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ti ITETURA CONTEMPT ABA NO BRASIL PRIMEIRA PARTE DE UM ECLETISMO SEM ORIGINALIDADE A AFIRMAGAO INTERNACIONAL DA NOVA ARQUITETURA BRASILEIRA (1900-1945) 4. OS ESTILOS HISTORICOS © panorama oferecido pela arquitetura brasileira or volta de 1900 nada tinha de animador. Nenhuma ori- idade podia ser entrevista nos numerosos edificios eém-construidos, que nao passavam de imitagSes, em feral mediocres, de obras de maior ou menor prestigio tencentes a um passado recente ou longinquo, quan- indo cram meras 6pias da moda entdo em voga na Eu- (Ora, essa evolugdo $6 fi se acentuando durante as tas décadas do século XX. Os cariocas e paulistas Isbastados, que iam com freqiiéncia ao Velho Mundo, ad- jravam em seu contexto natural, os chalés suigos, as f casas normandas de estrutura de madeira apa ‘as moradas riisticas da antiga Franga, os palécios inos ou venezianos, mas néo compreendiam que fencanto dessas casas provinha de sua autenticidade, sua perfeita adaptagio as condigdes do meio e. néo , de sua inseredo num conjunto do qual no podiam desvinculadas. Assim, um notdvel mostrudrio de re- Ses mais ou menos fiis, e sobretudo verdadeiras neiro, em So Paulo e, em menor grau, nas demais fandes cidades do pais. Essc fato era por si s6 suficienr ppara subtrair todo cardter a esses construgées, justa- is de modo arbitrério, mesmo que tivessem alum r estético (0 que era raro). Portanto, o ecletismo que nou entfo plenamente as construgées particulares, ‘menor grau, 0s edificios piblicos era por sua prépria, eza um fato profundamente negativo. O mau gos- fou mesmo a total falta de gosto, que predominava na veio somar-se a esse ecletismo; seria facil enume- 4 série de horrores e fantasias arquiteténicas edi das durante exse periodo!. Mas isso seria de pouco in- se, cabendo estudar apenas as grandes correntes sentativas desse ecletismo de carter hist6rico: ‘so efetivamente 0 reflexo de uma época, ca racterizada pela falta de originalidade e por um com- plexo de inferioridade levados ao extremo sob 0 ponto de vista local, mas que j4 contém o germe dos elemen- tos de ume reago salutar que nfo demorou em se ma nifestar. 1. OS ESTILOS CLASSICIZANTES No Brasil, costuma-se englobar sob o rétulo “neo- cléssico" todos 03 edificios onde se pode notar o empre- go de um vocabulério arqueteténico cuja origem distan- te temonta & Antigiiidade greco-romana. Portanto 0 que se convencionou chamar de neoclassicismo, na realidade ndo passa de uma forma de ecletismo, onde € possivel encontrar justepostos todos os estilos que utilizam co unas, comijas fronibes, da Renescenga italiana a0 Segundo Império franc&s, passando pela classicismo, pe- lo barroco e pelo verdadeiro neoclassico de fins do sécu- Jo XVIII e primeira metade do XIX. Assim, nessa cale- goria de obras nao existe qualquer unidade profunda, ‘mas apenas um certo parentesco, devido ao espirito aca démico que marca as diversas construgSes desse tipo. Existem, contudo, diferencas regionais, que colecam em coposigae principelmente os dois grandes centros, Rio de Janeiro, a capital federal, © Sao Paulo, a metrépole ri- val, de crescimento espantoso devido a0 poderio econé- mico originado da comercializagao do café, 1. A escola carioca © verdadeiro neocléssico foi introduzido no Rio de Janeiro pela missio artistica francesa, que veio a0 Brasil em 1816 a convite de D. Joao VI. O arquiteto Grandjean de Montigny, fundador da Escola de Belas- ‘Artes do Rio ¢ primeiro titular da cadeira de arquite- tura, exerceu considerével influéncia, apesar da tiv dade que a princfpio se estabeleceu entre ele © seus 33

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