Professional Documents
Culture Documents
Entre os teóricos, pensadores e formuladores de políticas educacionais não podem restar mais dúvidas: educar
crianças e jovens de forma integral, incluindo suas habilidades sociais e emocionais, é fundamental para aten-
der às necessidades do novo cenário social e profissional que se desenhava para o mundo.
3. As competências da BNCC
O namoro entre as políticas educacionais brasileiras e ca e emocional, reconhecendo suas emoções e as dos
a Educação Socioemocional é antigo. Ele iniciou tími- outros, com autocrítica e capacidade para lidar com
do, em 1996, quando entrou em vigor a Lei de Diretri- elas e com a pressão do grupo.
zes e Bases da Educação. Em seu texto, a LDB já pre-
conizava a necessidade de “fortalecimento dos laços 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de
de solidariedade humana e de tolerância recíproca.” conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e pro-
movendo o respeito ao outro, com acolhimento e
Parecia até um eufemismo, como se os formuladores valorização da diversidade de indivíduos e de grupos
da LDB tivessem medo de assustar com a ideia da sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencia-
Educação Socioemocional. Com a BNCC, porém, a lidades, sem preconceitos de origem, etnia, gênero,
timidez acabou. Das 10 competências gerais que nor- idade, habilidade/necessidade, convicção religiosa ou
teiam os fundamentos pedagógicos da nova base, 4 de qualquer outra natureza, reconhecendo-se como
tratam mais especificamente do desenvolvimento de parte de uma coletividade com a qual deve se com-
competências socioemocionais.Em outras palavras, prometer.
o namoro que começou com a LDB em 1996, agora
virou casamento. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia,
responsabilidade, exibilidade, resiliência e determina-
Confira essas 4 competências: ção, tomando decisões, com base nos conhecimentos
construídos na escola, segundo princípios éticos de-
6. Compreensão das relações do mundo do tra- mocráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
balho e fazer escolhas alinhadas ao projeto de vida
pessoal, profissional e social.
SOCIAIS
Cooperar e colaborar, lidar
com regras, trabalhar em
equipe, comunicar-se com
clareza e coerência, resolver
conflitos, atuar em um
ambiente de competição
saudável...
COGNITIVAS
Resolver problemas, planejar,
tomar decisões, estabelecer
conclusões lógicas, investigar
e compreender problemas,
pensar de forma criativa,
fortalecer a memória, ÉTICAS
classificar e seriar...
Respeitar, tolerar e viver
a diferença, agir positi-
vamente para o bem
comum...
EMOCIONAIS
Lidar com emoções, com o
ganhar e o perder, aprender
com o erro, desenvolver
autoconfiança, autoavalia-
ção, responsabilidade...
5. Como trabalhar na prática?
Com o mundo em constante transformação, e em dade de compreender o problema, e a de se fazer
velocidade cada vez maior, é praticamente impossível compreender ao expor a solução – duas habilidades
saber, hoje, como será o mercado de trabalho daqui que são importantes para a vida.
a 20 anos. Por isso, mais do que transmitir conteúdos,
ensinar os alunos a aprender é fundamental. Não por Ao trabalhar o desenvolvimento de habilidades so-
outra razão esse é um dos pilares da Unesco para a cioemocionais, o professor transforma a sala de aula
Educação do Século 21, e também um dos principais num imenso laboratório da vida, onde simula situações
objetivos da Educação Socioemocional. reais do cotidiano para usá-las como ferramentas de
aprendizagem. Após a vivência dessas situações – por
Mas como fazer isso na prática? meio de jogos de raciocínio, por exemplo, ou outro
recurso que o professor queira usar –, o professor deve
O professor tem um papel fundamental nesse proces- propor situações de reflexão que levem os alunos a
so. Ele precisa mudar a sua forma de atuar. Não basta organizar os pensamentos, sentimentos, atitudes e
mais colocar conteúdo no quadro, explicar oralmente ações. É um passo importante para que as crianças
aos alunos aquilo que está escrito e depois cobrar re- possam pensar sobre como reagiram, por que razão e
sultados em exames. É necessário provocar a reflexão, como poderiam ter adotado uma estratégia diferente,
fazer com que os alunos pensem, identifiquem a situa- por exemplo.
ção, trabalhem em conjunto.
Em todo esse percurso, o professor tem o papel de
Numa aula de matemática para o Ensino Médio, por mediar o processo. É a condução dele, com perguntas
exemplo: ao trabalhar com resolução de problemas, o bem planejadas e intervenções previamente formata-
professor pode incentivar que, em grupos, os alunos, das que vai facilitar a transposição do conhecimento.
quanto a forma como a estratégia foi comunicada ao Formar o professor, portanto, é fundamental para o
restante da classe. Dessa forma, ela os ensina a habili- sucesso dessa empreitada.
No próximo capítulo, você vai descobrir como o professor pode ser formado para atuar dessa maneira.
www.educador360.com.br