IMPOSTOS

CASA E CARRO

Independente • Credível • Perto de si

ÍNDICE
3

IMPOSTOS DA CASA������������������������������������������������������������������������������������4
IMPOSTOS DO CARRO������������������������������������������������������������������������������ 14
GLOSSÁRIO��������������������������������������������������������������������������������������������������22

deco proteste, Lda. • Av. Eng. Arantes e Oliveira, 13, 1.º B • 1900-221 lisboa
Tel. 808 200 146/218 410 801 • www.deco.proteste.pt

Editor responsável Redação Depósito Legal Impressão

Pedro Moreira José Macário 389816/15 Agir
Coordenação Projeto gráfico ISBN Rua Particular
editorial e ilustrações 978-989-737-050-2 Edifício Agir
João Mendes Isla Gráfica Quinta de Santa Rosa
2680-458 CAMARATE
Apoio técnico Capa e paginação
Ernesto Pinto Alexandra Lemos

Esta publicação, no seu todo ou em parte, não pode ser reproduzida nem transmitida por qualquer forma ou processo, eletrónico,
mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia, xerocópia ou gravação, sem autorização prévia e escrita da editora.
 IMPOSTOS
DA CASA
Tanto os inquilinos como os senhorios têm de declarar as
rendas pagas e recebidas no IRS, embora tanto uns como
outros possam fazer deduções. Os proprietários também
são tributados ao comprar, ao vender e até se fizerem uma
permuta. Mas há formas de minimizar o impacto do Fisco...

NO ARRENDAMENTO tenha em conta quaisquer subsídios ou

Tratando-se do arrendamento de um
imóvel, deve assegurar-se de que o con-
trato é redigido em triplicado. Só assim
o senhorio e o inquilino terão direito às
deduções previstas. Seguidamente, é
necessário apresentar todos os exem-
plares do contrato de arrendamento no
serviço de finanças da área onde a casa
se situa. Um exemplar ficará na reparti-
ção e os restantes com o proprietário e
o inquilino.
comparticipações oficiais (como será
o caso do subsídio de arrendamento
jovem) que eventualmente receba.
Para poder usufruir desta possibilidade
de dedução, é necessário que a casa se
situe em território nacional e que seja a
habitação permanente do contribuinte.
Tenha em conta também que não se
trata de uma despesa cumulativa, ou

Inquilinos
O inquilino pode deduzir, no caso das
rendas pagas em 2014 (a declarar em
2015), 15% do seu valor, até ao limite de €
502. Esse limite sobe para € 602,40 para
quem está no 2.º escalão do IRS e para €
753 para quem está no 1.º

Declare o valor total de rendas pagas

usando o código 732 no quadro 7 do
anexo H. Também deve identificar o
senhorio através do número de contri-
buinte. No cálculo do valor a declarar,

4 IMPOSTOS CASA E CARRO

seja, se a meio do ano vier a comprar
habitação própria e deixar a que tem
arrendada (ou vice-versa), só poderá
declarar uma das despesas. Nesse caso,
opte sempre pela mais elevada.
Senhorios
Os rendimentos das rendas provenien-
tes de imóveis são tributados à taxa
autónoma de 28%, mas é possível optar
pelo englobamento. Porém, antes de
decidir, use a aplicação IRS Sem Custo,
disponível em www.irssemcusto.pt (é
gratuita), para confirmar se o engloba-
mento compensa, pois nele deve incluir
os rendimentos de capitais obtidos em
2014, como juros de depósitos à ordem e
mais-valias mobiliárias provenientes, por
exemplo, da compra e venda de ações.
Seja qual for a escolha, deve declarar
o rendimento no quadro 4 do anexo F,
identificando também o inquilino no
campo “NIF do arrendatário”.
Aos rendimentos das rendas recebidas
em 2014 podem ser deduzidas despe-
sas de manutenção e de conservação
do imóvel, desde que comprovadas por
faturas que respeitem as normas legais.
Assim, são dedutíveis despesas com:
•• pinturas interiores e exteriores;
•• reparação ou substituição do sistema
de canalização ou elétrico;
•• energia e manutenção dos elevado-
res;
•• energia para iluminação, aquecimento
ou climatização central;
•• gastos com porteiros e limpezas;
•• prémios de seguro de prédios;
•• taxas autárquicas, como a de sanea-
mento e esgotos;
•• segurança do imóvel;
•• imposto municipal sobre imóveis (IMI).
No caso de arrendar uma fração autó-
noma num prédio que esteja em regime
de propriedade horizontal (apartamen-
tos), pode deduzir à coleta os encar-
gos que, por lei, os condóminos têm
de pagar, como é o caso do seguro de
incêndio ou as quotas de condomínio.
No entanto, nesse caso não vai poder
deduzir as despesas com:
•• obras de construção que alterem a
estrutura do imóvel (por exemplo,
erguer mais uma divisão);
•• compra de mobiliário;
•• instalação de equipamentos de ar
condicionado;
IMPOSTOS CASA E CARRO 5
 •• obras de valorização (como instalar um
sistema de rega no jardim);
•• custos com a certificação energética.
A retenção na fonte é de 25%, mas ape-
nas é obrigatória se os rendimentos
prediais excederem € 10 000 anuais.
Para haver retenção na fonte é preciso
que o arrendatário tenha contabilidade
organizada.
NA COMPRA E VENDA
Primeiro, as boas notícias: apesar de
terem de ser declarados, há rendimen-
tos provenientes da venda de imóveis
que não estão sujeitos a IRS. É o caso
da venda de imóveis adquiridos antes
de 1989 e de imóveis destinados a habi-
tação permanente vendidos a fundos
de investimento imobiliário para fins de
arrendamento habitacional. Ambos são
declarados no quadro 5 do anexo G1.
IMT
Se o seu imóvel não se enquadra
em nenhuma das situações referidas
6 IMPOSTOS CASA E CARRO
aplica-se a lei geral, ou seja, está sujeito
ao pagamento do Imposto Municipal
sobre as Transmissões Onerosas de Imó-
veis (IMT), seja a transação uma compra,
uma venda ou uma permuta.
O IMT é pago por quem compra a casa
(nova ou usada) ou o terreno. No caso
de permuta (troca de uma habitação por
outra), o pagamento do imposto cabe
ao novo proprietário do imóvel de maior
valor, a menos que beneficie de isenção.
O pagamento deve ser efetuado antes de
se assinar a escritura de compra e venda
do imóvel ou o documento de permuta.
Pode fazê-lo na na tesouraria do serviço
de finanças da área do imóvel ou em
www.portaldasfinancas.gov.pt. A menos
que haja isenção, será necessário entre-
gar o comprovativo do pagamento do
IMT ao notário no ato da escritura. Caso
o novo proprietário tenha recorrido ao
crédito à habitação, o documento é nor-
malmente entregue à instituição bancária
uns dias antes da escritura.
Isenções
Quando se trata de uma compra até
determinados valores, estão isentos do
pagamento de IMT os imóveis que se
destinem exclusivamente a habitação
própria e permanente do proprietário.
Nesta categoria englobam-se os imóveis
com preço de compra até € 92 407 ou €
115 508,74, conforme se localizem, respe-
tivamente, no Continente ou nas Regiões
Autónomas (consulte o quadro ao lado).
As habitações secundárias (por exemplo,
as casas de férias) pagam sempre IMT.
Taxas
As taxas de IMT variam segundo o tipo
de imóvel e o facto de se destinar (ou
não) a habitação permanente do pro-
prietário. Acha-se o valor a pagar mul-
tiplicando o valor tributável pela taxa
 QUANTO TEREI DE PAGAR DE IMT EM 2015?

O valor a ter em conta para o cálculo localização e na idade. Não se

do imposto é, por norma, o maior dos
seguintes:
›› O indicado no contrato, por exem-
plo, o valor que consta da escritura;
›› O valor patrimonial tributário. A
Autoridade Tributária e Aduaneira
calcula-o com base no preço de
construção por metro quadrado,
na qualidade de construção, na
esqueça de que pode pedir uma
atualização do valor.
No caso de permuta de imóveis, o
imposto incide sobre a diferença
entre os preços de compra de ambos
ou sobre a diferença entre os valores
patrimoniais tributários, contando
sempre o mais elevado.

Exemplo para uma casa de € 100 000, situada em Coimbra, destinada a habi-
tação própria e permanente:

€ 100 000 × 2% − € 1848,14 = € 151,86

habitação própria e permanente habitação secundária

Taxa Parcela Taxa Parcela

Valor (€) Valor (€)
(%) a abater (€) (%) a abater (€)
Portugal Continental Portugal Continental
Até 92 407 0 Até 92 406,99 1 0
92 407,01 a 126 403 2 1 848,14 92 407 a 126 403 2 924,07
126 403,01 a 172 348 5 5 640,23 126 403,01 a 172348 5 4 716,16
172 348,01 a 287 213 7 9 087,19 172 348,01 a 287 213 7 8 163,12
287 213,01 a 574 323 8 11 959,32 287 213,01 a 550 836 8 11 035,25
A partir de 574 323 6 0 A partir de 550 836 6 0
Açores e Madeira Açores e Madeira
Até 115 508,74 0 Até 115 508,75 1 0
115 508,75 a 158 003,75 2 2 310,18 115 508,76 a 158 003,74 2 1 155,09
158 003,76 a 215 435 5 7 050,29 158 003,75 a 215 435 5 5 895,20
215 435,01 a 359 016,25 7 11 358,99 215 435,01 a 359 016,24 7 10 203,90
359 016,26 a 717 903,74 8 14 949,15 359 016,25 a 688 545 8 13 794,06
A partir de 717 903,74 6 0 A partir de 688 545 6 0

correspondente. Esta varia também em a parcela a abater correspondente.

função de o imóvel se situar no Conti- Também pode usar o nosso simulador
nente ou nas Regiões Autónomas (veja (www.deco.proteste.pt/imt) para saber
o quadro). Ao valor obtido subtrai-se se está isento ou quanto terá de pagar.

IMPOSTOS CASA E CARRO 7


IMI
O Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI)
incide sobre o valor patrimonial tribu-
tário. É devido pelos proprietários de
imóveis:
•• adquiridos e com valor patrimonial tri-
butário superior a € 125 000 (em 2015);
•• quando o período de isenção termina;
•• quando não há direito a isenção, como
no caso de uma segunda habitação.
A nota de cobrança é enviada pelas
Finanças no mês anterior ao do paga-
mento. Se o valor for menor que € 250,
é pago em abril. Se ficar entre € 250 e
€ 500, é dividido em duas prestações,
pagas até ao final de abril e de novem-
bro. Caso ultrapasse € 500, o valor é
dividido por três prestações, a pagar em
abril, julho e novembro.
Os proprietários de imóveis abrangidos
pelas regras antigas, avaliados pelas
8 IMPOSTOS CASA E CARRO
Finanças durante 2012 e 2013, usufruíam
de uma cláusula de salvaguarda que
previa uma subida gradual do IMI. No
entanto, a partir de 2015, têm de supor-
tar o valor total do IMI.
Isenções
Atualmente, o período máximo de isen-
ção é de três anos. Para ter direito a ela,
o valor patrimonial tributário do imóvel
tem de ser menor que € 125 000 e este
deve destinar-se a habitação própria e
permanente do contribuinte. Além disso,
se tiver um rendimento anual sujeito a
imposto superior a € 153 300, o proprie-
tário não tem direito à isenção.
Arrumos e garagens também estão isen-
tos de IMI, mas apenas se fizerem parte
da mesma fração da habitação própria
e permanente ou se, sendo fração autó-
noma, fizerem parte do mesmo edifício
ou urbanização onde aquela se localiza.
Em qualquer caso, têm de ser utilizados
exclusivamente pelo proprietário e seu
agregado familiar.
As famílias com um rendimento anual
bruto inferior a € 15 295 e com imóveis
cujo valor total não exceda € 66 500 estão
isentas do pagamento de IMI, mas têm
de pedir a isenção nas Finanças. Porém,
mesmo que reúna as condições para a
isenção, esta só é concedida duas vezes
ao mesmo contribuinte ou agregado
familiar. O pedido deve ser feito no prazo
de 60 dias após os seis meses a seguir à
compra ou ao fim da construção ou da
beneficiação do imóvel, por carta diri-
gida ao chefe do serviço de finanças da
área do imóvel, ou no Portal das Finan-
ças (w w w.por taldasfinancas.gov.pt),
seguindo o caminho: Os seus serviços >
Entregar > Pedido > IMI > Isenção.
Se tiver dívidas à Segurança Social ou ao
Fisco, a isenção não será concedida. No
caso de ser trabalhador independente,
os serviços podem pedir-lhe que entre-
gue declarações da Segurança Social ou
de outros sistemas de saúde e previdên-
cia para comprovar que a sua situação se
encontra regularizada.
Taxas
A taxa a aplicar varia conforme o imó-
vel seja do tipo urbano ou rústico. São
imóveis urbanos as casas para habita-
ção, edifícios industriais ou afetos ao
exercício de atividades independentes,
bem como os terrenos para construção.
Sobre estes incide uma taxa de entre
0,3% e 0,5% sobre o valor patrimonial,
decidida anualmente pelo município
onde o imóvel está localizado.
São imóveis rústicos os terrenos com
fins agrícolas, não construídos ou ape-
nas com construções de valor reduzido
e de caráter acessório, como arrumos.
Nestes casos, a taxa é sempre de 0,8%,
independentemente da sua localização.
Valor patrimonial tributário
O valor patrimonial tributário (VPT) é cal-
culado em função de vários fatores, como
o valor de construção por metro qua-
drado, a área bruta, a localização, a qua-
lidade, o conforto e a idade do imóvel. O
VPT é atualizado automaticamente pelas
Finanças a cada três anos, mas usando
coeficientes que só aumentam o valor
do imóvel e não as restantes parcelas da
fórmula, o que prejudica os contribuintes.
Por exemplo, desde 2010 que o valor de
construção por metro quadrado não sofre
alterações, tendo estabilizado em € 603.
À idade do imóvel chama-se coeficiente
de vetustez (número inteiro de anos
decorridos desde a data da licença de
utilização ou da data de conclusão das
obras de edificação). Este coeficiente
diminui com a idade do imóvel.
Pode solicitar a atualização dos dados
do imóvel se tiverem passado mais de
três anos desde a última avaliação fiscal
(normalmente, é a data da inscrição na
matriz que está na caderneta predial).
Se o imóvel tiver sido reavaliado (na
sequência de partilhas por divórcio ou
herança, ou devido a doação), essa é a
data que conta. Encontra-a em “Entre-
gue em” na zona dos dados de avaliação
da caderneta predial, que pode descar-
regar do Portal das Finanças.
Averigue se não terão ocorrido altera-
ções também nos outros coeficientes
e, com a ajuda da caderneta predial,
faça uma simulação no nosso portal
(www.paguemenosimi.pt), para tentar
saber se lhe está a ser cobrado mais
imposto do que deveria.
Se compensar pedir a atualização dos
dados do imóvel, pode preencher o
modelo 1 do IMI e entregá-lo nas Finan-
ças. Também pode usar o Portal das
Finanças, seguindo o caminho: Serviços
> Entregar > Declaração > IMI > Modelo
1 > Inscrição > Atualização de prédios.
O pedido de atualização é gratuito,
desde que o imóvel tenha sido adqui-
rido depois de dezembro de 2003 e que
a última avaliação (a pedido do contri-
buinte ou das Finanças) tenha sido feita
há, pelo menos, três anos completos.
Após a nova avaliação, caso não con-
corde com o valor atribuído, pode pedir
uma segunda avaliação, no prazo de 30
dias a contar da data de notificação. No
entanto, a nova avaliação já terá de ser
paga. Custa entre € 765 e € 3060.
É importante fazer essa verificação,
pois uma diminuição no valor patrimo-
nial pode ter influência nas taxas de
IMPOSTOS CASA E CARRO 9
 saneamento e esgotos. Alguns municí-
pios indexam o montante dessa taxa ao
valor patrimonial tributário do imóvel.
MAIS-VALIAS
Aos ganhos resultantes da venda de
imóveis destinados a habitação própria
e permanente do contribuinte ou do
seu agregado familiar chama-se mais-
-valias. Normalmente, esses ganhos
também são objeto de tributação por
parte do Fisco. Mas pode evitá-lo se o
valor obtido com a venda da casa for
reinvestido, no prazo de 36 meses, na
compra de um terreno para construção
ou na compra, construção, ampliação ou
melhoramento de outro imóvel, desde
que este seja utilizado para o mesmo fim
daquele que foi vendido. Além disso, o
referido imóvel precisa de estar locali-
zado na União Europeia.
No caso de comprar outro imóvel, o
Fisco impõe ainda como condição para a
não cobrança das mais-valias a afetação
deste à habitação do contribuinte ou do
seu agregado familiar até doze meses
após o fim do prazo em que o reinves-
timento deve acontecer (na prática, até
quarenta e oito meses).
Caso o reinvestimento seja efetuado atra-
vés da compra de um terreno para cons-
trução ou da construção, ampliação ou
melhoramento de um imóvel para habita-
ção, o Fisco obriga a que as obras come-
cem até seis meses após o fim do prazo
em que o reinvestimento deve ser efe-
tuado (na prática, até três anos e meio).
A inscrição do imóvel na matriz predial
tem de ser pedida até 24 meses depois
do início das obras e o prédio construído
deve ser afeto à habitação até ao fim do
quinto ano seguinte ao da venda.
Se quiser reinvestir a mais-valia, convém
que o declare no ano da venda. Na decla-
ração de IRS relativa a esse ano e nas dos
três anos seguintes (se necessário), terá
de comprovar os reinvestimentos feitos.
Caso não reinvista a mais-valia, metade
do valor será englobado pelo Fisco aos
restantes rendimentos. Nesse caso,
preencha apenas o quadro 4 do anexo G.
Se reinvestir toda a mais-valia, tem de
preencher os quadros 4 e 5 do anexo G.
Se realizar um reinvestimento parcial
com recurso ao crédito, no quadro 4 do
anexo G declare os valores de venda, de
compra, com datas e encargos. Identi-

calcular mais-valias ou menos-valias de imóveis (na declaração de 2015)

Forma
Tipo de alienação Fórmula Resultado
de tributação
Valor da venda − (valor da
compra × coeficiente de
desvalorização) − encargos Sendo positivo, há
Venda de imóvel
com a compra ou venda − mais-valia (sujeita a 50% da
encargos com a valorização tributação) mais-valia é
(nos últimos 5 anos) englobada nos
Cedência onerosa de restantes
Sendo negativo, há
posição contratual Valor recebido pelo rendimentos
menos-valia (logo, não
ou outros direitos cedente − preço pago pela há tributação)
relativos a bens aquisição de direitos
imóveis

10 IMPOSTOS CASA E CARRO

 DEDUÇÃO DOS JUROS DE EMPRÉSTIMOS
Pode ainda deduzir no IRS 15% do que
paga anualmente em juros de emprés-
timos, desde que estes tenham sido
contraídos para comprar ou melhorar
uma casa para habitação própria e per-
manente. O mesmo se aplica à compra
a crédito de casas para arrendamento,
desde que sirvam de habitação perma-
nente dos inquilinos. O imóvel em causa
tem de se situar na União Europeia.
O limite da dedução em 2014 é € 296,
majorável de acordo com os rendi-
mentos do contribuinte. Se está no
2.º escalão de IRS, pode deduzir até €
355,20. Se está no 1.º escalão, o valor
sobe para € 444. Use o código 731 no
fique o imóvel vendido com o código
da freguesia de localização, tipo, artigo
matricial e fração. No quadro 5 ins-
creva o valor do empréstimo em dívida,
quanto pretende reinvestir (subtraia o
montante do crédito da nova casa ao
valor de compra) e se reinvestiu nos 12
meses anteriores ou no ano do negócio.
Se o reinvestimento for parcial sem
recurso ao crédito basta indicar, no qua-
dro 4, o valor de compra e de venda e
identificar o imóvel. No quadro 5 inscreve
o valor a reinvestir na compra da casa
nova e, no quadro 5A, identifica o imóvel
onde foi realizado o reinvestimento. Indi-
que o código da freguesia de localiza-
ção, o tipo, o artigo matricial e a fração.
Dedução dos encargos
No cálculo das mais-valias a incluir na
declaração de IRS é possível deduzir os
encargos com eventuais obras de benefi-
ciação do imóvel, desde que tenham ocor-
rido nos últimos cinco anos, e as despesas
com a compra ou com a alienação. Assim,
quadro 7 do anexo H e identifique o
imóvel no campo 814 do quadro 8,
também do anexo H.
Em qualquer dos casos, a dedução só
será possível se a compra do imóvel tiver
ocorrido até 31 de dezembro de 2011.
Existe também um benefício que per-
mite aos proprietários deduzir 30% dos
encargos, até € 500, com a reabilitação
de imóveis localizados em “áreas de
reabilitação urbana” e recuperados
segundo estratégias de reabilitação.
Pergunte na câmara municipal da sua
residência se o edifício está localizado
numa destas áreas.
REINVESTIR A PRAZO
Se já comprou a casa nova e ainda
não conseguiu vender a antiga, a
Autoridade Tributária e Aduaneira
também considera que o ganho
é reinvestido se a venda da casa
antiga ocorrer no prazo de 24
meses após a compra da nova,
desde que o valor dessa venda seja
usado para pagar a habitação nova.
além dos encargos com obras, pode ainda
apresentar as despesas relativas a:
•• mediação imobiliária;
•• certificado energético;
•• IMT da compra da casa vendida;
•• registos e escritura da compra da casa
vendida.
IMPOSTOS CASA E CARRO 11
 IMPOSTOS DA CASA
EM 10 QUESTÕES
Em 2014, arrendaram-me um ter-
1 reno para estaleiro de uma obra.
Uma vez que a empresa de construção
faz retenção na fonte, vou receber
uma declaração de rendimentos pagos
e montantes retidos?
Sim. Se tiver contabilidade organizada,
o arrendatário faz retenção na fonte, o
que o obriga a entregar uma declaração
ao senhorio até 20 de janeiro do ano
seguinte. Esta serve de comprovativo
dos rendimentos e das retenções feitas.
Os montantes devem ser discriminados
nos quadros 3, 4 e 5 do anexo F.
Vivo num apartamento arren-
2 dado. Depois de obter a autoriza-
ção do senhorio, arrendei um dos
quartos a um estudante, por € 240
mensais. Devo declarar este valor?
A isto chama-se sublocação ou subar-
rendamento. A diferença positiva entre a
renda recebida e a que paga ao senhorio
está sujeita a IRS. Deve declarar o rendi-
mento no quadro 6 do anexo F. A renda
paga pelo estudante e a parte que acor-
dou entregar ao senhorio são inscritas
no campo 601.
Em 2014, os meus rendimentos
3 prediais foram inferiores aos
encargos com a manutenção do andar.
Posso recuperar o prejuízo?
O Fisco calcula os rendimentos prediais
automaticamente. Se o prejuízo se dever
a obras de conservação ou a despesas
de manutenção, não pode ser deduzido
no próprio ano. Apenas nos cinco anos
seguintes e desde que opte pelo englo-
bamento. Quando preencher o anexo F
na declaração relativa a 2014, indique os
12 IMPOSTOS CASA E CARRO
rendimentos e encargos. O Fisco dedu-
zirá o prejuízo.
Em 2014, vendi um terreno para
4 construção, que comprei em
1987. Devo declarar a venda?
Sim. Só estão isentos do pagamento de
imposto os rendimentos obtidos com a
venda de terrenos agrícolas, industriais
ou imóveis comprados antes de 1989.
Apenas se o terreno vendido tivesse
sido comprado antes de 9 de junho de
1965 estaria isento. O ganho englobado
aos seus restantes rendimentos será 50%
da mais-valia. Para o declarar, preencha
os quadros 4A e 4B do anexo G.
Em 2014, fiz uma permuta do
5 andar em que vivia por um maior.
Há implicações fiscais?
A permuta consiste em trocar um bem
por outro: neste caso, uma casa. O seu
tratamento fiscal é idêntico ao das mais-
-valias imobiliárias. Assim, se o imóvel
permutado se destinar a habitação pró-
pria e permanente, aplicam-se as regras
do reinvestimento. O Fisco faz o cálculo
automaticamente. O contribuinte só tem
de assinalar, no quadro 4 do anexo G,
o preço de compra do imóvel e o valor
atribuído na permuta. No quadro 5 é ins-
crito o montante reinvestido.
Uma agência de publicidade paga-
6 -me todos os meses para ter afi-
xado um anúncio na parede da minha
casa. Tenho de declarar os valores?
Sim, pois estes constituem um rendi-
mento predial. Caso o valor pago anual-
mente exceda € 10 000, a empresa, se
tiver contabilidade organizada, é obri-
gada a reter na fonte 25% do valor. Os
montantes devem ser declarados no
anexo F.
 Divorciei-me em julho, mas conti-
7 nuo a suportar metade da presta-
ção mensal do crédito à habitação da
casa, que ficou na posse da minha ex-
-mulher. Posso deduzir o valor que
pago?
Não. Apenas quem utiliza o imóvel como
habitação própria e permanente pode
usufruir do benefício fiscal aplicado aos
juros do crédito à habitação. Este não é
o seu caso, uma vez que o seu domicílio
fiscal já é diferente. Tal não impede que
o banco lhe possa enviar a declaração
anual dos montantes pagos.
O meu imóvel foi avaliado este
8 ano. O do vizinho de cima é exa-
tamente igual, mas a avaliação foi
superior em mais dez mil euros.
Porquê?
Dois apartamentos no mesmo prédio e
com a mesma tipologia não têm neces-
sariamente o mesmo valor tributário.
Mesmo sendo iguais, entra em linha
de conta o coeficiente de qualidade
e conforto. Basta, por exemplo, que a
exposição solar de um deles seja con-
siderada melhor para haver diferença
de valores.
€
O meu tio faleceu e deixou-me
9 uma casa como herança. Terei
impostos a pagar?
Sim. As transmissões (por doação
ou herança) geralmente não pagam
imposto se forem feitas a favor do côn-
juge ou do unido de facto; de descen-
dentes, como os filhos e os netos; ou de
ascendentes, como é o caso de pais e
avós. Os restantes têm de pagar uma
taxa de 10% sobre o valor patrimonial
tributário inscrito na caderneta predial à
data da transmissão. No entanto, inde-
pendentemente do parentesco, no caso
dos imóveis é sempre devida uma taxa
de 0,8%, que também incide sobre o
valor patrimonial tributário inscrito na
caderneta predial à data da transmissão.
Em 2011, pedi um empréstimo
10 para comprar uma casa que
agora está arrendada. Os juros e as
amortizações podem ser deduzidos?
Das quantias pagas em 2014, só é possível
deduzir 15% dos juros, até ao limite-base
de € 296, relativos a empréstimos para
compra de imóveis destinados a arrenda-
mento, desde que situados em Portugal ou
na União Europeia. Isto desde que sirvam
de habitação permanente ao inquilino.
€
€
€
€
13
 IMPOSTOS
DO CARRO
Se vai comprar automóvel novo, esteja atento aos impostos
que vai ter se suportar e contabilize-os no que lhe vai custar o
novo meio de transporte. Mas alegre-se, porque também há
algumas deduções.

IVA Aceda ao site e-fatura (https://faturas.

É possível reaver 15% do IVA suportado
com despesas com reparação e manu-
tenção de automóveis e motociclos (bem
como com restauração, alojamento,
cabeleireiros e institutos de beleza), até
um montante máximo de € 250.
portaldasfinancas.gov.pt) para inserir
faturas e/ou validar as que são inseri-
das pelos comerciantes. O site informa-
-o, em tempo real, do montante que irá
deduzir nos seus impostos na próxima
entrega de IRS.

Para este benefício contam as faturas das ISV

prestações de serviços referidas acima
emitidas durante o ano de 2014 e que Se comprar um carro, terá de suportar os
tenham o seu número de contribuinte. impostos correspondentes. Nomeada-

Este é um benefício automático, ou seja, o

valor a deduzir é calculado pelo Fisco. Não
é preciso indicar nada na sua declaração
de IRS. O Fisco já contabilizou as faturas ISV
corretamente inseridas tanto pelos comer-
ciantes como pelos consumidores, no sis-
tema e-fatura, até 31 de janeiro de 2015.

Portanto, para usufruir desta dedução, IUC

a única coisa que tem de fazer é pedir IVA
fatura com número de contribuinte. Mas
é melhor pedir todas: para obter a dedu-
ção máxima de € 250, terá de ter cerca
de € 9 000 em faturas.

14 IMPOSTOS CASA E CARRO

mente, o Imposto Sobre Veículos (ISV) e Como pode confirmar no quadro abaixo,
o IVA, que, somados, representam quase o ISV é calculado da seguinte forma:
27% do preço final do automóvel.
•• € 1504,03 correspondem à cilindrada
Ao longo dos anos tem sido enorme a (1461 × € 4,70 – € 5362,67);
discussão acerca da aplicação do IVA
sobre o ISV, considerada por muitos
uma dupla tributação. O facto é que, ISV automóveis de passageiros (2015)
com uma taxa de 23%, o IVA é uma par- Componente cilindrada
cela importante do preço final pago pelo
Taxas Parcela
consumidor. Por exemplo, o Renault Cilindrada
por cc a abater (€)
Clio 1.5 DCI IV Dynamique S 5P 90 cv (o
Até 1250 1 740,50
modelo mais vendido em Portugal em
2014) tem um preço de venda ao público Mais de 1250 4,70 5 362,67
de € 19 950, dos quais € 5 425,22 são Componente ambiental *
constituídos por impostos. Taxas Parcela
Escalão de CO2
por cc a abater (€)
Até julho de 2007, o ISV era calculado Veículos a gasolina
com base na cilindrada do veículo. A Até 115 g/km 4,15 390,35
partir dessa data, também entram na
equação as emissões de CO2 (dióxido de De 116 a 145 g/km 37,91 4 281,66
carbono). Assim quanto maior a emissão De 146 a 175 g/km 44 5 161,20
de CO2 mais pagará de imposto, exis- De 176 a 195 g/km 111,85 17 047,04
tindo tabelas distintas para os automó-
Mais de 195 g/km 147,69 24 021,60
veis a gasolina e a gasóleo, de acordo
com os valores que constam das fichas Veículos a gasóleo
de homologação dos veículos, dispo- Até 95 g/km 19,97 1 586,51
níveis para consulta nas informações De 96 a 120 g/km 57,15 5 173,80
técnicas.
De 121 a 140 g/km 126,75 13 642,70
Para demonstrar a forma de cálculo, De 141 a 160 g/km 140,96 15 684,40
recorremos novamente ao Renault Clio Mais de 160 g/km 193,61 24 137,71
1.5 DCI IV Dynamique S 5P 90 cv, com
* Desde 1 de julho de 2007
1461 de cilindrada e emissões de CO2 de Há um agravamento de € 615 para todos os veículos a
89 g/km. gasóleo que emitam 0,003 g/km ou mais de partículas.

IMPOSTOS CASA E CARRO 15

 •• € 190,82 correspondem às emissões •• no caso de a deficiência ser nos mem-
de CO2 (89 × € 19,97 – € 1586,51). bros inferiores, elevada dificuldade no
acesso ou utilização de transportes
No total, para o "nosso" Renault Clio, o públicos.
montante a pagar de ISV é € 1694,85 (€
1504,03 + € 190,82). Estão também isentos os multideficien-
tes profundos, com um grau de desva-
Isenções lorização igual ou superior a 90%, que:
Estão isentos de pagar ISV os condu-
tores com deficiência motora igual ou •• tenham acentuada dificuldade em
superior a 60%, desde que tenham: andar na via pública sem auxílio de
outrem ou que usem meios de com-
•• limitação funcional permanente devida pensação (como muletas);
a alterações na estrutura e funções do
corpo (congénitas ou adquiridas); •• tenham dificuldade no acesso ou na
utilização de transportes públicos;
•• no caso de a deficiência ser nos mem-
bros inferiores, elevada dificuldade em •• estejam comprovadamente impedidos
andar na via pública sem auxílio de de conduzir automóveis.
outrem ou utilizem próteses, ortóteses,
cadeiras de rodas ou muletas; Os deficientes que se movam apenas em
cadeira de rodas, com um grau de des-
valorização igual ou superior a 60%, e os
IUC 2015 automóveis a gasóleo comprados deficientes visuais, com um grau de desva-
até 30 de junho de 2007
lorização de 95%, também estão isentos.
Gasóleo 1995 1990 1981
Cilindrada (cc) a 2007 a 1995 a 1989
Até 1 500 € 20,78 € 13,10 € 9,20 IUC
1 501 até 2 000 € 41,72 € 23,45 € 13,10
2 001 até 3 000 € 65,17 € 36,43 € 18,27 O ISV é pago no ato da compra, mas
existe um imposto que regressa anual-
Mais de 3 000 € 165,35 € 87,21 € 37,69
mente: é o Imposto Único de Circulação

IUC 2015 automóveis a gasolina, GPL ou elétricos comprados até 30 de junho de 2007
Gasolina GPL e outros Elétricos 1995 1990 1981
Cilindrada (cc) Cilindrada (cc) (voltagem total) a 2007 a 1995 a 1989
Até 1 000 Até 1 500 Até 100 € 17,64 € 11,12 € 7,81
1 001 até 1 300 1 501 até 2 000 Mais de 100 € 35,41 € 19,90 € 11,12
1 301 até 1 750 2 001 até 3 000 € 55,31 € 30,92 € 15,51
1 751 até 2 600 Mais de 3 000 € 140,34 € 74,02 € 31,99
2 601 até 3 500 € 254,85 € 138,78 € 70,67
Mais de 3 500 € 454,06 € 233,24 € 107,17

Exemplo: no caso de um ligeiro a gasolina de 1999 com 1600 cc de cilindrada, o IUC a pagar
é de € 55,31.

16 IMPOSTOS CASA E CARRO

(IUC). Este incide sobre a posse do auto-
móvel e tem de ser pago todos os anos,
tendo o fim do mês de matrícula como
data-limite para o seu pagamento.
Existem duas formas de o calcular, em
função da data de matrícula. A tabela de
IUC para veículos adquiridos a partir de
1 de julho de 2007 oscila entre € 85,06
e € 701,31 (veja os quadros). Os auto-
móveis comprados até 30 de junho de
2007 pagam menos imposto. Os valores
variam entre € 7,81 e € 454,06.
Em 2014 começou a ser aplicado um
valor adicional de imposto aos automó-
veis a gasóleo, independentemente da
data de aquisição. Para simplificar as
nossas tabelas e a sua consulta, optámos
por incluir nos valores previstos para os
automóveis a gasóleo esta taxa.
Assim, voltando ao "nosso" Renault Clio
a gasóleo, com 1461 de cilindrada e 89
g/km de emissões de CO2, o valor de
IUC a pagar em 2015 é de € 142,98. A
cilindrada é responsável por € 66,57 do
total, devendo-se € 57,76 pela emissão
de CO2. O resultado multiplica-se pelo
coeficiente de 1,15, o que nos leva aos
€ 142,98 devidos (veja o quadro abaixo).
Este coeficiente aplicado aos automó-
veis comprados depois de 2010 pre-
tende não prejudicar os mais antigos,
que pagariam o mesmo que um novo.
Isenções
Estão isentas de pagar IUC as pessoas

IUC 2015 automóveis a gasóleo comprados depois de 1 de julho de 2007

Taxas
Cilindrada CO2 (gramas Ano
(incluindo Taxas Coeficiente
(centímetros cúbicos) por quilómetro) de aquisição
adicional)
Até 1250 33,17 Até 120 57,76 2007 1,00
Mais de 1250 Mais de 120
66,57 86,55 2008 1,05
até 1750 até 180
Mais de 1750 Mais de 180
133,01 187,96 2009 1,10
até 2500 até 250
2010
Mais de 2500 455,19 Mais de 250 321,99 1,15
e seguintes
Exemplo de um carro de 2015 a gasóleo com cilindrada de 1461 cc e emissões de 83g/km:
(66,57 + 57,76) x 1,15 = € 142,98 a pagar.

IUC 2015 automóveis a gasolina comprados depois de 1 de julho de 2007

Cilindrada CO2 (gramas Ano
Taxas Taxas Coeficiente
(centímetros cúbicos) por quilómetro) de aquisição
Até 1250 28,15 Até 120 57,76 2007 1,00
Mais de 1250 Mais de 120
56,50 86,55 2008 1,05
até 1750 até 180
Mais de 1750 Mais de 180
112,89 187,96 2009 1,10
até 2500 até 250
2010
Mais de 2500 386,34 Mais de 250 321,99 1,15
e seguintes
Exemplo de um carro de 2015 a gasolina com cilindrada de 1461 cc e emissões de 83 g/km:
(56,50 + 57,76) x 1,15 = € 131,40 a pagar.

IMPOSTOS CASA E CARRO 17


com deficiência igual ou superior a
60% que comprem um motociclo
(categoria A), um automóvel ligeiro (cate-
goria B) ou um reboque ou semirrebo-
que (categoria E).
Para conseguir a isenção, têm de a
comprovar todos os anos, num serviço
de Finanças, através da apresentação
da declaração de incapacidade. Mas
se a Autoridade Tributária e Aduaneira
já tiver conhecimento da incapacidade
(por exemplo, se já a tiver mencionado
na declaração de IRS dos últimos dois
anos), esta apresentação anual não é
necessária.
Vendedores mais protegidos
São muitos os casos de antigos donos
de automóveis a quem era pedido o
pagamento de IUC de veículos que já
tinham vendido há anos, o que acontecia
porque, até agora, aquando da venda,
a transmissão de propriedade era da
18 IMPOSTOS CASA E CARRO
responsabilidade do comprador, que
tinha 60 dias a contar da data da venda
para registar o automóvel em seu nome.
Para resolver situações em que, por inér-
cia ou má-fé do comprador, o registo
não era atualizado, o Fisco determinou
que, a partir de 2015, quem vende um
automóvel pode requerer a alteração de
registo, mas apenas passados os 60 dias
previstos para a alteração da proprie-
dade por parte do comprador.
Pode fazê-lo nas Conservatórias do
Registo Automóvel, no Instituto dos
Registos e Notariado, no Instituto da
Mobilidade e dos Transportes da sua
área de residência, por via postal ou
no site www.automovelonline.mj.pt.
O pedido deve ser acompanhado de um
comprovativo da venda em que conste a
matrícula do veículo e os nomes e mora-
das do vendedor e do comprador. Esta
possibilidade não inclui os standes.
Se houver elementos suficientes para
identificar o comprador, a conservatória
notifica-o. Este tem a partir de então 15
dias para, por escrito, contestar as infor-
mações ou complementar os elementos
necessários.
Cabe ao conser vador decidir se o
registo é efetuado em nome do compra-
dor. Caso decida que não, e desde que
não haja recurso, o conservador pode
mandar apreender o veículo em causa.
Quanto custa
O vendedor paga € 75 quando apresenta
o pedido nos postos de atendimento.
O custo desce para € 40 se a compra
tiver ocorrido até ao final de dezembro
de 2013 e o registo for pedido até 31 de
dezembro de 2015. Há ainda um des-
conto de 15% quando a requisição for
feita pela Internet.
IMPOSTOS CASA E CARRO 19
 IMPOSTOS DO CARRO
EM 10 QUESTÕES
Estou a pensar comprar carro. É
1 verdade que, por ter uma defi-
ciência motora, não tenho de pagar
ISV?
Os deficientes motores gozam de
isenção do pagamento de ISV, mas têm
de obedecer a algumas condições. Em
caso de deficiência superior a 60%, con-
sulte a página 16 para saber as restan-
tes condições. Caso seja inferior, não
está isento do pagamento de ISV.
Tenho um carro antigo parado na
2 garagem. Tenho de pagar o IUC?
Sim, mesmo não circulando com ele
na via pública. Apesar de se chamar
Imposto Único de Circulação é, na ver-
dade, devido pela posse do carro.
Disseram-me que posso deduzir
3 no IRS o IVA das despesas com o
meu automóvel em oficinas. O que
tenho de fazer para isso?
Para beneficiar desta dedução, basta
pedir que incluam o seu número de
contribuinte na fatura quando efe-
tuar o pagamento dos ser viços. O
Fisco c alcula automatic amente o
valor a que terá direito. Se quiser,
pode consultá-lo no site e-fatura, em
https://faturas.portaldasfinancas.gov.pt.
O meu automóvel já é de 1995.
4 Como só o utilizo na cidade, pre-
20 IMPOSTOS CASA E CARRO
tendo trocá-lo por um carro elétrico.
Há alguma vantagem em fazê-lo?
Sim. Pode beneficiar do incentivo fiscal
ao abate de veículos em fim de vida, que
voltou a estar em vigor ao abrigo da cha-
mada “reforma da fiscalidade verde”. Se
escolher um modelo cem por cento elé-
trico, o ISV será reduzido em € 4500. Se
optar por um híbrido plug-in, a redução
será de € 3250 e, no caso de um quadri-
ciclo pesado elétrico, de € 1000.
Para se candidatar a este incentivo, é
necessário que seja proprietário do
veículo a abater há mais de seis meses
e este deve ter mais de 10 anos, estar
isento de encargos e em condições de
circular (caso não esteja, deve ter todos
os componentes); e deve ser entregue
para destruição nos centros acredita-
dos. O pedido é apresentado na Agên-
cia Portuguesa do Ambiente (caso opte
pelo híbrido, na Autoridade Tributária e
Aduaneira). Junte uma fatura pró-forma
do veículo a adquirir, onde conste o
número do chassis, a cópia do certifi-
cado de matrícula do veículo abatido,
um documento comprovativo da inexis-
tência de encargos sobre o mesmo e a
cópia do certificado de destruição.
O prémio do seguro de "Ocupan-
5 tes de Viatura" ou de "Pessoas
Transportadas" pode ser incluído na
minha declaração de IRS?
Não. Tanto esse benefício, como o que
era atribuído aos seguros de vida em
geral, terminou em 2010. Apenas os con-
tribuintes deficientes ou que exerçam
profissões de desgaste rápido, como
desportistas profissionais, mineiros ou
pescadores, podem deduzir importân-
cias relativas a esses seguros.
Tenho um carro a gasóleo de
6 2013. Também estou abrangido
pela taxa adicional do IUC?
Sim. Apesar de esta taxa ter começado a
ser cobrada em 2014, abrange todos os
veículos a gasóleo, e até os matriculados
antes de 1 de julho de 2007, altura em
que a fórmula de cálculo passou a incluir
a componente ambiental (CO2).
Vendi o meu carro há três meses
7 e o registo ainda aparece no meu
nome. Está a chegar a altura de pagar
o IUC e o comprador não atende os
meus telefonemas. O que posso fazer?
A partir deste ano, os vendedores já
podem pedir a alteração do registo do
carro, desde que o façam passados 60
dias após a venda.
O pedido pode ser feito online, em
www.automovelonline.mj.pt, por via pos-
tal ou, presencialmente, nas Conservató-
rias do Registo Automóvel, no Instituto
dos Registos e Notariado ou no Instituto
da Mobilidade e dos Transportes da área
de residência. Deve ser acompanhado
de um comprovativo da venda em que
conste a matrícula do veículo e o nome
e morada tanto do vendedor como do
comprador.
Comprei um carro novo para o
8 meu filho, que acabou de tirar a
carta. O que preciso fazer para regu-
larizar o ISV?
Nada. É verdade que o ISV é devido
sempre que se compra um automóvel
novo, mas o montante já está incluído
no valor pago ao stande.
Sou trabalhador independente.
9 Em 2005 comprei um carro para
utilizar na minha atividade profissio-
nal. Se o vender, pago imposto?
Se tiver contabilidade organizada, os
ganhos obtidos com a venda de bens
ligados à sua atividade profissional
são tributados. As mais-valias são cal-
culadas tendo em conta eventuais
amortizações efetuadas. No regime
da contabilidade organizada, o valor é
considerado na totalidade. Se estiver
enquadrado no regime simplificado, à
mais-valia encontrada aplica-se o coe-
ficiente de 0,75.
Em qualquer dos casos, a mais-valia
é englobada aos restantes rendimen-
tos e o imposto a pagar fica depen-
dente da totalidade dos rendimen-
tos que tenha obtido nesta e noutras
categorias.
Possuo 75% de incapacidade.
10 Estou isento de pagar IUC?
Sim, tal como todos os portadores de
incapacidade superior a 60%. Mas terá,
anualmente, de comprová-lo num ser-
viço das Finanças, através da declaração
de incapacidade, exceto se o Fisco já
tiver conhecimento dela.
IMPOSTOS CASA E CARRO 21
 GLOSSÁRIO
Agregado familiar
É formado por: cônjuges e dependen-
tes; pai e/ou mãe solteiro(a) e depen-
dentes a seu cargo; cada um dos côn-
juges ou ex-cônjuges (conforme haja
separação de facto ou divórcio) e os seus
dependentes.
Amortização
Representa o desgaste que um bem
(como um carro) sofre todos os anos,
devido ao seu uso ou a inovações tec-
nológicas (caso dos computadores).
Expressa-se numa percentagem sobre
o valor de aquisição e de acordo com o
período de vida útil considerado para o
mesmo (quatro anos, no caso dos auto-
móveis, por exemplo). A amortização
coletável, para calcular o imposto a
pagar. Estas deduções podem ser de
natureza pessoal (segundo a com-
posição do agregado familiar) ou de
outro tipo (por despesas de saúde, por
exemplo).
Deduções específicas
O Fisco permite aos contribuintes com
rendimentos de algumas categorias
mencionar encargos que constituem
deduções ao rendimento sujeito à taxa
de imposto. São disso exemplos as
deduções específicas para os rendi-
mentos das categorias A e H, cujo valor
depende do montante dos rendimentos,

3
é um encargo da atividade económica
e apenas pode ser deduzida ao ren-
dimento bruto da categoria B desde
que o contribuinte tenha contabilidade
organizada.

Coleta
Montante que resulta da aplicação da
taxa de imposto ao rendimento coletá-
vel, isto é, depois de efetuadas as dedu-
ções específicas ao rendimento total
bruto.

Deduções à coleta
Valores que se deduzem depois do apu-
ramento da coleta, isto é, após a aplica-
ção da taxa de imposto ao rendimento

22 IMPOSTOS CASA E CARRO


e para a categoria F. Depois de feitas as
deduções específicas, obtém-se o rendi-
mento líquido.
Dupla tributação
Incidência de dois impostos sobre o
mesmo objeto ou ato. Por exemplo, se
residir num país da União Europeia e tra-
balhar noutro, o seu rendimento pode
ser tributado em ambos os países, o
que é um caso de dupla tributação. No
entanto, a maioria dos países celebrou
acordos para evitar esta situação.
Englobamento
Trata-se da obrigatoriedade de o con-
tribuinte juntar todos os rendimen-
tos das diversas categorias na mesma
declaração. Assim, os rendimentos são
sujeitos a uma única tabela de taxas
de imposto. Os rendimentos sujeitos a
englobamento são os líquidos de cada
categoria. Existem algumas exceções: os
rendimentos de jogos e de contribuintes
não residentes nunca podem ser englo-
bados. No caso de não residentes, os
rendimentos são tributados, regra geral,
à taxa autónoma de 25 por cento.
Mais-valias
Ganhos que resultem da venda de um
bem ou direito, desde que não com-
preendidos na atividade profissional do
contribuinte (ações, por exemplo). As
perdas são designadas de menos-valias.
B
Rendimento bruto
Montante que receberia se não pagasse
impostos nem descontasse para a Segu-
rança Social.
Rendimento coletável
Montante apurado depois de feitas as
deduções específicas ao rendimento
bruto e os abatimentos respetivos à
soma dos rendimentos líquidos das
várias categorias.
Rendimento líquido
Valor obtido depois de efetuadas as
deduções específicas ao rendimento
bruto.
Retenção na fonte
Os rendimentos das categorias A, B,
E, F, G e H estão sujeitos a retenção.
A entidade que paga ou distribui os ren-
dimentos aplica uma taxa de imposto,
que deve chegar aos cofres do Estado.
Nas categorias A e H, as taxas variam
consoante o rendimento. A expressão
“na fonte” resulta do facto de quem
paga os rendimentos estar obrigado,
no pagamento, a reter uma certa par-
cela, segundo as tabelas definidas pelo
Fisco. Esses montantes são posterior-
mente entregues ao Fisco pela entidade
que fez a retenção. No cálculo final do
imposto, esses montantes são deduzi-
dos ao imposto que o contribuinte teria
de pagar.
IMPOSTOS CASA E CARRO 23
tem algo a apontar?

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