Professional Documents
Culture Documents
Como teórico da educação, Anísio não se preocupava em defender apenas suas idéias.
Muitas delas eram inspiradas na filosofia de John Dewey (1852-1952), de quem foi
aluno ao fazer um curso de pós-graduação nos Estados Unidos.
Defensor da escola pública universal e laica, Anísio Teixeira, pensa nas transformações
das necessidades brasileiras em relação à educação nessa primeira metade do século
XX. O movimento da Escola Nova teve seu início, no Brasil, durante a década de 1920.
Ele teve como uma de suas metas: eliminar o ensino tradicional que mantinha fins
puramente individualistas, pois buscava princípios da ação, solidariedade e cooperação
social. Para isto, propunha a introdução de novas técnicas e idéias pedagógicas. Para
Anísio, estávamos em grande desenvolvimento material e a escola permanecia ainda do
modelo passado, neste caso, só poderíamos acompanhar esse progresso material através
da educação. Essa nova educação seria o principal agente transformador da sociedade.
Segundo Anísio Teixeira, a teoria da educação nova é a tentativa de orientar a escola no
sentido do movimento de revisão dos velhos conceitos psicológicos e sociais que ainda
a pouco predominavam.
No mundo em plena transformação, com o desenvolvimento da maquinaria, do processo
industrial, da complexidade do mundo do trabalho, haveria a necessidade da escola se
readequar à essa nova realidade. Com a ciência mudam-se as concepções de mundo e
nessa nova ordem, segundo Anísio Teixeira, haveria a necessidade de preparar o homem
para indagar e resolver os problemas de um futuro desconhecido, um novo homem, com
hábitos novos de adaptabilidade e ajustamento, o que a escola tradicional não pode
preparar.
A escola tradicional é o retrato de uma sociedade que está em vias de desaparecer.
O novo homem deve estar introduzido nessa nova educação, com a nova psicologia de
aprendizagem que obriga a transformar a escola em um centro onde se vive e não em
um centro onde se prepara para viver. Na frase de Dewey é a reconstrução da
experiência, à luz da experiência atual.
Para a escola progressiva as matérias são a própria vida, distribuída por centros de
interesses ou projetos, os estudos é o esforço para resolver um problema ou executar um
projeto, ensinar é guiar o aluno na sua atividade e dar-lhe os recursos que a experiência
humana já obteve para lhe facilitar e economizar esforços.
A nova escola está pautada por algumas diretrizes de nossa época, a primeira é a
mudança de paradigma de nossa época, a desconfiança da natureza humana foi
substituída por uma atitude de segurança e otimismo, o método experimental
reivindicou a eficácia do pensamento humano; a segunda diretriz é o industrialismo e a
terceira é a tendência democrática.
Vemos então alguns pressupostos da velha escola tradicional:
1 – a escola se pressupôs que a educação se fazia no lar e na vida da comunidade,
cabendo tão somente suplimentá-la com a leitura, a escrita e contar.
2 – pressupôs uma ordem estática para o mundo e apenas preparando a criança para
cumpri-la na vida adulta.
3 – pressupôs que deveria manter o dogmatismo, as aprovadas atitudes sociais , morais e
religiosas.
4 – pressupôs que o futuro era perfeitamente conhecido.
É nesse sentido que podemos cravar as chaves do método da escola tradicional em:
Estudo – é o modo de aprender uma lição;
Aprender – significa aceitar e fixar na memória ou no hábito;
Ensinar – apenas uma doutrina daqueles fatos ou conceitos.
A escola nova deve prover oportunidade para a prática da democracia , em tempos do
homem moderno, a criança deve ganhar através da escola esse sentido de independência
e direção que permita viver com outros com a máxima tolerância, mas sem perder a
personalidade.
A nova psicologia de aprendizagem obriga a transformar a escola em um centro onde se
vive e não em um centro onde se prepara para viver. Uma escola de vida e de
experiência para que sejam possíveis as verdadeiras condições do ato de aprender. Uma
escola onde os alunos são ativos e onde os projetos formam uma unidade típica do
processo da aprendizagem. Uma escola onde os professores simpatizem com as criança,
sabendo que só através da atividade progressiva dos alunos podem eles se educar e
crescer. A criança agora é o centro da escola e o eixo da escola se desloca para ela. A
criança é a origem e o centro de toda atividade escolar. Na escola tradicional, prepara o
aluno para a vida futura e obedece a autoridade do professor, do programa e do livro.
Anísio Teixeira tentou implantar essas diretrizes e essa filosofia da educação, inspiradas
no pragmatismo deweyano, em sua administração enquanto Diretor da Instrução Pública
do Distrito Federal, entre 1931 e 1935. Nesse cargo, ele fez de sua administração a
vitrine da efetivação das idéias pedagógicas e da política educacional defendida pelo
movimento escolanovista.
O pensamento de Dewey
Dewey contrapõe que a idéia do sujeito é inato, pois para ele é preciso resgatar ou
restaurar o papel ativo do sujeito e o papel do professor como mediador. Para Dewey a
educação para a vida é mediadora entre a experiência do sujeito para o aprofundamento
da democracia e só podemos ampliar a democracia através da educação. A educação
nesse sentido é o meio para fornecer o aperfeiçoamento humano, a educação é a própria
capacidade de dirigir o próprio destino. Para Dewey, a experiência é fundamental . Ao
estabelecer a comparação entre educação tradicional e educação progressiva, Dewey
(1997) tem o cuidado de acentuar que aquilo que distingue os dois tipos de educação
não é, ao contrário do que uma interpretação superficial pode fazer crer, o recurso à
experiência. Efetivamente, como relata, "é um grande erro supor, mesmo que
tacitamente, que a sala de aula tradicional não era um sítio onde os alunos tivessem
experiências" (p. 26), esclarecendo, contudo, que a maioria destas era do "tipo errado"
(p. 26). O que diferencia a proposta da educação progressiva da educação tradicional
não consiste, pois, no recurso à experiência mas na qualidade das experiências
proporcionadas. Trata-se, por conseguinte, de uma distinção muito mais profunda, que
radica na adoção de Filosofias da Educação diferentes, entendidas como planos distintos
para a condução da educação.
Pistrak e Gramsci