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Piauí
Leovandes Soares da Silva(1); Allyson Rocha Alves(2); Andréia da Rocha Martins(3); Tatiano
Ribeiro dos Santos (4); Aluska Kelly Alves Nunes (5)
(1)
Graduando do curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Piauí-UFPI, Campus Professora
Cinobelina Elvas-CPCE (leovandessoares@bol.com.br); (2) Professor do curso de Engenharia Florestal da
Universidade Federal Rural do Semiárido-UFERSA, allyson@ufersa.edu.br. (3) Graduanda do curso de
Engenharia Florestal, Universidade Federal do Piauí-UFPI, Campus Professora Cinobelina Elvas-CPCE,
andreiaceleste16@hotmail.com; (4) Pós-graduando em Engenharia Agronômica Universidade Federal do Piauí-
UFPI, Campus Professora Cinobelina Elvas-CPCE, viverbom@hotmail.com; (5) Graduanda do curso de
Biologia, Universidade Estadual do Rio Grande do Norte - UERN, aluskakelly_jp@hotmail.com.
RESUMO
A mata ciliar exerce função protetora nos recursos naturais, ao longo da historia do Brasil foram se
desenvolvendo desmatamentos levando a degradação desses ambientes. Em decorrência do processo
de colonização e mesmo sendo área de preservação permanente e de grande importância, às matas
ciliares tem sido alvo de exploração. Este trabalho teve como objetivo, avaliar as condições que se
encontra um remanescente de mata ciliar, na bacia do rio Gurgueia no sul do Piauí, com a realização
de um levantamento florístico para servir como base para projetos de restauração florestal. Este estudo
foi realizado em uma área de transição cerrado-caatinga, localizada no município de Bom Jesus/PI.
Na amostragem do componente arbustivo-arbóreo foram implantadas cinco faixas de 1200 m2 (20m
x 60m) dividido em três unidades de 20 x 20m e 20 metros entre as faixas totalizando 15 unidades
amostrais. Foram amostrados todos os indivíduos arbóreos vivos com circunferência à altura do peito
(CAP) ≥ 6 cm. Para os indivíduos amostrados foram feitas as seguintes avaliações: nome vulgar,
medição da circunferência altura do peito (CAP) 1,30 m. Foram amostrados 2.067 indivíduos vivos,
com área basal de 14,06 m2, 29 famílias botânicas, 59 gêneros e 70 espécies. As famílias mais
representativas foram: Moraceae com 524, seguida de Caesalpiniaceae 304 e Fabaceae 170
indivíduos, os gêneros mais representativos são: Brosimum 399; Chamaecrista 192; e Combretum
168 indivíduos. A florística forneceu uma importante base, visando à manutenção e restauração desse
e de outros fragmentos que ainda existem com características semelhantes.
INTRODUÇÃO
Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo, avaliar as condições em que se encontra um
remanescente de mata ciliar, na bacia do rio Gurgueia no sul do Piauí, realizando um levantamento
florístico das espécies arbóreas, e classifica-las quanto aos seus grupos ecológicos, essas informações
servirão de base para futuros trabalhos de pesquisa e projetos de restauração florestal.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido no municipio de Bom Jesus localizado ao Sul do Estado do Piauí em
uma área de mata ciliar, numa propriedade particular denominada comunidade Lagoa do Barro,
distanciando 8 km da cidade de Bom Jesus, com as coordenadas (9º7’33” S e 44º21’11” W), este
fragmento possui uma área territorial de 17,8 ha. Para amostragem do componente arbustivo-arbóreo
foram implantadas cinco faixas de 1200 m2 (20m x 60m). As mesmas foram subdivididas em três unidades
de 20 x 20m, totalizando 15 unidades amostrais. As distribuições das unidades amostrais foram de forma
sistemática, sendo, o início da faixa partindo da beira do rio adentrando a vegetação.
A partir da primeira faixa foi estabelecida uma distância de 20 metros entre as faixas, alguns reajustes
foram feitos em determinadas situações em decorrência das condições topográficas da área. Nas unidades
amostrais distribuídas dentro das faixas foram amostrados todos os indivíduos arbóreos vivos com
circunferência à altura do peito (CAP) ≥ 6 cm, segundo protocolo rede de Manejo Florestal da Caatinga
(2005). Foram feitas as seguintes avaliações da vegetação lenhosa para cada indivíduo: nome vulgar ou
regional, medição da(s) circunferências(s) a altura do peito (CAP) 1,30 m. Para a análise florística foi
utilizado o índice de diversidade de Shannon-Wiener (MULLER- DOMBOIS & ELLEMBERG, 1974).
Para o levantamento florístico, a identificação das espécies arbóreas foi feito em nível de nome vulgar
no campo com auxilio de um mateiro local, sendo coletado material botânico para posterior identificação
taxionômica, por meio de especialistas botânicos presentes no campus de Bom Jesus/PI, em que foi usado
o sistema Angiosperm Phylogeny Group II (APG II, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No levantamento da vegetação foram amostrados 2.067 indivíduos vivos, totalizando uma área
basal de 14,06 m2, com 29 famílias botânicas, 59 gêneros e 70 espécies foram amostrados no
componente arbustivo-arbóreo.
Após o levantamento as dez espécies que se apresentaram com maior valor de importância na área
foram: Brosimum lanciferum Ducke, Chamaecrista eitenorum (H.S. Irwin & Barneby) H. S. Irwin &
Barneby, Zygia cauliflora (Willd.) Killip, Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud. Hymenaea
courbaril L., Combretum leprosum Mart., Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. F.,
Dalbergia cearensis Ducke, Machaerium acutifolium Vogel e Combretum anfractuosum Mart.
As famílias com maiores representatividades, em número de indivíduos, foram: Moraceae com
524, seguida de Caesalpiniaceae 304 e Fabaceae 170 indivíduos. Esse estudo aponta muitas
informações como espécies exclusivas tanto do bioma cerrado quanto do bioma caatinga e espécies
presentes em ambos os biomas o que caracteriza ser uma área de transição. Das 70 espécies
amostradas e identificadas no remanescente, 40 tem o hábito de vida arbóreo e 30 arbustivos, ambas
apresentam importância, social e ambiental para esta região. A importância social está ligada a
utilização dessas espécies para uso medicinal, artesanatos, frutos, sementes. Já a importância
ambiental está ligada aos benefícios que elas exercem ao ambiente ciliar, que envolve tanto a proteção
do rio como a manutenção da fauna.
Os gêneros mais representativos em relação ao número de indivíduos estão assim distribuídos:
Brosimum 399, Chamaecrista 192, Combretum 168, Agonandra 125 e Maclura 124 indivíduos. As 5
famílias com maior representatividade em número de espécies foram: Fabaceae 16, Annonaceae 5, e
Caesalpiniaceae 5 espécies (Figura 1).
Figura 1 - Número de espécies por família amostradas em um fragmento de mata ciliar do rio Gurguéia, no município de Bom Jesus Sul do Piauí.
Nessa região que é uma área de transição entre os biomas cerrado e caatinga, pode-se notar uma
rica variabilidade no número de espécies e famílias botânicas, pertencentes aos dois biomas
mencionados anteriormente, do total de 70 espécies amostradas 16, espécies são típicas do cerrado,
38 da caatinga e 16 se fazem presentes tanto no cerrado quanto na caatinga (Figura 2b).
Figura 2. Classificação das espécies arbóreas amostradas em um remanescente de mata ciliar do rio Gurguéia Sul do Piauí: (A) Grupo ecológico: P
– Pioneira; Si – Secundária inicial; St – Secundária tardia; Sc – Sem caracterização. (B) Distribuição das espécies por bioma: Ca – Caatinga; Ce –
Cerrado; Ce/Ca – Cerrado Caatinga.
Referindo-se ao grupo ecológico das espécies amostradas, 11 foram classificadas como pioneiras,
23 como secundárias iniciais, 31 como secundárias tardias e 7 sem caracterização.
Na área estudada, a maior porcentagem de espécie está relacionada ao grupo ecológico das
secundárias tardias, seguidas de secundárias iniciais, pioneiras e sem caracterização. Mesmo sendo
uma área protegida, ocorre um grande número de espécies pioneiras e secundárias iniciais
compreendendo certo grau de perturbação (Figura 2a). Quando somadas as espécies secundárias
iniciais e pioneiras juntas compõem a maioria das espécies encontradas, isso caracteriza uma floresta
em estágio inicial ou em desenvolvimento sucessional.
A presença de espécies pioneiras como é o caso de Mimosa tenuiflora (Willd) Poir. e
Aspidosperma pyrifolium Mart., ambas são espécies arbóreas, dentre outras, são encontradas
principalmente em ambientes que sofreram algum tipo de degradação. Neste caso, induzido pelo
homem, tais espécies são responsáveis por prepararem o ambiente para o desenvolvimento de outras
espécies como é o caso da Caesalpinia pyramidalis Tul.
Além da importância ambiental, algumas espécies são usadas pelos ribeirinhos como plantas
medicinais, como é o caso de Ximenia americana L. Kielmeyera variabilis Mart. & Zucc., Copaifera
langsdorffii Desf, Caesalpinia pyramidalis Tul. e Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, o que
necessita de estudos mais detalhados dessas espécies.
Para esse estudo realizado na Mata Ciliar do rio Gurguéia, o índice de diversidade de Shannon-
Weaner (H’) encontrado foi de 3,32 nats.ind-1 indicando uma boa diversidade florística na área. Nesse
contexto, pode-se afirmar que os valores do índice de diversidade encontrado nessa área apontam
uma grande heterogeneidade nas condições ecológicas, com variedades de espécies que justifica a
necessidade da preservação deste fragmento, pois sua manutenção é de vital importância para servir
de base para projetos de restauração de matas ciliares nessa região.
Além de sua devida importância para o leito do rio como proteção das margens contra processos
erosivos, corredor ecológico, manutenção e dispersão da fauna e flora dentre outros, é de vital
importância à preservação e recuperação desse ambiente, pois, o rio Gurguéia é único rio dessa região,
uma vez que, vem sendo notado ano após ano a diminuição da quantidade de água, consequentemente
das espécies aquáticas, haja vista, que, os proprietários de terras nessa região desmatam para
utilização de culturas anuais e pastagens. Portanto é necessário uma fiscalização mais atuante, evitar
perda total da diversidade de espécies da fauna e flora.
Baseado nos dados obtidos nesse estudo, conclui que o fragmento de mata ciliar estudado se
encontra em bom estado de conservação, apresentando um grande número de indivíduos e uma alta
diversidade de espécies, distribuídas em todos os grupos ecológicos, essas informações servirão como
base para futuros projetos de restauração florestal em áreas de mata ciliar degradada na bacia do Rio
Gurguéia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APG II. Na update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of
flowering plants. London: Botanical Journal of the Linnaean Society, 2003. V. 141, n. 4, p. 399-436.
CORBACHO, C.; SANCHEZ, J. M.; COSTILLO, E. Patterns of structural complexity and human
disturbance of riparian vegetation in agricultural landscapes of a Mediterranean area. Agriculture
Ecosystem sand Environment, n. 95, p. 495-507, 2003.
PAINE, L. K.; RIBIC, C. A. Comparison of riparian plant communities under four land management
systems in southwestern Wisconsin. Agriculture Ecosystems Environment, n. 92, p. 93-105, 2002.
RESUMO
Apesar da importância econômica da carnaúba, pouco se sabe sobre a propagação sexuada. Com este
estudo, objetivou-se determinar o grau de umidade das sementes, a curva de embebição e o efeito da
pré-embebição no percentual de germinação das sementes. A determinação do grau de umidade foi
realizada a partir da mensuração da massa fresca das sementes, seguida da secagem e nova pesagem.
Para a caracterização da curva de embebição, foram realizadas as pesagens das sementes submersas
em água, nos intervalos de 0, 2, 4, 12 horas e posteriormente a cada 48 h, totalizando 576 h. Para os
testes de germinação avaliaram-se os seguintes tratamentos: 1) sementes escarificadas e embebidas
em água destilada, 2) não-escarificadas e embebidas em água destilada, e 3) não-escarificadas e
embebidas em água natural (não destilada), visando a extensão dos resultados às comunidades
extrativistas da carnaúba. As sementes de carnaúba tem grau de umidade médio de 35,93%, indicando
que permanecem com alta umidade após serem liberadas da planta-mãe. A curva de embebição
apresentou um crescimento lento entre os intervalos de 0 e 12 h (9% em relação à massa fresca) e
maiores taxas de absorção de água (38,8% após 336 h). Houve diferença significativa entre os
tratamentos 1 e 2 e entre 1 e 3, indicando efeito positivo da escarificação; e ausência de diferença
significativa entre os tratamentos 2 e 3, evidenciando que o tipo de água não influencia nas taxas de
germinação.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A absorção de água pelas sementes obedece a um padrão trifásico. A fase I, denominada embebição,
é consequência do potencial matricial e, portanto, trata-se de um processo físico, ocorrendo
independentemente da viabilidade ou dormência das sementes, desde que não seja uma dormência
tegumentar causando impedimento de entrada de água. Já a fase II, denominada de estacionária,
ocorre em função do balanço entre o potencial osmótico e o potencial de pressão. Nessa fase, a
semente absorve água lentamente e o eixo embrionário ainda não consegue crescer. Por último, a fase
III caracteriza-se pela retomada de absorção de água, culminando com a emissão da raiz primária
(BEWLEY & BLACK, 1994). Assim, para as sementes da carnaúba, conforme Figura 1, identifica-
se como sendo a fase I as primeiras 4 horas de embebição, a fase II entre 4 e 24 horas de embebição,
e a fase III a partir das 48 horas de embebição. Portanto, recomenda-se a embebição das sementes por
pelo menos 12 dias, já que as sementes apresentam embebição estabilizada a partir das 288 horas (12
dias), e porcentagem elevada de protrusão da raiz primária.
CONCLUSÕES
As sementes de Copernicia prunifera possuem alto teor de água (35,93%) após a liberação da planta
mãe. A curva de embebição das sementes indica um comportamento trifásico, com embebição
estabilizada após 12 dias (288 horas), sendo este o período sugerido para obter maior porcentagem
da protrusão da raiz primária.
Por último, conclui-se que há efeito positivo da escarificação das sementes na germinação.
Entretanto, as condições da água (destilada ou não destilada) não influência na germinação das
sementes da carnaúba.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, A.U.; DORNELAS, C.S.M.; BRUNO, R.L.A.; ANDRADE, L.A.; ALVES, E.U. Superação
da dormência em sementes de Bauhinia divaricata L. Acta Botânica Brasilica, v.18, p.871-879.
2004.
BEWLEY, J. D. & BLACK, M. Seeds: Physiology of development and germination. 2ª ed. New
York: Plenum Press, 1994. 445p.
REIS, R.G.E. et al. Biometria e efeito da temperatura e tamanho das sementes na protrusão do pecíolo
cotiledonar de carnaúba. Revista Ciência Agronômica, v.4, n.1, p.81-86, 2010.
AGRADECIMENTOS