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5º Seminário Nacional

Homens, Gênero e Políticas Públicas


Recife, Park Hotel, 22 a 24 de outubro de 2008

 Realização
Instituto PAPAI
Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (Gema/UFPE)
Instituto Promundo
Núcleo de Pesquisas Modos de Vida, Família e Relações de Gênero (Margens/UFSC)

 Parceria
Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO)
Associação Brasileira dos Redutores e Redutoras de Danos (ABORDA)
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFPE
Rede Brasileira de Pesquisas sobre Violência, Saúde, Gênero e Masculinidades (VISAGEM)
Rede de Homens pela Equidade de Gênero (RHEG)
Fórum LGBT de Pernambuco

 Apoio
CIDA/Canadá
Fundação FORD
CNPq
Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA)
Ministério da Saúde
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
ChildHope
WCF-Brasil

 Comissão Organizadora
Benedito Medrado
Jorge Lyra
Mariana Azevedo
Suzana Libardi
Tiago Corrêa

 Comitê científico e pareceristas


Prof. Dr. Benedito Medrado
Beto de Jesus
Prof. Dr. Jorge Lyra
Prof. Dra. Karla Galvão Adrião
Prof. Dra. Márcia Reis Longhi
Prof. Dra. Márcia Thereza Couto
Prof. Dr. Marco Aurélio Prado
Prof. Dr. Ricardo Pimentel Mello
Me. Sandra Unbehaum
Me. Sérgio Flávio Barbosa

__________________________________________________________________________________
H765 Homens, Gênero e Políticas Públicas: livro de resumos / Instituto PAPAI, Gema/UFPE,
Promundo e Margens/UFSC. Recife: Instituto PAPAI, 2008.
58p.
Bibliografia

1. Homens – políticas públicas. 2. Paternidade e direitos reprodutivos. 3. Diversidade e


direitos sexuais. 4. Violência e direitos humanos I. Instituto PAPAI. II. Gema/UFPE. III.
Promundo. IV. Margens. V. Título.
CDU 342.231.14
__________________________________________________________________________________
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do Instituto PAPAI
Bibliotecário: Thiago Rocha (CRB 4 - 1493)
Apresentação

Caros amigos e amigas,

Este é o 5º Seminário Nacional “Homens, Gênero e Políticas Públicas”, organizado


conjuntamente pelo Instituto Papai, o Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades
(GEMA/UFPE), o Instituto Promundo e o Núcleo de Pesquisas em Modos de Vida, Família e
Relações de Gênero (MARGENS/UFSC); com o apoio de ChildHope, CIDA/Canadá, CNPq,
Fundação FORD, Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Ministério da Saúde,
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, WCF-Brasil.

Com este encontro, pretendemos promover a visibilidade e troca de conhecimentos e práticas


no campo das políticas públicas voltadas aos homens e/ou sobre masculinidades, a partir do
enfoque de gênero e/ou feminista, em sua interface com a produção acadêmica, os
movimentos sociais e a gestão pública. Destina-se, portanto, a pesquisadores, militantes,
gestores, estudantes de graduação e pós-graduação ou qualquer pessoa interessada em
pesquisas e ações políticas voltadas aos homens e/ou masculinidades.

Pretendemos, mais especificamente, focalizar políticas de saúde, paternidade e direitos


reprodutivos, diversidade e diretos sexuais e violência e direitos humanos, a partir da
exposição em mesas e apresentação de trabalhos que contemplem reflexões político-
conceituais, pesquisas empíricas e experiências de intervenção social, ressaltando a interação
complexa entre gênero e outras dimensões sociais, como raça/etnia, classe e geração.

A grade da programação inclui 5 mesas redondas e 4 grupos de trabalho (GT), cujos resumos
submetidos foram avaliados por uma comissão científica composta por especialistas da área,
entre pesquisadores e militantes na área de saúde, gênero e sexualidade. Do total de 103
propostas submetidas, foram selecionados 88 trabalhos, assim distribuídos:

Nº de trabalhos
Eixo temático
selecionados
Homens e políticas públicas em saúde 26
Paternidade e direitos reprodutivos 21
Diversidade e direitos sexuais 15
Violência de gênero e direitos humanos 26
Total 88

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Os trabalhos selecionados apresentam reflexões a partir de experiências de pesquisa e
intervenção política realizadas em diferentes estados do Brasil: Alagoas, Amazonas, Bahia,
Ceará, Minas Gerais, Espírito Santos, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

A partir da relatoria gerada, pretendemos produzir uma síntese das normativas e diretrizes
discutidas, de modo a produzir posteriormente um documento de advocacy a ser
disponibilizado a pesquisadores, ativistas e gestores que tem atuado na formulação,
implementação ou controle social de políticas públicas. Trata-se, portanto, de um conceitual
ético e eminentemente político, que não pretende se exaurir apenas nas discussões suscitadas
ao longo de seus 03 dias de duração.

Trata-se de um momento privilegiado de diálogo e construção de proposições, num campo


cujo dinamismo tem sido uma constante e que hoje apresenta desafios políticos importantes,
tais como a premente institucionalização de um apolítica de atenção integral aos homens na
saúde, promovida pelo Governo Brasileiro.
Este encontro é, assim, um esforço promovido por algumas das várias instituições que têm
voltado sua atenção para os homens, na interface com o movimento feminista e outros
movimentos sociais, pesquisando e intervindo em prol de uma sociedade mais justa, com
eqüidade de gênero.

A comissão organizadora,
Recife, outubro de 2008

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Sumário

1. Sobre o Evento .............................................................................................7


1.1. Breve trajetória de iniciativas anteriores ........................................................7
1.2. Agradecimentos .......................................................................................9

2. Programação.............................................................................................. 11
2.1. Grupos de trabalho ................................................................................. 13
2.1.1. GT Homens e políticas públicas em saúde................................................ 13
2.1.2. GT Paternidade e direitos reprodutivos................................................... 14
2.1.3. GT Diversidade e direitos sexuais .......................................................... 15
2.1.4. GT Violência e direitos humanos ........................................................... 16

3. RESUMOS................................................................................................... 18
3.1. GT Homens e políticas públicas em saúde ..................................................... 18
3.2. GT Paternidade e direitos reprodutivos ........................................................ 27
3.3. GT Diversidade e direitos sexuais................................................................ 34
3.4. GT Violência e direitos humanos ................................................................. 39

4. Índice por autores ....................................................................................... 49

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1. Sobre o Evento

Este é o quinto de uma série de encontros voltados ao debate sobre homens e masculinidades,
realizados no Brasil, desde 1998, quando o Grupo de pesquisas em Sexualidade Masculina e
Paternidade (Gesmap) vinculado à ONG ECOS-Comunicação em Sexualidade e o Programa de
Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade e Saúde do Instituto de Medicina Social (IMS) da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro promoveram o I Seminário Homens, sexualidade e
reprodução, em São Paulo. A outras edições (2003, 2005 e 2006) aconteceram em Recife, a
partir de parceria entre o Instituto PAPAI, o Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades
(Gema) e o Núcleo de Pesquisas Família, Gênero e Sexualidade (Fages), ambos da
Universidade Federal de Pernambuco, além do Núcleo de Estudos de População (NEPO) da
Universidade Estadual de Campinas, Rede Feminista Norte-Nordeste de Estudos e Pesquisas
sobre Mulher e Relações de Gênero (Redor), entre outros.

1.1. Breve trajetória de iniciativas anteriores

Com base nas reflexões acima, os seminários “Homens, sexualidade e reprodução” têm sido
encontros especiais promovidos através de parceria entre Organizações não-governamentais e
Universidades que atuam na promoção dos direitos sexuais e direitos reprodutivos como
direitos humanos e defesa da cidadania. Têm sido momentos privilegiados quando se
encontram pesquisadores/as e ativistas das mais diversas origens e disciplinas, para
aprofundarem temas complexos e para apontarem outros/ novos caminhos a serem trilhados.

1998 - aconteceu em São Paulo o 1º “Seminário Homens, Sexualidade e Reprodução”,


promovido pelo Grupo de Estudos sobre Sexualidade Masculina e Paternidade
(GESMAP) da ONG ECOS – Comunicação em Sexualidade e o Programa de Estudos e
Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Saúde (IMS) da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro, contando com apoio da Fundação MacArthur e Fundação Ford. Jorge Lyra e
Benedito Medrado participaram da fundação do Gesmap e da organização deste
evento, no qual apresentaram reflexões com base nos primeiros projetos do Instituto
PAPAI.

2002 - O Instituto Promundo, Instituto PAPAI e a ECOS realizaram uma Conferência e Oficina
Internacional Homens Jovens como Aliados na Promoção de Saúde e Equidade de
Gênero, no Rio de Janeiro. Este evento contou com a participação de cerca de 250
pessoas, representando mais de 38 países de todos os continentes, e também
representando organismos internacionais como WHO/PAHO, UNFPA, Engenderhealth,
UNICEF, UNESCO entre outros.

2003 – a convite da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o Instituto Papai


participou da Reunião Técnica Preparatória da 48ª Sessão da Comissão sobre a
Situação da Mulher (CSW), uma das comissões funcionais do Conselho Econômico e
Social das Nações Unidas (ECOSOC). Esta reunião foi realizada em Brasília/DF, entre

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21 e 24 de outubro de 2003 e teve como tema “O papel dos homens e homens jovens
na promoção da equidade de gênero”.

No mesmo ano, aconteceu em Recife o 2º “Seminário Homens, Sexualidade e


Reprodução”, que elegeu como temática a tríade “Tempos, práticas e vozes” e foi
organizado pelo Instituto PAPAI e Núcleo Família, Gênero e Sexualidade (FAGES) da
UFPE (ambos filiados a Rede Feminista Norde-Nordeste de estudos e pesquisas sobre
Mulher e Relações dde Gênero), em parceria com o Núcleo de Estudos de População
(NEPO) da UNICAMP e projeto Pegapacapá, com apoio da Fundação Ford, CNPq e
Núcleo de Estudos Americanos da UFPE (Medrado; Franch; Lyra; Brito, 2004). A
inscrição de trabalhos superou as expectativas da comissão organizadora do evento,
que nomeou um comitê de 18 especialistas para avaliar os trabalhos. Foram inscritos
117 trabalhos, dos quais 112 foram selecionados, divididos em 88 apresentações orais
e 19 pôsteres. Participaram cerca de 300 pessoas. Paralelo ao 2º seminário aconteceu
também reuniões de articulações que trabalham a questão de gênero, como: a
reunião da Campanha Brasileira do Laço Branco: Homens pelo fim da violência contra
a mulher, reunião entre organizações da sociedade civil e representante da Área
Técnica de Saúde do Adolescente e do Jovem do Ministério da Saúde sobre Políticas
Públicas para juventude em gênero e cidadania; reunião sobre Série Trabalhando com
Homens Jovens, reunião do Grupo Masculinidades da CN-DST/Aids para discutir as
estratégias e os temas para materiais educativos junto a população masculina;
reunião do Movimento de Adolescentes do Brasil (MAB) etc.

2004 - um representante do Instituto PAPAI, Jorge Lyra, foi convidado a integrar a 48ª Sessão
da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW), como representante brasileiro, na
qualidade de conferencista, que aconteceu em Nova York, entre 1 e 5 de março.

2005 - aconteceu em Recife o 3º Seminário Homens, Sexualidade e Reprodução, sendo


novamente organizado por dois grupos de pesquisa que integram a REDOR: o Instituto
PAPAI e o Núcleo FAGES, além do Núcleo de Estudos sobre Gênero e Masculinidades
(Gema) da UFPE. Neste encontro, privilegiou-se a discussão com grupos sociais com os
quais estas instituições têm atuado entre eles grupos de homens jovens urbanos,
indígenas e reassentados do sertão de Pernambuco.

2006 - aconteceu em Recife o 4º Seminário Homens, Sexualidade e Reprodução como uma


parceria entre Instituto PAPAI, Gema/UFPE, Núcleo FAGES/UFPE e a REDOR. Este
encontro teve o subtítulo “Homens, feminismo e políticas públicas em saúde: entre
a produção acadêmica e a pauta política” e o objetivo de promover um encontro
entre especialistas (acadêmicos e ativistas) brasileiros que atuam no campo da saúde,
com vistas a rever a política ou linha de intervenção em saúde pública e as atuais
propostas dos movimentos sociais, abrindo canais para pensar os homens, a partir do
enfoque feminista. Pretendeu-se contribuir assim, especialmente, para o
fortalecimento de iniciativas governamentais e não-governamentais voltadas a
sexualidade e direitos reprodutivos, tendo em perspectiva as atuais reivindicações e
impasses do movimento feminista nacional (AMB, 2002), bem como o atual Plano de
Ação intitulado “Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos: uma prioridade de governo”
da Área Técnica da Saúde da Mulher/Ministério da Saúde (BRASIL, 2005); as propostas
oriundas do Plano de ação das Conferências Nacionais de políticas para as mulheres da

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Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (BRASIL, 2004; 2008), além de


iniciativas de Órgãos internacionais que, desde o final da década de 90, têm proposto
e implementado políticas públicas em saúde que incluem os homens, como uma forma
de promover a eqüidade de gênero (ICDP, 1994; UN, 2001; DAW, 2004).

1.2. Agradecimentos

Agradecemos especialmente às instituições apoiadoras, às equipes das instituições


organizadoras que direta ou indiretamente colaboraram para a realização deste encontro, aos
pareceristas que cordialmente colaboraram com suas apreciações sobre os trabalhos
submetidos e aos homens jovens com quem trabalhamos e se dedicam a um projeto social
com vistas a um mundo mais justo, com equidade de gênero.

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2. Programação

Dia 22/10 (qua) Dia 23/10 (qui) Dia 24/10 (sex)


9 – 10h: Mesa de abertura
10 - 13h: Mesa redonda 9 – 12:30 h: 9 – 12:30 h:
Homens e políticas públicas em Mesa redonda Mesa redonda
saúde Paternidade e direitos Diversidade e direitos sexuais
Margareth Arilha (CCR) reprodutivos Paula Sandrini (UFRGS)
Parry Scott (Fages/UFPE) Juan Guillermo (Colégio do Beto de Jesus
Maria José Araújo (IMAIS-BA) México) Felipe Rios (UFPE)
Benedito Medrado Marion Quadros (UFPE) Coord.: Sérgio Carrara (IMS-
(Gema/Papai) Pedro Nascimento (UFAL) UERJ)
Coord.: Suely Oliveira Jorge Lyra (Papai)
Coord.: Paula Viana (Curumim)
13 às 14h: Almoço 12:30 às 14h: Almoço 12:30 às 14h: Almoço
14h – 15:45 14h – 15:45 14 – 17h
Grupo de trabalho – sessão 1 Grupo de trabalho – sessão 3 Mesa-redonda
Violência e direitos humanos
15:45 – 16:00 15:45 – 17:45h Marcos Nascimento (Promundo)
Coffee break Grupo de trabalho – sessão 4 Luiz Eduardo Batista (IS/SP)
Maristela Moraes (Papai)
16:00 – 18:00 17:45 – 18:00h Coord: Ana Alice Costa
Grupo de trabalho – sessão 2 Coffee break (REDOR)

17h: Mesa de encerramento


18h – 20h
Mesa redonda
Gênero e gestão pública: tensões
e desafios
Nilcéia Freire (Sec. de Políticas
para as Mulheres)
Cristina Buarque (Sec. da
Mulher – Pernambuco)
Benita Spinelli (Ger. Atenção à
Saúde da Mulher da Cidade do
Recife)
Ricardo Cavalcanti (Área
Técnica de Saúde do Homem –
Ministério da Saúde)
Oswaldo Negrão (Gerência de
Saúde do Homem –
Pernambuco)
Coord.: Jorge Lyra – Papai

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GRUPOS DE TRABALHO

Homens e políticas públicas em saúde


Karla Adrião (UFPE)
Márcia Couto (UNIFESP)
Relatoras: Jullyane Brasilino (Gema) e Edna Granja (Gema).

Paternidade e direitos reprodutivos


Sandra Unbehaum (FCC)
Márcia Longhi (Fages-UFPE)
Relatoras: Ana Roberta Oliveira (Papai) e Laís Rodrigues (Gema)

Diversidade e direitos sexuais


Beto de Jesus
Marco Aurélio Prado (UFMG)
Relatores: Thiago Rocha (Papai) e Tiago Corrêa (Gema)

Violência de gênero e direitos humanos


Sérgio Barbosa (Coletivo Feminista Saúde e Sexualidade)
Ricardo Pimentel Mello (UFC)
Relatores: Ricardo Castro (Papai) e Anna Renata Cordeiro (Gema)

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2.1. Grupos de trabalho


2.1.1. GT Homens e políticas públicas em saúde
 Dia 22/10 (qua) - Sessão 1 Dia 23/10 (qui) - Sessão 3
14:00 - 14:15 1. Homens, feminismo e políticas públicas em 14. Sobre homens: intervenção social e
saúde pública: pesquisando no cotidiano. mudança pessoal. João Ricard Pereira da
Jorge Lyra, Benedito Medrado, Mariana Silva; Fabiola Macedo; Neilza Buarque;
Azevedo, Sirley Vieira, Edna Granja e Suzana Benedito Medrado
Libardi.
14:15 - 14:30 2. A (in)visibilidade do cuidado masculino à 15. Homens jovens e cuidados com a saúde em
saúde no discurso dos profissionais de saúde. Belo Horizonte/MG. Adriano Nascimento;
Cintia Rossi, Rosana Machin, Wagner Ingrid F. G. Nascimento; Zeidi Araújo
Figueiredo, Lilia Schraiber, Marcia Thereza Trindade; Alessandra C. Cerello; Fernanda B.
Couto. Pereira; Sara A.T.C. Silva
14:30 - 14:45 3. Os homens têm medo de quê? Aspectos 16. O cuidar da saúde em homens com Artrite
estruturais e simbólicos da prevenção do Reumatóide. Fernanda C. N. Simião e Mª
câncer de próstata. Romeu Gomes, Elaine F Auxiliadora T. Ribeiro
Nascimento, Lúcia Emilia F S Rebello
14:45 - 15:00 4. Masculinidades, Processos de Trabalho e 17. Homens, gênero e envelhecimento. Gabriela
Medicalização. Geórgia Sibele Nogueira da Felten da Maia, Fátima Cristina Vieira
Silva, Thiago Félix Pinheiro Perurena
15:00 – 15:15 5. Adoecimento masculino: discutindo a 18. Envelhecimento e Gênero. Lige Mara Rauber
realidade capixaba. Vitor Silva Mendonça; Bortolotti e Zulmira Newlands Borges
Angela Nobre de Andrade
15:15 – 15:30 6. Masculinidades e serviços de saúde: a 19. Até o apagar da velha chama: satisfação
possibilidade na atenção primária. Vitor Silva sexual entre homens idosos cadastrados no
Mendonça; Angela Nobre de Andrade programa saúde da família. Viviane Xavier de
Lima e Silva; Ana Paula de Oliveira Marques;
Jorge Lyra
15:30 – 15:45 Debate Debate
15:45 – 16:00 Coffee break  SESSÃO 4
20. Projeto Fênix: Construindo um novo
paradigma para atenção a crianças e
adolescentes em situação de violência
sexual. Carmen Lúcia Luiz e Júlia Maria de
Souza
16:00 – 16:15  SESSÃO 2 21. O lugar da atenção aos homens autores de
7. A Invisibilidade dos Homens no Âmbito das violência contra as mulheres em
Políticas Públicas de Saúde. Eduardo Bezerra Pernambuco: um olhar sobre a integralidade
e o Sistema Único de Saúde. Edna Granja;
Benedito Medrado
16:15 – 16:30 8. Saúde: assunto de mulher? Adriana de 22. Dependência química: uma questão de
Oliveira Alcântara gênero? Edna Granja; Cristiane Cavalcanti;
Alda Roberta Campos; César Leite; Leta
Vasconcelos.
16:30 – 16:45 9. Em tempo de Aids, prevenir ou confiar? 23. A situação de atendimento à violência:
Narrativas de homens jovens sobre relações etnografia de um serviço que atende
afetivo–sexuais. Lúcia Emilia F S Rebello, autores de violência. Tais Barcellos de
Romeu Gomes, Elaine F Nascimento Pellegrini e Stela Nazareth Meneghel
16:45 – 17:00 10. Virilidade masculina e práticas de saúde: 24. Violência e Masculinidades: uma construcão
entre exercícios de resistência e posta em questão. Suely Emilia de Barros
agenciamentos de (auto)dominação. Arthur Santos e Juliana Coelho
Grimm Cabral, Maria Juracy Filgueiras Toneli,
17:00 – 17:15 11. Saúde masculina sob uma perspectiva de 25. Sentimentos dos homens ao vivenciar o
gênero. Karina Pontes Santos Lima, Raiza câncer de próstata. Solange Gurgel
Barros de Figuerêdo Alexandre, Consuelo Helena Aires de Freitas
Lopes, Mônica dos Santos Bezerra
17:15 – 17:30 12. Palavra de Homem: Representações Sociais 26. É Tudo Brincadeira! Anderson Duarte Freire
de Masculinidade entre Jovens Trabalhadores
e de Classe Média da Grande Vitória/ES.
Renata Valentim, Mariane Ciscon, Thais Caus,
Paola Barbosa, Luciana Britto, Zeidi Araujo
Trindade, Maria Cristina Smith
17:30 – 17:45 13. Programa de Saúde Integral à Saúde do Debate
Homem: Reconstruindo o masculino,
promovendo a diferença perante a igualdade.
Verônica Lopes Carneiro, Laura Costa, Gilson
Andrade
17:45 – 18:00 Debate Coffee break

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2.1.2. GT Paternidade e direitos reprodutivos


 Dia 22/10 (qua) - Sessão 1 Dia 23/10 (qui) - Sessão 3
14:00 - 14:15 1. Os estudos sobre paternidade nas Ciências 11. A paternidade no contexto da gravidez na
Humanas: um breve panorama. Sandra adolescência: rompendo barreiras culturais
Unbehaum e institucionais. Benedito Medrado, Jorge
Lyra, Ana Roberta Oliveira, Laís Rodrigues,
Giselle Nanes, Juliana da Silva, Rhute
Menezes, Gioconda Silva, Douglas Oliveira,
Berta Brunet, Fernando Neto e Dara Felipe.
14:15 - 14:30 2. Perspectiva de Género, política pública y 12. Paternidade na adolescência: Motivações e
paternidad en México ¿Alentar el ejercicio de contradições. Laís Rodrigues e Benedito
una paternidad responsable, para qué?. Medrado
Héctor Martín Frías Barrón
14:30 - 14:45 3. Paternidade como escolha e exercício 13. Estrutura familiar de origem e práticas de
sensível: uma discussão em políticas públicas. paternagem na adolescência. Alberto
Stelamaris Glück Tinoco Mesaque, Maria José Nogueira, Celina Maria
Modena
14:45 - 15:00 4. “Brasil de pais de verdade”: enunciados a 14. Eu também existo! homem, jovem e pai:
respeito de paternidade numa campanha de sujeito de direitos sexuais e reprodutivos.
combate a criminalidade no Rio Grande do Jorge Luiz Oliveira dos Santos
Sul. Lisandra Espíndula Moreira e Fernando
Seffner
15:00 – 15:15 5. Pais e filhos hoje: a autoridade paterna 15. Adolescentes masculinos e a hora “H”:
frente ao declínio do patriarcado. Leonardo aprendendo com as “cenas sexuais” Geórgia
José Cavalcanti Pinheiro Sibele Nogueira da Silva, Leonardo
Cavalcante, Rafael Figueiró.
15:15 – 15:30 6. Violência e Paternidade: O lugar dos filhos 16. Política nacional de planejamento familiar e
nas práticas discursivas de homens autores o papel da paternidade. Tassia Rabelo de
de violência doméstica contra mulheres. Pinho
Juliana Barbosa e Benedito Medrado
15:30 – 15:45 Debate Debate
15:45 – 16:00 Coffee break
16:00 – 16:15  SESSÃO 2  SESSÃO 4
7. Do tempo dos homens, um tempo para a 17. Representações sociais de homens
paternidade. José Carlos Sturza de Moraes vasectomizados e sua inserção na saúde
reprodutiva. Mônica dos Santos Bezerra e
Solange Gurgel
16:15 – 16:30 8. Entrando em contato com uma experiência 18. Homens e maternidade: Impactos da lei do
de alto-risco: a paternidade no contexto de acompanhante em um serviço público.
UTI Neonatal. Sibelle Maria Martins de Barros Carmen Susana Tornquist, Cristian Rubini
e Zeidi Araujo Trindade Dutra e Carolina Shimomura Spinelli
16:30 – 16:45 9. Iniciação sexual e paternidade: com a palavra 19. Participação Masculina no Planejamento
os homens. Elaine F Nascimento, Romeu Familiar em Maternidade Escola de Natal-
Gomes, Lúcia Emilia F S Rebello RN. S. L. L. Lins; A. Q. J. Filgueira; A. P. M.
Medeiros; D. A. M. Brito; G. A. M. Andrade.
16:45 – 17:00 10. A construção do ser homem no mundo de 20. Configurações de paternidade nas propostas
vida que é a gravidez. Janieiry Lima de do Programa Primeira Infância Melhor – RS.
Araújo; Daniele Viana Maia Torres; Kely Carin Klein
Vanessa Leite Gomes da Silva; Ana Ruth
Macêdo Monteiro
17:00 – 17:15 11. Paternidade e redefinição das relações de Debate
poder na família: um caso atendido pelo
setor de Psicologia da Promotoria de Justiça
da Infância e Juventude. Márcio Bruno Barra
Valente
17:15 – 17:45 Debate
17:45 – 18:00 Coffee break

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2.1.3. GT Diversidade e direitos sexuais


 Dia 22/10 (qua) - Sessão 1 Dia 23/10 (qui) - Sessão 3
14:00 - 14:15 1. A homofobia como um problema de saúde 14. Entre códigos e véus da masculinidade:
pública. João Luís da Silva narrativas de homoeróticos campinenses-
PB. Kyara Maria de Almeida Vieira
14:15 - 14:30 2. Legitimação da População LGBT frente ao 15. Análise das percepções de homens
SUS. João Luís da Silva homoafetivos em relação ao preconceito e à
discriminação: A construção social de
identidades. Adriano Roberto Afonso
Nascimento; Aline Aparecida Rabelo
14:30 - 14:45 3. O acesso à justiça pela perspectiva da 16. Homossexuais masculinos vivendo com o
diversidade sexual. Ivison Sheldon Lopes HIV/Aids seus espaços e tempos de lazer na
Duarte cidade. Ricardo Augusto J. Sales
14:45 - 15:00 4. Transando interseccionalIDADES: velhice(s) e 17. Você é brasileiro, as mulheres gostam, e se
homossexualidade(s). Fernando Altair Pocahy é negro, gostam mais ainda... os homens...:
os gays já não sei: Um estudo sobre as
relações inter-raciais. Suely Aldir Messeder.
15:00 – 15:15 5. Problematizando Práticas sexuais, 18. Relações “conjugays” –mitos, ritos, afetos,
sociabilidades e violências com Homens desafetos. Rosangela de Barros Castro
Homossexuais e outros Homens que fazem
Sexo com Homens em espaços de pegação.
Fernando Altair Pocahy e Manoela Carpenedo
Rodrigues
15:15 – 15:45 Debate Debate
15:45 – 16:00 Coffee break
16:00 – 16:15  SESSÃO 2
6. Homofobia como expressão de gênero:
estratégias de ação junto ao movimento LGBT
de Pernambuco. Benedito Medrado, Thiago
Rocha e Tiago Corrêa.
16:15 – 16:30 7. Liminaridades do masculino e feminino: Em
busca de corpos canônicos e de novas
identidades de gênero. Jander Nogueira;
Adriano de Leon Livre
16:30 – 16:45 8. Ronaldinho, as travestis e o padrão globo de
heteronormatividade. Marcia Veiga
16:45 – 17:00 9. Exploração sexual comercial de travestis
juvenis: uma questão de violação de direitos
humanos. Alan de Loiola Alves
17:00 – 17:15 10. Práticas discursivas e sexualidades em jovens
masculinos. José Vaz Magalhães Neto
17:15 – 17:45 Debate
17:45 – 18:00 Coffee break

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2.1.4. GT Violência e direitos humanos


 Dia 22/10 (qua) - Sessão 1 Dia 23/10 (qui) - Sessão 3
14:00 - 14:15 1. Homens e violência contra mulheres: definindo 14. Violência conjugal contra a mulher: a
diretrizes de atenção. Benedito Medrado, Jullyane configuração das relações violentas
Brasilino, Edna Granja, Edélvio Leandro, Maria de segundo o relato do homem. Mirian
Jesus Moura, Paloma Silveira, Ricardo Castro, Tiago Béccheri Cortez Lídio de Souza
Corrêa e Hemerson Moura.
14:15 - 14:30 2. Uma reflexão crítica sobre o atendimento a 15. Homens versus Garotos: Garotos
homens autores de violência doméstica e familiar explorados sexualmente por homens
contra as mulheres. Daniel Costa Lima e Fátima adultos. Alan de Loiola Alves
Büchele
14:30 - 14:45 3. Discussão da Constitucionalidade da Lei Maria da 16. Violência contra meninos na escola.
Penha sob a perspectiva histórica. Heloisa Gabrielle Pellucio e Justini Sponchiado
Fernandes Câmara
14:45 - 15:00 4. Entre atos e cenas: a rede de atendimento aos 17. A Violência de Gênero e o Encontro
homens envolvidos em situações de violência Terapêutico com Homens que Vivem
doméstica. Maria Lúcia Chaves Lima e Ricardo com HIV/Aids. Glaudston Lima
Pimentel Mello
15:00 – 15:15 5. Homens e violência contra mulheres: As noções 18. Meninos bandidos? Interfaces entre
de agressor construídas por homens denunciados Criminalidade e Identidade Masculina
por violência conjugal contra mulheres. Jullyane em Homens Jovens. Luciana Maria
Brasilino, Benedito Medrado Ribeiro de Oliveira
15:15 – 15:30 6. Notas sobre um olhar de gênero a atos violentos 19. O pensamento moderno e seus
praticados por homens usuários de serviço de dualismos na construção do feminino e
Saúde Mental contra suas companheiras. Edélvio do masculino. Carolina Ribeiro Santana
Leonardo Leandro, Benedito Medrado e Erico Araújo Bastos
15:30 – 15:45 Debate Debate
15:45 – 16:00 Coffee break  SESSÃO 4
20. Posicionamentos críticos em narrativas
produzidas por homens denunciados
por violência doméstica e familiar
contra as mulheres. Tiago Corrêa e
Benedito Medrado
16:00 – 16:15  SESSÃO 2 21. As representações sociais de
14. Façamos um trabalho político: o papel das operadores da lei, no estado de
mulheres na coordenação de grupos de homens Pernambuco, acerca da liberdade
que exercem violência contra mulheres. Cláudia assistida. Clarissa Ribeiro Souza de Faria
Natividade e Rebeca Rohlfs Barbosa Gaetani Neves e Raimundo Marcone de Andrade
Proto
16:15 – 16:30 7. Grupos reflexivos em comunidades vulneráveis: 22. De porta em porta: um estudo sobre as
possibilidades de questionamento das relações de manifestações de Masculinidades em
poder que embasam a violência de gênero. Rebeca escritos latrinários. Fernanda Bicalho
Rohlfs Barbosa Gaetani, Cláudia Natividade e Flávia Pereira; Gustavo Alvarenga; Mariana
Gotelip Corrêa Veloso Pôssas G. dos Santos; Maurício Möller de
Oliveira; Nicole Corte Lagazzi
16:30 – 16:45 8. Intervenções interdisciplinares em casos de 23. “Masculinidade hegemônica” no
violência de gênero: relato de experiência no programa policial de televisão Bronca
Juizado Especial Criminal de Belo Horizonte - MG. Pesada. Hemerson Moura
Alessandro V. Paula; Ingrid F. G. Nascimento; Flávia
G. C. Veloso; Shody N. Yukawa; Mariana P. Barra
16:45 – 17:00 9. Empoderamento delas e adoecimento deles: 24. "De Jece Valadão à Brad Pitt:
relato do trabalho no centro de referência de Percepção do homem carioca sobre as
atendimento a mulheres em situação de violência novas formas de organização da vida
Maria do Pará. Antonino Alves, Clarice Pinto Brito, familiar". Victoria Romeo Tomaz
Luísa Escher Furtado
17:00 – 17:15 10. Projeto Bakulos: da volência para convivência. 25. Violência no contexto de relações de
Renê Vieira Dinelli namoro entre adolescentes de ambos
os sexos na cidade do Recife. Ricardo
Castro; Maria Luiza Carvalho de Lima
17:15 – 17:30 11. Lesão corporal decorrente de violência doméstica: 26. As concepções amorosas e a violência
tratamento público para preservação do afeto nas relações entre casais de
privado. Adriana Alves dos Santos Cruz e Marina namorados. Fernanda S. Nascimento, e
Basso Lacerda Rosineide L. M. Cordeiro
17:30 – 17:45 12. As narrativas dos homens denunciados por Debate
violência conjugal, sobre seus relacionamentos
afetivos/sexuais. Paloma Silveira, Benedito
Medrado
17:45 – 18:00 Debate Coffee break

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3. RESUMOS

3.1. GT Homens e políticas públicas em saúde


Homens, feminismo e políticas públicas em saúde pública: pesquisando no cotidiano.
Jorge Lyra, Benedito Medrado, Mariana Azevedo, Sirley Vieira, Edna Granja e Suzana Libardi.
masculinidades@uol.com.br
Instituto PAPAI e Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (Gema/UFPE)
O objetivo desse projeto tem sido desenvolver ações de intervenção, baseadas em pesquisa junto a
gestores, profissionais e a população com vistas a: 1) promover a inserção dos homens jovens nos
serviços e ações de saúde sexual e reprodutiva, oferecidos no nível da atenção básica e 2) favorecer a
inclusão do debate sobre cultura machista e equidade de gênero no programa de educação sexual das
escolas públicas. Estes objetivos estão em consonância com a atual plataforma feminista brasileira e
com Plataformas Mundiais, como a do Cairo (1994), na medida em que contribuem para implementação
de políticas públicas que visem envolver os homens em questões relativas à sexualidade e reprodução,
rompendo barreiras ideológicas, culturais e institucionais, a fim de garantir e ampliar o exercício dos
direitos sexuais e direitos reprodutivos, com justiça social.

A (in)visibilidade do cuidado masculino à saúde no discurso dos profissionais de saúde.


Cintia Rossi, Rosana Machin, Wagner Figueiredo, Lilia Schraiber, Marcia Thereza couto
cintiarossicris@yahoo.com.br
UNIFESP
Qual a visibilidade que os profissionais de saúde da atenção primária conferem às necessidades e
demandas da população masculina? Estariam os profissionais atuando a partir de uma lógica que reforça
e é reforçada pela percepção de que as mulheres seriam mais portadoras de problemas ou mesmo
estariam mais atentas aos cuidados de saúde e/ou que os homens teriam uma autopercepção de saúde
melhor? Partindo destes questionamentos o presente trabalho centra-se em recorte de pesquisa
multicêntrica sobre “Saúde da população masculina na atenção primária à saúde” (CNPq 409644/2006)
que acontece em quatro estados: RJ, SP, RN e PE. Analisamos, aqui, as entrevistas semi-estruturadas
com profissionais da saúde de nível superior de escolaridade conduzidas em duas unidades de atenção
primária no Estado de SP, totalizando 20 vinte sujeitos. O material produzido foi analisado a partir da
análise temática de conteúdo. As instituições de saúde, constituídas, em parte, pelos profissionais
entrevistados, têm influência importante na (re)produção de valores de gênero dominantes que trazem
conseqüências sobre os cuidados em saúde para homens e mulheres. A hipervalorização de traços da
masculinidade hegemônica pelos profissionais reforça o baixo cuidado de saúde e invisibiliza os homens
enquanto sujeitos com necessidades particulares nos serviços. Entendemos que o campo de estudos em
gênero e saúde deve investir em pesquisas acerca do modo como profissionais de saúde (sujeitos
generificados) julgam e reconhecem como legítimas (ou não) necessidades e demandas de saúde de
diferentes segmentos da população, incluindo homens e mulheres.

Os homens têm medo de quê? Aspectos estruturais e simbólicos da prevenção do câncer de próstata
Romeu Gomes, Elaine F Nascimento, Lúcia Emilia F S Rebello
romeu@iff.fiocruz.br
Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz
O presente estudo tem por objetivo analisar os sentidos atribuídos ao toque retal, buscando refletir
acerca de questões subjacentes a falas masculinas a partir de aspectos do modelo hegemônico de
masculinidade. O método do estudo baseia-se numa abordagem de pesquisa qualitativa tendo como
ponto de partida uma investigação que procurou problematizar aspectos relacionados a este modelo que
podem impedir homens de cuidar de sua própria saúde. Foram entrevistados 18 homens que moravam ou
trabalhavam na cidade do Rio de Janeiro, agrupados em homens de baixa ou nenhuma escolaridade e
homens de nível superior. Essa organização se deu para problematizar possíveis influências do grau de
instrução no que se refere a ações preventivas do câncer de próstata. Além desses sujeitos, foram
ouvidos 10 médicos para que pudéssemos estabelecer um diálogo de suas falas com as dos outros dois
grupos. Os homens não-médicos tinham 40 anos ou mais, uma vez que na pesquisa original do estudo o
foco era prevenção de câncer de próstata, que costuma se voltar para homens a partir dessa idade.
Conclui-se que, para a compreensão e problematização das questões sobre a prevenção do câncer
prostático, em específico, e as relacionadas ao cuidar de si masculino, em geral, se faz necessário levar
em consideração os aspectos estruturais e simbólicos que perpassam tais questões.

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Masculinidades, Processos de Trabalho e Medicalização.


Geórgia Sibele Nogueira da Silva, Thiago Félix Pinheiro
gsibele@uol.com.br
UFRN-NESC
Este estudo é um recorte dos dados da pesquisa qualitativa: “Saúde da população masculina na atenção
primária: tendência histórica e representações sobre necessidades, acesso e uso de serviços em cidades
de quatro estados do Brasil (RN, PE, RJ, SP)”. Trataremos neste relato do fluxo assistencial e dos
processos decisórios na produção da atenção e do cuidado em duas unidades de saúde da família do
município de Natal. Utilizamos a triangulação de vários recursos: observação etnográfica, entrevistas
com sessenta usuários, vinte profissionais de nível superior, e quatro grupos focais, sendo dois com
agentes comunitários de saúde e dois com auxiliares de enfermagem. Para análise e interpretação das
narrativas recorremos à hermenêutica dialética. As diferenças entre homens e mulheres construídas
socialmente, estendem-se nos serviços de saúde, traduzindo-se em relações de poder, hierarquia e no
processo de apropriação dos corpos. As marcas de gênero nos serviços são evidentes na falta de espaço
para homens, no caráter prioritariamente materno-infantil das ações e nas representações
estereotipadas quanto às masculinidades. A procura dos homens encontra espaço de legitimação, apenas
na relação que ele estabelece do corpo enquanto ferramenta de trabalho laborativo ou sexual.
Permanecem invisíveis as questões que emergem quando os homens (não) adentram a unidade A saúde é
vista como algo fundamentalmente orgânico, portanto sujeita à medicalização somente. Perspectiva
construída, compartilhada e perpetuada diariamente na atenção ao cuidado de homens e mulheres.
Encontros e desencontros que precisam ser focalizados enquanto espaço potencial para transformação,
afim de que as necessidades possam ser escutadas, vistas e cuidadas.

Adoecimento masculino: discutindo a realidade capixaba.


Vitor Silva Mendonça; Angela Nobre de Andrade
vitorsm_es@hotmail.com
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Um dos pontos centrais ao discutirmos à saúde do homem está relacionado com o campo da morbidade e
mortalidade, e que, mesmo comparada com a saúde da mulher, os dados indicam a necessidade de um
olhar específico voltado para a realidade masculina, de modo a incentivar a essa população a procurar
assistência em serviços de saúde. O caso no Estado do Espírito Santo não é diferente, pois ao
compararmos as taxas de mortalidade entre homens de 20 a 59 anos, no ano de 2005, percebemos um
aumento de tal fato à medida que a idade vai avançando. As principais causas de doenças relacionadas à
mortalidade masculina são: as causas externas, aqui entendidas por homicídios e acidentes de trânsito
(52,5%); doenças do aparelho circulatório (22,6%); e neoplasias (13%). Vale ressaltar que, esses dados
referentes à morbidade masculina não expressam a realidade atual, visto que os homens costumam
freqüentar em menor proporção os serviços de saúde, podendo apresentar valores bem maiores do que
os encontrados. A situação de saúde do homem no Estado é preocupante, já que o Espírito Santo ocupa
a terceira posição em relação a mortalidade das Unidades de Federação do Brasil. Nesse sentido,
precisamos repensar nos modos como estão sendo engendrados as políticas de saúde no Estado, em que
devem priorizar ações diretas à população masculina e incentivar a utilização dos serviços de saúde na
possibilidade de uma redução do quadro atual.

Masculinidades e serviços de saúde: a possibilidade na atenção primária.


Vitor Silva Mendonça; Angela Nobre de Andrade
vitorsm_es@hotmail.com
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
A masculinidade hegemônica, entendida como uma dominação do homem para controlar possíveis
atitudes femininas, como fraqueza e expressão das emoções, em seus comportamentos, e presente por
muito tempo como a única masculinidade possível, passa agora a compartilhar de outros modos de
masculinidades presentes na sociedade. Agora, alguns homens começam a expressarem insatisfação ao
modelo hegemônico, o que facilitaria o acesso desses nos serviços de atenção primária, como as
Unidades Básicas de Saúde. Basta então, que o ambiente das unidades possam ser acolhedores aos
homens, além da preparação dos profissionais de saúde para o atendimento e escuta das queixas
masculinas. E, de modo especial também, que a política de atenção a saúde masculina, que será
lançado pelo Governo brasileiro, possa ser um alternativa de impulsionar a aceitação social do homem
em serviços de saúde, tidos como tipicamente femininos. Assim, esperamos que o homem
contemporâneo possa voltar seu olhar para sua saúde, e que a gestão dos serviços de saúde procurem
acompanhar essa transformação social, ampliando os serviços para os homens e divulgando a
importância do cuidado a saúde, principalmente nos serviços da atenção primária, que são a porta de
entrada do Sistema Único de Saúde brasileiro.

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A Invisibilidade dos Homens no Âmbito das Políticas Públicas de Saúde


Eduardo Bezerra
bezerraeduardo@uol.com.br
Laboratório de Estudos em Violência e Saúde (LEVES/CPqAM/Fiocruz)
Os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde têm como objetivo principal garantir o artigo 196
da Constituição Federal de 1988. A saúde enquanto direito de todos e dever do Estado deveria orientar a
uma atenção pautada na integralidade, universalidade e equidade, de acordo com a lei 8.080/90. A
discussão sobre a política de atenção à saúde para os homens tem evidenciado um ponto nevrálgico do
SUS. Esta modalidade de atenção esbarra em fatores que vão da influência cultural da discussão sobre
masculinidade e gênero, onde a imagem do detentor de poder e agente de opressão serve como um
desabonador no direcionamento de políticas específicas, até a carência na construção das políticas
públicas para segmentos cuja esfera de pressão e organização político-social ainda não se estrutura de
forma a defender seus interesses de forma eficiente. Este trabalho se propõe a discutir o motivo pelo
qual, mesmo com a magnitude da mortalidade precoce entre os homens e todos os problemas de saúde
já evidenciados pela epidemiologia, os mesmos ainda se constituírem em entes invisíveis para o Sistema
Único de Saúde.

Saúde: assunto de mulher?


Adriana de Oliveira Alcântara
alcantara2002@yahoo.com.br
Universidade Estadual de Campinas - Unicamp - IFCH
O artigo faz parte de um recorte da pesquisa de doutorado (Antropologia Social) intitulada Família e
velhice: revisitando mitos e certezas, cujo objetivo é analisar como as transferências intergeracionais
de apoio familiar vêm se configurando em unidades domésticas compostas de pelo menos três gerações
no meio rural e urbano. Uma das questões da investigação é conhecer as formas de investimento e de
atenção dedicadas à saúde e, neste paper, com base no trabalho etnográfico realizado num município
do interior do Estado do Ceará e na sua capital, Fortaleza, serão analisadas as falas dos homens idosos,
as quais se encontram na fase de análise da pesquisa de campo ora citada que integra o Projeto
Temático Gênero, Corporalidades desenvolvido no PAGU – Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade
Estadual de Campinas.

Em tempo de Aids, prevenir ou confiar? Narrativas de homens jovens sobre relações afetivo–sexuais
Lúcia Emilia F S Rebello, Romeu Gomes, Elaine F Nascimento
rebello.lucia@gmail.com
Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz
Este trabalho apresenta os resultados parciais de uma pesquisa que tem como objetivo analisar os
sentidos atribuídos à prevenção do HIV/AIDS a partir de narrativas masculinas acerca das interações
afetivo-sexuais. Caminhando nessa direção a pesquisa tem buscado identificar os sentidos atribuídos por
homens jovens às interações afetivo-sexuais; o posicionamento dos homens frente aos cuidados a serem
adotados em prol de uma sexualidade que não lhes traga riscos de adoecer ou de morrer; os sentidos
atribuídos à prevenção; além de discutir a possível inter-relação entre enredos sexuais, modelos de
masculinidade e prevenção do HIV/Aids. Em relação ao referencial teórico-metodológico, a proposta é
de uma maior apropriação do conceito de enredo sexual para que, junto com a idéia de masculinidade
hegemônica, se possa melhor compreender as narrativas de homens acerca do exercício da sexualidade,
procurando trazer uma contribuição para a problematização das ações de saúde voltadas para do
HIV/AIDS. A pesquisa pauta-se numa abordagem qualitativa e envolve narrativas de 22 homens jovens
universitários da cidade do Rio de Janeiro. Os resultados preliminares apontam para um distanciamento
entre discurso homens jovens sobre práticas preventivas e a atitude destes frente a uma relação
afetivo-sexual onde o cuidar de si e do outro é mediado pela suposta confiança no parceiro que pode
levar a uma negação de aspectos preventivos. Neste cenário a mulher passa a ser qualificada como
confiável e não confiável segundo o papel que representa nas relações envolvendo sexo.

Virilidade masculina e práticas de saúde: entre exercícios de resistência e agenciamentos de


(auto)dominação
Arthur Grimm Cabral, Maria Juracy Filgueiras Toneli,
arthur.cabral@gmail.com
UFSC
Este trabalho tem por objetivo relatar resultados da pesquisa “Masculinidades e Práticas de Saúde”,
desenvolvida sob coordenação do núcleo “Margens – modos de vida, família e relações de gênero” da
Universidade Federal de Santa Catarina. Partindo de perspectivas feministas de gênero, buscava-se
investigar de que forma certos imperativos constitutivos do masculino em nossa sociedade estão
imbricados na concepção de homens acerca de “saúde” e doença”. Através dos resultados obtidos,
encontramos que performatividade de um corpo viril, potente e independente constitui-se enquanto
uma dimensão central na forma como os homens relacionam-se com a própria saúde, onde também
aparece um nítido medo de quaisquer experiências que lhes coloquem num lugar de vulnerabilidade,
fragilidade e dependência - dimensão esta que se articula nitidamente a um vetor também de
dominação das mulheres.

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Saúde masculina sob uma perspectiva de gênero


Karina Pontes Santos Lima, Raiza Barros de Figuerêdo
karypontes@hotmail.com
Faculdade Integrada do Recife -FIR
O presente estudo se propõe a analisar como os sentidos de gênero influem no comportamento
masculino quanto à saúde. Para alcançar esse objetivo, utilizou-se também o Banco de Dados do Sistema
de Informação em Mortalidade (SIM/Datasus), ano de 2005. Foi analisada a mortalidade por grupo de
causas de morte na região metropolitana do Recife. O fato dos homens não procurarem as unidades
básicas de saúde, está relacionado à idéia de gênero, enquanto elemento que diferencia determinados
comportamentos específicos para homens e mulheres. Por essas unidades serem compostas e
freqüentadas na sua maioria por mulheres, conservam traços de feminilidade. Isso provoca nos homens a
sensação de não pertencimento àquele espaço. Em geral, demonstra-se certa resistência na atenção
primária à saúde, a qual envolve cuidados e prevenção, preferindo-se utilizar outros serviços de saúde,
como farmácias ou prontos socorros, refletindo traços de objetividade e imediatismo do gênero
masculino. Dois índices de óbitos foram analisados na perspectiva de gênero os causados por doenças do
aparelho circulatório, as quais estão relacionadas a figura do homem ambicioso e competitivo e os
ligados a causas externas, relacionados na sua maioria a acidentes de carros e homicídios. Os acidentes
de carro remetem as noções de comportamento de risco e invulnerabilidade. Quanto aos homicídios,
estão relacionados ao comportamento violento. É através desse componente de gênero que a atenção à
saúde masculina deve ser repensada, visando construir estratégias assistenciais para contemplar as
diferentes necessidades de saúde dos homens.

Palavra de Homem: Representações Sociais de Masculinidade entre Jovens Trabalhadores e de


Classe Média da Grande Vitória/ES.
Renata Valentim, Mariane Ciscon, Thais Caus, Paola Barbosa, Luciana Britto, Zeidi Araujo Trindade,
Maria Cristina Smith
renatavalentim@click21.com.br
Universidade Federal do Espírito Santo
De modo cada vez mais freqüente, as teorias sociais que abordam a questão da masculinidade põem de
lado pressupostos essencialistas como norteadores de pesquisa e passam a problematizá-la enquanto um
construto social, ancorada em contextos mais complexos, onde se articulam de modo igualmente
importante aspectos psicológicos, biológicos, sociais, territoriais e históricos. Partindo deste campo
epistemológico, este trabalho teve como principal objetivo investigar as representações de
masculinidade entre 120 jovens do sexo masculino, sendo 60 de classe média e 60 de classe popular,
que já estivessem inseridos formalmente no mercado de trabalho. Neste caso, a hipótese central foi a
de que as representações de masculinidade, bem como suas experiências e práticas são determinadas
pelo contexto social de inserção destes jovens e de suas construções identitárias e de alteridade. Para
esta análise, foram aplicadas aos participantes questões semi-estruturadas onde era perguntado: “Por
que você acha que os homens são assim?”; “Para você, o que não é coisa de homem?; “Por que essas
coisas não são coisas de homem?“. As primeiras análises dos resultados obtidos parecem confirmar a
hipótese inicial, verificando-se uma diferença significativa, particularmente com relação aos valores
morais que se mostram muitos mais atrelados às composições de masculinidade da classe trabalhadora
do que da classe média. A relevância destes primeiros resultados está na possibilidade tanto de discutir
e construir novas formas de intervenção_ principalmente no que se refere à área de saúde _; quanto de
inventariar o contexto das diversas formações possíveis da masculinidade.

Programa de Saúde Integral à Saúde do Homem: Reconstruindo o masculino, promovendo a


diferença perante a igualdade.
Verônica Lopes Carneiro, Laura Costa, Gilson Andrade
veronicacarneiro2006@hotmail.com
Superintendência de Saúde Coletiva de Marica
Público alvo: pessoas do gênero masculino residentes no município de Maricá. Objetivo geral: Oferecer
um atendimento integrado de saúde para pessoas do gênero masculino de forma a priorizar a promoção
e prevenção da saúde destas no município de Maricá. Objetivos específicos: efetivar a cobertura do
atendimento ao homem nos PSFs de Maricá; promover estratégias participativas da população masculina
para a redução ou eliminação de agentes mórbidos como álcool, fumo, substâncias cancerígenas; má
alimentação; distúrbios relativos ao meio social que podem levar a mortalidade por causas externas e à
violência doméstica;implementação das prevenções primária e secundária em relação a doenças
cardiovasculares; avaliação contínua da cobertura de vacinas recomendadas para a população
masculina. Metodologia: elaborar o diagnóstico regional da população masculina no município através da
coleta de dados pela equipe dos PSFs de Maricá;identificar as áreas de risco para a saúde do homem;
organizar um fluxograma de atendimento multiprofissional a nível ambulatorial para esta população;
construir, junto a coordenadoria de Educação em Saúde da Superintendência Coletiva do município,
grupos de reflexão sobre temas voltados à saúde do homem; elaborar o planejamento estratégico
situacional para efetivação das operações descritas; formular indicadores e metas de avaliação do
programa.

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Sobre homens: intervenção social e mudança pessoal


João Ricard Pereira da Silva; Fabiola Macedo; Neilza Buarque; Benedito Medrado
joaoricard@yahoo.com.br
Plan International e Instituto PAPAI
O presente trabalho visa a apresentação de uma experiência com grupo de homens jovens realizada nas
comunidades de Pontezinha/Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, entre os anos de 2007/2008.
Esse foi um projeto que alcançou resultados satisfatórios no campo da intervenção social, enquanto
processo de mudança pessoal e política, na vida dos homens jovens que vivem nas respectivas
comunidades. Desejamos compartilhar essa experiência como um processo de intervenção baseada na
educação popular, nos campos da saúde e da educação, com um grupo composto exclusivamente por
homens jovens. Nessa perspectiva, os homens jovens deixam de ser reverenciados como pessoas que
vivem em situação de risco permanente e passam a assumir outros lugares não somente em suas
comunidades. Pensar nessa perspectiva é perceber o processo de intervenção social como dispositivo
que chega aos homens jovens como parceria e não como exigência. Desta forma as metas são traçadas,
mas o percurso e o próprio rumo a ser seguido, trazem as marcas de desejos e expectativas dos próprios
homens jovens. Enxergá-los como parceiros pode ser o primeiro passo na construção da mudança social.
O retrato atual das diversas sociedades apontam imagens em preto e branco de uma realidade que
precisa olhar para os homens jovens como pessoas capazes de (re)construir outros rumos para as suas
vidas. O nosso papel é ajudá-los nesse processo de descobertas e de buscas por novas conquistas. Essa é
uma experiência que pode ser multiplicada.

Homens jovens e cuidados com a saúde em Belo Horizonte/MG.


Adriano Nascimento; Ingrid F. G. Nascimento; Zeidi Araújo Trindade; Alessandra C. Cerello; Fernanda
B. Pereira; Sara A.T.C. Silva
sara_angelicapsi@yahoo.com.br
UFMG/UFES
Com o objetivo de identificar articulações entre representações e práticas de saúde masculinas,
entrevistamos 98 homens (18-25 anos) residentes em Belo Horizonte/MG. Submetemos os dados às
Análises de Evocação e de Conteúdo. Caracterização sócio-econômica: maioria com escolaridade entre
2˚ grau completo (33,7%) e 3˚ grau incompleto (46,9%), pertencentes às classes média baixa (34,7%) ou
média (43,9%). Evocação com o termo “saúde”: como elementos centrais “bem-estar” (FR= 53, OE:
2,038) e “qualidade-de-vida” (FR: 13, OE: 2,308); no segundo quadrante “alimentação” (FR: 29, OE:
3,690) e “cuidado” (FR: 24, OE: 2,833); no terceiro quadrante “mais importante” (FR: 09, OE: 2,111) e
“financeiro” (FR: 05, OE: 2,000); e, na periferia mais distante, “hospital” (FR: 08, OE: 3,000) e
“políticas públicas” (FR: 08, OE: 3,500). Definiram cuidar da saúde como: “alimentação” (21% das
respostas), “praticar atividades físicas” (17,75%) e “evitar o que faz mal” (10,65%). Questionados se
cuidavam da própria saúde, 46,9% dos entrevistados responderam “sim”, 41,8% “às vezes” e 11,2%
“não”. Motivos para o cuidado intermitente: “descuida da alimentação” (17,50% das respostas), “falta
de tempo” (13,75%) e “não evita o que faz mal” (12,50%). Para o não cuidado, 05 das 14 respostas
concentraram-se em “falta de tempo”. Os resultados apontam para a percepção do cuidado com a
saúde como um investimento em um conjunto de práticas saudáveis que necessita ser conjugado com
outras atividades cotidianas numa negociação de prioridades que, muitas vezes, resulta em um
descompasso entre o que se sabe que deve ser feito e o que efetivamente se faz. CNPq/FAPEMIG

O cuidar da saúde em homens com Artrite Reumatóide


Fernanda C. N. Simião e Mª Auxiliadora T. Ribeiro
fernandasimiao@yahoo.com.br
Universidade Federal de Alagoas
Tivemos como objetivo compreender os sentidos produzidos em relação aos cuidados com a saúde em
homens com Artrite Reumatóide (AR) e considerar a influência da rede social de apoio e sua importância
para o enfrentamento da doença e a manutenção do tratamento. Essa pesquisa foi qualitativa,
embasada nos pressupostos construcionistas e nas práticas discursivas. Nossos interlocutores foram: dois
homens com AR, participantes do grupo de apoio de um HU; a médica reumatologista; e uma
reportagem do Globo Repórter (29/06/07). Realizamos três entrevistas episódicas e analisamos os
discursos midiáticos. Pressupomos que haveria uma negligência dos cuidados com a saúde entre os
homens, porém compreendemos que os cuidados consistiram em seguir as orientações médicas e no
controle de si; e que a participação no grupo de apoio favoreceu a manutenção do tratamento. O maior
problema apontado pelos colaboradores foi a dificuldade para os médicos e hospitais diagnosticarem a
doença e indicarem o tratamento correto. No discurso midiático, identificamos processos de
desnaturalização da masculinidade hegemônica, a partir de argumentos contra-hegemônicos,
apresentando alternativas de ação. Ressaltamos a importância da qualidade da assistência à saúde, que
tem priorizado a quantidade em detrimento da qualidade, e propomos um modelo de cuidado
compartilhado, que considere todas as partes dessa relação: a população, os serviços de saúde e os
vínculos formados entre estes. Refletimos que a relação médico-paciente influencia os cuidados com a
saúde dos homens, bem como a participação numa rede social de apoio, tornando-se estratégias
importantes para nortearem as políticas públicas em saúde.

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Homens, gênero e envelhecimento


Gabriela Felten da Maia, Fátima Cristina Vieira Perurena
gabryelamaia@hotmail.com
Universidade Federal de Santa Maria
Este trabalho trata-se de uma pesquisa de mestrado em desenvolvimento e vincula-se a linha de
pesquisa cultura, saúde e gênero. A proposta é refletir a reconfiguração das representações sobre o
envelhecimento, buscando articular o conceito de gênero à velhice. Pode-se dizer que a experiência de
envelhecer é tratada sempre em oposição a algo – saúde/invalidez, ativa/inativa, velhice/juventude,
negativa/positiva, etc. – tornando um ou outro aspecto como a verdade sobre esta etapa. O que ocorre
é uma homogeneização da experiência, uma vez que se esquecem as diferenças, ao estabelecer
parâmetros de comportamentos, higiene, saúde, etc., tornando esses aspectos marcadores identirátios
ideais. Portanto, o intuito é de pensar, a partir do tema masculinidade, as formas de sociabilidade
emergentes nesse período da vida. Considera-se importante pensar a dimensão da masculinidade, uma
vez que valores e padrões sócio-culturais construídos e definidos pela sociedade sobre o que é ser
homem e mulher estão presentes nos discursos e representações daqueles que envelhecem e
influenciam o comportamento dessas pessoas, na medida em que determina como deve ser o masculino
e o feminino na velhice. A partir dessa perspectiva, pretende-se compreender quais alternativas de
socialização são construídas pelos homens que envelhecem, após sua aposentadoria, com o intuito de
evidenciar as diferentes formas de sociabilidade possíveis no envelhecimento, procurando refletir como
a masculinidade, como uma dimensão constituinte da identidade dos sujeitos envelhecentes, estrutura
suas relações sociais.

Envelhecimento e Gênero
Lige Mara Rauber Bortolotti e Zulmira Newlands Borges
ligemara@bol.com.br
Universidade Federal de Santa Maria
Envelhecimento e Gênero Envelhecer significa “tornar-se velho ou mais velho, idoso ou antigo; fazer
perder ou perder o viço, o frescor, o brilho ou colorido; tornar(se) desusado, fora de moda ou emprego;
desfazer-se completamente; apagar-se, obliterar-se; aproximar-se do fim, do término (HOUAISS, 2001,
p.1171). Observa-se um conjunto de atributos desvalorativos da condição de envelhecer que nos
remetem a perdas culminando com o termino de características desejáveis presentes até então. A
velhice é concebida assim, como um problema tanto econômico quanto social, estando associada a
decadência e a perda de dignidade. No Brasil, a velhice está rapidamente deixando de ser uma questão
privada de competência familiar, para se tornar alvo de políticas públicas.em virtude de estar
relacionada diretamente à aposentadoria (MINAIO, 2002). Mas além disso, o envelhecimento também é
uma questão de gênero, já que o envelhecer de homens e mulheres se dá de forma diversa (DEBERT,
1999). E estas diferenças no envelhecimento condicionadas pelo gênero, formam o objeto privilegiado
desse trabalho que pretendemos apresentar. Assim, cabe um questionamento central sobre quais as
peculiaridades que afetam homens e mulheres no processo de envelhecer? Esse questionamento se faz a
luz de uma pesquisa etnográfica nos bailes de terceira idade do município de Santa Maria-RS.

Até o apagar da velha chama: satisfação sexual entre homens idosos cadastrados no programa saúde
da família
Viviane Xavier de Lima e Silva; Ana Paula de Oliveira Marques; Jorge Lyra
doc_vivi@yahoo.com.br
UFPE
A sexualidade na velhice ainda é um tema pouco explorado, inclusive na prática clínica. Para o PSF, que
deve trabalhar com a lógica da prevenção e da promoção da saúde, essa informação é fundamental para
o cuidado integral dos cidadãos idosos. O presente trabalho busca abordar aspectos da satisfação sexual
entre homens idosos cadastrados no PSF. Mediante entrevista face a face, foram estudados 245 homens
de 60 a 95 anos, cadastrados no PSF da microrregião 4.3 do Recife. A maior parte dos entrevistados foi
composta por pardos (51,8%), católicos (67,2%), aposentados (90,6%). Grande parte (87,1%) não utiliza
nenhuma forma de proteção contra infecções transmitidas pelo sexo porque confia na parceira (29%),
não acha necessário (22%), só tem uma parceira fixa (16%) ou não gosta de preservativos (16%). Foi
observada associação significativa entre o grau de satisfação dos idosos com sua vida sexual atual e a
idade, a saúde autopercebida, a satisfação com a vida sexual antes dos 60 anos e a freqüência sexual
atual. Independente da forma, a sexualidade continua presente na vida dos homens maiores de sessenta
anos. Não se pode deixar de mencionar o papel da cultura onde estão imersos os entrevistados, sobre as
questões da masculinidade, da velhice e da sexualidade. As equipes de saúde da família parecem não
estar preparadas para lidar com esta realidade. A vivência da sexualidade e a interpretação destas
experiências por estes homens têm um caráter plural e assim devem ser encaradas pela sociedade.

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Projeto Fênix: Construindo um novo paradigma para atenção a crianças e adolescentes em situação
de violência sexual.
Carmen Lúcia Luiz e Júlia Maria de Souza
redeviolenciasexual@pmf.sc.gov.br
Secretaria Municipal de Saúde- Florianópolis
O Projeto Fênix foi um projeto realizado no ano de 2006-2007, teve como público alvo vitimizadores
sexuais, suas vítimas e acompanhantes enquanto espaço terapêutico para que crianças e adolescentes.
Teve como objetivos: 1. desenvolver trabalho terapêutico com crianças e adolescentes residentes em
Florianópolis, envolvidas/os em crimes sexuais, seja na condição de autores de agressão ou de pessoas
vitimizadas, visando interrupção do ciclo de geração e reprodução da violência; 2. elaborar relatório
sobre a evolução dos grupos terapêuticos, com o propósito de construir metodologias de intervenção e
fomentar políticas públicas direcionadas a estes segmentos da população; 3. construir marcos
conceituais para o enfrentamento desta questão, a partir de pesquisas dos estudos existentes e de nossa
intervenção; 4. firmar parceria com o Juizado da Infância e da Juventude, para que crianças e
adolescentes envolvidas/os em crimes sexuais sejam encaminhadas para o grupo terapêutico e propiciar
aos adolescentes envolvidos em práticas de crimes sexuais, a responsabilização psicológica pela prática
cometida e a potencialização da vivência sexual saudável. A proposta inicial da metodologia era criar
grupos: um grupo de adolescentes autores de agressão; um grupo de crianças e adolescentes vitimizadas
por estes adolescentes e um com os acompanhantes, genitores ou cuidadores dos grupos anteriores. Não
foi possível atuar com grupos, já que o número de crianças e adolescentes encaminhados para o projeto
não foi suficientemente para tal, tendo os atendimentos acontecido de forma individual.

O lugar da atenção aos homens autores de violência contra as mulheres em Pernambuco: um olhar
sobre a integralidade e o Sistema Único de Saúde.
Edna Granja; Benedito Medrado
ednagranja@gmail.com
Universidade Federal de Pernambuco
Este trabalho se insere na discussão sobre violência de gênero, dentro da perspectiva da integralidade
em saúde, tendo como objeto de estudo o jogo discursivo de profissionais que atuam na prevenção,
assistência e enfrentamento à violência contra as mulheres sobre as possibilidades de atendimento aos
homens autores de violência, no Sistema Único de Saúde (SUS). Procurou-se identificar os serviços e
entidades que compõem a rede de prevenção, assistência e enfrentamento da violência doméstica e
familiar contra a mulher na cidade de Recife. Foram identificados 38 instituições e nestas, realizadas 55
com profissionais. A análise envolveu tanto conteúdo quanto a matriz discursiva. Assim, refletiu-se sobre
as alternativas de atendimento a esses homens, considerando a matriz de eventos, condição de sua
possibilidade e problematizando sobre o lugar desse atendimento entre as estratégias transformadoras
das práticas que dão sustentação à violência de gênero.

Dependência química: uma questão de gênero?


Edna Granja; Cristiane Cavalcanti; Alda Roberta Campos; César Leite; Leta Vasconcelos.
ednagranja@gmail.com
Instituto Recife de Atenção Integral às Dependências (RAID)
Num contexto científico, no qual a dimensão cultural se consolida como constitutiva do ser humano, a
discussão de gênero ganha espaço. Reforça-se a necessidade de ampliar o olhar para os mais diversos
fenômenos, antes só pensados na dimensão biológica, e relacionar o adoecimento a processos sociais,
que sugerem lugares distintos para homens e mulheres nas relações sociais. Este trabalho procurou
problematizar a relação entre dependência química e as diferentes configurações de masculinidades.
Partiu-se do levantamento do perfil dos primeiros 1000 hóspedes do Instituto RAID, considerando os
marcadores de sexo. A análise foi enriquecida pela sistematização de algumas reflexões da prática no
Instituto, que sugere, além da identificação de um maior percentual de hóspedes do sexo masculino, a
presença do “discurso do machão” entre os hóspedes. Esse traço parece ser característico de um modelo
de masculinidade tradicional e ainda hegemônico na sociedade. Os possíveis efeitos de tal modelo no
perfil epidemiológico dessa população podem estar refletidos na maior vulnerabilidade e, assim,
apontam a necessidade de se voltar a atenção para os diversos fatores implicados na saúde dos homens
e no seu acesso aos serviços e Sistema de Saúde. Os homens têm expectativa de vida oito anos menor
que as mulheres, morrem mais por causas externas e por transtornos mentais graves, associados ao uso
de drogas. Tais constatações parecem reforçar a associação entre dependência química e masculinidade
e, ao mesmo tempo, pode sugerir a reprodução desse modelo como favorecedora da busca pela droga e
do desenvolvimento da dependência.

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A situação de atendimento à violência: etnografia de um serviço que atende autores de violência.


Tais Barcellos de Pellegrini e Stela Nazareth Meneghel
tais_pellegrini@yahoo.com.br
Unisinos
Apesar de existirem transformações nas relações atuais com novas configurações familiares e
redefinições de papéis, muitas famílias ainda estão organizadas segundo o modelo do patriarcado, que
se caracteriza pelo abuso de poder nas interações. O domínio do homem na família pode ser
considerado um dos determinantes da violência de gênero e um problema de saúde pública. Muitas
vezes o homem que comete violência de gênero recebe rótulos patologizantes. Outras, não têm acesso
às intervenções ou tem dificuldades para permanecer nos programas de apoio. Assim, investigar sobre a
masculinidade e a violência pode trazer novos aportes ao entendimento desse tema e auxiliar no
rompimento do ciclo da violência entre as gerações. Considerando esta situação, este estudo tem como
objetivo estudar o atendimento prestado aos homens autores de violência em um serviço de assistência
psicossocial e jurídica pertencente a uma cidade de médio porte do Estado do Rio Grande do Sul. Esta é
uma pesquisa qualitativa realizada por meio de um estudo etnográfico. Participarão do estudo quatro
operadores da equipe de trabalho do serviço e quatro homens autores de violência de gênero. Está
sendo realizada observação participante das interações entre os homens autores de violência e os
operadores. De forma complementar, realiza-se a observação dos atendimentos aos autores de
violência. A análise dos enunciados será feita através dos referenciais das práticas discursivas e teorias
de Michel Foucault.

Violência e Masculinidades: uma construcão posta em questão


Suely Emilia de Barros Santos e Juliana Coelho
suemilia@uol.com.br
ONG A-clher / FAVIP
Essa proposta narra a oficina sociopsicodramática sobre masculinidades e violência realizada em
parceria entre as ONG’s A-colher/Gestos, com dezenove (19) homens. Seu objetivo foi compreender a
construção social das masculinidades e da violência numa perspectiva de gênero. Utilizamos a
metodologia Socionômica de Moreno, na modalidade de intervenção/investigação clínico-
socioeducacional. Durante a oficina as realidades grupal e singular ligadas aos fenômenos da
masculinidade e da violência, foram reveladas e desveladas pelos participantes, mobilizando-os a
narrarem como os vivenciavam em seus cotidianos. As narrativas apontaram para: a banalização da
violência, as injustiças sociais, a pobreza como sendo um motivo para o aumento da violência; a
desigualdade nas relações com meninos e meninas, revelou-se na fala de um integrante como um modo
para a construção das masculinidades pautadas numa cultura da violência: “apanhava muito quando
criança... e que isso era para que aprendesse a ser macho!”. Este mesmo participante contou como se
sentia desprotegido na conjugalidade: “A relação conjugal era violenta... mas com a Lei Maria da
Penha... as coisas só melhoraram para o lado dela!!”; a dificuldade na expressão das masculinidades
através dos “preconceitos com os homens diferentes do modelo machista heterossexual... tais como os
homossexuais... os soropositivos... os mais sensíveis... os românticos!”. A partir daí indagamos: A
desproteção exposta por esses homens passa por uma precariedade nas políticas públicas com o cuidado
das masculinidades? Como contribuir para a desconstrução da relação entre masculinidades e violência?
O que podemos propor como ações efetivas na convivência com os distintos modos de ser homem?

Sentimentos dos homens ao vivenciar o câncer de próstata


Solange Gurgel Alexandre, Consuelo Helena Aires de Freitas Lopes, Mônica dos Santos Bezerra
solange_gurgel2004@yahoo.com.br
Universidade Estadual do Ceará –UECE
O câncer de próstata representa um sério problema de saúde pública no Brasil, em função de altas taxas
de incidência e mortalidade, sendo o terceiro mais comum em homens, superado apenas pelo câncer de
pulmão e de cólon intestinal. Objetivo: investigar homens com câncer de próstata, na busca do
conhecimento dos sentimentos destes homens ao vivenciar a doença. Metodologia: estudo descritivo
com abordagem predominantemente qualitativa desenvolvido em um hospital especializado em câncer
situado na cidade de Fortaleza, Ceará com 12 (doze) homens portadores de câncer de próstata que
realizavam tratamento, seja a nível ambulatorial ou em caráter de hospitalização, no instituto
especializado em oncologia, durante os meses de julho e agosto de 2004. Conclusões: percebemos que
as etapas vivenciadas desde o diagnóstico até as experiências com o tratamento, incluindo a aceitação,
os efeitos devastadores de certas modalidades de tratamento e as mudanças físicas e psicossociais, são
momentos fundamentais na vida desses homens, devendo ser abordados pelos profissionais de saúde
envolvidos no processo com a devida valorização, levando em consideração que mesmo não havendo
possibilidade de cura, em todos os casos é importante oferecer recursos individualizados que melhorem
a qualidade de vida desses homens nos aspectos relacionados com a satisfação de vida e diminuição do
sofrimento e da dor física, psíquica, social e espiritual.

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É Tudo Brincadeira!
Anderson Duarte Freire
andersondfreire@ig.com.br
FAVIP - Faculdade do Vale do Ipojuca
Esta pesquisa é fruto da tentativa de compreender o que levou homens do bairro de Caixa D´água a
criarem uma Associação de Cornos dentro de um cultura em que a infidelidade feminina ainda é vista
como uma ameaça a masculinidade, como desconstrução da figura do macho. O discurso daqueles que
fazem a Associação é de que tudo não passa de brincadeira. Suas atividades se resumem a colocar
"músicas de corno" nos finais de semana e fofocar sobre os novos cornos do bairro. Constatamos que a
brincadeira na verdade é um forma de redução das tensões provocadas pelas infidelidades das mulheres
do bairro. Na realidade, ela funciona como mecanismo de controle da condição sexual das mulheres e
de seus parceiros. Através do homem corno, com quem se brinca, denunciasse sua mulher, cujos homens
não deve se envolver de forma séria. Para aqueles que permanecem na relação após serem traídos,
utiliza-se a tipologia dos cornos (corno xuxa, corno 120, etc) como mecanismo de punição em apelo para
que ele a deixe e a destitua do lugar de mãe, esposa, santa, vítima, etc., pois sua permanência na
relação funciona como uma proteção a ela (o safado é ele), ameaça um território tido como masculino
(a infidelidade), inverte as posições nas relações de gênero (ela é ativa, desejante, e ele passivo
submetido ao desejo dela). Assim, a brincadeira é uma forma de estigmatização dos comportamentos
desviantes em busca da manutenção e de reforço da norma vigente.

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3.2. GT Paternidade e direitos reprodutivos

Os estudos sobre paternidade nas Ciências Humanas: um breve panorama


Sandra Unbehaum
unbehaum@hotmail.com
ECOS - Comunicação em Sexualidade, F. Carlos Chagas
Será apresentado um panorama dos estudos sobre paternidade a partir dos trabalhos enviados para o
Seminário Homens, Gênero e Políticas Públicas para identificar questões, problemas e abordagens sobre
o tema. O objetivo é contextualizar os estudos sobre paternidade e direitos reprodutivos e identificar
possíveis avanços a partir do debate sobre masculinidades que já completa mais de dez anos no Brasil.

Perspectiva de Género, política pública y paternidad en México ¿Alentar el ejercicio de una


paternidad responsable, para qué?.
Héctor Martín Frías Barrón
hectorfrias1@hotmail.com
Instituto Nacional de las Mujeres
El propósito de este docuemnto es reflexionar sobre la importancia que tiene, desde la perspectiva de
género, la posibilidad de que en México se diseñen, instrumenten y ejecuten políticas públicas para
fomentar el ejercicio de una paternidad responsable y contribuyan a modificar conductas que siguen
depositando mayores responsabilidades en las mujeres en tareas del espacio doméstico o privado. Este
trabajo pretende reflexionar y encontrar parte de las respuestas a preguntas, que en el fondo se
reducen a una sola pero muy poderosa que es: ¿por qué?, ¿por qué las cosas son así y no de otra
manera?, ¿por qué, si muchas veces, ya se tiene detectado el problema, es difícil que se le ponga una
solución?. Para entender un poco más este cuestionamiento, sea de ayuda presentar un análisis crítico
sobre la imposibilidad, por parte de las instancias encargadas de hacer política pública en el país, de ver
y creer en los beneficios en función del género que traería consigo el diseño de política pública
encaminada a impulsar el ejercicio de una paternidad responsable y a favorecer relaciones más
equitativas entre mujeres y hombres.

Paternidade como escolha e exercício sensível: uma discussão em políticas públicas


Stelamaris Glück Tinoco
stelamarisgt@gmail.com
Movimento '30 DIAS para a Paternidade Consciente'
Este trabalho propõe refletir sobre argumentações e estratégias usadas para justificar a ampliação da
licença paternidade no Brasil. E também apontar outras possibilidades de diálogo no sentido de pensar a
construção das identidades como algo do campo da cultura, portanto mutáveis, flexíveis, transitórias. As
identidades do masculino e do pai são socialmente construídas por homens e mulheres, lugares
carregados de diferentes significados de cultura para cultura, embora tomados como universais e
naturalizados em nossa sociedade. Pensar nestas construções possibilita inserir interrogações sobre as
práticas e discursos a respeito do que é ser homem e sua constituição como pai. Quando se coloca a
necessidade de ampliar o tempo de licença paternidade aos homens, as justificativas ainda são
centradas nos direitos da criança e cuidados com a mulher. E quando há referência ao homem é quanto
ao direito dos pais de ficarem mais tempo com suas crianças. Busco neste espaço trazer a discussão de
que este tempo diz respeito aos homens poderem construir suas paternidades, se esta for sua escolha.
Isto diz de pensar políticas públicas para homens e problematizar a construção social dos mesmos;
significa falar de sensibilidades possíveis para o território do masculino, sensibilidades que não estão
presentes nos discursos sobre o ser homem. Ampliar a reflexão para além da ampliação do tempo é
estratégico para avançar na discussão de gênero e seus efeitos nas vidas das pessoas e na organização de
lugares sociais, é uma proposição política que proporciona olharmos a produção de desigualdades e
aprisionamentos daí advindos.

“Brasil de pais de verdade”: enunciados a respeito de paternidade numa campanha de combate a


criminalidade no Rio Grande do Sul
Lisandra Espíndula Moreira e Fernando Seffner
lisandram@ig.com.br
UFRGS
Esse trabalho faz parte de um projeto mais amplo que analisa enunciados presentes em campanhas e
cursos promovidos por uma Ong do Rio Grande do Sul sobre paternidade. Em especial, discutiremos aqui
duas propagandas veiculadas por essa organização, uma na internet e outra na televisão: “Brasil sem
grades é Brasil de pais de verdade”. Temos como objetivo compreender os argumentos utilizados nesse
chamado direcionado aos homens para que exerçam de forma mais ativa a responsabilidade e o cuidado
com os filhos, principalmente os argumentos que associam a ausência paterna à criminalidade.
Analisaremos nessas duas produções, além dessa associação a presença de outros marcadores que

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direcionam explicitamente o alvo dessa campanha: raça/cor, classe social, nível de escolaridade,
sexo/gênero/sexualidade, tipos de crime, etc. Além disso, é importante posicionar historicamente tais
enunciados. A parentalidade passa a ser alvo de uma politização, colocando a família como espaço
privilegiado para ajuste de questões sociais. Como propõe Dagmar Meyer (2006), direcionam-se para as
mulheres mães intensos investimentos para que assumam o cuidado, a saúde e a educação dos filhos e
mesmo assim, essa campanha em nenhum momento traz a figura da mãe. Nesse sentido, podemos
pensar que há também um direcionamento para homens pais, porém chamando-os a exercer o limite, a
lei. “Pai de verdade” estabeleceria regras para os filhos, limite e respeito à lei. Tal conexão entre
criminalidade e ausência de pais, em parte, desonera o Estado, pois a culpa da criminalidade não
estaria no (des)ordenamento social, mas no mau desempenho dos pais.

Pais e filhos hoje: a autoridade paterna frente ao declínio do patriarcado


Leonardo José Cavalcanti Pinheiro
leojcavalcanti@hotmail.com
UCSAL - Universidade Católica do Salvador
Este artigo possui como objetivo compreender o universo da autoridade paterna na contemporaneidade
e entender como o pai vem construindo o seu papel na sociedade, tendo em vista os valores patriarcais
ainda enraizados, em contraponto, com os novos valores, de individualismo e de autonomia dos
indivíduos. Com base em uma revisão de literatura, é realizado um panorama geral do patriarcado,
caracterizando o pai neste sistema, e a partir de uma descrição da contemporaneidade, faz-se uma
leitura de como a paternidade é desempenhada na sociedade atual.

Violência e Paternidade: O lugar dos filhos nas práticas discursivas de homens autores de violência
doméstica contra mulheres.
Juliana Barbosa e Benedito Medrado
jucatarine@gmail.com
Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades
O presente estudo está inserido em um projeto mais amplo que discute a violência doméstica contra
mulher a partir do ponto de vista dos homens e dos masculinos, tendo em vista o enfoque de gênero.
Nesse contexto, tivemos como objetivo investigar como homens, pais, autores de violência contra
mulheres posicionam seus filhos em tal contexto. A abordagem teórico-metodológica empregada parte
do referencial construcionista no âmbito da psicologia social. Foram realizadas entrevistas semi-
estruturas com 8 homens, pais, indiciados pelo crime de violência doméstica contra mulher, que foram
localizados durante visitas aos seguintes serviços: 1a.Delegacia Especializada da Mulher de Santo Amaro,
Juizado Especial Criminal (JECRIM) e 2ª Delegacia Especializada da Mulher de Jaboatão dos Guararapes.
Durante a análise percebemos o quanto nos modelos de paternidade trazidos pelos entrevistados
encontram-se as noções do modelo patriarcal, mesclados a noções mais contemporâneas de conceber a
paternidade. É possível compreender que a forma como os pais percebem seus filhos neste contexto de
violência ainda também está muito vinculada à noção tradicional de paternidade, onde cabe ao homem
prover a família, estando alheio aos processos domésticos e cuidados com os filhos. Desse modo, sua
percepção dos sentimentos dos filhos sobre a situação atual da família parece pouco refletida e
aprofundada, o que pode ser percebido a partir do momento que eles relatam que seus filhos são muito
jovens para perceber a situação de violência, ou mesmo quando relatam não saberem o que os filhos
pensam sobre tal situação.

Do tempo dos homens, um tempo para a paternidade.


José Carlos Sturza de Moraes
sturza.demoraes@gmail.com
Movimento '30 DIAS para a Paternidade Consciente'
Relato de iniciativa no campo da cultura, com desdobramentos em políticas públicas, notadamente com
enfoque de gênero, buscando aprofundar razões e emoções que levam a luta por direitos humanos para
homens, no exercício de uma de suas possibilidades sociais: a paternidade. Socialização de uma
experiência circunscrita ao Rio Grande do Sul: a criação e ações do Movimento ‘30 DIAS para a
Paternidade Consciente’ em Porto Alegre, hoje com mais de duas dezenas de integrantes. Pessoas que
estão conhecendo, mais de perto, discursos e práticas que levam a exclusão do homem do lugar da
paternidade, do exercício de sensibilidades e da possibilidade de construções sociais mais afetivas,
menos abusivas e violentas. Trata-se de uma avaliação, em construção, para instigar interlocuções em
rede, com outros operadores de discussões similares no Brasil. Inclusive porque, diferente de relatos de
outros estados, no RS a proposição de ampliação da licença-paternidade tem encontrado pouca
aceitação entre homens. E isto nos tem feito buscar ampliar o leque de discussões e sensibilizações para
colocar o tema em pauta em entidades e meios de comunicação. A proposta do movimento é de fazer a
discussão enquanto um ato a favor de homens, mulheres e crianças, enfatizando o lugar prazeroso da
paternidade para o homem. No RS, por exemplo, homens-pais são os maiores abusadores sexuais infra-
familiares. Este trabalho propõe-se também a dar visibilidade a algumas conquistas, como a alteração
do Projeto de Lei que previa 15 dias para licença de servidores públicos estaduais e passou a 30 a partir
de mobilização.

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Entrando em contato com uma experiência de alto-risco: a paternidade no contexto de UTI Neonatal
Sibelle Maria Martins de Barros e Zeidi Araujo Trindade
sibellebarros@yahoo.com.br
UFES
O presente trabalho é fruto de uma investigação que teve como objetivo compreender a experiência de
casais com filhos recém-nascidos prematuros de alto-risco. Optou-se por destacar o início da experiência
paterna nesse contexto hospitalar, uma vez que pouca atenção tem sido voltada aos homens no âmbito
da saúde reprodutiva. Foram realizadas entrevistas individuais com roteiro semi-estruturado com 20 pais
cujos filhos estavam internados em UTINs de hospitais de Recife-PE. O roteiro de entrevista abarcou os
seguintes temas: diagnóstico do recém-nascido; filho; maternidade; paternidade e estratégias de
enfrentamento. Para a análise dos dados recorreu-se à proposta metodológica da Grounded Theory, a
qual permite a elaboração de uma “teoria” sobre os dados por meio da construção de estruturas sobre
fenômenos identificados ao longo do processo de análise. A análise permitiu identificar o fenômeno
“Entrando em contato com uma experiência de alto-risco”.Tal fenômeno apontou questões como a
importância do acolhimento da equipe para o enfrentamento dessa experiência particular de
paternidade, que causa medo da morte e sentimentos ambíguos em relação ao recém-nascido
prematuro. Também demonstrou que os sentimentos e as estratégias de enfrentamento dos pais, neste
período inicial da experiência, estão articuladas, sobretudo, com as representações sociais de morte, de
filho e de paternidade. Os relatos denunciaram a necessidade de suporte profissional aos pais que se
deparam com a situação de prematuridade de seus filhos, geralmente inesperada e frustrante para a
maioria deles. Apoio: CAPES

Iniciação sexual e paternidade: com a palavra os homens.


Elaine F Nascimento, Romeu Gomes, Lúcia Emilia F S Rebello
elaine@iff.fiocruz.br
Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz
Este estudo tem por objetivo analisar as narrativas de homens jovens sobre iniciação sexual e
paternidade a partir do modelo hegemônico de masculinidade numa perspectiva relacional de gênero.
Em termos de corpus analítico, foi utilizada parte de material de duas pesquisas qualitativas sobre
paternidade e iniciação sexual. As referentes pesquisas trabalharam com narrativas de homens jovens
universitários e grupos-focais, envolvendo homens jovens do ensino fundamental e médio. Para a análise
dos dados utilizou-se o método de interpretação de sentidos, baseado em princípios hermenêuticos-
dialéticos. Dentre os achados, destaca-se que, na perspectiva dos jovens, a iniciação sexual ainda
representa um marco na passagem para a vida adulta, vinculado principalmente a relação heterossexual
com penetração e paternidade tanto se relaciona à assunção do papel de provedor quanto ao ser
protetor com o investimento do afeto. Nessa relação, geralmente, a mulher não é vista como
protagonista porém recai sobre ela a responsabilidade exclusiva no que diz respeito á prevenção e
contracepção. Estes resultados apontam a necessidade de formulação de políticas públicas que assumam
um caráter relacional de gênero. Palavras- Chave: Iniciação sexual, paternidade, masculinidade e
gênero.

A construção do ser homem no mundo de vida que é a gravidez


Janieiry Lima de Araújo; Daniele Viana Maia Torres; Kely Vanessa Leite Gomes da Silva; Ana Ruth
Macêdo Monteiro
janieiry@hotmail.com
Universidade Estadual do Ceará
A gravidez é um momento muito peculiar da vida existencial da mulher e do homem. Estes indivíduos
passam por profundas transformações biológicas, sociais, emocionais e psicológicas. Neste contexto, o
objetivo do artigo é refletir teoricamente sobre a inclusão do homem, como pai-participativo no período
gravídico, tendo como base teórica a fenomenologia sociológica de Alfred Schutz. Entendemos que se
faz necessário a sensibilização por parte dos profissionais e instituições de saúde que prestam
assistência à gestante, na busca de integrar os maridos neste momento da vida do casal, garantindo-lhes
os direitos reprodutivos. Desta forma os vínculos terapêuticos poderão ser melhor estabelecidos entre o
usuário-profissional de saúde, de forma que o homem possa ser visto como aliado no cuidado e na
responsabilização com a reprodução humana.

A paternidade no contexto da gravidez na adolescência: rompendo barreiras culturais e


institucionais
Benedito Medrado, Jorge Lyra, Ana Roberta Oliveira, Laís Rodrigues, Giselle Nanes, Juliana da Silva,
Rhute Menezes, Gioconda Silva, Douglas Oliveira, Berta Brunet, Fernando Neto e Dara Felipe.
masculinidades@uol.com.br
Instituto PAPAI e Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (Gema/UFPE)
Este trabalho visa apresentar resultados parciais de uma pesquisa desenvolvida no Brasil, com caráter
descritivo e analítico, com vistas a investigar como os serviços de atenção básica em saúde identificam e
orientam as demandas do pai, no contexto da gravidez na adolescência, em três capitais brasileiras
(Recife/PE, Florianópolis/SC e Vitória/ES). Tem-se a intenção de gerar, por um lado, um estudo
comparativo baseado em informações produzidas a partir de pesquisa quantitativa e por outro, uma
análise qualitativa baseada nos depoimentos e em documentos que permitam uma compreensão

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particular de cada contexto. Com isso, pretende-se delinear propostas e recomendações na forma de um
documento marco, em consonância com as atuais recomendações do Ministério da Saúde do Brasil e das
diretrizes que orientam as políticas de direitos sexuais e reprodutivos no Brasil, presentes em
Plataformas Mundiais das quais o Brasil é signatário (Cairo, 1994 e Beijin, 1995). Apoio: CNPq

Paternidade na adolescência: Motivações e contradições


Laís Rodrigues e Benedito Medrado
laisnana@hotmail.com
UFPE
Este trabalho se constitui de fragmentos de uma pesquisa de mestrado que se encontra em andamento.
Portanto, as reflexões aqui expostas se referem a resultados e análises ainda parciais do estudo, que
tem como objetivo investigar os arranjos familiares que se constroem a partir do advento da
paternidade na adolescência. Para tanto, foram entrevistados 12 jovens pais com idades de 16 a 27
anos, que se tornaram pais com idades de 15 a 19 anos. Tais jovens participavam de um programa de
capacitação profissional e inclusão social promovido pelo governo do estado e residiam em comunidades
do Recife e região metropolitana. Quatro jovens eram casados e residiam com pelo menos um de seus
filhos, os outros oito jovens não moravam na mesma casa que seus filhos. Com exceção do filho de um
dos jovens solteiros que residia com a família do pai, todas as outras crianças moravam com as mães
e/ou com a família desta. Além destes elementos que já foram referidos por outras pesquisas, foi
observado que laços familiares entre pais e filhos diferem a depender da relação afetivo-sexual entre os
jovens pais no momento da gravidez. Neste sentido, nota-se que há uma diversidade de arranjos
familiares em uma mesma trajetória de vida. A partir disto pode-se refletir sobre os lugares ocupados
pelos jovens pais dentro das possibilidades de configurações familiares e seus posicionamentos na
relação com o filho.

Estrutura familiar de origem e práticas de paternagem na adolescência


Alberto Mesaque, Maria José Nogueira, Celina Maria Modena
mesaque@cpqrr.fiocruz.br
Instituto de Pesquisas Renné Rachou - Fundação Oswaldo Cruz - MG (Ministério da Saúde)
Assistimos na contemporaneidade uma nova configuração da família brasileira. As famílias que antes
eram chefiadas pela figura paterna têm sido substituídas por famílias nas quais homens e mulheres
dividem os mesmos espaços e papéis sociais. Pesquisas apontam para a feminilização de estudos e
intervenções, sobretudo no que tange à adolescência, fazendo com que o adolescente do sexo
masculino, seja muitas vezes negligenciado sobretudo pelas políticas públicas. O estudo teve como
objetivo identificar a influência da configuração da família de origem no exercício da paternidade por
adolescentes. Numa abordagem qualitativa, tendo como perspectiva a pesquisa participante, realizou-se
entrevistas semi-estruturadas com pais adolescentes residentes na Vila do Cafezal – BH – MG. O
referencial teórico utilizado foi o da abordagem Sócio-histórica enfatizando a constituição do ser social
através da interação com o outro, mediada pela linguagem. O discurso dos adolescentes entrevistados
permite correlacionar os contextos sócio-históricos dos indivíduos ao exercício das práticas de
paternidade. Discute-se como a família de origem representa um importante aspecto na definição das
formas como o papel do pai será exercido. Aponta-se para a importância do padrão de estrutura familiar
com ausência da figura paterna, nos modelos reais ou simbólicos, exibidos no discurso dos adolescentes.
As políticas públicas voltadas para saúde sexual e reprodutiva na adolescência devem atentar-se para as
novas configurações familiares e o lugar simbólico do pai na modernidade. Numa perspectiva da
interdisciplinaridade, os profissionais devem encontrar possíveis caminhos para o mal-estar social
causado pelas rápidas mudanças da estrutura familiar e aos significados atribuídos à paternidade pelos
adolescentes.

Eu também existo! homem, jovem e pai: sujeito de direitos sexuais e reprodutivos


Jorge Luiz Oliveira dos Santos
jl@unam.br
Universidade Federal do Pará
A gravidez na adolescência produz um grande impacto na vida de adolescentes de ambos os sexos.
Percebe-se um prejuízo para o pai adolescente, que assume, ou que consegue assumir sua paternidade,
no sentido da escolarização e da responsabilidade financeira. Isso não correspondendo, por exemplo, à
idéia socialmente veiculada que as mães adolescentes seriam as maiores, ou exclusivas, “vítimas” deste
evento. Numa perspectiva de comparação entre gêneros, poderiam ser ressaltadas necessidades
específicas do pai e da mãe adolescente. Nesse sentindo, o pai adolescente parece se encontrar em
estado de desvantagem quando comparado à mãe adolescente no que diz respeito ao atendimento de
suas necessidades. Se o homem, jovem e pai existe, preocupações programáticas de direitos sexuais e
reprodutivos precisam ser ampliadas envolvendo-o. O evento da gravidez não atinge somente a mãe
adolescente. No entanto, o que se percebe (inclusive na literatura acadêmica), é toda uma ação
programática voltada para a mãe. Pouco se pensando, falando e criando quanto às dificuldades
enfrentadas pelo pai adolescente. A gravidez na adolescência, na maioria das vezes, é resultado de um
encontro sexual não organizado. O impulso, portanto, é igual a ambos, mas a aceitabilidade, o
acolhimento e as atenções – embora nem sempre –, estão direcionados para a mulher. A questão aqui é:
por que não existe uma lógica de acolhimento ou aceitabilidade para o pai adolescente? Quais os

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motivos dessa indiferença? Por que não pensamos no pai adolescente? O que impediria o homem jovem
de cumprir esse papel?

Adolescentes masculinos e a hora “H”: aprendendo com as “cenas sexuais”


Geórgia Sibele Nogueira da Silva, Leonardo Cavalcante, Rafael Figueiró
gsibele@uol.com.br
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Este trabalho apresenta uma reflexão que busca compreender as dificuldades vivenciadas e/ou
estratégias utilizadas pelos adolescentes masculinos para adotarem o uso do preservativo em suas
relações sexuais. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, cujo principal recurso metodológico consistiu
na construção de “cenas sexuais” durante a realização de oficinas; acrescidas de entrevistas individuais
semi-estruturadas. A Hermenêutica Gadameriana, constitue a base filosófica do trabalho de produção e
interpretação das narrativas. Os sujeitos da pesquisa são 30 adolescentes do sexo masculino, na faixa
etária entre 16 anos e 24 anos, residentes em Natal - RN, escolhidos em situação de contraste
socioeconômico e cultural, e grau de escolaridade. No decorrer do trabalho foi possível perceber que o
aprendizado recebido pelos adolescentes/jovens contribuiu para elaboração de um roteiro sexista de
relações, responsável por padrões rígidos, pela divisão arbitrária do locus dos sentimentos e emoções; e
compreender o quanto as exigência impostas e auto-impostas para cumprirem um modelo ideal de
masculinidade os vulnerabilizam à infecção pelo HIV/Aids. Por outro lado, relativizações do modelo
padrão são sinalizadas, bem como através das confecções das “cenas” eles ensaiam situações através
das quais apresentam pistas para que a distância entre intenção e gesto, no que se refere ao uso do
preservativo, possa ser diminuída. Dando voz as dificuldades desses jovens, talvez possamos aprender
sobre como inaugurar um processo de construção de masculinidades menos dicotômico, intolerante, e
mais saudável; e possamos trilhar novos caminhos para uma prevenção mais efetiva e sensível as suas
reais necessidades.

Paternidade e redefinição das relações de poder na família: um caso atendido pelo setor de
Psicologia da Promotoria de Justiça da Infância e Juventude
Márcio Bruno Barra Valente
barra_valente@yahoo.com.br
Universidade da Amazônia
Na perspectiva foucaultiana, relações de poder são maneiras pelas quais indivíduos atuam sobre o
comportamento de outros e de si mesmos. No estágio, desenvolvido desde 2007, na PJIJ, depara-se com
uma multiplicidade de maneiras dos/as adultos/as atuarem sobre o comportamento de crianças e
adolescentes. Contudo, segundo o ECA, parte dessa multiplicidade viola os direitos infanto-juvenis e
através de denúncias passa ser investigada, pois é função da PJIJ defendê-los. Tal intervenção objetiva
governá-la e fazê-la convergir para proteção integral da criança e do adolescente. Atendeu-se um
homem acusado de bater e gritar com os filhos adolescentes. Ele afirmou que sua esposa, mãe dos
mesmos, abandonou o lar e que agora precisava cuidar da educação (“conversar”) e não apenas
sustentá-los financeiramente como estava habituado. O pai confirmou a denúncia e declarou não
conseguir lidar com opiniões e gostos dos filhos, que qualifica como imaturos e ruins, sejam sobre
roupas, músicas, funcionamento da casa ou assuntos de suas conversas que, em geral, tornavam-se
brigas. Não obstante, afirmou estar triste e sofrendo, pois sabia que seus filhos não o amavam e por não
ter conseguido ser um “bom-pai” (amigo-próximo dos filhos), mas apenas um “mau-pai” (distante dos
filhos), como seu pai havia sido com ele. Considera-se que o caso atendido como um exemplo de como
se torna cada vez mais comum a demanda masculina diante da questão do cuidado infanto-juvenil e
evidente a necessidade de produção e circulação de novas maneiras de exercer a paternidade que
possam integrar-se as práticas sociais e familiares.

Política nacional de planejamento familiar e o papel da paternidade


Tassia Rabelo de Pinho
tassia13@yahoo.com.br
Fundação Getulio Vargas (FGV)
Esse trabalho propõe interpretar, a partir de uma ótica relativista, os discursos sobre a paternidade e
sua relação com a visão da mulher como responsável única pelo cuidado dos filhos. O objetivo é
possibilitar a desconstrução desse ideário e a valorização do papel da paternidade como mecanismo de
promoção dos direitos reprodutivos e da concepção responsável. Para que a maternidade e a
paternidade se tornem fruto de uma escolha, é necessário que homens e mulheres possuam o
instrumental necessário para saber se querem ou não ter filhos. Um fator fundamental para isso é a
existência de uma política de planejamento familiar ampla, eficiente e não mais limitada à mulher.
Realizo um breve debate histórico sobre a defesa dos direitos reprodutivos, a utilização de métodos
contraceptivos no Brasil e os programas relacionados a políticas de planejamento familiar. Por fim,
analiso a Política Nacional de Planejamento Familiar a partir de uma ótica que enfatiza a presença do
homem nessa área historicamente voltada apenas para o público feminino. Através de medidas como a
inclusão da vasectomia na Política Nacional de Cirurgias Eletivas de Média Complexidade, a PNPF inova
ao destacar que a responsabilidade do planejamento familiar não deve ser exclusivamente das
mulheres, no entanto ainda é bastante limitada e necessita de maior aprimoramento, nesse sentido se
insere esse estudo.

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Representações sociais de homens vasectomizados e sua inserção na saúde reprodutiva


Mônica dos Santos Bezerra e Solange Gurgel
monicameac@yahoo.com.br
Universidade Estadual do Ceará
O Trabalho tem a finalidade de apreender as representações sociais de homens vasectomizados e sua
inserção na saúde reprodutiva, enfocando aspectos de relações de gênero, sexualidade e planejamento
familiar.A teoria das representações sociais servirá de base para implementação, análise e conclusão do
presente estudo.O homem faz parte de uma sociedade que estabelece que o mesmo é um ser forte,
detentor da razão e da chefia familiar.Diante desse protótipo ele não consegue cumprir plenamente
esse papel e sofre vários prejuízos entre eles o seu próprio cuidado.No campo da saúde reprodutiva a
sua inserção é difícil, em virtude das deficiências das políticas publicas de envolver o homem nesse
contexto.A vasectomia fez com que o homem tivesse participação nas decisões de anticoncepção,
porém o significado da vasectomia dentro de um contexto social é muito mais amplo e gera uma série
de questionamentos que não estão relacionados apenas a um procedimento.Percebe-se o homem tão
necessitado de cuidados quanto a mulher.

Homens e maternidade: Impactos da lei do acompanhante em um serviço público


Carmen Susana Tornquist, Cristian Rubini Dutra e Carolina Shimomura Spinelli
Cristian.dutra@gmail.com
UDESC
O processo de medicalização do parto nos últimos séculos levou à subalternização da presença familiar
no evento de formas variadas, e no que tange a estes acompanhantes estava a figura do marido/pai da
criança, que cumpria determinadas funções relacionados ao processo. A crítica a esta processo,
empreendida por estudiosas feministas e críticos da biomedicina, contribuíram para que nas últimas
décadas, emergissem propostas de humanização da assistência ao parto. Neste contexto, uma das
medidas mais recentes que vem a mitigar a assistência excessivamente patologizante é a Lei do
Acompanhante(Lei n. 11.108, de 7 de abril 2005), pela qual tornou-se direito de todas as gestantes e
puérperas escolher um acompanhante durante sua passagem em uma instituição hospitalar. Realizamos
uma etnografia em uma maternidade da Região Metropolitana de Florianópolis entre 2006 e 2007 a fim
de observar como a instituição lidava com esta "nova" presença em seu interior, bem como quais eram
os acompanhantes escolhidos pelas mulheres, uma vez que, como vários estudos apontam, nem todas as
famílias compartilham do ideário do Casal Grávido e do parto Humanizado, que estimula a participação
do pai. Procuramos observar também como se dá a participação dos acompanhantes nos processos de
internação, consultas, pré-parto, parto e pós-parto, tanto dos pais, mas também de outros sujeitos do
sexo masculino que eram escolhidos pelas mulheres, bem como suas possibilidades de presenças ou
ausência de acordo com fatores, laborais, de classe e gênero.

Participação Masculina no Planejamento Familiar em Maternidade Escola de Natal-RN


S. L. L. Lins; A. Q. J. Filgueira; A. P. M. Medeiros; D. A. M. Brito; G. A. M. Andrade.
stenialins@bol.com.br
Maternidade Escola Januário Cicco- UFRN
Este trabalho, objetiva caracterizar a participação e a influência masculina no planejamento familiar.
Foram entrevistados 93 homens em idade fértil, familiares e/ou acompanhantes das usuárias da
Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), utilizando questionário sobre planejamento familiar,
métodos contraceptivos e aborto.Selecionados 93 indivíduos do sexo masculino, em idade fértil, de 18 a
65 anos; familiares e acompanhantes das usuárias da Maternidade, instituição que é referencia de nível
terciário do sistema único de saúde para todo o estado(RN). A idade media dos entrevistados foi de37,8
anos e 73,11% tinham escolaridade de nível médio e fundamental. Entre os métodos contraceptivos
conhecidos, o condom(94,62)foi o mais apontado,31% não o utiliza com sua parceira fixa,. Representou
a pílula (83,87%)e o DIU,(54,84%). Quanto à contracepção de emergência, apenas 14% sabem usá-la. Na
escolha do método contraceptivo, 36,56 não se envolvem, 27,96% confiam na parceira. Concernente à
consultas de planejamento familiar 79,57% afirmaram nunca haver participado e 41,94%, jamais fariam
vasectomia. O presente estudo motiva à reflexão quanto á participação do homem nos cuidados com a
saúde sexual e reprodutiva, à temática das relações de gênero e sua influência na saúde de homens e
mulheres. Introduz esta temática na formação dos profissionais da saúde,sugere a criação de
mecanismos que facilitem o acesso dos homens aos serviços de saúde sexual e reprodutiva.

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Configurações de paternidade nas propostas do Programa Primeira Infância Melhor - RS


Carin Klein
carink@terra.com.br
UFRGS
Neste artigo, busco investir na discussão acerca da paternidade, entendendo-a como uma dimensão
importante dos Estudos de Gênero, ainda, pouco explorada no que concerne às experiências e a
participação dos homens no contexto de políticas públicas de educação e(m) saúde, no Brasil
contemporâneo. Para tanto, tomo o Programa Primeira Infância Melhor (PIM), instituído em 2003, pelo
Governo do Estado do Rio Grande do Sul, como uma importante instância pedagógica que investe na
construção de estratégias que tratam de associar, fundamentalmente, a educação das famílias com a
promoção da saúde infantil, pretendendo com isso alcançar a redução dos índices de desigualdade e
exclusão social. Nesse sentido, se propõe a enunciar, educar, regular e conformar homens (e mulheres)
como sujeitos de gênero, pois atua no sentido de instituir e naturalizar formas “adequadas” de exercer
a paternidade. Ao dar atenção às linguagens e as formas com que se constituem as diferenças e as
categorizações entre o masculino e o feminino em uma política governamental, também busco
apreender como o gênero é utilizado para organizar, a partir de um conjunto de significados e símbolos
construídos, relações sociais de poder.

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3.3. GT Diversidade e direitos sexuais

A homofobia como um problema de saúde pública


João Luís da Silva
joaokluis@bol.com.br
IMIP
Enfrentar a complexidade dos determinantes sociais de vida e saúde das populações requer intervir
sobre a exclusão social. Nesse contexto, todas as formas de discriminação, como a homofobia, por
exemplo, devem ser consideradas situações produtoras de doença e sofrimento. A visão ampliada e
integral da saúde, tal como apresentada em nossa Constituição, é uma conquista da sociedade
brasileira, mas o país ainda está distante de ver tais princípios consolidados no cotidiano das pessoas.
Para que ocorra uma legitimação dessas diretrizes, é necessário que a população e os movimentos
sociais se apropriem de capacidade crítica e política para exigir as melhorias necessárias e pertinentes à
qualidade de vida. Há um consenso sobre a necessidade do combate à homofobia no SUS, tendo como
base o conceito de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), que entende que a proteção do
direito à livre orientação sexual e identidade de gênero não é apenas uma questão de segurança
pública, mas envolve também, de maneira significativa, questões pertinentes à saúde mental e a
atenção a outras vulnerabilidades atinentes a esses segmentos. Por esta justificativa, o combate à
homofobia é uma estratégia cabal para que seja garantido o acesso aos serviços e a qualidade da
atenção. Por outro lado, uma política de enfrentamento aos crimes e agravos cometidos contra a
população LGBTT requer iniciativas estratégicas vigorosas. Esta questão é fundamental para que o
cuidado seja condizente com suas reais necessidades em saúde, superando a estrita associação da saúde
dessas populações à epidemia de HIV/AIDS.

Legitimação da População LGBT frente ao SUS


João Luís da Silva
joaokluis@bol.com.br
IMIP
O Sistema Único de Saúde (SUS), está baseado em um conjunto de três princípios, sendo o primeiro
deles a Universalidade. Isso significa que todo e qualquer cidadão brasileiro tem direito e acesso
gratuito aos serviços de saúde oferecidos pelo Sistema – independente de sua orientação sexual, credo
religioso, raça, idade e identidade. O Ministério da Saúde acumula duas décadas de atenção à população
de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT), através de ações que tiveram início a
partir do enfrentamento da epidemia da AIDS. Com o atual alargamento da perspectiva da integralidade
da atenção à saúde desse segmento populacional, reconhece-se que a orientação sexual e a identidade
de gênero constituem situações muito mais complexas e são fatores de vulnerabilidade para a saúde. Tal
reconhecimento deve-se não apenas por implicarem práticas sexuais e sociais específicas, mas também
por exporem a população LGBTT a agravos decorrentes do estigma, dos processos discriminatórios e de
exclusão social, que violam seus direitos humanos, entre os quais, o direito à saúde, à dignidade, a não-
discriminação, à autonomia e ao livre desenvolvimento. As políticas formuladas pelo Ministério da Saúde
são para a execução do sistema, ou seja, de toda a rede de serviços municipais e estaduais. A
expectativa é que as deliberações da Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e
Transexuais deverão ter em conta que a efetividade do acolhimento das necessidades de saúde desta
população depende, em contrapartida, da inserção expressiva dos movimentos sociais LGBTT na defesa
do SUS.

O acesso à justiça pela perspectiva da diversidade sexual


Ivison Sheldon Lopes Duarte
ivisonsheldon@yahoo.com.br
Comitê Paraibano de Educação em Direitos Humanos
De acordo com a perspectiva hodierna das políticas de proteção e garantias da comunidade GLBT de
acesso à justiça consubstanciada pelo texto base da Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Travestis e
Transexuais, assim como pelo programa Brasil Sem Homofobia. Passa-se a analisar a efetividade dos
mecanismos propostos, as dificuldades enfrentadas e o sistema jurídico como palco de modificações
pertinentes a recepcionar as modificações necessárias para que seja realizado um efetivo acesso à
justiça privilegiando a cidadania. Parte-se da concepção estruturalista sociológica do sistema jurídico,
consolidado pelas dimensões de justiças postas pela filosofia jurídica, com o objetivo de fomentar a
discussão acerca dos institutos existentes de proteção e supressão das necessidades da comunidade
GLBT.

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Transando interseccionalIDADES: velhice(s) e homossexualidade(s).


Fernando Altair Pocahy
pocahy@uol.com.br
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Esta comunicação é fruto das primeiras aproximações com o campo a partir da pesquisa de doutorado
intitulada Envelhecer nas tramas da hetero e homonormatividade, que vem sendo realizada junto à
linha de pesquisa Educação, Sexualidade e Relações de Gênero no PPGEdu/UFRGS. Este estudo busca
problematizar a objetificação dos idosos homossexuais e compreender como se produzem formas de
constestação diante das disputas de significações cotidianas de desqualificação e de estigmas ligados ao
envelhecimento, reiterados pela hetero e homonormatividade. A pesquisa se constitui a partir do campo
dos estudos de gênero e sexualidade de referência pós-estruturalista e ao tomar a idéia da subjetivação,
inspirado na contribuição de Michel Foucault (1984), ocupa-se em pensar como os sujeitos se constituem
a partir da relação que se produz em um confronto consigo, desde determinados jogos de verdades –
sobretudo, neste caso, aqueles localizados na trama (homo)normativa velhice e sexualidade. No rastro
do pensamento de Judith Butler (2005) o estudo persegue ainda uma forma de evidenciar o que constitui
ou não uma vida inteligível e como os pressupostos do que é “norma(l)” em matéria de gênero,
sexualidade e idade predeterminam o que conta para o status de “humano” e para o viável. O problema
de pesquisa dirige-se aos modos como se movem/ vivem homens velhos homossexuais e a que redes
discursivas estão/estariam atados; e quais são/seriam as possibilidades de resistência e
(res)significações de si que se abrem/abririam em uma cultura heterossexista e homofóbica.

Problematizando Práticas sexuais, sociabilidades e violências com Homens Homossexuais e outros


Homens que fazem Sexo com Homens em espaços de pegação.
Fernando Altair Pocahy e Manoela Carpenedo Rodrigues
pocahy@uol.com.br
Nuances – grupo pela livre expressão sexual
Este estudo refere-se a uma problematização acerca de práticas sexuais, sociabilidades e situações de
violência a partir das experimentações de homens homossexuais e outros homens que fazem sexo com
homens. O estudo foi realizado através de metodologia quantitativa (instrumento de 37 questões)
articulada ao estudo de inspiração etnográfica junto a 17 estabelecimentos comerciais dentro do roteiro
gay de Porto Alegre (17 saunas e videolocadoras, onde há possibilidade de consumação sexual). As
ferramentas metodológicas foram construídas a partir dos estudos de gênero e sexualidade. O estudo
tem como objetivo contribuir para a (re)formulação de ações e políticas em saúde na prevenção e
tratamento às dst, hiv e aids junto à população homossexual e de hsh, na sua interface com os direitos
humanos. Os resultados da amostra de 511 questionários válidos evidenciam sociabilidades em torno do
exercício da sexualidade e de situações de vulnerabilidade e violências marcadas pela hetero e
homonormatividade. A análise está baseada em inteseccionalidades de gênero, raça/etnia, classe social,
entre outros marcadores sociais e/ou corporais. A pesquisa integra as ações do Projeto
Homossexualidades de Porto Alegre em Cena, realizado pelo nuances – grupo pela livre expressão
sexual, em convênio com a Secretaria da Saúde do RS, MS e UNESCO.

Homofobia como expressão de gênero: estratégias de ação junto ao movimento LGBT de


Pernambuco
Benedito Medrado, Thiago Rocha e Tiago Corrêa.
masculinidades@uol.com.br
Instituto PAPAI e Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (Gema/UFPE)
O interesse atual pelas masculinidades como objeto de estudo tem sua origem histórica na década de
1960, com a instituição do movimento feminista e a busca de um exame crítico e uma tomada de
posição frente às dissimetrias sociais baseadas na diferenciação sexual; bem como com o movimento
homossexual, que lutando por visibilidade, exigiu uma nova reflexão sobre as identidades sexuais. Neste
sentido, este projeto envolve componentes de pesquisa e intervenção política, com vistas a promover o
enfrentamento da homofobia e do sexismo (dispositivos de violência baseada em gênero) como
estratégia fundamental para transformar a cultura sexual em seus componentes opressores de
sexualidade-gênero. A metodologia de trabalho compreende um conjunto de ações que têm sido
desenvolvidas junto ao Fórum de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT) de Pernambuco,
Brasil. Visa, assim, favorecer a participação ativa e qualificada desta população no processo de
formulação e monitoramento de políticas públicas, dando visibilidade a problemas e demandas
específicas deste segmento, garantindo direitos e atuando pelo fim de todas as formas de discriminação
e violência.

Liminaridades do masculino e feminino: Em busca de corpos canônicos e de novas identidades de


gênero.
Jander Nogueira; Adriano de árc
lancelotsobral@hotmail.com
Universidade Federal da Paraíba – UFPB
A pesquisa se propõe a compreender e a descrever a partir das narrativas, como as transformações
corporais têm refletido no processo de saúde de travestis que buscam um corpo canônico, utilizando
seus corpos e sua ambigüidade como objeto de desejo nas ruas, esquinas e avenidas no município de

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Fortaleza-CE. Inicialmente tomaremos como pressupostos, as configurações corporais sinalizadas pelas


diversas tecnologias do corpo, sejam elas legitimadas e/ou “clandestinas”. Nestes processos onde se
constroem novos sujeitos, observamos que não é apenas a imagem que está em xeque, mas a mensagem
que estes corpos carregam no tocante aos marcadores corporais: perfurações, cirurgias, maquiagem,
cor, cabelos, adornos, gestos e formas. Dentro do cenário contemporâneo, a tirania dos detalhes
anatômicos abarca grandes proporções e “corpos estranhos com práticas não convencionais” se
configuram significativamente e traçam diferentes percursos ritualizando e performatizando a beleza.
Como podemos pensar o corpo e a saúde a partir destas narrativas? Existem limitações na busca de
formas e medidas perfeitas? Como se dá a construção de novos gêneros e sujeitos neste cenário onde o
corpo canônico se impõe e define condutas? Consideramos, neste contexto, que a concepção sobre
saúde e dos limites que compreendem os corpos, se é que eles existem, transcendem os conceitos
biológicos, morais, estéticos que constituem os tentáculos da vida social na contemporaneidade.

Ronaldinho, as travestis e o padrão globo de heteronormatividade


Márcia Veiga
marciaveiga2005@gmail.com
Programa de Pós-graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul
Neste artigo, pretendo discutir o viés heteronormativo da mídia a partir de uma análise do caso
“Ronaldo e as travestis”, amplamente veiculado nos meios de comunicação de massa do Brasil e do
mundo. O objetivo é tentar compreender as imbricações do jornalismo na reprodução e manutenção da
hierarquia de valores e representações de gênero dominantes na sociedade brasileira. Levando em
consideração o papel da televisão no debate público social do país, e por se tratar de fato relacionado a
uma das principais figuras do futebol nacional, escolhi como corpus de análise a repercussão do caso no
programa Globo Esporte, da Rede Globo de Televisão. Para fazer esta discussão, apoio-me nas teorias
construcionistas que compreendem o jornalismo como um dos campos de grande produção de sentidos e
formação de valores, e das notícias como uma construção social. O conceito de gênero, articulado no
âmbito dos Estudos Feministas pós-estruturalistas, bem como as concepções teóricas sobre gênero e
sexualidade proposta pela Teoria Queer, serão abordados como suporte nesta discussão.

Exploração sexual comercial de travestis juvenis: uma questão de violação de direitos humanos
Alan de Loiola Alves
alanloiola@yahoo.com.br
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
O presente artigo tem como proposta abordar a situação das adolescentes travestis vitimizadas pela
exploração sexual comercial, enquanto violação dos direitos humanos. A exploração sexual comercial
infanto-juvenil é um crime globalizado e uma atividade lucrativa inscrita no mercado do sexo, sendo as
travestis juvenis “prezas” fáceis para a rede de exploração, uma vez que são vítimas de homofobia e
estigmatizadas pela sociedade por realizarem transformações no corpo e possuírem identidade sexual
específica, como também pelo fato das travestis serem associadas à prostituição. Desse modo, o texto
dialoga com a concepção dos Direitos Humanos e com a concepção de Cidadania, como uma das formas
para enfrentar esta problemática social.

Práticas discursivas e sexualidades em jovens masculinos


José Vaz Magalhães Neto
vazneto@gmail.com
UFPB
A crescente demanda de investigação no campo das masculinidades tem voltado seu interesse também
para as práticas discursivas, aqui entendidas como práticas sociais constituintes e reguladoras. Com o
escopo de perscrutar como as identidades masculinas são forjadas nas práticas sociais de alunos
masculinos do ensino médio de um município do anel metropolitano de Vitória-ES, este trabalho
investiga a relação entre as práticas sexuais e as práticas discursivas e suas conseqüências na construção
de masculinidades hegemônicas e alternativas. Utilizei a Análise do Discurso na perspectiva crítica
(ACD), que valoriza como estratégia de investigação a transdisciplinaridade e um posicionamento
político explícito do investigador. Foi possível verificar que os discursos sobre identidades masculinas
não se fixam em cada sujeito ou nas suas práticas discursivas e sexuais. O estudo também permite
concluir que, em suas práticas sociais, os participantes expõem a diversidade de identidades masculinas
que cada sujeito pode assumir nos diferentes contextos das relações sociais e que, nas suas práticas
discursivas, as relações de poder não permanecem unilaterais, caracterizando uma circularidade.

Entre códigos e véus da masculinidade: narrativas de homoeróticos campinenses-PB


Kyara Maria de Almeida Vieira
ky.almeida@gmail.com
Universidade Estadual da Paraíba
O presente trabalho resulta de parte do terceiro capítulo de minha dissertação de mestrado, no qual
discuto sobre as tramas que envolvem a produção das identidades masculinas, a partir de entrevistas
realizadas com homens campinenses com mais de quarenta anos, que têm desejos homoeróticos. Nesse
recorte, pretendo discutir como esses homens, através das narrativas de si, transitam entre seus desejos

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e os vários códigos da identidade masculina. Partindo da perspectiva dos Estudos Culturais, foi possível
pensar sobre as práticas desses sujeitos que, embora sejam cobrados da correspondência aos códigos
culturais associados da masculinidade, muitas são as posições de sujeito por eles assumidas na família,
na profissão, nas suas relações com os/as outros/as.

Análise das percepções de homens homoafetivos em relação ao preconceito e à discriminação: A


construção social de identidades.
Adriano Roberto Afonso Nascimento; Aline Aparecida Rabelo
alinerabelo79@yahoo.com.br
Universidade Federal de Minas Gerais
A homofobia no Brasil se escancara a cada dia em notícias de jornais, nas escolas e nas estatísticas de
homicídios. Esse preconceito é explicado pela teoria da Identidade Social como sendo fruto das relações
entre grupos, onde a busca por uma identidade social positiva e reconhecida pelas pessoas induz a um
processo constante de comparação e diferenciação entre grupos. Cada grupo procura enaltecer suas
próprias características e menosprezar as características opostas às suas, ou existentes apenas em
outros grupos. A concepção adotada neste trabalho parte do princípio de que relações entre o feminino,
o masculino e suas variações são realidades socialmente construídas e embasadas em conflitos que
atualmente aparecem sob a hegemonia de uma forma de masculinidade que, para manter a sua
identidade positiva e dominante, se utiliza da inferiorização e desvalorização de características opostas
às suas e, impostas a outros grupos como as mulheres e as pessoas homoeroticamente orientadas. Neste
contexto, apresentaremos os resultados iniciais de uma pesquisa que teve como objetivo identificar e
analisar como 07 homens, residentes na cidade de Montes Claros/MG, que se declaram homossexuais
avaliam as práticas discriminatórias que vivenciam no dia a dia, bem como o impacto dessas práticas na
construção de sua identidade e as estratégias utilizadas por eles para lidar com a diferenciação entre
hetero e homossexuais

Homossexuais masculinos vivendo com o HIV/Aids seus espaços e tempos de lazer na cidade.
Ricardo Augusto J. Sales
ricksales@ufmg.br
Universidade Federal de Minas Gerais
O presente trabalho é parte das discussões que venho sistematizando em meus estudos no mestrado em
Lazer pela UFMG. Na pesquisa analiso vivências e possibilidades de lazer dos homossexuais masculinos
que participam de Programas Educativos existentes em Belo Horizonte, no âmbito de uma ONG. Espero
que com o presente estudo tenhamos mais subsídios para ampliar as discussões dos espaços e tempos de
lazer desses homens nas diferentes cidades sejam para intervenções partilhadas ou especificas em busca
de uma vida melhor das pessoas que estão soropositivas ao HIV/AIDS. Embora tenhamos muitas
publicações sobre AIDS, constata-se, que são poucos os estudos que buscam tratar da promoção da
saúde, tendo as diferentes práticas da cultura corporal de movimento como uma dimensão da vida e um
direito social das pessoas que hoje estão na condição aqui relatada. Penso ser necessário que o lazer
seja encarado como um direito social conquistado pelos sujeitos. Todavia, o direito social, na maioria
dos casos, é transformado em favor e tutela, reforçando ainda mais as relações desiguais de
dependência e exclusão, dificultando a construção da própria liberdade. Percebemos em nossa
sociedade que nem sempre os espaços socioculturais estão disponíveis aos diferentes grupos
minoritários. A segregação social e espacial tem se afirmado cada vez mais enquanto uma realidade nas
cidades brasileiras aos diferentes grupos, ao ponto de podermos afirmar que estamos às voltas com a
constituição de uma cidade de muros. Daí mais uma preocupação das instaurações dos guetos como o
único espaço possível das suas vivencias de lazer.

Você é brasileiro, as mulheres gostam, e se é negro, gostam mais ainda... os homens...: os gays já
não sei: Um estudo sobre as relações inter-raciais.
Suely Aldir Messeder
messeder35@hotmail.com
UNEB – Universidade do estado da bahia
Neste artigo pretendo compreender os atos performativos masculinos marginalizados e subalternizados
repetidos pelos imigrantes africanos e brasileiros diante da pauta do imaginário sobre o homem negro na
Galícia. Os dados analisados é fruto da experiência etnográfica vivida no período de dois anos nas
cidades de Vigo e Santiago de Compostela. A partir da idéia da indissociabilidade entre método e teoria
foi possível adentrar no trabalho de campo, considerando que o androcentrismo, a heterossexualidade
obrigatória e o racismo são reflexos de todas as estruturas, incluindo, portanto as dos saberes, da
sociedade que o produz. Aqui, focamos as três dimensões dos estudos sobre masculinidades proposta por
Connell (1996); poder, desejo e trabalho, considerando o entrelaçamento entre gênero/sexo,
raça/etnia, classe e nacionalidade. Desta forma, será possível demonstrar como o mito do homem negro
empregado nos discursos nacionalistas ibero-americanos pode ser apreendido em suas continuidades e
descontinuidades através do ato performativo destes imigrantes no aqui – agora.

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Relações “conjugays” –mitos, ritos, afetos, desafetos


Rosangela de Barros Castro
rosaangela@hotmail.com
Conselho regional de psicologia/ Universidade Estadual de Feira de Santana
Nosso objetivo é situar as continuidades e descontinuidades das relações homoeróticas entre parceiros
do sexo masculino frente à norma heterossexual para compreender, pela perspectiva de gênero, sua
dinâmica e configurações específicas. Essas relações tocam o centro nervoso do patriarcalismo,
possibilitando questionamentos sobre o ordenamento da sexualidade, das fronteiras sexuais, e de
conceitos como amor, família, sexualidade, gênero, poder e identidade. Escolhemos explorar as
manifestações de violência, seus desdobramentos e significados para os indivíduos nelas envolvidos,
como sinalizador das hierarquizações de gênero. Procuramos recuperar o ponto de vista dos próprios
protagonistas desses episódios através da história oral. Entendemos que a construção de hierarquias
nesses relacionamentos fundamenta-se, não apenas no sexo anatômico ou nos papéis sociais dos sexos,
mas dependem da origem social dos sujeitos, de sua raça/cor, a questão etária também se mostrou
significativa. Os resultados apóiam a hipótese de que homossexuais masculinos, por sua socialização
num universo predominantemente heterossexual, pela ausência de rituais demarcadores específicos, e
pelo isolamento social imposto pela homofobia, têm dificuldade em forjar uma linguagem
afetiva/amorosa genuína que permita a elaboração de seus afetos e desafetos por meio do diálogo, o
que os leva a vivência de diversos tipos violência, principalmente psicológica e patrimonial/econômica.
Outro resultado refere-se à utilização de estratégias defensivas: justificar, negar ou minimizar as
agressões, tornando pertinente a analogia de que se o homoerotismo foi “o amor que não ousa dizer o
nome” a violência entre esses parceiros tem sido “a dor que não sabemos ou não queremos nomear”.

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3.4. GT Violência e direitos humanos

Homens e violência contra mulheres: definindo diretrizes de atenção


Benedito Medrado, Jullyane Brasilino, Edna Granja, Edélvio Leandro, Maria de Jesus Moura, Paloma
Silveira, Ricardo Castro, Tiago Corrêa e Hemerson Moura.
jullyc@terra.com.br
UFPE
A presente pesquisa é uma iniciativa conjunta do Núcleo de Pesquisa em Gênero e Masculinidades
(Gema/UFPE), Núcleo Margens/UFSC, Instituto PAPAI (Recife) e Núcleo de Práticas Discursivas/UFPA.
Com apoio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Governo Brasileiro, esses grupos vêm,
desde 2003, desenvolvendo diferentes atividades voltadas a ações pelo fim da violência junto a
populações masculinas na Região Metropolitana de Recife, bem como ações articuladas com instituições
de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Porto Alegre que integram a Rede de Homens pela
Equidade de Gênero - RHEG. Neste sentido, este projeto tem: 1) produzido um exaustivo levantamento
bibliográfico sobre relatos de experiências, em nível local, nacional e internacional, de atendimentos
voltados a homens autores de violência contra a mulher; 2) identificado principais iniciativas e
obstáculos enfrentados por serviços de atendimento a homens autores de violência contra as mulheres
em capitais das cinco regiões do país e 3) desenvolvido diretrizes para serviços de atenção a homens
denunciados por violência contra a mulher e 4) desenvolvido materiais sócio-educativos sobre a
campanha do Laço Branco, distribuição em escolas, ambientes de trabalho e ações comunitárias. Apoio:
CNPq

Uma reflexão crítica sobre o atendimento a homens autores de violência doméstica e familiar contra
as mulheres
Daniel Costa Lima e Fátima Büchele
costalima77@gmail.com
UFSC
Este artigo apresenta resultados de um estudo de caso com abordagem qualitativa que teve como
objetivo realizar uma reflexão crítica sobre intervenções com homens autores de violência doméstica e
familiar contra a mulher, tendo como base a análise de literatura nacional e estrangeira sobre o tema e
informações colhidas em um programa governamental de prevenção e atenção à violência doméstica e
familiar do sul do Brasil. Além do trabalho desenvolvido com mulheres em situação de violência, esse
programa passou a atuar, em 2004, com homens autores de violência, atividade pioneira nesse estado e
uma das únicas realizadas no Brasil por uma organização governamental. Os resultados obtidos a partir
desse estudo mostraram que apesar dos serviços de atendimento a HAV representarem um desafio
adicional para o complexo campo de ação voltado à prevenção, atenção e enfrentamento à violência
doméstica e familiar contra a mulher, eles podem, ao mesmo tempo, se constituírem em novas
possibilidades para esse campo, à medida em que, aliados às ações já dirigidas às mulheres, podem
contribuir para diminuir essa violência e promover a eqüidade de gênero.

Discussão da Constitucionalidade da Lei Maria da Penha sob a perspectiva histórica


Heloisa Fernandes Câmara
heloisafcamara@yahoo.com.br
Universidade Federal do Paraná
A Lei Maria da Penha - que dispõe sobre violência doméstica - no momento de seu sancionamento,
sofreu uma série de críticas que a consideraram inconstitucional. O principal argumento invocado é a
discriminação, pois só protege mulheres vítimas de violência e não homens na mesma situação. Uma das
principais críticas foi feita em uma sentença judicial que recusou a aplicação da lei. O presente artigo
busca analisar a sentença e seus argumentos com o viés histórico que identificava a mulher como fonte
de medo, e que portanto, deveria ser deixada em segundo plano. O objetivo é tentarmos identificar o
funcionamento do discurso misógino, e sua influência no Judiciário

Entre atos e cenas: a rede de atendimento aos homens envolvidos em situações de violência
doméstica
Maria Lúcia Chaves Lima e Ricardo Pimentel Mello
marialuciacl@gmail.com
UFPA
Mobilizada pelo atual cenário protagonizado pela Lei Maria da Penha como a principal forma de julgar os
casos de violência doméstica e familiar, este trabalho pretende apresentar as formas de atenção aos
homens autores de violência contra a mulher encontradas na cidade de Belém (PA). Objetivando seguir
as linhas que compõem a rede de concepções e de atenção aos chamados “agressores” se optou em
trabalhar em duas etapas. Primeiramente será apresentado um mapeamento dos serviços disponíveis em
Belém para o atendimento às pessoas envolvidas em situação de violência conjugal. Neste caso, o
aspecto mais interessante foi a constatação da ausência de qualquer serviço de atendimento ao homem
denunciado como autor de violência contra a mulher. A única organização destinada a esse fim é o
grupo de Alcoólicos Anônimos, enfatizando reducionista relação entre violência e bebida alcoólica. Em

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um segundo momento serão apresentadas as informações obtidas por observações e conversas junto aos
profissionais da Delegacia da Mulher de Belém. Metodologicamente, trabalhar nessa perspectiva foi
descrever as cenas tecidas naquela delegacia e, assim, construir um caminho, uma narrativa sobre a
atenção oferecida e sobre os sentidos que circulam sobre os homens envolvidos em situação de violência
conjugal. As informações coletadas mostram que a Delegacia da Mulher é um lugar com pretensões de
ser acolhedor, mas acaba por se revelar um ambiente violento, seja por sua arquitetura, seja pelo
atendimento prestado.

Homens e violência contra mulheres: As noções de agressor construídas por homens denunciados
por violência conjugal contra mulheres
Jullyane Brasilino, Benedito Medrado
jullyc@terra.com.br
UFPE
A presente pesquisa se insere em um projeto mais amplo, promovido pelo Núcleo de Pesquisas em
Gênero e Masculinidades (Gema) do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFPE. A proposta mais
ampla constitui uma investigação, de caráter psicossocial, tendo por base: 1) resultados de pesquisa
anterior (Medrado, 2008), produzida junto a profissionais que atuam na prevenção, enfrentamento e
assistência à violência contra a mulher e 2) recomendações atuais do governo brasileiro para
enfretamento da violência contra as mulheres. A presente pesquisa constitui um recorte da pesquisa
mais ampla, considerando que o levantamento de informações será construído de modo coletivo e os
procedimentos negociados constantemente em grupo. Porém, o objeto e o processo de análise aqui
proposto compreendem um recorte específico produzidos, a partir de leituras, organização e sínteses
particulares, tendo nossa pergunta de pesquisa como norteadora, resgatando-se assim o caráter autoral
deste trabalho, sem perder de vista sua produção rigorosamente dialógica. Mais particularmente,
interessa-os investigar como a marcação identitária “agresssor” (presente na legislação, a partir da Lei
Maria da Penha, e em práticas institucionais) é apropriada por homens denunciados por violência
conjugal. Para tanto, optamos por realizar uma pesquisa-ação, desenvolvida aos moldes da pesquisa no
cotidiano, de base construcionista, conforme proposto por Spink (2007). Esta análise será realizada a
partir de registros em diários de campo, durante um ano de implementação do serviço, enriquecida com
a realização de um grupo focal com homens denunciados na 1ª Delegacia da Mulher de Pernambuco.

Notas sobre um olhar de gênero a atos violentos praticados por homens usuários de serviço de
Saúde Mental contra suas companheiras
Edélvio Leandro, Benedito Medrado
edvleo@hotmail.com
Universidade Federal de Pernambuco
Violência de gênero são formas de violência cujo elemento potencializador é a imposição de uma
autoridade calcada num modelo de ser masculino legitimado socialmente. Identificada enquanto
fenômeno complexo tem demandado um esforço interdisciplinar para seu enfrentamento, seja nas
propostas de intervenções seja nos suportes teóricos que possibilitam sua compreensão. Nessa
perspectiva, busca-se discutir o relato de atos violentos cometidos por homens usuários de serviço de
Saúde Mental contra suas companheiras. De caráter exploratório, este estudo utiliza elementos do
corpus de uma dissertação ainda em fase de análise. Três encontros de um grupo reflexivo com 16
usuários (de ambos os sexos), entre 15 e 65 anos, realizados em um Centro de Atenção Psicossocial da
cidade do Recife foram transcritos e analisados. Não obstante seja corriqueira nesses espaços a idéia de
uma associação estreita entre consumo de álcool/droga e atos violentos, e reforçada pela (re)produção
de mensagens ambivalentes – responsabiliza-se o indivíduo pelo fato de se ter quebrado a abstinência,
mas se justifica certos atos do mesmo em função de se estar sob algum efeito de droga -,
posicionamentos de usuários homens nos grupos apontam estratégias pessoais para manutenção de uma
hierarquia de poderes socialmente legitimada, ora disparadas por um “direito” de posse do outro, ora
como reafirmação de pertencimento a um modelo vigente de masculinidade para o qual “naturalmente”
força é sinônimo de agressividade. Desta forma, para além de uma concepção do tipo “bebeu-bateu”,
ações violentas de homens contra mulheres são ressignificadas sob um enfoque de gênero.

Façamos um trabalho político: o papel das mulheres na coordenação de grupos de homens que
exercem violência contra mulheres.
Cláudia Natividade e Rebeca Rohlfs Barbosa Gaetani
claudianati@hotmail.com
INSTITUTO ALBAM
As intervenções com homens autores de violência de gênero suscitam muitas discussões atuais. Os
debates tencionam: 1) sobre as fontes financiadoras que, num primeiro momento deveriam ser
diferenciadas das agências das políticas para as mulheres; 2) sobre quem deveria se ocupar de tais
intervenções veiculando que, como este problema pertence aos homens, caberia a eles cuidar de tais
intervenções; 3) como as intervenções devem ser feitas, dada à diversidade de propostas de leituras
deste fenômeno, principalmente quando chamamos ao diálogo o campo psi. A partir da experiência do
Instituto Albam, em parceria com o judiciário e a Rede de Atenção à Violência Contra as Mulheres de
Minas Gerais, propomos abrir o debate sobre estes pontos localizando especificamente as contribuições
que mulheres podem fazer nas intervenções grupais com homens autores de violência. A coordenação

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sempre em dupla – um homem e uma mulher – é um modelo de interação não hierárquica que facilita a
projeção do imaginário do grupo no sentido de possibilidades de relações eqüitativas entre homens e
mulheres. Este público quase nunca tem a oportunidade de escutar mulheres e nem lidar com elas em
situações de poder, pontos que aparecem nos grupos configurados de várias formas e tomam dinâmicas
interativas bastante reflexivas e construtivas. Salientamos que a presença de mulheres neste programa
contribui ainda para a diminuição da cumplicidade dos construtos tradicionais da masculinidade se
configurando como um importante ponto para a organização teórico-prática das intervenções grupais.

Grupos reflexivos em comunidades vulneráveis: possibilidades de questionamento das relações de


poder que embasam a violência de gênero.
Rebeca Rohlfs Barbosa Gaetani, Cláudia Natividade e Flávia Gotelip Corrêa Veloso
albam@albam.org.br
Instituto ALBAM
Neste trabalho apresentamos o recorte teórico e metodológico do programa “Convivendo Melhor”
executado pelo Instituto Albam em Belo Horizonte e região metropolitana como parte da política
pública estadual de prevenção à criminalidade e à violência de gênero. Realizado em oito comunidades
de Belo Horizonte e região metropolitana, a intervenção organiza-se em grupos abertos, de caráter
voluntário, periodicidade semanal e que atende homens e mulheres adultos, com enfoque na atenção
primária em prol da diminuição da violência pautada na transversalidade de gênero. Para tanto, os
trabalhos são desenvolvidos com uma perspectiva teórica feminista e de gênero a partir das demandas
provenientes de cada comunidade. O programa promove reflexões sobre os papeis de gênero e os
impactos do sistema de desigualdade entre homens e mulheres; o desenvolvimento de habilidades de
mediação de conflitos através da negociação; um trabalho de fortalecimento da identidade pessoal e
comunitária; e a promoção de relações respeitáveis e eqüitativas. Os grupos dentro das comunidades,
além de serem espaços abertos para debate de temas cotidianos, atuam também como intervenções
ideológico-políticas que questionam a desigualdade entre homens e mulheres a partir das
problematizações geradas por facilitadores especialistas na temática de gênero. Os resultados indicam
que dar visibilidade às desigualdades de gênero atua na desconstrução de padrões fixos freqüentemente
impostos a homens e mulheres e contribui para a diminuição da violência.

Intervenções interdisciplinares em casos de violência de gênero: relato de experiência no Juizado


Especial Criminal de Belo Horizonte - MG.
Alessandro V. Paula; Ingrid F. G. Nascimento; Flávia G. C. Veloso; Shody N. Yukawa; Mariana P. Barra
avpaula@yahoo.com.br
Departamento de Psicologia - UFMG
O presente trabalho apresenta os resultados oriundos da parceria estabelecida entre o Departamento de
Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais e o Setor de Psicologia e Serviço Social do Juizado
Especial Criminal de Belo Horizonte - MG (SPSS - JECRIM/BH), celebrada com o objetivo de contribuir
com ações multidisciplinares que conjugam medidas coercitivas com intervenções terapêuticas e sócio-
educativas, pautadas na perspectiva de gênero, para o enfrentamento da violência. Após observação da
dinâmica das audiências de conciliação realizadas no JECRIM/BH, propomos uma intervenção com
atendimentos reflexivos a esses casos. Foram atendidos 32 casais (98 entrevistas), possibilitando a
reflexão sobre o uso da violência como alternativa de resolução do conflito conjugal, na qual as
diferenças de gênero estão refletidas nas ações desiguais de poder entre homens, na grande maioria dos
casos identificados como agressores, e mulheres. Outro desdobramento foi a proposição de audiências
interdisciplinares de conciliação, desenvolvidas conjuntamente por estudantes/profissionais das áreas
de Direito e de Psicologia, especialmente nos casos de violência de gênero. Tais ações possibilitaram o
encaminhamento dos autores, por medida de transação penal, aos grupos reflexivos de gênero
pertencentes à Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher de Belo Horizonte - MG, favorecendo
a percepção de que a resolução do conflito pode ocorrer sem o uso da força e da desigualdade de poder
entre homens e mulheres.

Empoderamento delas e adoecimento deles: relato do trabalho no centro de referência de


atendimento a mulheres em situação de violência Maria do Pará
Antonino Alves, Clarice Pinto Brito, Luísa Escher Furtado
luisa_escher@yahoo.com.br
Centro de Referência Especializado de Atendimento a Mulheres em Situação de Violência “Maria do
Pará”
Esta pesquisa objetiva refletir sobre o empoderamento de mulheres em situação de violência e a
fragilização de seus ex-companheiros/maridos na separação. A reflexão nasceu do trabalho com grupo
realizado no “Maria do Pará”. O grupo é coordenado por psicólogo, estagiária de psicologia e pedagoga.
São realizados encontros semanais, de 1h30min. Participam seis mulheres que sofreram violências de
seus companheiros/maridos e atualmente estão separadas ou em processo de separação. A tarefa das
participantes é refletir sobre a vida, violência, questões jurídicas, amor, sexualidade, família e novas
perspectivas. Nessas reflexões, falaram do adoecimento delas quando estavam com seus
companheiros/maridos: “logo depois da separação sentia falta até das brigas, mas que quando estava
com ele precisava tomar remédios para dormir”, “nos quatorze anos que eu fui casada com ele, fiz oito
cirurgias”. Verbalizaram como na época em que decidiram se separar, seus companheiros/maridos se

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apresentavam frágeis, doentes, procurando igrejas pra provar mudanças: “os homens têm as mulheres
como um objeto, o de casa procurou a igreja para me reconquistar”, “eu já conheço as manhas dele,
ele fingi estar doente para voltar comigo”, “eu pensava que era só o de casa que se fingia de doente,
mas tô vendo que não era só ele”. No processo de empoderamento das participantes, por concebermos
homem/mulher binômio contraditório e não seres diferentes, diversos, complementares, eles acabam
adoecendo. Percebemos que quando as relações de poder mudam, movem-se homens e mulheres. É
necessário repensarmos feminilidades e masculinidades para construirmos relações afetivas mais
saudáveis.

Projeto Bakulos: da volência para convivência


Renê Vieira Dinelli
psicologia.social@uol.com.br
CREAS
O presente trabalho, criar dentro do Município de Sobral, através do Centro de Referência Especializado
de Assistência Social (CREAS), enquanto serviço de proteção especial, em parceira com a Delegacia de
Defesa à Mulher, espaços de reflexão e/ou intervenção, com a finalidade de desenvolver políticas
públicas para homens, em específico com perfil de acusados por violência contra mulher e/ou
familiares. Objetivos Específicos: 1)Possibilitar cada vez mais a visibilidade e cumprimento da Lei
11.340, de 07 de Agosto de 2006 (LEI MARIA DA PENHA); 2)Proporcionar o espaço de escuta com equipe
multidisciplinar através de grupos reflexivos/operativos de homens com histórico de violências contra a
mulher e/ou familiares; 3)Desenvolver trabalhos através de equipe multidisciplinar com as famílias que
sofrem com as violências domésticas; 4)Realizar pesquisas de caráter exploratório buscando intervir
acerca das diversas formas de violências detectadas dentro do Município, com a finalidade de promover
a reflexão e sua erradicação. 5)Estreitar laços entre a Rede Social de serviços do Município (Assistência
Social, Saúde, Educação, Cultura, Poder Judiciário, dentre outras) e se necessário intermunicipal;
Resultados esperados: 1) Conscientizar cada vez mais a importância de trabalhos com agressores pelos
profissionais do Fórum(Juízes, Promotores, Estagiários, dentre outros); 2)Ampliar a discussão para toda
Rede Social acerca das Política Públicas para homens; 3)Realizar pesquisas que possibilitem a criação de
instrumentais e estratégias de trabalho, com o objetivo de compreeder, coibir e erradicar a violência
realizada por homens contra mulheres e/ou familiares; 4)Promover espaços de discussões sobre as
relações de gênero junto à Rede Social do Município.

Lesão corporal decorrente de violência doméstica: tratamento público para preservação do afeto
privado
Adriana Alves dos Santos Cruz e Marina Basso Lacerda
lacerdamarina@yahoo.com.br
PUC-RJ
O STJ julgou (6ª T., HC 96992/DF) tema controverso a respeito da Lei Maria da Penha: se o crime de
lesão corporal decorrente de violência doméstica, com pena de detenção estipulada entre três meses e
três anos, previsto do artigo 129, § 9o, inserido no Código Penal pelo artigo 44 da Lei 11.340, seria de
ação penal pública incondicionada (entendimento adotado pelo STJ) ou condicionada à representação
da vítima. Os argumentos pela necessidade de representação e conseqüente possibilidade de renúncia
pela vítima são a preservação do núcleo familiar, por meio do fortalecimento do poder de escolha da
mulher e de intervenção mínima do Estado nas relações familiares. O artigo apresentado compara a
pena prevista no § 9o com a de outros tipos legais e destaca que a tese adjudicada pelo STJ acolhe como
avanço a perda do caráter de menor potencial ofensivo do crime analisado, especialmente na relação
homem-mulher, assim como pressupõe que o empoderamento demanda garantia mínima da integridade
física e psicológica do sujeito, o que, em casos extremos, como a lesão corporal decorrente de violência
doméstica, reclama intervenção do Estado, quando a composição privada mostra-se ineficiente. Tal
raciocínio vai ao encontro das demandas feministas acadêmicas e militantes, no sentido de que as
relações privadas precisam ser politizadas e tuteladas publicamente – na medida em que nelas pesa o
ranço patriarcal, falocêntrico e violento de séculos – para que, só então, garantidos requisitos mínimos,
se possa considerar o ambiente doméstico efetivamente espaço de afeto.

As narrativas dos homens denunciados por violência conjugal, sobre seus relacionamentos
afetivos/sexuais
Paloma Silveira, Benedito Medrado
palyss25@yahoo.com.br
Universidade Federal de Pernambuco
A violência contra mulher se circunscreve, na maioria dos casos, no espaço doméstico dentro de
relações afetivas/sexuais. A complexidade desta questão é percebida quando analisamos as diversas
facetas que compõem o seu cenário: homens, mulheres, família, afetos, além das ações governamentais
que, ainda, se mostram ineficazes. Neste sentido, trazer a perspectiva de gênero, para análise, torna-se
fundamental. Contudo, quando focamos o nosso olhar sobre as relações afetivas/sexuais envoltas pela
violência, percebemos que a perspectiva de gênero não é suficiente para compreensão do que acontece
dentro de uma relação conjugal, marcada pela violência. Assim, a suposição de Gregori (1993) sobre a
violência como constituinte da relação, seria instigante para pensar nesta violência conjugal, bem
como, a perspectiva relacional que a mesma autora utiliza, para problematizar a dinâmica do

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relacionamento conjugal envolto pela violência. Partindo deste princípio, o presente trabalho traz
resultados preliminares de uma pesquisa realizada com homens denunciados por violência conjugal,
sendo o foco da pesquisa as narrativas, destes homens, sobre os seus relacionamentos afetivos/sexuais.
Para isto, foram realizadas, na delegacia da mulher do Recife, quinze entrevistas com os homens
denunciados por violência conjugal. As entrevistas foram semi-estruturadas e iniciadas no mês de abril
de 2008, e finalizadas em meados do mês de junho. Neste sentido, como análise preliminar, podemos
perceber como as noções de gênero, amor, conjugalidade e família, compõem e complexificam o
cenário da violência conjugal, colocando-o como um desafio, cujas soluções, pelo menos em curto
prazo, parecem ainda distantes.

Violência conjugal contra a mulher: a configuração das relações violentas segundo o relato do
homem
Mirian Béccheri Cortez Lídio de Souza
mibecz@yahoo.com.br
Universidade Federal do Espírito Santo
A compreensão de que a violência conjugal é decorrente das ações e contextos criados a partir das
características da relação que se estabelece entre os casais abre espaço para uma discussão mais ampla
a respeito da configuração das ocorrências de violência na conjugalidade. Embora recentes no Brasil, os
estudos com homens autores de violência contra suas parceiras têm nos mostrado dados que relacionam
concepções tradicionais de gênero à ocorrência de violência. Este estudo buscou identificar em relatos
sobre situações de violência conjugal, conteúdo que possibilitasse identificar como homens significam a
violência presente em seus relacionamentos. Foram realizadas entrevistas com quatro maridos - que
confirmaram a ocorrência de violência física em suas relações atuais - visando coletar informações a
respeito de concepções de gênero, percepção do relacionamento atual e descrições de situações em que
houve violência física. A análise dos dados possibilitou a identificação de concepções de gênero
tradicionais que, ao serem confrontadas com novas possibilidades de ação das mulheres - decorrentes de
uma re-significação do feminino, provocam desconforto. Verificou-se que os homens interpretam os
questionamentos e novas ações das mulheres como uma ameaça a sua masculinidade. Nas descrições dos
conflitos e das brigas, observou-se o uso da violência para impor a posição de “homem da casa”,
reduzindo assim as possibilidades de perda de seu poder nas relações de gênero. Verifica-se a
necessidade de abertura e inserção dos homens nas discussões sobre as possibilidades de reorganização
dos papéis masculinos e femininos, buscando-se, com isso, maior equidade nas relações de gênero.

Homens versus Garotos: Garotos explorados sexualmente por homens adultos


Alan de Loiola Alves
alanloiola@yahoo.com.br
Pontifica Universidade Catolica do Rio
Este artigo é fruto de estudos sobre exploração sexual comercial de adolescente do sexo masculino na
cidade do Rio de Janeiro - Brasil, uma violência sofrida pela população juvenil masculina, perpetrada
em sua maioria por homens adultos. Este fenômeno apresenta uma grande complexidade, visto que os
homens exploradores sexuais desempenham o papel de aliciador-agenciador e/ ou cliente. Já os
adolescentes vitimizados são identificados pela sociedade, pelo mercado do sexo e se identificam como
“michês” ou “bichas”. Este fenômeno apresenta uma relação de gênero marcada pelo machismo e
adultocentrismo. Assim sendo, o objetivo desse texto é apresentar e estimular uma reflexão acerca de
uma violência sofrida por adolescentes do gênero masculino, e para isso faz-se necessário aprofundar as
análises e os estudos sobre esta questão.

Violência contra meninos na escola


Gabrielle Pellucio e Justini Sponchiado
gabriellepellucio@hotmail.com
UFSC/UNIR
Muito é discutido em relação a violência contra a mulher, porém quase não presenciamos discussões
envolvendo violência contra os homens, principalmente contra os meninos em idade escolar. Estes
sofrem violências que vão além das físicas, por parte dos colegas como um todo e dos próprios atores do
processo educativo que inúmeras vezes não aceitam que meninos sejam sensíveis, organizados e a todo
momento questionam sua sexualidade através de frases como: "Aquele menino é meio esquisito porque
se arruma e é organizado". Ou por exemplo: "Menino que gosta de volei? É muito estranho". Frases como
esta também podem influenciar na trajetória escolar de forma prejudicial, e consequentemente na vida
em sociedade. ? Como tem sido ser menino (aprendiz de homem) quando os desafios para afirmar sua
masculinidade são constantes? E como é ser menino, e menino negro, nos anos iniciais do contexto
escolar, em que a maioria d@s professor@s são mulheres e sobretudo brancas? Entendemos que o
sucesso ou insucesso escolar marcam profundamente a vida das pessoas e, considerando as estatísticas
nas quais os meninos não têm se dado bem com e na escola, com este trabalho focalizamos tal
problema. Colocamos como perguntas norteadoras: O que acontece na escola na qual ocorre a multi-
repetência desses meninos? Que situações e prática contribuem para a construção de situações de
insucesso, reprovação e de exclusão? Que práticas corroboram para o sucesso dos meninos, e em
especial meninos negros?

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A Violência de Gênero e o Encontro Terapêutico com Homens que Vivem com HIV/Aids
Glaudston Lima
tony.lima@gestospe.org.br
Gestos/Faculdade ESUDA
Há alguns anos que me encontro com Homens que vivem com HIV/AIDS no setting terapêutico. O
objetivo do presente trabalho é relatar a interface da violência de gênero e DH e o trabalho
psicoterapêutico com homens, bem como a grupoterapia agregada aos princípios da psicologia feminista
(ouvir, compartilhar e esclarecer) é eficaz no desenvolvimento de novas condutas. Em cada aqui-e-agora
das sessões apareceu um sentimento que muito me afetou, as experiências negativas da violência
praticada e sofrida. Eles trouxeram para a cena terapêutica suas frustrações, desencantos, raivas e
ressentimentos que sentiam como maridos, namorados, amantes e pais. A masculinidade tomou a cena,
as queixas sobre o HIV/AIDS se transformaram no que faziam e pensavam como homens, alguns se
sentiam traídos e outros os traidores por terem transmitido a “maldição” pela “traição” do amor que se
dedicavam ou a eles era dedicado. Trouxeram a violência praticada de vários matizes: abuso sexual,
maus tratos, estupros e espancamentos. Na minha interioridade passei a repensar meu lugar de homem
no mundo, principalmente, meus relacionamentos com as mulheres. É certo que em alguns momentos
eles também apresentaram certa raiva de mim por tentar fazê-los refletir sobre sua responsabilização
(Qual a sua recompensa nessa situação?). Eu e eles representantes da violência e desigualdades de
gênero passamos a pensarmos na seqüência de eventos de nossas vidas. Agradeço a todos que me deram
o privilégio de compartilhar suas vidas.

Meninos bandidos? Interfaces entre Criminalidade e Identidade Masculina em Homens Jovens


Luciana Maria Ribeiro de Oliveira
lulucaribeiro@ig.com.br
PPGA-UFPE e GOMSE-PCR
Esta pesquisa aborda as interfaces de criminalidade e identidade masculina entre homens jovens, na
idade de quinze a vinte anos, moradores de bairros pobres da cidade de Olinda, no estado de
Pernambuco e que estavam cumprindo, no período de 2004 e 2005, medidas socioeducativas em meio
aberto. Utilizei a análise dos discursos dos próprios jovens cometedores de atos infracionais, partindo da
concepção de que, além da pobreza, existem outras questões envolvidas nas atitudes ilícitas destes
jovens: a questão de gênero se faz presente como foco desta pesquisa. A discussão teórica foi norteada
pelo estudo sobre juventudes, masculinidades e criminalidades. A pesquisa etnográfica se constitui de
grupos de discussão e de conversas informais individualmente com os referidos jovens no período de
julho de 2004 a fevereiro de 2005. O estudo teórico juntamente com a experiência de campo revelou
que a questão da formação da identidade masculina entre os homens jovens pesquisados possui
interfaces com as situações de criminalidade em que estes se encontram: o ser “bandido” demonstra ir
além da questão da pobreza, perpassam também questões ligadas ao ser jovem e desejar tudo em pouco
tempo; ao ser homem e assim ter a possibilidade de obter poderes reais (dinheiro, objetos de consumo)
e simbólicos (honra e respeito) que formam e reforçam sua identidade masculina, guiando-os, assim,
para uma possível carreira na criminalidade.

O pensamento moderno e seus dualismos na construção do feminino e do masculino


Carolina Ribeiro Santana e Erico Araújo Bastos
ericobastos@hotmail.com
PUC-RJ
Discutiremos como a construção do pensamento moderno e as bases que fixaram tal forma de pensar
como hegemônica serviram para intensificar a separação entre “masculino” e “feminino”. Essa
estruturação do pensamento, baseada na exclusividade da razão, desenvolve-se a partir de dualismos
(separação sujeito/objeto, natureza/cultura, corpo/psique). Tais dicotomias plasmaram uma maneira
dividida de ver o mundo para conhecê-lo e, principalmente, dominá-lo. Transplantando tais dicotomias
às relações de gênero observamos a cisão entre supostos “masculino” e “feminino”; este associado ao
plano da natureza e dos afetos; aquele ao plano cultural, ao corpo, à razão. Desta cisão decorreram
efeitos deletérios para homens e mulheres. A idéia do feminino associado apenas ao plano da natureza,
como objeto a ser dominado, serviu à opressão direcionada à mulher e a atribuição de importância
menor aos afetos, frente à razão instrumental, impediu que os homens vivenciassem plenamente sua
afetividade, implicando em um mal-estar e, em certa medida, também uma opressão, na convivência
familiar e social. Críticas ao pensamento moderno procuram recuperar aspectos relegados a um segundo
plano pela modernidade. Passa-se a refletir acerca da importância da apreensão do real por meio dos
afetos e da intuição. Daí a necessária reflexão: afetos, valorização dos sentimentos e intuição,
circunscrevem-se ao universo feminino? Ao que tange a discussão de políticas públicas entendemos que
é preciso que se levem em consideração os efeitos nocivos causados pela cisão produzida pelo
pensamento moderno, mas também que tenham como guia a noção de que “masculino” e “feminino”
são construções culturais que precisam ser repensadas.

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Posicionamentos críticos em narrativas produzidas por homens denunciados por violência doméstica
e familiar contra as mulheres
Tiago Corrêa e Benedito Medrado
tiagomatheuscorrea@gmail.com
Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades - Gema/UFPE
Os “Centros de educação e de reabilitação para os agressores”, previsto na Lei Nº 11.340/2006 (Lei
Maria da Penha), estão em vias de implementação pelo Governo Brasileiro. Contudo, há várias lacunas
sobre definições de suas propostas e modelo de atenção. Ainda são incipientes também os debates em
torno do lugar dos homens neste cenário. Assim, este trabalho faz parte de um projeto mais amplo que
visa contribuir para a definição de diretrizes que possam orientar a implementação desses serviços. Este
texto em particular focaliza a análise construcionista de narrativas produzidas por homens denunciados
por violência doméstica e familiar contra as mulheres, compreendendo as narrativas como práticas
discursivas que constituem posicionamentos de si, num jogo argumentativo. As narrativas analisadas
foram produzidas em um grupo focal, do qual participaram 09 homens denunciados no Juizado de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, em Recife. As análises produzidas enfatizam: 1) a
recusa em assumir uma posição de árbitro de conflitos conjugais, atestando a inocência ou culpabilidade
dos envolvidos; 2) a necessidade de complexificação da dicotomia homem-agressor / mulher-vítima e 3)
a transposição de um modelo identitário para os sexos, que naturalizam padrões de gênero e reforçam
práticas violentas. Estas reflexões, ainda que não tenham o objetivo de oferecer nenhuma proposta de
ação delineada, tem como finalidade apontar interpretações que podem facilitar na construção de
possibilidades de intervenção junto a homens autores de violência, como parte de uma política pública
integral de enfrentamento da violência contra as mulheres.

As representações sociais de operadores da lei, no estado de Pernambuco, acerca da liberdade


assistida.
Clarissa Ribeiro Souza de Faria Neves e Raimundo Marcone de Andrade Proto
oiclarissa@hotmail.com
UNICAP
Essa pesquisa teve por objetivo investigar Representações Sociais de Operadores da Lei, no estado de
Pernambuco, acerca da Liberdade Assistida (LA), proposta pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA). Uma entrevista semi-estruturada foi aplicada a dez Promotores de Justiça que atuam nas varas
da Infância e Juventude das cidades de Recife, Igarassu, Olinda e Paulista. As entrevistas foram
gravadas e transcritas, respeitando-se o estilo das falas, e em seguida analisadas qualitativamente pelo
método de Análise de Conteúdo. No procedimento de análise, foram constituídas unidades temáticas e
essas reunidas de acordo com os objetivos da pesquisa: ECA, Violência Juvenil e sexo masculino,
Adolescência, Ressocialização e LA. Os dados analisados evidenciaram, por um lado, representações
sociais da LA como uma medida ideal, mas inadequada para a realidade brasileira devido a: falta de
engajamento dos poderes públicos na constituição de políticas eficientes para as medidas em meio
aberto; fragilização dos laços familiares contemporâneos (representações de famílias desestruturadas);
assim como pelo não comprometimento da sociedade, em sua totalidade, com o ideário da proteção
integral e universal trazido pelo ECA. Por outro lado, metade dos entrevistados sustentam
representações da LA como medida sócio educativa eficaz e adequada para a realidade brasileira, sendo
as dificuldades de implementação esperadas devido às profundas mudanças de paradigmas que estão nas
propostas do ECA em relação à Infância e Adolescência. Os resultados dessa pesquisa poderão oferecer
subsídios teóricos para os debates atuais sobre o ECA, bem como para o planejamento de políticas
públicas referentes à adolescência infratora.

De porta em porta: um estudo sobre as manifestações de Masculinidades em escritos latrinários


Fernanda Bicalho Pereira; Gustavo Alvarenga; Mariana Pôssas G. dos Santos; Maurício Möller de
Oliveira; Nicole Corte Lagazzi
nandaing22@yahoo.com.br
UFMG
Entendendo a masculinidade como um processo socialmente construído, que se constitui a partir de
relações desiguais de poder, este estudo teve como objetivo verificar as representações de
masculinidades evidenciadas nos grafitos dos banheiros masculinos de uma Unidade Acadêmica da
Universidade Federal de Minas Gerais. Por conferir ao freqüentador um anonimato relativamente seguro
(livre da censura direta do meio social) em um espaço onde outros terão acesso ao que se escreve, as
portas de banheiros públicos podem servir de espaço para a expressão do que é tido como impróprio e
politicamente incorreto nos discursos cotidianos. A análise de conteúdo realizada com 109 unidades
textuais encontradas nas portas dos banheiros produziu 21 categorias, dentre elas Depreciação de
Masculinidades (26 escritos), Futebol (3 escritos), Exposição da Mulher (18 escritos). Embora exista
diversidade nos temas analisados (política, trabalho, arte e religião), constatamos que a expressão de
opiniões, sentimentos e comportamentos, na forma de escritos latrinários, reafirma representações
baseadas na relação desigual de poder entre os gêneros (homens heterossexuais como dominadores,
ativos, agressivos e potentes sexualmente; homens homossexuais como não-homens por suas condutas
próximas às tidas como femininas e não-viris; e mulheres como passivas, sujeitas a depreciação caso não
tenham uma sexualidade controlada por um homem). Mesmo em ambientes tidos como de maior
liberalidade sexual, como é indicada, muitas vezes, a universidade, as expressões de sexualidade nos

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espaços investigados se pautam, em sua maioria, por lógicas consideradas tradicionais, baseadas em
uma herança de patriarcalismo norteada por um ideal de masculinidade hegemônica.

“Masculinidade hegemônica” no programa policial de televisão Bronca Pesada


Hemerson Moura
hemerson@papai.org.br
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Instituto PAPAI
Na tentativa de apreender os significados que circulam no imaginário social sobre as transformações dos
padrões e modelos socialmente compartilhados acerca da masculinidade, o estudo de mídia e as formas
como esta tem caracterizado as relações de gênero e a sexualidade têm se revelado fonte abundante de
informações. A produção de materiais simbólicos pela mídia contemporânea, principalmente pela
televisão, possui uma grande influência no processo de construção e circulação de significados.
Agregada a essa força, a mídia carrega o poder de dar visibilidade a fenômenos sociais, além de
introduzir transformações nas práticas cotidianas. A partir do reconhecimento desse lugar de
importância da mídia na construção / circulação de produtos carregados de sentidos, tanto para
produtores quanto para consumidores, este trabalho, por meio de análise de conteúdo, tem por objetivo
principal identificar e refletir sobre o conjunto de características da masculinidade contidas no
programa policial de televisão Bronca Pesada, veiculado na cidade de Recife. Fundamentamos nossa
análise na idéia de “masculinidade hegemônica”, trabalhada por autores como Robert Connel e Miguel
Vale de Almeida, bem como nas considerações de Pierre Bourdieu acerca da influência do poder
simbólico nas relações de gênero. Partindo do pressuposto de que gênero é uma construção social
fundamentada nos “sistemas simbólicos”, os quais são compostos por instâncias de representação
simbólica como a mídia, este trabalho, além de identificar um possível alinhamento do material
simbólico do programa com algumas das características da “masculinidade hegemônica”, buscará
refletir sobre o lugar da mídia na construção da eqüidade de gênero.

"De Jece Valadão à Brad Pitt: Percepção do homem carioca sobre as novas formas de organização da
vida familiar"
Victoria Romeo Tomaz
victoria.tomaz@gmail.com
UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Na sociedade contemporânea a questão relacionadas a família, a conjugalidade e a masculinidade vêm
sendo estudadas por diversos autores. Pode ser destacada como conclusão, que o processo de
individuação do mundo moderno vem reconfigurando a organização familiar e as formas de
conjugalidade, flexibilizando as representações de papéis de gênero. Podemos perceber através das
relações familiares e da organização da vida doméstica, diversas formas de construção da vida social.
Procurando analisar as questões sobre a flexibilização dos arranjos conjugais e as relações de poder
dentro das relações de gênero, o objetivo do trabalho é mostrar como essas questões são vivenciadas,
através da percepção do universo masculino nas camadas médias urbanas do Rio de Janeiro. Quais as
representações masculinas sobre o modelo ideal de união, como (e se) esse modelo tem sido aplicado as
suas vidas. Como se dá o convívio entre pais e filhos dentro dos novos arranjos familiares? Nesse
contexto, será que podemos (e como podemos) perceber a permanência da dominação masculina? Qual
o tipo de relacionamento desejado pelo homem contemporâneo e quais as diferenças de percepções
entre homens de diferentes idades acerca destas questões. Constituem-se assim como objetos de
pesquisa, as características das flexíveis relações da sociedade líquida (Bauman,2000), as percepções e
representações que os homens têm de si mesmos e da masculinidade dentro desse contexto e como vêm
sendo estabelecidas as relações de poder e gênero a partir da composição e da organização do núcleo
familiar.

Violência no contexto de relações de namoro entre adolescentes de ambos os sexos na cidade do


Recife
Ricardo Castro; Maria Luiza Carvalho de Lima
rjscastro@yahoo.com.br
Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/Fiocruz
A violência nas relações íntimas de jovens e adolescentes (namoro, ficar etc.) vem despertando
interesse crescente da comunidade cientifica voltada para o estudo da violência e de políticas públicas
voltadas para o setor. Alguns estudos apontam que sua incidência possa ser até maior que a observada
na população adulta, apesar de geralmente envolver episódios de menor gravidade. Vários estudos
ressaltam associações significativas entre violência no namoro e outros problemas de saúde que afligem
jovens e adolescentes, bem como características e comportamentos dos jovens investigados. Uma das
correlações mais comuns diz respeito a presença de violência no namoro e práticas sexuais
desprotegidas com conseqüente vulnerabilidade para infecção por HIV/AIDS e outras DST. O objetivo
deste estudo é analisar os sentidos da violência no namoro entre adolescentes de ambos os sexos,
estudantes do ensino médio da rede pública e privada da cidade do Recife, no ano de 2008. Para tanto
foram realizados grupos-focais e entrevistas com estudantes de ambos os sexos, matriculados em turmas
do ensino médio, das redes pública e privada cidade do Recife. Os resultados preliminares apontam que
a violência no namoro aparece associada à violência estrutural em que vivem esses jovens, a uma

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realidade de desemprego e miséria que se encontram num cotidiano de relações afetivas marcadas pela
desigualdade de gênero. Na apresentação, será dada maior atenção às falas dos homens.

As concepções amorosas e a violência nas relações entre casais de namorados.


Fernanda S. Nascimento, e Rosineide L. M. Cordeiro
fsardelich@yahoo.com.br
UFPE
Embora a violência não aconteça exclusivamente nas relações conjugais, observa-se que os estudos
deste fenômeno têm se voltado, predominantemente, para esta população, deixando os casais de
namorados fora do foco das pesquisas e sem contar com espaço de discussão no meio acadêmico. Este
trabalho objetiva compreender a violência entre namorados, a partir das falas de quatro jovens
entrevistados, de classe média / média – alta, residentes em bairro nobre da cidade de Recife – PE. Para
a análise deste fenômeno relacional a postura adotada, que toma como referência os estudos de
Filomena Gregori, é a de que a mulher não é unicamente vítima da violência, mas, co-autora.
Entendemos que a violência deve ser compreendida na relação, a qual tem sua autoria dividida pelo
casal, e que possui sua singularidade. O presente trabalho insere-se no campo da Psicologia Social, filia-
se ao referencial das práticas discursivas e produção de sentidos. Na fala dos (as) dos jovens alguns
aspectos se destacam: 1) Apenas um dos interlocutores declarou nunca ter experimentado violência num
namoro, os demais vivenciaram violências múltiplas (verbal, psicológica, física, etc.); 2) Três
interlocutores declararam não existir violência no atual namoro, embora dois deles apresentem em seus
relatos situações de controle e cerceamento não reconhecidas como violência por eles; 3) Dois
interlocutores (um homem e uma mulher) reconhecem terem sido autores de violência. Estes dados
parecem apontar que homens e mulheres jovens de classes médias experimentam violência nas relações
de namoro, embora nem sempre a reconheçam. Na apresentação, será dada maior atenção às falas dos
homens.

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4. Índice por autores

Fátima Cristina Vieira Perurena, 13, 23


A Fernanda B. Pereira, 13, 22
Fernanda Bicalho Pereira, 16, 45
A. P. M. Medeiros, 14, 32 Fernanda C. N. Simião, 13, 22
A. Q. J. Filgueira, 14, 32 Fernanda S. Nascimento, 16, 47
Adriana Alves dos Santos Cruz, 16, 42 Fernando Altair Pocahy, 15, 35
Adriana de Oliveira Alcântara, 13, 20 Fernando Neto, 14, 29
Adriano Nascimento, 13, 22 Fernando Seffner, 14, 27
Adriano Roberto Afonso Nascimento, 15, 37 Flávia G. C. Veloso, 16, 41
Alan de Loiola Alves, 15, 16, 36, 43 Flávia Gotelip Corrêa Veloso, 16, 41
Alberto Mesaque, 14, 30
Alda Roberta Campos, 13, 24 G
Alessandra C. Cerello, 13, 22
Alessandro V. Paula, 16, 41 G. A. M. Andrade, 14, 32
Aline Aparecida Rabelo, 15, 37 Gabriela Felten da Maia, 13, 23
Ana Paula de Oliveira Marques, 13, 23 Gabrielle Pellucio, 16, 43
Ana Roberta Oliveira, 12, 14, 29 Geórgia Sibele Nogueira da Silva, 13, 14, 19, 31
Ana Ruth Macêdo Monteiro, 14, 29 Gilson Andrade, 13, 21
Anderson Duarte Freire, 13, 26 Gioconda Silva, 14, 29
Angela Nobre de Andrade, 13, 19 Giselle Nanes, 14, 29
Antonino Alves, 16, 41 Glaudston Lima, 16, 44
Arthur Grimm Cabral, 13, 20 Gustavo Alvarenga, 16, 45

B H
Benedito Medrado, 22, 24, 28, 29, 30, 35, 39, Héctor Martín Frías Barrón, 14, 27
40, 42, 45 Heloisa Fernandes Câmara, 16, 39
Berta Brunet, 14, 29 Hemerson Moura, 16, 39, 46

C I
Carin Klein, 14, 33 Ingrid F. G. Nascimento, 13, 16, 22, 41
Carmen Lúcia Luiz, 13, 24 Ivison Sheldon Lopes Duarte, 15, 34
Carmen Susana Tornquist, 14, 32
Carolina Ribeiro Santana, 16, 44 J
Carolina Shimomura Spinelli, 14, 32
Celina Maria Modena, 14, 30 Jander Nogueira, 15, 35
César Leite, 13, 24 Janieiry Lima de Araújo, 14, 29
Cintia Rossi, 13, 18 João Luís da Silva, 15, 34
Clarice Pinto Brito,, 16, 41 João Ricard Pereira da Silva, 13, 22
Clarissa Ribeiro Souza de Faria Neves, 16, 45 Jorge Luiz Oliveira dos Santos, 14, 30
Cláudia Natividade, 16, 40, 41 Jorge Lyra, 2, 7, 8, 11, 13, 14, 18, 23, 29
Consuelo Helena Aires de Freitas Lopes, 13, 25 José Carlos Sturza de Moraes, 14, 28
Cristian Rubini Dutra, 14, 32 José Vaz Magalhães Neto, 15, 36
Cristiane Cavalcanti, 13, 24 Júlia Maria de Souza, 13, 24
Juliana Barbosa, 14, 28
D Juliana Coelho, 13, 25
Juliana da Silva, 14, 29
D. A. M. Brito, 14, 32 Jullyane Brasilino, 12, 16, 39, 40
Daniel Costa Lima, 16, 39 Justini Sponchiado, 16, 43
Daniele Viana Maia Torres, 14, 29
Dara Felipe, 14, 29 K
Douglas Oliveira, 14, 29
Karina Pontes Santos Lima, 13, 21
E Kely Vanessa Leite Gomes da Silva, 14, 29
Kyara Maria de Almeida Vieira, 15, 36
Edélvio Leandro, 16, 39, 40
Edna Granja, 12, 13, 16, 18, 24, 39 L
Eduardo Bezerra, 13, 20
Elaine F Nascimento, 13, 14, 18, 20, 29 Laís Rodrigues, 12, 14, 29, 30
Erico Araújo Bastos, 16, 44 Laura Costa, 13, 21
Leonardo Cavalcante, 14, 31
F Leonardo José Cavalcanti Pinheiro, 14, 28
Leta Vasconcelos., 13, 24
Fabiola Macedo, 13, 22 Lige Mara Rauber Bortolotti, 13, 23
Fátima Büchele, 16, 39 Lilia Schraiber, 13, 18

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Lisandra Espíndula Moreira, 14, 27 Ricardo Castro, 12, 16, 39, 46


Lúcia Emilia F S Rebello, 13, 14, 18, 20, 29 Ricardo Pimentel Mello, 2, 12, 16, 39
Luciana Britto, 13, 21 Romeu Gomes, 13, 14, 18, 20, 29
Luciana Maria Ribeiro de Oliveira, 16, 44 Rosana Machin, 13, 18
Luísa Escher Furtado, 16, 41 Rosangela de Barros Castro, 15, 38
Rosineide L. M. Cordeiro, 16, 47
M
S
Mª Auxiliadora T. Ribeiro, 13, 22
Manoela Carpenedo Rodrigues, 15, 35 S. L. L. Lins, 14, 32
Marcia Thereza couto, 18 Sandra Unbehaum, 2, 12, 14, 27
Marcia Veiga, 15 Sara A.T.C. Silva, 13, 22
Márcio Bruno Barra Valente, 14, 31 Shody N. Yukawa, 16, 41
Maria Cristina Smith, 13, 21 Sibelle Maria Martins de Barros, 14, 29
Maria de Jesus Moura, 16, 39 Sirley Vieira, 13, 18
Maria José Nogueira, 14, 30 Solange Gurgel, 13, 14, 25, 32
Maria Juracy Filgueiras Toneli, 13, 20 Solange Gurgel Alexandre, 13, 25
Maria Lúcia Chaves Lima, 16, 39 Stela Nazareth Meneghel, 13, 25
Maria Luiza Carvalho de Lima, 16, 46 Stelamaris Glück Tinoco, 14, 27
Mariana Azevedo, 2, 13, 18 Suely Aldir Messeder, 15, 37
Mariana P. Barra, 16, 41 Suely Emilia de Barros Santos, 13, 25
Mariana Pôssas G. dos Santos, 16, 45 Suzana Libardi, 2, 13, 18
Mariane Ciscon, 13, 21
Marina Basso Lacerda, 16, 42 T
Maurício Möller de Oliveira, 16, 45
Mirian Béccheri Cortez Lídio de Souza, 16, 43 Tais Barcellos de Pellegrini, 13, 25
Mônica dos Santos Bezerra, 13, 14, 25, 32 Tassia Rabelo de Pinho, 14, 31
Thais Caus, 13, 21
N Thiago Félix Pinheiro, 13, 19
Thiago Rocha, 12, 15, 35
Neilza Buarque, 13, 22 Tiago Corrêa, 2, 12, 15, 16, 35, 39, 45
Nicole Corte Lagazzi, 16, 45
V
P
Verônica Lopes Carneiro, 13, 21
Paloma Silveira, 16, 39, 42 Victoria Romeo Tomaz, 16, 46
Paola Barbosa, 13, 21 Vitor Silva Mendonça, 13, 19
Viviane Xavier de Lima e Silva, 13, 23
R
W
Rafael Figueiró, 14, 31
Raimundo Marcone de Andrade Proto, 16, 45 Wagner Figueiredo, 13, 18
Raiza Barros de Figuerêdo, 13, 21
Rebeca Rohlfs Barbosa Gaetani, 16, 40, 41 Z
Renata Valentim, 13, 21
Renê Vieira Dinelli, 16, 42 Zeidi Araujo Trindade, 13, 14, 21, 29
Rhute Menezes, 14, 29 Zulmira Newlands Borges, 13, 23
Ricardo Augusto J. Sales, 15, 37

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