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“…Dirijo-me a vós outros, que sois gentios! Visto, pois, que eu sou apóstolo dos
gentios, glorifico o meu ministério3.”
O grande entrave nesse momento é que os gálatas estavam sofrendo sérios ataques dos
discípulos de Jerusalém, que buscavam desacreditar Paulo e seus ensinos. Tudo indica,
que uma das acusações era que ele escoimava os galacianos das práticas da lei, com o
intuito de facilitar a entrada deles na fé do Evangelho.
Paulo por sua vez, argumenta de modo incisivo que ao contrário do que se falava, ele
seria a última pessoa que deveria ser acusada de transigir com o Evangelho de Cristo,
visto que, antes de optar por seguir a Jesus, fora um dos maiores inimigos da Eclésia
nascente.
Como bom fariseu, não aceitava de modo algum, a mínima comunhão entre evangelho e
lei, pois a lei de Moisés fala de vida pelo cumprimento dos seus preceitos5, o Evangelho
por outro lado, apresenta a vida eterna adquirida pela graça mediante a fé6. Logo, não há
comunhão alguma entre lei e Evangelho, eles são antagônicos.
Se como judeu nunca aceitou isso, muito menos agora conhecendo a graça salvífica do
Evangelho de Jesus Cristo.
Por esse motivo, ele argumenta, que se fora o seu propósito isentar-se e/ou até evitar o
sofrimento, o vitupério de Cristo, sem dúvida teria continuado sendo um austero judeu,
fariseu, guardador empedernido da lei Mosaica, o que lhe proporcionaria
reconhecimento e status inerentes ao seu posto.
Quem de fato estava querendo se isentar do vitupério da cruz, e isentar os gálatas, não
era Paulo, mas os de Jerusalém. Na mesma carta o apóstolo expõe o estratagema dos
legalistas.
“Eu, porém, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que continuo sendo
perseguido? Logo, está desfeito o escândalo da cruz7“.
Pois nem mesmo aqueles que se deixam circuncidar guardam a lei; antes, querem
que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne”8.
O Evangelho nos leva a vivermos por fé, esperando o porvir. Enfrentando os sucessos e
fracassos que sem dúvida nos sobrevirão, porém, sempre com os olhos fitos no amanhã,
no raiar do novo dia que trará novos céus e nova terra.
Se olharmos para a vida presente com o olhar futurista da fé, pouco ou nenhum espaço
haverá para decepções com Deus, para um “evangelho mercadológico”, psicodélico,
fruto de mentes paranoicas e megalomaníacas, cujo Deus é o “eu”, cuja efêmera glória
serve somente para a confusão deles, pois só pensam nas coisas terrenas9. Evangelho é
paz com Deus, paz consigo mesmo, paz que excede todo o entendimento e
circunstâncias.
Wanderley Nunes
1II Co.10,5
2At.20.24
3Rm.11.13
4II Tm.4.7
5Lv.18.5
6Ef.2.8,9
7Gl.5.11
8Gl.6.12,13.
9Fp.3.19