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Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do

corpo feminino nos quadrinhos


Villains, Ladies or Heroines: female body language in comics

Villana, Señoras o las heroínas: lenguaje corporal mujeres en comics

Kelli Carvalho Melo


Universidade Federal da Grande Dourados ­ Brasil
kelli_geo@hotmail.com

Maria Ivanilse Calderón Ribeiro


Universidade Federal de Rondônia ­ Brasil
ivanilsecr@gmail.com

Resumo

O presente trabalho traz uma abordagem de como a figura feminina é representada nas histórias em
quadrinhos. O objetivo do trabalho é identificar o discurso criado em torno da imagem feminina,
que intercala da heroína destemida a mocinha em perigo que necessita da proteção masculina.
Vamos realizar uma análise a partir das histórias em quadrinhos da Mulher­Maravilha. Fica
evidente que são necessários abordagens mais acurada a respeito das HQs, ainda mais quando
tratamos de gênero, pode parecer exagerado mas essa visão redutora da mulher que é passada nos
quadrinhos é parte de um problema maior, é algo que é reflexo da nossa sociedade, que necessita
ser desconstruído.

Palavras­Chave: Representação; HQs; Gênero; Mulher­Maravilha.

Abstract

This article presents an approach of how the female figure is represented in comics. The objective
is to identify the discourse created about the female image in this genre, that merges the fearless
heroine with the damsel in distress, who needs male protection. We will perform an analysis of the
Wonder Woman comics. It is evident that a more accurate approach about those comics is needed,
especially when dealing with gender. However exaggerated it may seem, the reductive view of
women that is passed on by the comics is part of a larger problem, it is something that reflects our
society, and needs to be deconstructed.

Keywords: Representation; Comics; Gender; Wonder Woman.

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Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / dez. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos

Resumen

En este trabajo se presenta una aproximación a la forma en la figura femenina representada en los
cómics. El objetivo es identificar el discurso creado en torno a la imagen femenina que combina la
joven heroína valiente en apuros necesita protección masculina. Vamos a realizar un análisis de los
cómics de Wonder Woman. Es evidente que una mayor precisión acerca de los enfoques dibujos
animados, incluso cuando se trata de sexo, puede parecer exagerado, pero esta visión reductiva de
la mujer que se pasa en los cómics es parte de un problema mayor, es algo que es un reflejo de
nuestra sociedad que necesita ser deconstruido.

Palabras­Clave: Representación; Comics; Género; Wonder Woman.

tanto dos criadores quanto dos leitores, talvez


Introdução
seja por essa razão que a sexualidade
feminina é expressa com tanta veemência.
As histórias em quadrinhos fazem parte do
As personagens femininas aparecem
imaginário popular, as narrativas
sempre de forma redutora, elas possuem três
apresentadas nos quadrinho são denominadas
perfis, aparecem como mocinhas indefesas à
como gênero típico de massa, segundo
espera de seu herói, ou são as vilãs sem
Minayo (1992). Dessa forma, conseguem
escrúpulos que tentam a masculinidade dos
atrair públicos bem distintos e de diferentes
heróis com o seu traje minúsculo e sua falta
meios econômicos ou sociais, sendo as
de moral, ou ainda a heroína com super­
crianças, os jovens e os adultos.
poder ou não, que geralmente é jovem e bela,
São quadros capazes de determinar a
desenhada em posições sensuais que
imaginação, de narrar histórias determinando
enfatizam seus atributos físicos.
local, espaço ou tempo. Mantêm e criam
Vamos analisar a personagem da Mulher­
certa informação, capazes de terminar a
Maravilha, uma das primeiras heroínas das
representação do que se mostra ou é falado.
histórias em quadrinhos a ter uma
De acordo com Barcellos (1995), tudo que se
repercussão grande. A personagem surge em
passa nas histórias em quadrinhos pode ser
um contexto sócio­histórico conturbado em
visto como apropriação do imaginário que
meio a Segunda Guerra Mundial, no qual o
são ou podem vir a ser aceitos como reais, ou
papel das mulheres tomava outros rumos, a
seja, os quadrinhos são representações do
mulher deixa de fazer parte somente do
nosso imaginário, que gostaríamos que
universo da casa e passa a assumir papéis, até
fossem reais.
então, ditos masculinos.
As histórias em quadrinhos como meio de
A Mulher­Maravilha é uma personagem
entretenimento que consegue alcançar um
de particularidade forte, é uma amazona, uma
público distinto, mesmo que a grande maioria
guerreira que luta por justiça e paz,
seja, ainda, do sexo masculino. Desde que
características de uma deusa, que é orgulhosa
surgiram, elas se adaptaram e integraram ao
e não aceita a ajuda masculina. São essas as
contexto sócio­histórico ao qual estavam
características que possuía em sua gênese no
inseridas, isso não é novidade para um meio
auge da Segunda Guerra Mundial, que foram
de informação. Dessa forma, as apreensões e
totalmente redefinidas com o término da
representações que as HQs fazem sempre
mesma, ela passa a depender do sexo
estão carregadas de valores, ideias, anseios,
masculino e suas curvas são mais exploradas,

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isto é, sua feminilidade. Pesavento (2003, p. 39­40) formam uma


O que buscamos em nosso trabalho é “realidade paralela à existência dos
analisar esse discurso tão impregnado que os indivíduos, mas fazem os homens viverem
quadrinhos trazem da figura feminina e seu por elas e nelas” [...], tem o poder de
corpo, que estão intimamente relacionados à substituir o mundo real mesmo sendo
imoralidade, as roupas justas e decotadas, a “construídas sobre o mundo não só se
falta de pudor ao desfilar sua feminilidade colocam no lugar deste mundo, como fazem
e/ou sexualidade. com que os homens percebam a realidade e
pautem a sua existência”. No entanto, a
Representações da Figura Feminina nos representação não é copia fiel da realidade,
Quadrinhos mas uma construção feita a partir do mundo.
Assim, as histórias em quadrinhos se
As histórias em quadrinho apresentam­se apresentam como uma construção da
como formas organizadas de produção realidade da existência do ser humano, onde
cultural que visam atingir as mais variadas estes procuram substituir o mundo real por
camadas da sociedade, talvez seja pelo fato um fictício, um que faz parte de sua
de serem oriundas de duas artes diferentes ­ imaginação. São carregadas de ideologias.
escrita e desenho, o que permite auferir o As HQs são um meio de informações e de
debate e a interpretação sobre elementos críticas sociais, que se apresentam explícitas
necessários à compreensão do mundo atual. ou implícitas, assim, conseguindo atingir
Compreender e chamar a atenção de uma grande quantidade de leitores. Têm a
gerações é determinante para a construção de possibilidade de realizar a leitura geográfica
uma representação, podendo esta ser benéfica de mundo, de culturas em seu
ou não. É perecível a caracterização de vários estabelecimento de diferentes temporalidades
conceitos ou mesmo pré­conceitos de e espacialidades (CARVALHO MELO,
personagens tratados. MEDEIROS, ALMEIDA SILVA, 2013).
São representações do imaginário da Os quadrinhos, desde sua gênese, sendo
sociedade, que busca por meio delas auferir convencionado como marco inicial o Yellow
um discurso ou representar algo da realidade. Kid, produzido pelos norte­americanos por
A Representação Social está associada à volta do ano de 1895, estiveram presentes em
“reprodução de uma percepção retida na discursos ideológicos. Nas HQs estão
lembrança ou do conteúdo do pensamento” representações da realidade, ou daquilo que
na Filosofia, e nas Ciências Sociais são se deseja transformar em realidade.
definidas como “categorias de pensamento A leitura dos quadrinhos deve ser
que expressam a realidade, explicam­na, desenvolvida a partir da natureza da sua
justificando­a ou questionando­a” (MINAYO, relação com a realidade social, uma vez que
1992, p. 158). os quadrinhos são uma expressão complexa
No intuito de representar o que se vê na da produção contemporânea. Além da função
realidade, ou mesmo o que se espera que seja de distração e lazer, têm a função mítica e
visto ou praticado pelo público alvo, fabuladora, característica da ficção,
conscientizando de forma direta os leitores. preenchendo funções estéticas, por se tratar
Contudo, existe também o estereótipo dos de uma linguagem artística (ARANHA,
personagens dos quadrinhos. 1986).
As representações estão intimamente De acordo com Oliveira (2007, p. 23), [...]
ligadas às práticas culturais, de acordo com “os personagens das histórias em quadrinhos

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materializam representações” [...]. Essas saudáveis e atraentes ou velhas e frágeis, mas


representações são signos e significados que raramente como iguais.
remetem à reflexão sobre o mundo, aqui Os quadrinhos desde seu surgimento,
entendido como relações realizadas no sempre estiveram adaptados e integrados ao
contexto das vivências e percepções do contexto histórico­cultural no qual estavam
mundo. Essas representações reiteram que a inseridos. A linguagem do corpo feminino
percepção ocorre por meio dos sentidos, e expressa nos enredos das HQs, expressões de
que a cultura influencia a forma de perceber, aspirações, valores e pré­conceitos de seus
construir uma visão de mundo e de ter criadores.
atitudes em relação ao ambiente (TUAN, Segundo Siqueira e Vieira (2008, p. 183),
1980). Assim, a figura da mulher nas histórias “corpo é, desde o nascimento, o principal
em quadrinhos pode ser vista como uma instrumento de interação entre o homem e o
construção sociocultural, permeada em mundo”. É dessa forma a justificativa da
relações histórico­culturais. valorização dos atributos do corpo feminino
É sabido que o universo dos quadrinhos é nas histórias em quadrinhos, é a partir da
impreterivelmente masculino, ainda mais visualização do corpo das personagens que
quando falamos de super­heróis. A figura muitos adolescentes terão interação com o
feminina surgiu timidamente nos comics mundo do prazer.
norte­americanos, entendendo aqui que este Segundo Merleau­Ponty (1971), é pelo
tem o mais expressivo mercado de criação, corpo que temos a consciência do mundo, e é
produção e consumo. do mundo que tiramos nossa percepção do
A imagem idealizada da mulher, ou corpo, ou seja, ao mesmo tempo em que
melhor, do seu corpo, normatizadas nas HQs construímos a consciência do que é mundo
são na verdade representações de desejos e pelo corpo, é do mundo, do que é posto é que
fetiches do imaginário masculino. Nos quais percebemos o corpo. Isso porque segundo
os escritores, desenhistas, roteiristas, na Nicholson (2000, p. 9), “a sociedade forma
grande maioria do sexo masculino, procuram não só a personalidade e o comportamento,
vender um modelo de mulher, ou pelo menos mas, também, a maneira como o corpo
o que acreditam ser um. aparece”, ou seja, “o próprio corpo é visto
A partir desta modelagem da mulher nos através de uma interpretação social”.
quadrinhos, é percebida pelo seu corpo, sua As histórias em quadrinhos se apresentam
sensualidade e suas formas externas, num espaço da comunicação não­verbal, em
passando, assim, a fazer parte do desejo e que o corpo adquire um papel importante se
sendo representada por 'atributos de seu comunicando por si só. Assim, as HQs como
corpo', não sendo dessa maneira evidenciada qualquer outro meio de comunicação,
as reais capacidades e qualidades da mulher transmitem valores que variam de sociedade
heroína, diferente dos personagens do sexo e tempo (SIQUEIRA & VIEIRA, 2008).
masculino que, geralmente, são representados O corpo, principalmente o feminino, passa
e percebidos por sua força, inteligência e por uma construção na cultura de massa, ele
poder. adquire novos sentidos, que vêm da
Nesse contexto, Pecora (1999), a rigidez “necessidade” do corpo sarado e esbelto. O
de fórmulas permite que o universo dos corpo feminino, segundo Bourdieu (2007), se
super­heróis continue sendo apresenta como um objeto de trocas
predominantemente habitado por homens simbólicas, em que o sentido vem de fora,
brancos, com mulheres como coadjuvantes – isto é, da sociedade (masculina). O corpo é

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dotado de sentidos diversos e valores de coadjuvante ao lado do homem, ou de


simbólicos, é instrumento de relação do objeto de diversão, um exemplo é as tiras
homem com o mundo, sobre o qual se inglesas de Norman Pett de 1932. É uma das
inscrevem elementos da cultura. É dentro primeiras tiras inglesas a tratar a nudez, esta
dessa perspectiva, que as HQs podem sendo feminina. Os quadrinhos são da
possibilitar compreender a construção do personagem Jane pouca Roupa, que sempre
discurso sobre o corpo e as forças atuantes se atrapalha.
sobre ele (SIQUEIRA e VIEIRA, 2008). Surgem as super­heroínas dentro desse
A simples observação da figura feminina universo, sendo a primeira super­heroína
já mostra que a mulher não foi destinada a mais conhecida a Mulher Maravilha (Wonder
grandes trabalhos intelectuais ou tampouco Woman), a personagem surge em um
físicos. Ela carrega a culpa da vida não por importante momento da história americana,
meio da ação, mas do sofrimento, por meio durante a Segunda Guerra Mundial, na qual
das dores do parto, do cuidado com as falaremos mais adiante. Os homens estavam
crianças, da submissão ao homem, para quem na guerra e as mulheres passaram a cumprir
ela deve ser uma companheira paciente e os papéis que eram delimitados aos homens.
alegre (SCHOPENHAUER, 2004). A figura da mulher se resignifica com o
O sexo masculino é o que dita a aparência término da Segunda Guerra, surge com
da mulher, dentro das regras do que ele marcas de gênero associadas à sexualização,
acredita ser a imagem da mulher ideal, debilidade física, futilidade, entre outras.
mulher que comporta tanto o corpo da A figura do sexo não é representada como
sexualidade e/ou da maternidade. Nas mulher, não é vista com o seu valor, mesmo
palavras de Oliveira (2002, p.43): nos quadrinhos é evidente que está em
segundo plano. Mesmo com a evolução da
O corpo feminino é o locus onde se sociedade, ainda não passa de uma figura que
concentra o maior número de é demonstrada de forma errônea, causando
atributos sexuais e a ele ainda assim sua errada interpretação, nesse sentido
podem ser agregados outros é importante observar Santos (2008), que
elementos – cabelos e roupas – que deixa clara a importância da interpretação
são transformados tantas vezes correta, visto que a partir daí o sentido das
quanto o padrão de beleza venha coisas terá seu certo valor.
determinar. Assim, nas histórias em
quadrinhos, o corpo feminino é O sentido que tem as coisas, isto é,
construído (...), não como corpo­ seu verdadeiro valor, é o
sujeito, mas como corpo­território fundamento da correta interpretação
para posse e deleite do outro, ou de tudo que existe. Sem isso,
corpo­padrão, no qual as múltiplas corremos o risco de não ultrapassar
identidades da mulher são unificadas uma interpretação coisicista de algo
e fixadas em representações que que é muito mais que uma simples
significam e resignificam uma coisa, como os objetos da história.
instância de vigilância e controle Estes estão sempre mudando de
sobre sua sexualidade. significado, com o movimento das
sociedades e por intermédio das
A figura da mulher surgiu de forma ações humanas sempre renovadas
timidamente nas HQs, o papel da mulher era (SANTOS, 2008, p. 32).

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A partir de tais percepções, fica evidente a lutarem contra o crime, são sempre salvas por
importância da compreensão do recorte de seus parceiros nas narrativas. E outro vilão,
gênero, pois com a construção de tal talvez até mais perigoso do que os
conhecimento passamos a entender como criminosos com quem lutam, é sua
essas desigualdades entre homens e mulheres 'feminilidade'.
no mundo “real” acabam sendo representadas Ficando, assim, evidente sua incapacidade
nos quadrinhos.“O conceito de gênero para solução de problemas, mesmo que
permite compreender que não são as Super­Heroínas. Deixa, dessta forma, claro
diferenças dos corpos de homens e mulheres que mesmo nos quadrinhos o machismo
que os posicionam em diferentes hierarquias, impera, representando assim evidente a falta
mas sim a simbolização que a sociedade faz de capacidades ou mesmo possibilidades
delas” (SILVA, 2009, p. 36). femininas, assim explica Mill (2006, p. 66):
Tratam da construção social dos papéis
desempenhados por homens e mulheres na a opressão e subordinação das
sociedade. Tem caráter relacional, ou seja, o mulheres seriam solucionadas
entendimento de um implica através de uma reforma das
consequentemente, no entendimento do instituições, impulsionada pelo
outro. Em outros termos, pode ser princípio da “perfeita igualdade”. A
interpretado como um conjunto de normas eliminação dos resquícios
modeladoras dos seres humanos aplicadas a tradicionais que sustentam a
homens e mulheres, sendo expressas nas dominação feminina presentes na
relações sociais públicas e privadas dessas legislação moderna seria garantida
categorias (SAFFIOTI, 1999). graças à tendência inevitável de
As relações de gênero, no dia a dia do 'aperfeiçoamento moral da
homem e da mulher, são representadas e humanidade'.
observadas nas revistas em quadrinhos, nas
quais a mulher vem aparecendo como Em alguns enredos elas foram traídas por
heroínas. Tal heroísmo, dependente e serem mulheres, um dos casos é quando a
submisso aos heróis masculinos que são Batmoça, durante uma de suas lutas, deixa
mostrados como fortes e viris. O termo seus parceiros em situação difícil com os
gênero representa uma construção cultural inimigos, porque parou para arrumar sua
central nos estudos e no movimento máscara e tirar lama de seu rosto, o que ajuda
feminista, mesmo que nas últimas três na fuga dos criminosos. O narrador frisa “e
décadas tenha se tornado ubíquo e ambíguo como qualquer outra moça...” (Os Rasgões
(STOLKE, 2004). do uniforme da Mulher Morcego, 1969, p. 7).
Duas figuras femininas de super­heroínas A partir desse esboço, entendemos o que é
aparecem nas HQs, uma tendo super­poder e ser mulher no imaginário masculino, que a
a outra não, mas que igualmente combatem o feminilidade esta associada à futilidade e
crime e traz a paz aos cidadãos norte­ vaidade, que a mulher, por mais que tenha
americanos, é a Batmoça e a Super­Moça. 'poderes' e possua um cargo de grande
Ambas são parceiras de grandes nomes responsabilidade, ela vai ser sempre traída
dentro dos comics de super­heróis, o Batman por ser mulher, por acreditarem que sua
e Super­Homem. aparência venha em primeiro lugar. O
As duas super­heroínas apesar de terem narrador ajuda a entender esse imaginário,
super­poder, no caso da Super­Moça e quando solta 'e como qualquer outra moça',

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ou seja, ela é como qualquer outra moça que assim, os criminosos, fazendo com que
não tenha essa responsabilidade de lutar Batman e Robin os capture. Dessa forma, a
contra o crime, quando o discurso da mulher é vista, mais uma vez, como
aparência emerge. No entanto, a Batmoça é superficial, que o único poder que ela
uma mulher como outra qualquer, não pelo realmente tem é sua beleza e sensualidade,
fato de ser vista como fútil, mas por fazer sendo que esta é também prejudicial para ela.
parte dessa categoria de gênero feminino, só É uma contradição que o próprio autor não
que com um agravante a mais ela luta contra consegue analisar direito.
o crime com suas próprias mãos. Quem nunca leu uma revista da Turma da
Deve entender que a feminilidade não é Mônica, a eterna baixinha, gorducha e
uma força natural que precisa apenas ser dentuça. A Mônica também aparece no
controlada e disciplinada, existem mulheres discurso normativo masculino do que é
que não fazem parte do discurso dito feminino e masculino. Ela é um dos casos
feminino, que a mulher deve se casar e ter excepcionais, pois surge primeiramente
filhos, que ela deve escolher profissões mais representada por estereótipos característicos
suaves e menos perigosas, assim como do sexo masculino, ela é agressiva, impõe
existem mulheres que escolhem ser tudo isso. seu poder aos meninos pela força, e essas
A feminilidade existe ou não em um corpo características são ditas masculinas. Ela é
feminino, nem toda mulher vai ser vaidosa. uma personagem que foge aos padrões
Nesse sentido, é importante observar Silva femininos.
(2009), pois hoje a mulher deve ser Com o tempo Mônica se enquadra dentro
observada a partir de outro prisma. Existe a do discurso do feminino, ela aparece mais
real necessidade da desconstrução desse meiga, frágil, olhando mais para os meninos,
perfil vulgar e fútil dessa mulher descrita nas ou seja, características das mulheres, mas
historias em quadrinhos. nunca perde suas principais características
que é ser baixinha, gorducha e dentuça. Essa
Trata­se das relações desiguais de mudança da personagem é um pedido da
poder impostas culturalmente entre turma, das meninas, principalmente, para ela
homens e mulheres, relações estas ser mais feminina. Entendemos aqui, que a
que vêm a influenciar nos modos de própria mulher se vê de forma frágil, que não
organização e representações sociais. pode ganhar pela força, esse imaginário
Cabe também definir sexo, que se perpassado entre as mulheres, pois está
refere ao conjunto das características ligado a aspectos histórico­culturais.
que distinguem os seres vivos, com Hoje ainda existem as revistas da Turma
relação a sua função reprodutora, da Mônica Jovem, nas quais a Mônica esta
está relacionado a condições ou totalmente feminizada. Com a ausência das
diferenças biológicas relacionadas mulheres na indústria dos quadrinhos, estas
aos corpos humanos, e não a cultura são apresentadas nas HQs, principalmente
como no caso de gênero. (SILVA, norte­americanas, com marcas de
2009, p. 58). sexualização, futilidade, debilidade física e
mental, é instável emocionalmente e
Nesse mesmo episódio que a Batmoça fora irracional, esta última quando o sexo
traída por sua feminilidade, ela é ajudada pela masculino está inserido na trama.
mesma. É quando ela rasga seu uniforme,
deixando à vista suas pernas e distraindo,

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Heroísmo e Sedução: Uma Análise da chegou à idade adulta, o Olimpo


Mulher Maravilha exigiu que se organizasse um torneio
para selecionar uma campeã entre as
amazonas. A guerreira vencedora
Até a Segunda Guerra Mundial as seria destacada para combater o deus
mulheres apenas escreviam quadrinhos da Guerra, que se espalhara sobre o
infantis. Com a saída dos homens para nosso planeta. Daiana participou
guerra, as mulheres começam a assumir secretamente, para que sua mãe não
postos na sociedade que eram somente soubesse e venceu o torneio. Como
masculinos, se fazendo presente também na campeã, recebeu um uniforme
elaboração dos comics. inspirado na bandeira americana,
Em 1941, Willian M. Marston criou a encontrada no avião de Daiana
primeira mulher super­heroína, a Mulher­ Trevor. Ela ganhou também um laço
Maravilha (Wonder Woman), ela foi à única mágico, capaz de extrair a verdade
super­heroína adulta e com revista própria de qualquer pessoa, e um par de
durante alguns anos. Ela tem sua gênese braceletes que a protegia das balas,
durante a Segunda Guerra Mundial, onde raios e outras coisas (NEIS, 2010, p.
surgem outros super­heróis como Super­ 5­6).
Homem. O surgimento da personagem vem
como ícone da representação feminina, até A personagem da Mulher­Maravilha
então inexistente (NOGUEIRA, 2010). (figura 1) surgiu em um momento histórico­
cultural perturbador, em meio a Segunda
A história da Mulher Maravilha é Guerra, com uma sociedade cheia de tabus,
assim: tudo teria começado em 1200 na qual homens e mulheres tinham seus
a.C. , quando cinco deusas do papéis definidos e inquestionáveis.
olimpo criaram as amazonas, uma
raça de mulheres guerreiras e
imortais, para difundir a sabedoria
dos deuses entre os homens. As
amazonas falharam e como castigo
foram isoladas na Ilha de
Themyscira, localizada sobre o
mundo tártaro. A nova função das
amazonas passou a ser evitar que as
terríveis criaturas do Tártaro se
espalhassem pelo mundo. Os séculos
se passaram até que os deuses
presentearam Hipólita, a rainha das
amazonas, com uma filha. A menina
recebeu vários dons olímpicos e foi
batizada de Daiana em homenagem
a Daiana Trevor, uma pilota da Força
Aérea Americana, que caiu em
Themyscira durante a Segunda
Guerra Mundial. Quando a princesa
Figura 1: Mulher Maravilha lutando contra inimigos1.

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Marston, o criador da Mulher­Maravilha, Compreendemos que o papel assumido


acreditava que as mulheres eram por natureza pelas mulheres, durante esse período
mais gentis, honestas, confiáveis que os conturbado, era bem mais que cuidar do lar,
homens, talvez seja por essa razão que criou filhos, trabalhar nas fábricas e manter os
uma personagem mulher num momento soldados abastecidos, mas manter uma
histórico nada comum, para passar certa América estadunidense para o regresso de
segurança às mulheres que ficavam em seu seus soldados e o American way of life.
lares a espera de seus maridos e filhos. Inicialmente, a super­heroína rompeu
Dessa forma, ele busca, através de sua barreiras impostas pelo preconceito machista
personagem, criar entre as mulheres da época da época, uma mulher que luta igualmente
tratamento estético e textual, que elas como um homem, que se torna importante na
pudessem se ver na super­heróina e buscar luta contra os inimigos norte­americanos,
forças para superar tal momento, visando assim como os demais super­heróis, ela
reconstituir na personagem o seu próprio carrega as cores da bandeira dos Estados
campo de representações, de como as Unidos no peito.
mulheres deveriam se ver nesse momento, era
a força da mulher norte­americana A vestimenta é simbólica. Ela
representada na personagem. consegue transmitir
As mulheres foram instigadas a assumirem instantaneamente a força, o caráter,
os trabalhos nas fábricas e indústrias bélicas a ocupação e a intenção de quem a
para defender o estilo de vida americano, e usa. A maneira como a personagem
evitar uma recessão econômica. A a usa também pode transmitir uma
personagem da Mulher­Maravilha se informação ao leitor. Nos
caracteriza como uma mulher até então quadrinhos, assim como acontece
desconhecida na sociedade patriarcal nos filmes, objetos simbólicos não
estadunidense, ao invés de frágeis e narram apenas, mas ampliam a
indefesas, heroínas capazes de superar reação emocional do leitor
qualquer adversidade com força, inteligência (EISNER, 2008, p. 26).
e beleza (CAIXETA, 2012).
Dessa forma, a função em meio à guerra A personagem da Mulher­Maravilha foi
da heroína Mulher­Maravilha foi de pensada o mais próximo da vida da mulher
contrastar com o dos super­heróis clássicos, norte­americana. Um exemplo é uma das
apesar de seus enormes poderes, ela somente edições, ainda na década de 1940, que a
os usava­os quando necessário, segundo heroína fica amiga de uma adolescente
Santos (2008, p. 11): chamada Etta Candy, esta era líder de um
grupo de alunas do ensino médio, que serão,
Ela resolvia tudo com a inteligência, por um breve momento, companheiras da
astúcia e a utilização de seu laço heroína contra o mal. Etta era uma
mágico, no qual quem fosse adolescente fora dos padrões de beleza e
amarrado só conseguia falar a acima do peso, Marston, queria passar as [...]
verdade. Ao contrário dos outros “mulheres que aquela força e independência
super­heróis, a sua missão não era só da amazona estariam ao alcance de todas as
acabar com o crime, mas também mulheres, sem restrições a padrões estéticos
reformar os criminosos e torná­los de qualquer natureza” (CHACON, 2010, p.
cidadãos de bem. 55).

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A personagem Diana (Mulher­Maravilha) Ao ser observada a figura 2, pode ser


foi também pensada para diversificar o inferir que é a imaginação e/ ou a necessidade
público leitor, e atender as leitoras do sexo masculina com relação à mulher, a mulher
feminino, essa diversidade vem justamente objeto para realização de desejos, transforma
do momento de mudanças dos quadros e traz esta com diferentes características, mas
sociais do país (VERGUEIRO, 2004). Ela é sempre relacionadas ao corpo, nesse contexto
criada com a eclosão do trabalho feminino no deve­se observar as relações entre homem e
período da Segunda Guerra, a personagem é mulher em busca da desconstrução da mulher
uma contrapartida ao super­herói Super­ como figura para satisfação de desejo.
Homem (WESCHENFELDER, 2012 apud
BOFF, 2014). Figura 2: Resignificação da maneira de representar o corpo
e 'atitudes' da Mulher­Maravilha2.
No entanto, com o passar dos
anos, já com o fim da Segunda
Guerra, muda­se a maneira de
representar a Mulher­Maravilha,
ela aparece mais sexualizada,
mostrando suas curvas, sua
feminilidade, precisa ser salva
diversas vezes pelos verdadeiros
heróis, os homens. Em um dos
episódios da Liga da Justiça, ela
é obrigada a fazer café e servir
para os seus parceiros, nunca
imaginaríamos ver tal cena, uma
Amazona guerreira servindo
café. Ressignifica a maneira
como a Mulher­Maravilha é
representada nas HQs, muda­se
o padrão, sendo mais
explorando os dotes físicos da
personagem.
Quando se reduz o valor de
uma pessoa a apenas um de seus
aspectos e potenciais, no caso
aqui os atributos sexuais da
personagem mulher, é
desumanizá­la, o que deixa de
qualificar como um indivíduo
completo. Portanto,
contribuindo para normatizar
uma cultura de desigualdade
que se reflete tanto nos
quadrinhos quanto na vida real e
quotidiana.

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Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 6, n. 2, p. 105 - 118, ago. / set. 2015.
Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos

O termo gênero não explicita É evidente que os quadrinhos ainda


necessariamente que as possuem o foco de dialogar com o publico e
desigualdades são inerentes entre os imaginário masculino. As personagens
homens e mulheres, que a hierarquia femininas e seus corpos, o que o sexo
entre estes é presumida. Pode ser masculino e até mesmo o feminino acreditam
entendido como um conjunto de ser feminilidade devem ser desconstruídos
normas de modelagem homens e das histórias em quadrinhos, pois uma
mulheres, fazendo parte do personagem que consegue lutar com diversos
mecanismo de ordem social, que vilões com as roupas justas e decotadas e
cada mulher interpretará de forma salto alto vai além de ser heroína (figura 3).
singular (SAFFIOTI, 1995, p. 34).

Figura 3: Sátira aos heróis3.

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Vilãs, Mocinhas ou Heroínas: linguagem do corpo
feminino nos quadrinhos

Considerações Finais tratada. A partir desse entendimento pode­se


surgir alternativas para desconstruir essa
A pesquisa permite perceber que o papel imagem.
da mulher. muitas vezes, restringe­se a papéis
com pouco valor, ou até mesmo __________________________
insignificantes ou, de alguma forma,
demonstrando o lado dependente e submissão 1 Fonte: https://www.google.com.br/search?
ao sexo masculino, ou seja, os heróis da
2 Fonte: https://www.google.com.br/search
história. Em poucas histórias a mulher
assume o papel de heroína por sua força,
3 Fonte: http://ladyscomics.com.br/debate­
sagacidade, inteligência deixando de ser a
mulheres­nos­quadrinhos­gibicon­01
mocinha indefesa esperando seu herói vir
buscá­la e protegê­la. Demonstrando, assim,
de certa forma, uma incapacidade ou Referencias
submissão a qual a mulher é vista ou inserida
por gerações. ARANHA, Maria Lucia de Arruda;
A partir dessa análise de referenciais, fica MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando
evidente o papel que a mulher assume, ou ­ Introdução a Filosofia. São Paulo:
melhor, que é imposto a ela nas histórias em Moderna, 1986.
quadrinhos, entendendo que são reflexos da
sociedade. Esses papéis, delimitados a partir BARCELLOS, Janice Primo. O feminino
do sexo, devem ser desconstruídos, e é nessa nas histórias em quadrinhos. Disponível
análise que aspiramos uma mudança de em
paradigmas dentro da sociedade e <http://www.eca.usp.br/nucleos/nphqeca/aga
consequentemente nas HQs. que/ano2/numero4/artigosn4_1v2.htm>.
E também demonstra o estudo de gênero, Acesso em: 20/02/2015.
no qual enfatiza o surgimento de um novo
pensar em uma nova sociedade, e este tipo de Batman. Os Ragões do uniforme da Mulher
estudo não pode ser realizado isoladamente, Morcego. Rio de Janeiro, EBAL, n. 92,
onde ao observar as relações de gênero não se Fevereiro/1969, p. 19.
pode deixar de observar demais elementos e
características da sociedade, pode­se perceber BOFF, Ediliane de Oliveira. De Maria a
que observar as relações de gênero vai muito Madalena: representações femininas nas
além da observação apenas com relação ao histórias em quadrinhos. 2014. Tese
sexo dos componentes da relação. (Doutorado em Comunicações e Artes) ­
Portanto, é muito importante que Universidade de São Paulo, São Paulo.
questionamentos a respeito dos modos de
representar homens e mulheres nos BOURDIEU, Pierre. A dominação
quadrinhos sejam levantados diariamente. masculina. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Pois esses dois sexos são, infelizmente, Brasil, 2007.
apreendidos e representados de formas
distintas, não só nos quadrinhos mas em CARVALHO, Kelli Carvalho. Uma
qualquer meio de comunicação. Lembrando Linguagem Alternativa no Ensino Escolar: as
que o modo de representar uma pessoa é histórias em quadrinhos na mediação do
reflexo da visão da sociedade e como ela será ensino e aprendizagem da geografia. Ateliê

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Recebido em 25 de maio de 2014.


Aceito em 02 de dezembro de 2014.

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