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m deixado prescrever ou caducar o seu direito;

a. Ou não o tiver exercido contra o devedor ou contra o fiador, enquanto não estiverem solventes.
Não havendo repetição, o autor da prestação fica sub-rogado nos direitos do credor, i.e., passa, ele
próprio, a credo da obrigação que indevidamente cumpriu e que deverá ser satisfeita pelo verdadeiro
credor.

Na hipótese de o solvens cumprir uma obrigação alheia, na convicção de estar obrigado a cumpri-la, o
solvens ficará empobrecido, já que foi cumprir uma obrigação que era sua e que não estava obrigado a
cumpri-la, embora, disso, estivesse convencido. Potencialmente enriquecidos ficam:
i. Ou o credor, que surgirá satisfeito, independentemente das áleas que possam atingir o
verdadeiro devedor;
ii. Ou o verdadeiro devedor, que verá, sem esforço, efectivado aquilo que a ele competia.
A prestação efectuada por terceiro é, potencialmente, liberatória (art.º 767.º, n.º 1, CC). Em defesa de
uma relação de confiança que se estabelece entre o solvens e o legítimo accipiens – que pode e deve,
nos termos expostos, receber a prestação de um terceiro – a lei opta por consolidar o cumprimento,
submetendo ao enriquecimento o devedor e isso desde que o credor desconhecesse o erro, ao receber a
prestação (art.º 478.º, in fine, CC), quedando ao solvens exigir do devedor exonerado aquilo com que
injustamente se locupletou.

Enriquecimentos por prestação – generalidades

As hipóteses de enriquecimento por prestação são aquelas em que o enriquecimento ficou,


precisamente, a dever-se à realização de uma prestação. A primeira e tradicional modalidade é
condictio indebiti, expressa no art.º 473.º, n.º 1, como o enriquecimento que tem por objecto “o que for
indevidamente recebido”. Este universo não fica preenchido pela repetição do indevido, dado que esta
última, em sentido técnico, exige um animus solvendi relativo a uma obrigação que não exista no
momento da prestação (art.º 476.º, n.º 1, CC). A condictio indebiti é menos estrita, bastando-se com um
pagamento feito, relativamente a uma obrigação inexistente.
Enquanto que a repetição do indevido dá azo à repetição simples (art.º 476.º, n.º 1, CC), a condictio
indebiti requer a aplicação de regras complexas patentes no art.º 479.º.
Menezes Cordeiro entende que há espaço para uma condictio indebiti mais ampla do que a repetição
do indevido, dado que:
a. O n.º 2 do art.º 473.º refere “o que for indevidamente recebido”, o que é mais amplo do que “o
que for prestado com intenção de cumprir uma obrigação que não existia no momento da
prestação” (cf. art.º 476.º, n.º 1, CC);
b. O n.º 1 do art.º 473.º veda o enriquecimento sem causa em geral, sendo que o que for
indevidamente recebido não deixa de o ser, quando se encaixe na previsão do n.º 1 do art.º
476.º.

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