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Os Oligopólios Estão de Boa Saúde, Obrigado

Resenha
A autora busca mostrar que a reestruturação subsequente ao fordismo não teria como
forma de expressão única aquela dos pequenos sistemas produtivos integrados e não
hierarquizados. Isto porque a premissa de que a grande empresa verticalmente integrada
não consegue, devido ao seu tamanho e ao seu sistema de organização, enfrentar
efetivamente as pressões de concorrência de mercado, no qual seria imprescindível a
capacidade de flexibilização da produção, não se verificaria. Para tal ela começa
analisando separadamente aspectos que estariam ligados a esse processo demonstrando
que elas podem evoluir de forma independente.
Primeiramente as máquinas polivalentes, que permitem grande diversidade de produtos
através das tecnologias de automação programável, permite ao mesmo tempo manter uma
produção de massa não estandardizada, e assim, a realização de economias de escala.
Além disso as grandes empresas também têm ao seu alcance formas de especialização
flexível no que se refere a organização. Através de mudanças na estratégia de gestão estas
empresas poderiam externalizar fases de sua produção criando laços de interdependência
hierarquizados. Também, mesmo em um sistema desintegrado a produção flexível é
plenamente compatível com a existência de relações hierarquizadas e de exploração entre
empresas através da concentração do controle do sistema de empresas em posição
privilegiadas, como as empresas que se encontram à cabeça do sistema. Assim as formas
de flexibilidade identificadas não seriam necessariamente não hierárquicas e não
concorrenciais e mesmo com as mudanças nas estratégias de gestão das grandes empresas
sua capacidade e seu comportamento continuaria a se diferenciar das pequenas empresas.
No que se refere ao trabalho a flexibilidade não parece ligar-se diretamente a qualquer
tipo particular de processo de trabalho, e, assim, não implica na redistribuição alargada
das competências, bem como na revalorização da produção artesanal e a na polivalência.
Para mostrar evidencias de que não há relações necessárias entre a nova forma de
produção e o modelo de divisão de trabalho muito acentuado com um complexo industrial
fragmentado e com elementos muito independentes ela analisa seus exemplos mais
comuns encontrados na literatura. Primeiramente busca mostrar que a configuração que
a Terceira Itália assumira foi devido a um contexto macroeconômico muito especifico
que ao desaparecer poderia fazer com que essa configuração mudasse novamente. Assim,
um dos fatores mais importantes, a alta procura por produtos diversificados, ao começar
a decair devido a concorrência teve como consequência um início de reconcentração no
sistema. Contudo essa reconcentração se verificou apenas em etapas anteriores e
posteriores à produção, ou seja, em funções mais importantes de gestão global e financeira
aumentando a hierarquização e o controle. Esse processo de reconcentração procurou
responder a necessidade de intensificar o controle da qualidade e a necessidade de obter
economias de escala nestes setores. Desta forma estaria demonstrado a instabilidade
daquela forma de sistema.
Da mesma forma os complexos de alta tecnologia não apresentariam necessariamente
esse conjunto de características. Para ela, são cada vez mais visíveis os sinais de uma
tendência paralela para a concentração e a integração através de processos de fusão e
aquisição. Os fatores responsáveis por isso seriam entre eles o aspecto financeiro com o
aumento cada vez maior do tamanho do investimento inicial, a necessidade de estabilizar
os mercados internalizando-os e também operações estratégicas essencialmente
destinadas a reforçar posições no mercado. Da mesma forma a rede de empresas que
surgiram para prestar serviços à essas empresas também não poderiam ser consideradas
sinónimo de um sistema de especialização flexível por nem sempre estarem organizadas
de acordo com o principio da organização da pequena dimensão e da integração espacial.
Demonstrado os limites do modelo de especialização flexível ela se volta a demonstrar
que as grandes empresas ainda ocupam o centro da acumulação e mudança atual sendo
que a tendência seria de aumento de concentração do capital e do controle. Assim as
pequenas empresas, na verdade, correriam o risco de não conseguirem resistir à
concorrência das grandes. Contudo tal concentração não implicaria necessariamente na
concentração das operações de produção. Tal fato poderia induzir ao erro as analises a
respeito da flexibilidade que consideram apenas a dimensão do sistema como produtivo
em suas análises. Isso levaria a confusão entre a fragmentação do sistema produtivo com
a do capital e das estruturas de controle.
Assim, apesar do modelo fordista ter sido superado, seu modelo busca ultrapassar a noção
de “novos espaços industriais”. O novo regime de acumulação teria a flexibilidade
acrescida da organização produtiva intra e interempresas, que se traduz por uma crescente
fragmentação do sistema produtivo, mas se mantendo perfeitamente compatível com o
desenvolvimento da concentração do capital e do controle.
A flexibilidade organizacional é obtida através da atomização do sistema produtivo, mas
não afetam em anda o poder financeiro das grandes empresas que se encontram na origem
dessas alterações, nem tão pouco o seu peso no mercado. No entanto, ao mesmo tempo
que essas mudanças permitem a maior flexibilidade do capital, também favorece a
exploração da mão-de-obra através da segmentação acrescida do mercado de trabalho.
Desta maneira, existem fatores que favorecem o maior grau de reconcentração regional,
como a dependência de certos setores em relação as economias de aglomeração e a
necessidade de uma adaptação mais maleável e mais rápida do sistema produtivo.
Contudo verificam-se pressões cada vez mais fortes no sentido da internacionalização da
produção. Isso aumentaria a concorrência inter-regional em torno do desenvolvimento
industrial.
A análise da autora busca reconciliar as novas formas de organização espacial das
empresas, apresentadas até agora no curso, com a tendência secular de concentração de
acumulação de capital e de poder de mercado das grandes empresas. Essa analise a
principio parece mais adequada a impressão que a realidade nos passa de presença de
empresas cada vez maiores principalmente em setores de alta tecnologia. Contudo restaria
saber como isso interferiria na dinâmica do capitalismo que se volta para a região e tenta
extrair economias de produção de ativos relacionais.

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