You are on page 1of 7

Capítulo 27

Crises, crises, crises e... Espuma.

E
le, pela incontável vez, sentiu vontade de arremessar o celular na parede. Talvez agora
se o fizesse, era só pedir para alguém da sua equipe reprogramar outro aparelho
idêntico. O rapaz já havia passado por coisas complicadas o suficiente para não se
abalar com qualquer situação. Mas a cada briga que tinha com ela, sentia seu mundo balançar
levemente.

Aquela garota era uma inconstância de ciúmes e carinho combinados com uma dose mortal de
paixão. Adorava a intensidade de Evenny, mas ultimamente, aquilo estava levando-os cada vez
mais para ponta de um abismo que acabaria com seja lá o que eles tinham.

Toda a ligação estava intacta, mas parecia empoeirada, ameaçada por surtos e brigas sem
necessidades. Mas, de certa forma, Ítalo sabia que a culpa também era sua. Os surtos dela
sempre se seguiam de algo que ele havia negligenciado ou não prestado tanta atenção.

— Eae, a gente vai pro rolê hoje? — um de seus amigos questionou enquanto ele posicionava
o celular em uma distância segura e começava a desmontar alguns dos equipamentos. A ficha
que todo aquele aparate técnico e pessoas estavam ao seu dispor eram da sua equipe pessoal
de gravação. Que o roteiro bem elaborado de um vídeo sobre motivação tinha acabado de sair
do papel. Que, finalmente, ele estava alcançando o ápice do seu sonho e motivando, ajudando
cada vez mais pessoas.

Ele suspirou.

— Velho, acho que eu vou editar hoje. — apesar de ter pessoas próprias para isso. Ele sempre
gostava desse contato intenso que tinha com suas criações. De concentrar a sua dedicação em
algo que maior que si mesmo. A sua vontade de mudar o mundo só aumentava cada dia mais.

Eles riram.

— O pessoal te manda à primeira versão da edição e você olha de lá! — o outro sorriu,
piscando. Ele juntou as mãos em súplica — Hoje vai ser muito foda, vamos vai! — implorou. De
fato, a festa que haveria hoje ia ser imperdível.

Eles tinham ingressos e participação VIP, além do mais, seria uma boa para divulgação.

Quando estava prestes a dizer um “sim”, esbarrou a coxa na mesinha de centro, fazendo com
que o sensor ativasse o visor do celular. A foto de tela do aparelho era uma das ridículas
invenções dos dois. Os olhos castanhos da garota cobertos de glitter prateado e uma pequena
tiara de aureola adornava os fios que caiam ondulados. Na imagem, ela estava com os braços
cruzados ao redor do pescoço dele de forma protetora. Ambos sorriam e fitavam-se como se
guardasse um segredo, como se compartilhassem muito mais que olhares. O contraste dos
olhos verdes intensos com os escuros dela era inebriante. Com certeza, aquela era uma das
melhores fotos dos dois.

— Eu tenho algum vídeo com a Evenny no roteiro dessa semana? — questionou ainda olhando
a tela. Os rapazes deram de ombros e um deles pegou a prancheta sob a mesa, virando os
papéis.

— Olha, como vocês já gravaram um “casa, trepa ou mata” semana passada — checou — Que
aliás foi um sucesso com a crisezinha de ciúmes que vocês combinaram que ela tivesse — Itálo
prendeu a risada, olhando para cima. Óbvio que a crise foi verdadeira. Ítalo espontaneamente
confessou que casaria, com todo respeito, com uma vlogger famosa (que ele já tinha
esbarrado em uma das festas, fato que a garota também já sabia) e isso foi o suficiente que ela
fechasse a cara e declarasse que depois daquela resposta dele diria que iria “trepar” com
todos os caras que ele falasse depois.

E o mais engraçado que o seguinte era o Tiririca.

— É, e a meta de likes de vocês bateu em menos de duas semanas. — outro complementou. —


Sendo assim, só tem que gravar vídeos na próxima segunda ou sexta. — deu de ombros. — Por
quê?

O rapaz fez careta.

— Preciso resolver umas coisas e vou usar o vídeo de pretexto — explicou.

A equipe e os amigos riram.

— Vai à festa?

Ele afirmou.

— Mais tarde estarei lá.

Em seu apartamento, Evenny zapeava raivosamente os canais. Ao seu lado, uma das caixas de
pizza estava relativamente aberta e dava para se escutar o chiado do refrigerante no copo
atrás de si. Mas o que queimava em sua mão, na verdade, era o celular. Desde pequena era
uma garota egoísta — e isso não era motivo de orgulho — era filha única, sempre teve tudo só
para ela. A ideia de dividir qualquer coisa era intragável para a jovem.

E isso só triplicava quando estava apaixonada.

As coisas não estavam 90% arrumadas, faltava um detalhe ali e aqui, mas finalmente tinha seu
apartamento. Com visitas semanais da sua mãe e tia, porém, ela o tinha. Era o começo dos
seus sonhos se realizando frente aos seus olhos.

A porta chega chacoalhou com a batida.

— Não tem ninguém! — resmungou, enchendo a boca com o chantilly. Ela já sabia quem
estava na porta, seu celular tinha bipado segundos antes. A garota levantou, encostando-se na
porta. Novamente, as fortes batidas ecoaram. — Me dá uma razão para abrir!
Ítalo, do outro lado, revirou os olhos.

— Sei que o GPS fantasma que instalou no meu celular avisou que eu estava no seu prédio,
Evenny. Só abre a porta, vai! — ela engoliu a seco, sentindo a espinha gelar. Porque ela
subestimou a inteligência do rapaz de encontrar aquele software espião mesmo? — Eu quero
convers... — ela puxou a maçaneta de supetão, fazendo ele quase cair para frente. — Uou.

O homem olhou o estado de bagunça. Não só da casa, mas dela. Se houvesse um termômetro
de dias ruins, aquele provavelmente lideraria os “tops trends” da listinha da jovem. A camisa
mais folgada do guarda roupa, o cabelo emaranhado — se qualquer passarinho passasse pela
janela dela, confundiria sua cabeça com um ninho facilmente —, a cara amassada de quem
não pregava os olhos a toinet. E todo o cheiro de várias comidas misturadas compuseram o
desastre que a casa e sua dona se encontravam.

Mesmo assim, os lábios carnudos e os olhos castanhos, que sempre brilhavam ao encontra-lo
e agora estavam relativamente foscos o encararam. Ítalo arrastou alguns materiais para dentro
e ela observou em silêncio.

Antes que a jovem pudesse abrir a boca, ele levantou um dedo.

— Por cláusula contratual, você é obrigada a gravar comigo sempre que eu precisar de
conteúdos ou quando lhe for requerido. — ele lembrou em alto e bom tom, olhando no fundo
dos olhos dela.

Evenny bufou alto.

— Você sabe que se eu quiser, em menos de quinze minutos, eu penso em um argumento


plausível o suficiente para bater de frente com esse, certo? — ela resmungou, notando que ele
encarava o apartamento com uma careta. — Não ouse falar o que está pensando, Duarte!

Ele deu de ombros.

— Não me chama pelo meu sobrenome — ele fez careta — Eu só ia dizer a verdade que você e
esse apartamento não estão em seu melhor dia. — mesmo naquele estado, ele via beleza na
garota. Era no jeito teimoso que ela insistia em tentar ficar com raiva dele. Ou em todo esforço
e suor que aquele lugar que ambos pisavam representava.

— Ah, o que vamos gravar? É sobre sua vontade de pegar uma blogueira ou agora é uma
modelo? — o tom sarcástico dela destilou como um veneno. — Melhor ainda! Quer que eu
faça uma listinha de mulher perfeita para o Ítalo? Tem que ser baixinha, ter um olh...

Ítalo respirou fundo, estendendo a mão para segurar as dela, porém, a garota foi mais rápida
em se desvencilhar. Com um soltar de ar leve, ele virou com facilidade, segurando ambas as
mãos dela com facilidade. Ele podia usar seu tamanho e sua força facilmente, sujeitando-a.
Porém, quando bateu as costas dela contra parede fria e colou seus lábios nos da garota, não
estava pensando em ser gentil. Quando ele virou a cabeça para o lado contrário e aprofundou
o intenso beijo, estava sendo guiado pela raiva que sentia.
Ele também estava chateado. Evenny tinha uma bela mania de sair falando merdas quando
estava com raiva. Coisas que o machucavam, uma metralhadora carregada com facas que mal
media o estrago que poderia fazer. Porém, ele notava que só ela tinha o direito de permanecer
de bico e chateada com tudo aquilo.

Com uma mordida forte, ambos se separaram e ofegaram olhando um nos olhos do outro. As
brigas não costumavam ser longas, mas estavam desgastando o que eles tinham. Seja lá o que
aquilo fosse.

— Idiota. — ela tentou recuperar o fôlego, fitando os olhos verdes e fios loiros pendendo sob a
testa. Ítalo estava cada dia mais lindo. Não havia modelo da Calvin ou promotor público —
onde ela estava prestando serviços após o concurso — que chegasse aos pés daquela beleza.

Ele revirou os olhos, sentindo os lábios formigarem.

— A ciumenta aqui é você.

Ela grunhiu alto, tentando o empurrar e falhando copiosamente, nem um músculo do rapaz
saiu do lugar. Evenny praguejou, lembrando que as idas a academia do prédio estavam o
deixando ainda mais forte. Se não bastasse todos os centímetros de altura.

— Argh! O que quer que eu faça? Sei que qualquer uma será melhor que eu! Menos
problemática, mais bonita e sem compulsões que fazem comer uma pizza inteira sozinha —
ela resmungou, a voz perdendo a força, assim como os olhos lacrimejando. — Sei que qualquer
coisa é melhor que paranoias e um software de localização compartilhado no celular...

O rapaz sorriu, acariciando o rosto dela e colocando uma mecha assanhada do cabelo dela
para trás. O lado problemático dela se mostrava complicado nos últimos meses. E por mais
que ele tentasse lidar, sabia que quanto mais próximos se tornavam, mais a carga ficava
pesada para ela.

— Olha, eu vou achar fofinho se você colocar um drone atrás de mim, Eve, vai ser assustador,
mas isso mostra que você é maluca por mim — riu — Eu amo você. Não acho os seus ciúmes
feios ou sua intensidade exagerada demais. Eu só odeio quando dúvida do que eu sinto e acha
que qualquer garota pode tomar o seu lugar na minha vida. Porque isso é impossível. Isso aqui
— apontou para ela e para si mesmo — Só acontece uma vez na vida e... — provou a saliva,
lambendo os lábios com uma careta, o ardor no lábio inferior o fez soltar um bufar baixo —
acho que você cortou minha boca. De novo — fitou os olhos castanhos inocentes de forma
entediada.

Ela fez bico.

— D-de-sculpa... — gaguejou e ele soltou o ar, bagunçando o cabelo.

— Não sei como resolver sua insegurança e sei que parte da culpa é minha. Também sei que
poderíamos resolver isso facilmente com umas três horas de sexo maravilhoso e estrear o
quarto desse seu apê... — ele murmurou — Porém, acho melhor inaugurarmos o banheiro.

Evenny franziu o cenho.


— Porquê...

Ele sorriu terno, roubando-lhe um beijo na bochecha e demorando-se ao descansar os lábios


em sua testa. Os fios ondulados começavam ater mais volume e ele se perguntou que algumas
brigas e uma semana de folga do trabalho foram o suficiente para deixa-la assim.

— Porque eu vou te fazer entender o quanto eu te amo. Posso te dar banho?

Evenny encostou-se na parede e assentiu, encarando o rapaz.

— Eu continuo com as minhas duas mãos, mas...

Eles começaram a se dirigir para o banheiro. E na verdade, era apenas a segunda vez que Ítalo
visitava o apartamento. A primeira tinha sido assim que ela o mobiliou. Sendo assim, ela já
sabia o que viria a seguir quando ele visse a...

— PUTA MERDA, UMA BANHEIRA?! — ele berrou. — E é idêntica a do meu loft! E a daquele
apartamento em São Paulo! — continuou, empolgado. Ela riu, descansando as costas à porta.
Tentou não se assustar com o reflexo que o enorme espelho estava mostrando. Enquanto Ítalo
estava arrumado com uma calça preta, uma camisa relativamente apertada nos braços e os
óculos escuros pendurados de forma displicente no cós da calça, ela parecia ter saído de um
rolo compressor.

Não demorou muito para que sentisse braços a rodearem, ele descansou o queixo sob a
cabeça da garota, fitando reflexo dos dois. O som da banheira enchendo era música aos
ouvidos dos dois. Assim como pouco vapor que tomava o ambiente. O banheiro era branco e
azul, além de ter um belo chuveiro a frente e o enorme espelho cobrindo a parede.

— Eu não gosto quando se encara assim no espelho. — roçou os lábios pelo ouvido dela,
fazendo-a fechar os olhos devagar. — Abra os olhos, anjo... — sorriu — Quero que veja o
quanto é linda.

Ela abriu e franziu o cenho levemente.

— Queria que visse o que eu vejo... — fez uma trilha de beijos até o pescoço da garota,
enquanto seus dedos impulsionavam a provável única peça que cobria seu corpo. Conhecia a
garota o suficiente para saber que ela estava nua debaixo daquele tecido. E quando subiu
tudo, gargalhou baixinho. — Por que eu te conheço tanto mesmo? — ela fechou os olhos
novamente. — Evenny, cada vez que você fechar os olhos, eu vou ter o prazer de te levar até
pertinho do paraíso... — mordeu a ponta da orelha e ela ofegou — mas não vou te deixar
passar da porta. Abra os olhos agora.

A garota obedeceu e encarou todo o reflexo. Seu corpo, o contraste da pele alva dos braços do
rapaz a rodeando de maneira protetora. Protegendo-a dela mesma. Ítalo praticamente
brilhava de tanto que exibia seu sorriso de meio milhão de seguidores, — isso tudo apenas no
Instagram.

— Isso, meu anjo... — ele deixou a mão contornar as curvas da cintura, seios e subir até
desamarrar o cabelo dela. Os fios descansaram um pouco antes do meio das suas costas.
Ela virou-se rapidamente, sem avisar e ele riu.

— Que tal equiparar o jogo, meu bem?

Ítalo não teve a chance de responder, assim como as mãos que lhe acariciavam avidamente,
foram rápidas também em despí-lo. Logo estava tão nu quanto ela. A única diferença é que,
enquanto ela pingava de desejo, o membro ereto se posicionava contra os dois.

Foi o bastante para fazê-la sorrir largo, como uma criança que encara um doce.

E ele gargalhar.

— Me lembra que toda vez que a gente brigar, eu te mostrar o Pharaoh? — o rapaz riu, mas o
sorriso se transformou em uma mordida de lábio quando pouco a pouco, acompanhou Evenny
descer com os lábios pelo seu abdômen, virilha e finalmente...

Ele suspirou baixinho.

— Eu definitivamente vou mostrar.

Serviu de incentivo para que ela arrastasse a língua sob a enorme cabeça rosada e o olhasse
nos olhos. Ítalo apenas juntou os fios castanhos e retribuiu o olhar sorrindo. Ela sabia que a
resistência daquele garoto deveria entrar para um tipo de livro dos Recordes. Mas também,
como boa escritora, sabia que a premissa de qualquer posição ou tipo de sexo é a vontade de
fazê-lo.

E, ah, a vontade de tê-lo em sua boca era quase transcendental.

Pensando nisso, a garota girou a cabeça fazendo o estalo do ar saindo dos seus lábios ecoar
pelo banheiro. Lá em cima, ítalo se questionou, mas antes que pudesse perguntar, escutou
uma profunda respiração e o seu pau estava em volta de algo quente, macio e extremamente
molhado. Ele riu, ofegando com o prazer de estar, literalmente, na garganta da garota.

Evenny apontou para a cabeça, mandando-o guia-la.

E óbvio que não recusaria algo assim.

Na terceira vez que se enfiou na garganta da garota, ela se engasgou e ele apenas soltou um
grunhido baixinho, puxando-a para deixa-la respirar. Ela tossiu, molhando seus lábios com a
saliva. Porém, suas mãos não paravam, enquanto uma o masturbava, a outra brincava com a
suas bolas numa velocidade que ele acreditou que só conseguiria alcançar sozinho.

Ela tomou fôlego e o rapaz sentiu seu pau latejar com o tesão.

Rapidamente, ele puxou-a pelo braço, erguendo-a.

Ítalo puxou sua nuca, afundando seus lábios em um beijo molhado. Podia sentir seu gosto ao
enroscar sua língua na dela, podia sentir a conexão dos dois transformando aquilo em algo
extraordinário. Não era apenas prazer, era a cumplicidade, a vontade, a reciprocidade.
Escutou um breve ofegar e notou que, sem perceber, sua mão tinha encontrado um lugar
completamente encharcado. A garota entreabriu os lábios ao sentir os longos dedos dele
escorregarem por si.

— Encosta na pia e levanta a perna.

Ela arfou com a ordem e riu, mordendo o canto dos lábios e obedecendo ao comando.

Como se estivesse passado anos cativo de um tipo de bebida, a boca do rapaz encontrou sua
intimidade. Por pouco, ela não encontrava algo além da parede para segurar-se, foi o bastante
para um gemido alto ecoar por todo o lugar.

Ao contrário de Ítalo, Evenny gemia.

E muito.

Ela podia sentir a língua dele provocando os mais diversos lugares e...

— Ítalo... — agarrou os fios loiros, rebolando copiosamente contra os lábios dele. — Puta
merda...

Ele riu, desgrudando os lábios. O rosto estava levemente avermelhado e a boca molhada. O
garoto passou a língua, fechando os olhos com um sorrisinho besta nos lábios.

— Adoro quando você goza na minha boca, anjo.

Ela bufou, ofegando.

— Eu quero...

Ele fingiu-se de desentendido.

— Quer o quê? O que eu posso te oferecer? — zombou, enquanto massageava lentamente a


ereção que parecia praticamente implorar para que ela sentasse em cima. Evenny estava
excitada demais para sequer proferir alguma coisa. — Você quer ele? O Pharaoh?

Ela sorriu.

— Você vai me pagar por isso. — rosnou baixinho.

Ítalo riu.

— Pago até com juros, meu amor. Agora... — piscou e apontou — Banheira.

— Porque não aqui?

Se ele estava rindo antes, agora gargalhava.

— Meu bem, tenho planos para cada canto remoto desse lugar — deu de ombros — Mas
comecemos com um bom banho.

You might also like