vocesa.abril.com.br/evolucao/fechado/co_24964.shtml>. Acesso em: 23 fev. 2008.
MUNDIM, Ana Paula Freitas.; RICARDO, Eleonora Jorge (Org.). Educação corporativa:
fundamentos e práticas. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
89
VALENTE, José Armando. Concepções sobre educação à distância. [S.l.], ago. 2002.
Disponível em: <http://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/unv/art/ArtigoCompl.jsp?
Artigo.codigo=21>. Acesso em: 09 fev. 2008.
VIANNA, Marco Aurélio Ferreira. Universidade corporativa: uma visão de hoje. Rio de
Janeiro, dez. 2007. Disponível em <http://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/unv/art
/ArtigoCompl.jsp?Artigo.codigo=2197>. Acesso em: 09 fev. 2008.
WELCH, Jack; WELCH, Susy. Agenda do líder. Revista Exame, São Paulo: Ed. Abril,
ano 42, n. 1, p. 109, 30 jan. 2008.
90
GLOSSÁRIO