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Bruno Vincont/Roportage/Getty I Em 2001, uma passarela para pedestres sobre o rio Tamisa foi inaugurada em Londres para ligar a galeria Tate de arte moderna as vizinhancas da catedral de St. Paul e comemorar a chegada do novo milénio. Entretanto, logo depois que a primeira onda de pedestres comecou a caminhar sobre ela, a Ponte do Milénio, como é chamada, comegou a oscilar de tal forma que muitos pedestres tiveram dificuldade para se manter de pé. Oscilagées semelhantes podem acontecer em uma pista de danga com piso de madeira, especialmente se 0 participantes estiverem pulando. A resposta esta neste capitulo 115 EET Ceri 16 1 Ondas — @ Onda senoidal o FIG. 16-1 (a) Um puso isolado produzido em uma corda esticada, ‘Um elemento tipico da corda (assinalado com um ponto) se desloca para cima e depois para bbaixo quando o pulso passa por ele. ‘Como 0 movimento do elemento € perpendicular a diregdo de propagagao da onda, o pulso é uma ‘onda transversal. (b) Uma onda senoidal é produzida na corda. Umelemento tipico da corda se ‘move para cima e para baixo com a passagem da onda. Esta também & ‘uma onda transversal. O QUE EFI er ‘As ondas séio um dos principais assuntos da fisica. Para se ter uma idéia da impor- tancia das ondas no mundo moderno basta considerar a inddstria musical. Cada peca musical que escutamos, de uma roda de choro ao mais sofisticado concerto sin- fonico, depende da producao de ondas pelos artistas e da capacidade da platéia de detectar essas ondas, Entre a produgao e a detecgaio a informagao contida nas ondas pode ser transmitida (como no caso de uma apresentacao ao vivo pela Internet) ou pravada e reproduzida (através de CDs, DVDs ou outros meios atualmente em de- senvolvimento nos centros de pesquisa). A importéncia econdmica do controle de ondas musicais € enorme, e a recompensa para os engenheiros que desenvolvem no- vas técnicas de controle pode ser muito generosa. Neste capitulo vamos discutir as ondas que se propagam em uma corda esticada, como a de um violdo. O préximo capitulo trata das ondas sonoras, como as produzi- das por uma corda de viol4o, Antes, porém, vamos classificar as inuimeras ondas que esto presentes em nosso dia-a-dia em alguns tipos basicos. 16-2 | Tipos de Ondas As ondas podem ser de trés tipos prineipai 1. Ondas mecénicas. Fssas ondas sao as mais familiares porque as encontramos cons- tantemente, Entre elas esto as ondas do mar, as ondas sonoras ¢ as ondas sismi- cas. Todas essas ondas possuem duas caracteristicas: sio governadas pelas leis de Newton e existem apenas em um meio material, como a dgua, 0 ar ou as rochas. 2. Ondas eletromagnéticas, Essas ondas podem ser menos familiares, mas estio entre as mais usadas; exemplos importantes séo a luz. visivel,a luz ultravioleta, as ondas de radio ¢ de televisdo, as microondas, 0s raios Xe as ondas de radar. Estas ondas nao precisam de um meio material para existir. As ondas luminosas prove- nientes das estrelas, por exemplo, atravessam 0 vacuo do espaco para chegar até nds, Todas as ondas eletromagnéticas se propagam no vacuo com a mesma velo- cidade ¢ = 299 792.458 mvs. 3. Ondas de matéria, Embora essas ondas sejam usadas nos laboratérios, pro- vavelmente o leitor ndo esta familiarizado com elas. Esto associadas a elétrons, prétons ¢ outras particulas clementares,e mesmo a atomos e moléculas. Elas sa0 chamadas de ondas de matéria porque normalmente pensamos nessas particulas como elementos bisicos da matéria Muito do que discutimos neste capitulo se aplica a ondas de todos os tipos, Nos exemplos, porém, vamos usar apenas ondas mecdnicas. 16-3 | Ondas Transversais e Longitudinais Uma onda que se propaga em uma corda esticada € a mais simples das ondas me- cénicas. Quando damos uma sacudidela na ponta de uma corda esticada uma onda com a forma de um pulso se propaga ao longo da corda, como na Fig, 16-1a, Este pulso ¢ o seu movimento podem ocorrer porque a corda esté sob tensdo. Quando voce puxa a extremidade da corda para cima ela puxa para cima a parte vizinha da corda através da tensdo que existe entre as duas partes. Quando a parte vizinha se move para cima puxa para cima a parte seguinte da corda, ¢ assim por diante. Enquanto isso, vocé puxou para baixo a extremidade da corda, Enquanto as outras partes da corda esto se deslocando para cima comegam a ser puxadas de volta para baixo pelas partes vizinhas, que ja se encontram em movimento descendente. O re- sultado geral é que a distoreao da forma da corda (0 pulso) se propaga ao longo da corda com uma certa velocidade ¥. 16:3 | Ondas Transverssis e Longitudinsis Se vocé desloca a mio para cima ¢ para baixo continuamente, em um movi- mento harménico simples, uma onda continua se propaga ao longo da corda com yelocidade ¥. Como 0 movimento da sua mao € uma fung&o senoidal do tempo, a ‘onda tem uma forma senoidal em qualquer instante, como na Fig. 16-1b, ou seja, a ‘onda possui a forma da curva seno ou co-seno. No momento, vamos considerar apenas o caso de uma corda “ideal”, na qual iio existem foreas de atrito para reduzir a amplitude da onda enquanto ela se pro- paga. Além disso, vamos supor que a corda é tao comprida que nao é preciso consi- derar 0 retorno da onda depois de atingir a outra extremidade. ‘Um modo de estudar a onda da Fig. 16-1 ¢ examinar a forma de onda, ou seja, a forma assumida pela corda em um dado instante, Outro modo consiste em ob- servar 0 movimento de um elemento da corda enquanto oscila para cima e para baixo por causa da passagem da onda. Usando o segundo método, constatamos que 0 destocamento dos elementos da corda é sempre perpendicular & diregio de propagagiio da onda, como mostra a Fig. 16-16. Este movimento € chamado de transversal, ¢ dizemos que a onda que se propaga em uma corda é uma onda trans- versal. ‘A Fig. 16-2 mostra como uma onda sonora pode ser produzida por um ém- bolo em um tubo com ar. Se vocé desloca o émbolo bruscamente para a direita ¢ depois para a esquerda, envia um pulso sonoro ao longo do tubo. © movimento do émbolo para a direita empurra as moléculas do ar para a direita, aumentando a pressao do ar nessa regia. © aumento da pressio do ar empurra as moléculas vizinhas para a direita, e assim por diante. O movimento do émbolo para a es- querda reduz a pressao do ar nessa regio. A redugio da pressio do ar puxa as moléculas vizinhas para a esquerda, e assim por diante. © movimento do ar ¢ as variagdes da pressao do ar se propagam para a direita ao longo do tubo na forma de um pulso. Se vocé desloca o émbolo para a frente e para trés em um movimento harm6- nico simples, como na Fig, 16-2, uma onda senoidal se propaga ao longo do tubo. Como movimento das moléculas de ar é paralelo a direcao de propagagao da onda, este movimento é chamado de longitudinal, ¢ dizemos que a onda que se pro- paga no ar é uma onda longitudinal, Neste capitulo vamos estudar as ondas trans- versais, principalmente as ondas em cordas; no Capitulo 17 vamos estudar as ondas Iongitudinais, principalmente as ondas sonoras. ‘Tanto as ondas transversais como as ondas longitudinais sao chamadas de ondas progressivas quando se propagam de um lugar a outro, como no caso das ondas na corda da Fig, 16-1 e no tubo da Fig. 16-2. Observe que & a onda que se propaga, nio ‘© meio material (corda ou ar) no qual a onda se move. Exemplo ME e = i FIG. 16-2 Uma onda sonoraé produzida,em um tubo cheio de ar, movendo o émbolo para a frente e para tris: Como as oscilagdes de um elemento de ar (representado pelo ponto) sio paralelas a diregao de ropagagio da onda, ela é uma onda Tongitudinal. As ondas sismicas so ondas que se propagam tanto no in- terior como na superficie da Terra. As estagGes sismoldgicas so montadas principalmente para registrar as ondas sismi cas geradas por terremotos, mas registram também as ondas sismicas geradas por qualquer grande liberacao de energia nas proximidades da superficie da Terra, como a produzida por uma explosao. Quando ondas sismicas passam por uma estagiio fazem a pena de um registrador oscilar,desenhando um grafico correspondente. A Fig. 16-34 mostra um dos re- aistros das ondas sismicas produzidas pelo misterioso aci- dente ocorrido com 0 submarino russo Kursk em agosto de 2000. As primeiras oscilacBes da pena estdo assinaladas por uma seta, ¢ foram de pequena amplitude. Oscilagdes muito mais fortes comegaram cerca de 134 depois, A partir de registros como esse, os analistas coneluf- fam que as primeiras ondas sismicas foram geradas por uma explosio a bordo, possivelmente de um torpedo que nao chegou a ser langado por causa de algum defeito no sistema de propulsio. A explosio provavelmente abriu uma fenda no casco, provocou um incéndio e fez o subma- tino afundar. As ondas sismicas posteriores, muito mais fortes, foram geradas depois que 0 submarino afundou e foram possivelmente geradas quando 0 incéndio provocou a explosao simultanea de varios misseis. Essas ondas mais fortes chegaram as estagdes sismoldgicas como pulsos se- parados por um intervalo de tempo Ar de cerca de 0,11 s. Qual era a profundidade D do local onde o submarino afundou? =

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