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tap % SovsoWy op epfourz orsjmey 2 [[oys1BA ZIT OFARTY oBSEZIULTI LOQVOULLL | 1u1.s6a7]ae BIOSSOJOIg | e woseusWIOy | we sopnjsq yO Cultura da sentenga e cultura da pacificacao Kazvo Watanabe Desembargcoraposenado do Tibunal de Jutica do Extado de Sto Pa, Professor doutor na Faculdade de Dire ds Univenidade de Sto Plo. 4, Destina-se, este modesto trabalho, a homenagear uma das mais produtivas e 3.além do aspecto cultural indicado, o grande obitculo &utlizagio mais intensa da concliagio e mediagio éaformagio aadémica dos nossos operadores do dito, que évoltada, fndamentalmente, para asolugio contenciosa eadjudicada dos conflitos de interesses. Ou seja, toda énfase € dada 8 solucio dos conflitos por meio de processo judicial em que ¢proferia uma serene, que constitu a solucfoimperativa dada pelo tepresentante do Estado. O que se pivilegia a solucio pelo cxitério do “certo ou ere do", do “preto ou branco™, sem qualquer espaco para a adequagio da solugSo, pelo com corso da vontade das partes, especificidade de cada caso.“ esse o modelo ensinado em todas as faculdades de direito do pats, sem excegio. E €exee,igualmente, o modelo de profisional do diteto exigido pelo mercado pars as principais carreras profissionais, como aadvocacia, a magistratura, 6 ministério publi- coe asprocuradorias piblicas. Quase nenhuma faculdade oferece aos alunos, em nivel de graduacao, disciplinas obrigatériss voltadas solugSo nio-contenciosa dos confitos. [Apenas alguns cutsos de pds-graduacio oferecem disciplinas nessa rea, mas sem uma éenfase especial 4. certo quehé escritérios deadvocacia, especialmente es que atendem aclientes {ntemacionais, que atualmente buscam profissionais especializados em vitas reas novas, até entdo pouco exploradas, procurando alguns dees estimular seus advogados a se inte ressarem por cursos de pés-praduagio no exterior [s9, porém, parao desenvolvimento ‘de suas priticas em drens nfo-contenciosas. No setorcontencioso, a preocupagio man- ‘4m o mesmo perfil Ap6s a Lei 9,307/96, houve algum avango a drea de arbitrage. com recrutamento,treinamento eespecalizacio de profsslonats voltados a essa mods: lidade de soluca de confltes. odavia, ainda nfo se nota um investimento maior na formagio teinamento de profissionals voltados 4 solucio ngo-contenciosa de conf tos, isto €, 8 negociagio, coneliagio e mediagio. 5, Certamente, essa drea ganharé grande impulso no futuro préximo, pois hi projetos delelinstituindo a mediagio, como o de autora da comissio constitulda pelo Instituto Brasileiro de Diteto Processual da qual a Professora Ada Pellegrini Grinover coordenadora, Este projto dele foi,em fins de 2003, fundido com o ptojetodelei de autoria da deputada Zulait Cobra, qu if estava no Senado Federal 3p6s aprovacao pela (Camara dos Deputados, tramitando hoje como projeto consensuado com grandes pos sibilidades de aprovagio pelo Congresso Nacional. Além de iniciativaslegislatives, hi também a endéncia; que se nota hoje no mercado, de incluso, principalmente nos ‘contratos internacionais, de clausula de mediseto necessiria antes do inicio de qual quer processo judicial ou de arbitagem. Iso se devea percepcdo dos contratantes de que a8 solugdes amigévels dos conflitos atendem melhor 20s bém por causa da preocupacio deles quanto & demora¢ ineficiéncie dos process Kazuo Watanabe 6,Porém, o que prevalece, atualmente ainda 0 modelo de solucio contenciosa ¢ adjudicada dos confitos de interesses. Somente nos juizados expeciais, em razio do ‘modelo imposto pelo legslador, a conciliacio épratcada mais intensamente. Fm 2003, FAPESP financiou uma pesquisa no Estado de Sio Paulo, felta pelo CEBEPE} — Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas Judiciais, que evelou que o indice de solugdesamnigh- veis alcancadas deixa muito a desejar (apenas cerca de 25% das causas terminaram por acordo). Esse resultado é conseqliéncia da falta de umn crtério mais rigoroso no recruta- ‘mento, capacitagao ereinamento dos conciliadores. Nos juizos comuns, poucos mags trados dedicam atenclo especial 4 conciliagdo, Muitos delesinvocam a sabrecarga de servigos ea falta de tempo como fatores determinantes da pouca dedicagio A solugio pacificada dos confitos. 1 7.Todavia, net sempre fol assim em nossa histériajurdica,Tivemos no passado, ppor exemplo, a Consttuigio do Império (1824), que em seu at. 161 dispunha express ‘mente que: “Sem se fazer constar que se tem intentado o meio da reconci comesaré processo algum” Eo ar. 162 esabelecta que, “para ese fim haverdjuiz de ati Na Constituigdo atual, 0 juiz de pazreaupera, em parte, sua importineia funcional, poiso inciso Il do art. 98 dispoe que, na forma lel, o juz de paz poders exercer“atribu bes conciliatéras, sem caréterjurisdicional,além de outras previstas na legislagio* ‘Mas, ndo consta que, até agora, alguma unidade da Federagio Brasileira tenha organiza- do ajustiga de paz para conferir-Ihe essa importancia funcional: 8, Oatual sistema processial brasleto, seguindo semprea linha do nosso leila or, procura prestgiar, em varios dispostivos, os melos alternativos de solucio de con tos, como conciliagao (arts 125, 1V, 331, 447a 449 e599-do CPC) ea arbiragem (Lei de Juizados Especiais, anteriormenteJuizados de Pequenas Causas), Temos agora até mes ‘mo lei especial dearbitragem (Lei 9.307/96). 9. Todavia, a mentatidade forjada nas academia, efotalecida na pris forense, queé aaquela jé mencionada de solucio adjucicadaautoritariamente peo juiz, por meio de sen. ‘enca, mentalidade essa agravada pela sobrecarga excessiva de servicos que tem os magis ttados, vem fazendo com que os dispositivos processuaiscitados sejam pouco ullizados, HA mesmo, o que €lastimavel, um cera preconcito contra esees meios alternatives, por sentirem alguns juizes que seu poder poders ficar comprometido se pessoas nic ppertencentes ao Poder Judicisrio puderem solucionar 08 confitos de interesses, Eni, ainda, «falsa percepedo de que a fungdo de conciliar € atividade menos notre, sendo a fungao de sentenciar a atribuicio mais importante do juiz. Nao percebem os ‘magistrados que assim pensam que a funcdo jurisdicional consiste, basicemente, em ecifarom justia cnftaneaeanando por vin de conseqieni asolusie do nuance R= ultra da sentencaeeultura da pacifiaston 10. outo itor que reazo entsisme do jes ela condigio Ea psep- co queelestem,emultasvezes com ao, de que oe mereinen se fer pels sapere f mags deep gra qu cided sus promotes, finda: nan ls os eng ores pf, no endo eonidradas esas aval, scntocscepconalmentasatvidades conciati aconduco dligentee comes dos vanccson run dedicate opanizaioda comarca es paricipagioem tabalhes 11 Disso tudo nasceu a chamada cultura da sentenza, que seconsolids assustadora- mente. Por todas as razbes acima citadas, os uizes preferem proferisentenca, 20 inves ‘detentar conciliaras partes para obter a solugio amnigivel dos conflitos, Sentenciar € ‘mais fil e comodo, para alguns juizes, do que pacificar os litigantes, Estio eles esquecidos do magistério de Candido Rangel Dinamarco, segundo © val: ‘A cesente valoszago ¢ emptego dos meos nf judials de paiinco ¢ conduto 3 dem jure fas itos mein eltemaer, focal da equilnceenre le ¢# dade etal charade fri, De ponte devin puamentejrfico ~ sceceta 0 conegrad procesaita palit — re dtrenar sf nouvel ¢eiminatam a din de gue se equal porque foment + rage tom, ene set bjetv 0 de dar efeade ao ordenamento rico substan ena qu obvamente ed for Ge giao nor camados mets aeration, Ss 9 a Sr fatstocamene eee no ete daa plo pcs scl do prea el ue € puede maa mone dsc ed pene ambin ness urate: bac “Tpuinee dss poss groper mata # ein de confine a lo, Tal € @ zoe tcl magne des, ue aut mem top coma elements nina pop (ord ele jars. + Bm seguida, completa: apparel dso proce ape equal funcional ete a pains fecel Inpeaieeapss eutesaiade. (Dua, Chndldo R. ites de det proces cl 24 Malco 1 $46, p. 122) (ifs nee 12, Devido & mentalidade anteriormente itada oar, 331 do Cédigo de Processo Givi, que designa audiénela para atentativa deconciafo eum contato pessoal entre as parteseseus advogados, edestes com 6 juize, em caso de facasso na tentativa de conc Tiago, para a fxagio orl pelo juiz,apés ouvicem as partes os pontos controvertidos da ‘causa, é cumpride como mera formalidade pot multos magistrados. Poucos seapercsbe ram do real objetivo do legisladar, que indus de papel dos pracestoseparao efetivo cumprimento do principio dai do process oral adotado pelo nosso leisiador processual. descumprirabertamenteo modelo insttuide peo legsiador, detxand Giéncia sob a alegacdo de que, no caso concreto, seré inl a tentativa de conciliagio

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