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DA AGRICULTURA: a dinâmica do
agronegócio e da agricultura familiar
Benjamin Alvino de Mesquita
O DESENVOLVIMENTO DESIGUAL
DA AGRICULTURA: a dinâmica do
agronegócio e da agricultura familiar
São Luís
2011
Benjamin Alvino de Mesquita
ISBN 978-85-7862-202-2
CDD 070.981
CDU 070 (81)
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COLEÇÃO
CCSO
O desenvolvimento desigual da agricultura
LISTA DE SIGLAS
AF Agricultura Familiar
BACEN Banco Central do Brasil
BASA Banco da Amazônia S.A.
BB Banco do Brasil
BIRD Banco Mundial
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BNB Banco do Nordeste do Brasil
CAI Complexo Agroindustrial
CMN Conselho Monetário Nacional
COLONE Companhia de Colonização do Nordeste
COMARCO Companhia Maranhense de Colonização
CONAB Companhia Nacional de Abastecimento
CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Ali-
mentação
FAPEMA Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão
FIBGE Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
FINOR Fundo de Desenvolvimento do Nordeste
GTDN Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste
IAI Inter American Institute For Global Change Research
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Natu-
rais Renováveis.
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
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MRS Microrregiões Homogêneas
ONU Organização das Nações Unidas
POLONORDESTE Programa de Desenvolvimento do Nordeste
POLOAMAZÔNIA Polo de Desenvolvimento da Amazônia
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Fa-
miliar
SNCR Sistema Nacional de Crédito Rural
SUDAM Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia
SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
O desenvolvimento desigual da agricultura
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO
1. INTRODUÇÃO
2. ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO DESENVOLVI-
MENTO DO MARANHÃO
3. POLITICA NEOLIBERAL: AVANÇOS E RECUOS
4. INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL E TRANSFOR-
MAÇÃO DO SETOR AGRÍCOLA
4.1. Especificidades da agricultura e a intervenção governamen-
tal
4.2. O papel da agricultura e os complexos agroindustriais na
década de 70
4.3. Crise econômica e mudança de paradigma na década de
80
5. DINÂMICA E ESTAGNAÇÃO DO SETOR AGRÍCOLA
5.1. O desenvolvimento desigual das “agriculturas“ familiar e
empresarial
5.1.1. Padrão de crescimento da agricultura temporária: mu-
danças e tendências
5.1.2. Mudança e dinâmica da agricultura familiar: o caso do
arroz
5.1.3. Mudança e vulnerabilidade da agricultura empresarial: o
caso da soja
6. A PRIORIDADE À PECUÁRIA E OS REBATES NA
AGRICULTURA DE ALIMENTOS
6.1. Estratégia de modernização do “tradicional” ao “moderno”
6.2. Fatores de expansão e transformação da agricultura
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6.3. Impactos do crescimento da pecuária sobre agricultura
temporária
6.3.1. A simplificação do declínio da agricultura temporária
6.3.2. As questões omitidas do declínio
7. DESEMPENHO RECENTE E ENTRAVES ESTRU-
TURAIS
7.1. Distribuição espacial e concentração da produção
7.2. Mudanças na estrutura fundiária
7.3. Uso da terra
7.4. Condição do produtor
7.5. Ocupação da força de trabalho
8. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANEXOS
APRESENTAÇÃO
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1. INTRODUÇÃO
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É claro que isso não computa a parte do agronegócio da soja, em que o processo de
produção obedece aos padrões vigentes na agricultura moderna de outras regiões do país
fundada numa forte mecanização e quimificação da produção, exatamente nos moldes da
Revolução Verde da década de sessenta.
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Entretanto, deixam-se de lado outras tão ou mais importantes quanto estas agora analisadas,
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2. ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO
DESENVOLVIMENTO DO MARANHÃO
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O chamado período de involução econômica se inicia
com a libertação dos escravos e avança até os anos cinquenta.
Esta fase se caracteriza pela desarticulação da grande proprie-
dade fornecedora de algodão e cana-de-açúcar e pela ascensão
da agricultura de subsistência e do extrativismo. Ou seja, tro-
ca-se o trabalho escravo pelo “trabalho livre” dos moradores de
condição (caboclos) das grandes propriedades então dedicados a
monoculturas e, secundariamente, à pecuária ultraextensiva. A
economia de subsistência voltada para o autoabastecimento e a
venda de excedente ganha uma dimensão que não tinha antes,
ou, se tinha, era ofuscada pela atividade exportadora.
economia do babaçu até 80. Para a década seguinte os interessados no assunto podem ver
Mesquita (1998, 2001, 2006) e Almeida (2001 e 2005).
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Tabela 2 - Composição setorial do PIB do
Maranhão no intervalo de 1990 a 2004
Composição setorial e período 1990 1995 2000 2004
Maranhão (100) 100 100 100 100
Agricultura 20 22 17 20
Indústria 19 20 24 25
Serviços 61 56 59 55
Fonte: IBGE( Contas nacionais e regionais).
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pita e produtividade indica essa distinção internamente e quem
empurra para cima ou puxa para baixo o desempenho final do
setor. Em culturas como a mandioca, o feijão e a cana a produ-
ção per capita declinou de forma acentuada, respectivamente
30%, 25% e 21% no período 1990/05. Outros produtos como
soja, milho e carvão, aumentam significativamente (Tabela 3).
(Maranhão) A B A B A B A B A B
Arroz 94 280 179 884 123 841 112 860 19% -3%
Mandioca 36 7,9 460 8,5 159 7,0 254 80 -30% 1%
Feijão 8,0 380 8,0 370 3,4 450 6,0 460 -25% 21%
Soja x 274 30,5 1851 77 2544 166 2700 444% 46%
Milho 27 281 68 562 55 1007 67 1070 148% 90%
Bovino
0,8 x 0,8 x 0,7 x 1,1 x 37% -2%
(cabeça)
Cana-de-acuçar 412 49 257 32 88 50 327 48 -21% x
Carvão vegetal 37,5 x 36 x 25 x 84 x 124% x
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4. INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL E
TRANSFORMAÇÃO DO SETOR AGRÍCOLA
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rem do desenvolvimento específico de áreas, de forma a viabili-
zar o processo de acumulação nos seus núcleos de atuação.
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Com a crise do capitalismo nos anos trinta, países como Estados Unidos e França cuidaram
de subsidiar sua agricultura como forma de minimizar os problemas. No Brasil, não foi
diferente e o governo socorreu o café. Nos Estados Unidos, essa prática se consolidou
desde o New Deal, no início da década de trinta, e tem sido apontada como a causa central
desta pujança de sua agricultura e do avanço tecnológico no meio rural. Na Europa, que
tradicionalmente sempre viveu situações dramáticas de desabastecimento, com aumento
sistemático da intervenção consubstanciado na criação da Política Agrícola Comum – PAC
(1957), o quadro tem mudado favoravelmente. Tanto que em menos de vinte anos passou
de importadora para exportadora líquida de produtos agrícolas (CARVALHO, 1994).
6
Há uma longa lista de estudos excelentes nesta linha, mas gostaria de lembrar apenas
Furtado (1997), Silva (1976), Cano (1983) e Cardoso de Mello (1975).
7
Sonka e Patrick (1984) apontam os seguintes riscos: riscos de produção ou técnicos
associados a problemas climáticos, pragas e doenças; risco de preço; risco tecnológico
existente quando da realização de investimentos; risco legal ou social, como mudanças nas
regras estabelecidas pelo governo para estabilizar preços, compras, ou nas condições de
crédito etc. e fontes humanas de risco, como greves de trabalhadores no período da colheita.
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5. DINÂMICA E ESTAGNAÇÃO
DO SETOR AGRÍCOLA
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termos de corte de subsídios e aumento da taxa de juros para o
financiamento rural e que desconsidera a questão agrária não
resolvida. Em anos recentes (década de 1990), o Estado refor-
mula o financiamento agrícola, cria linhas de crédito especiais
como o PRONAF para atender à agricultura familiar e adota
uma política de assentamento como forma paliativa de demo-
cratizar o acesso à terra, problema estrutural jamais enfrentado
e sempre postergado. O resultado desta política não tem sido
dos melhores, conforme mostram os censos agrícolas do IBGE,
especialmente qunato à produção arroz e mandioca e o extrati-
vismo.
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Por outro lado, o cálculo de taxas de crescimento do se-
tor agropecuário mostra quais produtos evoluíram em termos de
área e produção, nas três últimas décadas, assim como os veto-
res desta dinâmica (taxa de incremento anual). A lavoura tem-
porária cresceu (t) apenas 1,6% a.a. e o extrativismo do babaçu
caiu (t) 1,1% a.a., refletindo a estagnação dessas atividades no
período 1990/2005. Tomando isoladamente os principais produ-
tos (arroz/mandioca/soja/rebanho bovino) é possível perceber
diferenciação significativa entre eles. A produção de arroz, por
exemplo, cresceu 2,48% a.a. enquanto a de mandioca teve que-
da de 1% a.a. No caso da soja, o crescimento alcançou 44% a.a.,
mas o rebanho bovino, apesar da orgia de recursos públicos di-
recionados à atividade por órgãos governamentais, avançou ape-
nas 3.4% ao ano (ver Tabela 3).
Mas não se fará análise detalhada de cada produto, restringindo-se mais apenas aos dois
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Um exemplo desse fato foi a produção do arroz não mecanizado na região de Balsas. Antes
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Minifúndio aqui entendido como miniestabelecimentos com área inferior a 5 ha, embora se
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saiba que o conceito do Incra seja baseado em outros critérios –modulo rural e fiscal;renda
auferida,trabalho familiar e não apenas no tamanho físico.
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Fonte: IBGE.
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Carvão
Brasil 2.792.941 1.805.151 1.429.180 2.972.405
vegetal
Carvão
Maranhão 185.613 189.348 148.721 502.527
vegetal
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50-500
20%
50<0
71%
Fonte: IBGE
5000>
51%
1000-5000
23%
Fonte: IBGE
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lavoura temporária no Estado. Quer dizer a soja (na década de 1990) acaba tendo um
papel análogo ao do arroz antes dos anos oitenta, mantendo as devidas proporções e
diferenciações que o caso requer. Enquanto o arroz (e a mandioca) se expandiu durante
séculos fundamentalmente pela incorporação de novas áreas e força de trabalho
familiar, ou seja, de forma horizontal, com pouco ou quase nenhum ganho de
produtividade, conforme atestam as figuras abaixo relacionadas. Nas duas percebem-se
diferenças significavas entre o Maranhão , Rio Grande do Sul , Paraná e o Pará.Esses
diferencial marcante mostra o estagio neolítico em que se encontra determinadas
culturas agrícola no Maranhão.
7,00
6,00
5,00
4,00 Brasil
R. G. do Sul
Maranhão
3,00 Sul
Pará
2,00
1,00
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FF
Figura 8 Rendimento da Mandioca no Brasil, Paraná, Maranhão e Pará entre os anos de 1990
e 2005.
30.000
25.000
20.000
Brasil
15.000
Paraná
Maranhão
Pará
10.000
5.000
Ano
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Aquela decorrente de processo de migração sem a participação direta do Estado na sua
movimentação. Contrapõe-se à migração com apoio estatal, a exemplo do Estado é a
característica básica, a exemplo dos projetos de colonização da Amazônia Legal (Rondônia,
áreas da Rodovia Transamazônica, Acre etc.) prevalecente na década de setenta, quando o
Estado chama para si essa função (MESQUITA, 2006).
22
Ver Velho (1972) e Martins (1975).
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Acompanhando a frente de expansão23 camponesa, aparece,
sem ajuda governamental, a frente pioneira24 da pecuária de pe-
quena e média escala pouca tecnificada, além de madeireiras e
serrarias25 responsáveis pelo aproveitamento de madeira nobre.
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arroz, feijão, milho e mandioca. Essas e outras denominações
adjetivadas relativas à organização do processo de produção da
pequena produção ou da agricultura familiar se referem à eco-
nomia de excedente, cuja característica fundamental é o tra-
balho familiar, o seu vinculo com o mercado e o “ uso privado
da terra devoluta, em que estas não assumem a equivalência de
mercadoria” (Martins 1975, p.46). Diferente, portanto, da pro-
dução capitalista onde a terra é privada e as relações de trabalho
são assalariadas. A figura central nessa forma de organização da
produção camponesa é o ocupante ou o posseiro, embora outras
relações sejam compatíveis com a mesma. Ou seja, são formas
de relação de produção não especificamente capitalistas.
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Diversas pesquisas realizadas na Amazônia Oriental na década de 90, como a da Embrapa/
Ufpa/Cirad, mostram a importância da pecuária na dinâmica regional em termos de
ocupação de espaço e fortalecimento da economia regional (PORRO, 2004).
27
No Maranhão são criadas inúmeras empresas de economia mista pelo Governo do Estado
com o objetivo de apoiar a modernização da atividade agropecuária. Entretanto, é com
o II Plano Nacional de Desenvolvimento – PND (1976-79) [1975-79] e o Plano de
Desenvolvimento da Amazônia (PDA), que essa estratégia de modernização da atividade
aparece explicitada (MESQUITA, 2006).
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A figura
6.3 Rebates 9, mostra
da expansão qual foi
da pecuária a tendência
sobre a agricultura da lavoura31 temporá-
temporária
ria no longo prazo (1970/95), frente a outras atividades e variáveis,
Pela figura 9, mostra-se qual foi a tendência manifestada na lavoura
especialmente
temporária no longoa pecuária, o desmatamento
prazo (1970/95), e o crédito
frente a outras atividadesrural. Nota-
e variáveis,
seespecialmente
que, ao contrário de todas
com a pecuária, as demais,e ao lavoura
o desmatamento temporária
crédito rural. teve
Nota-se que, ao
umcontrário de todas as demais
comportamento variáveis, a lavoura
decrescente, sendotemporária teve umrural
que o crédito comportamento
só tem
decrescente, sendo que o crédito rural só tem importância até 1980, mas a pastagem
importância até assalariado
plantada, o trabalho 1980, mas e a apecuária
pastagem plantada,
empresarial o trabalho
se expandem assala-
velozmente.
riado e a pecuária empresarial se expandem velozmente.
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pecuária, mas também não contribuem para alterar o quadro crítico da agri
familiar.
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Fonte: IBGE
Assim, outros
6.3.2. As questões fatores
omitidas devem estar por trás dessa dinâmica relacion
do declínio
retração de área da lavoura temporária. Na verdade, as mudanças radicais da p
econômica e da política
A dinâmica agrícola,
relacionada que perpassam
à retração de áreatoda
da alavoura
fase detem-
crise (80), não
ser excluídas
porária escondedeste cenário
outros de transformação
fatores. As mudanças queradicais
ocorre entre 1985/200033. Atra
da política
mesma é epossível
econômica entender
da política o porquê
agrícola que do colapso que
perpassam todaseaabateu
fase desobre a agric
crise (80), não podem ser excluídas do cenário de transformação soja, do eu
familiar e o extrativismo do Estado e da promoção do agronegócio da
quee da continuação
ocorre da pecuária de
entre 1985/2000 29 corte como atividade empresarial.
. A partir delas, é possível enten-
der o porquê do colapso da agricultura familiar e do extrativis-
mo do Estado e da promoção do agronegócio da soja, do eu-
calipto
33 e da continuação
Refere-se da pecuária dedocorte
aqui ao ajuste macroeconômico início como atividade
dos anos oitenta e à política a
empresarial.
adotada a partir de então, bem como à abertura comercial que foi obrigado a fazer n
cenário neoliberal imposto às economias dependentes do FMI , durante toda a déc
noventa, conforme já colocado anteriormente.
Refere-se aqui ao ajuste macroeconômico do início dos anos oitenta e à política agrícola
29
adotada a partir de então, bem como à abertura comercial feita no novo cenário neoliberal
imposto às economias dependentes do FMI , durante toda a década de noventa, conforme
já colocado anteriormente.
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7. DESEMPENHO RECENTE E
ENTRAVES ESTRUTURAIS
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de produção de alimentos e à “ótima fase” do agronegócio (soja
e eucalipto).
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tram 30% do rebanho. Juntos, os municípios de Açailândia,
Santa Luzia, Imperatriz, Bacabal e Riachão, detinham 20% do
rebanho do Estado, em 1990. O nível de concentração é inferior
ao da soja e da cana, mas superior ao da agricultura familiar.
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Fonte: IBGE
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Figura 13- Estrutura agrária do Maranhão por grupo de área,em termos de número e
área de esta belecimento (1980 - 1995 - 2005).
100 95 94
89,5
90
80
70
60 -100
100-1000
50 44 42
41 >1000
38 36 36
40
30 23 22
18
20
9,8
10 4,5 6
0,5 0,5 0,7
0
Número Area Número Area Número Area
Fonte: IBGE
No intervalo
A figura de dez anosque
13 mostra 1985/1995,
em 25a área
anosmédia geral subiu defundiária
a estrutura 29 para 34
hectares (17%). Mas os estabelecimentos menores com área inferior a 10 ha, onde se
dolocaliza
do Maranhão continua
a quase totalidade concentrada
dos pequenos e desigual.
produtores de O número
alimentos básicos, diminuíramde
sem terra
sua área e de
média, quepequenos
sai de 1,5 ha estabelecimentos é enorme,
para 1,4 ha. Os estabelecimentos emacima
com área tornode
1000 ha têm sua área reduzida em 2%; passa de 2779 ha para 2716 ha. Nota-se que
deentre90% (2006), e a área se situa na faixa de 22%. Efetivamente
esses dois extremos a área média dos grandes estabelecimentos (latifúndios) é
o quase
segmento
duas milde
vezesprodutores
maior daqueleque cresceu
minifúndio! Alémfoidisso,
o daesse
faixa intermedia-
primeiro estrato (-10
ha) vem perdendo espaço (em número e área) desde
ria de 100 a 100 hectares. Quer dizer a ação governamental os anos 70 para os estratos maiores,
atra-
inclusive para os pequenos, aqueles entre 100 e 1000 hectares. Apesar de este
vés de diferentes
movimento intervenções
ser direcionado a pequenos, teve efeito secundário
a concentração fundiária atual, no acesso
medida pelo
aoíndice
principal
de Ginimeio
(0,849)de reprodução
continua no cenário
alta e generalizada agrária
em nível – a terra.e de
de microrregião
municípios, com tendência atual a aumentar nas áreas onde o uso da terra se faz
31
extensivamente
Os dados daqui para frente são todos
(monocultura) dos censos2006).
(MESQUITA, agropecuários. Para efeito de simplificação,
deixam de ser
Os citados a cada
dados do aparição.
ultimo censo revelam que o Gap entre os mini e enormes
estabelecimentos pouco alterou,apesar da Política de Assentamento do INCRA e
ITERMA em vigor.
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0,950
0,900
0,850 1985
1996
0,800 2006
0,750
0,700
0,650
Norte Oeste Centro Leste Sul Estado
Fonte: IBGE
Os dados do ultimo censo revelam que o Gap entre os mini e enormes
estabelecimentos pouco alterou, apesar da Política de Assentamento do INCRA e
ITERMA em vigor. Mostra também que92 o índice de GIni por meso região continua
muito alto.Estimativa efetivada com dados com dados de 2006 (IBGE) figura 14,
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CCSO de assentados de reforma agrária é
mostra que mesmo em áreas onde o número
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is
is
as
is
es
ria
so
ra
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nt
an
ra
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tu
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e
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st
tif
sc
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Te
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pe
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ge
re
as
M
ag
a
as
as
ur
st
po
st
at
ur
Pa
vo
Pa
em
M
vo
La
T
La
v.
La
Fonte: IBGE
Os dados do gráfico acima dão-nos uma imagem do uso da terra na
agropecuária local ao longo deste período. Percebe-se que há uma contínua apropriação
da área total por pastagens em detrimento de área com lavoura. Dados mais recentes do
IBGE vão Osnagráficos retratam
mesma direção. Um dosbem, o uso
fatores da terra
a contribuir parana agropecuária
que a expansão se
maranhense ao longo do período. Mostra que há uma econtínua
direcione a atividades empresariais (pecuária, soja, eucalipto, cana) a poucas
microrregiões (Pindaré, Imperatriz, Alto Mearim e Grajaú, Gerais de Balsas, Chapada
apropriação
das Mangabeiras,da área
Porto total
Franco) foipor pastagens
o apoio emgovernos
ostensivo dos detrimento
estadual ede área
federal,
com lavoura.
via políticas Dados
regionais mais(incentivos
e setoriais recentesfiscais,
do IBGEcréditosvão na mesma
subsidiados dire-
e leilões de
terras)Um
ção. e construção de infraestrutura
dos fatores a contribuir de acesso
para(rodovias, eletrificação se
que a expansão e ferrovia,
direcio- a
Norte/Sul), entre outros aspectos.Em anos recentes a explosão dos preços das
ne a atividades
commodities. empresariais
Entretanto, a presença do (pecuária, soja,
grande capital no eucalipto, cana) easa
campo não ocasionou
poucas microrregiões (Pindaré, Imperatriz, Alto
transformações que se esperavam em termos de modernização, renda, emprego Mearim e Gra- e
produção de alimentos. E muito menos conseguiu interferir
jaú, Gerais de Balsas, Chapada das Mangabeiras, Porto Franco) na questão essencial do
acesso à terra, da expansão da lavoura “tradicional” e do baixo nível tecnológico em que
foi o apoio
vegeta a mesma.ostensivo dos
Ao contrário, governos
aprofundou estadual eemfederal,
as desigualdades todos os via políti-
planos, pois
cas regionais
concentrou os meiose setoriais
de produção(incentivos fiscais,a riqueza
e, conseqüentemente, créditos subsidiados
nas mãos de poucos ee
leilões
deterioroude terras)
ainda mais eo construção
meio ambiente;de infraestrutura
o passivo de acesso
ambiental produto (rodo-
deste modelo
equivocado de desenvolvimento tem deixado às gerações futuras um passivo de perdas
vias, eletrificação e ferrovia Norte/Sul), entre outros aspectos.
incomensuráveis que ainda está para ser avaliado.
Outro fator, em anos mais recentes, foi a explosão dos preços
das commodities.
7.4 Condição do produtor
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ta
ta
rie
100%
rie
op
op
pr
pr
90%
80%
70% proprietario
60% arrendentario
ri o
ta
s*
*
rie
s
50% parceiros
te
te
op
up o
an
an
oc ta ri
pr
up
40% ocupantes*
rie
oc
op
ri o
pr
30%
ta
rie
op
20%
pr
s*
s*
10%
s*
te
te
an
te
an
an
up
up
up
0%
oc
oc
oc
Fonte: IBGE
PorO acesso
proporcionar
à propriedade,uma segurança
por proporcionar maior ao
uma segurança maiorprodutor,
ao produtor, é
é um fator que “estimula” o mesmo a investir na propriedade, fato que não se constata
um
juntofator que o que
aos produtores estimula o omesmo
têm apenas acesso viaaposse.
investir na propriedade,
Além disso, a propriedade da o
não
terra se
é oconstata junto aosdeposseiros.
principal instrumento Aléme financiamentos
acesso a créditos disso, a propriedade
bancários,
instrumento
da terra é este fundamentalinstrumento
o principal para a ampliaçãode da acesso
capacidade de oferta, isto
a créditos é, o
e finan-
desenvolvimento da atividade e o elemento fundamental e essencial na diminuição das
desigualdades interpessoais, desde que o investimento seja acessível a todos.
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1.331 mil pessoas. Por outro lado, com o recente crescimento ob-
servado em duas atividades ligadas à exportação, plantio de floresta
e produção de carvão, é de se esperar que o censo de 2006 mostre
mudanças importantes nos setores absorvedores de mão de obra.
90%
80%
70%
60%
50% Com laços de Familia
Sem laços de Familia
40%
30%
20%
10%
0%
Número
1996 2006
Fonte: IBGE
qualificados: vaqueiros, motoristas, tratoristas, técnicos agrícolas e veterinários.
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8. CONCLUSÃO
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34
A queda na produção de grãos (soja/arroz/milho/feijão) do Estado desde os anos sessenta
é produto desta crise agrária não revolvida e sempre postergada. Por exemplo, em 1960
a produção do Maranhão correspondia a 3,5% da do Brasil e 13,5% da do Nordeste; hoje
(2006), corresponde a 1,96% da do Brasil e 8% da do Nordeste (IMESC, 2008).
100
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to prazo, poderiam alterar o quadro de exclusão social e política
que predomina na sociedade.
Dezenas de famílias que moram na cercania das cidades continuam sobrevivendo de roças
35
que se destinam à produção do arroz e da mandioca (farinha). Tais roças ficam num raio de
até 20 quilômetros da residência urbana.
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produção agrícola que inclua a maioria da população, hoje excluída; isso é possível, a um
custo simbólico, caso esse segmento seja convidado a participar deste projeto, e muito mais
barato e sustentável do que esse atual modelo baseado fundamentalmente no agronegócio
de base instável, concentrador de renda e supressor de emprego e de custos ambientais não
calculáveis. Esse é o verdadeiro caminho de acesso à riqueza, e do bloqueio e diminuição
das desigualdades regionais.
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REFERÊNCIAS
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ANEXOS
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ANEXOS
Fonte: IBGE
Fonte: IBGE
Fonte: IBGE
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Fonte: IBGE
Fonte: IBGE
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