You are on page 1of 11

Artigo recebido em:

Credibilidade e
07.11.2016
Aprovado em:
06.01.2017
cibercultura: o jornalismo
Clarissa Corrêa Henning
nas malhas da rede
Jornalista (Feevale),
mestre em Comunicação
e Cultura (UFRJ) e dou-
toranda em Ciências da Clarissa Corrêa Henning
Comunicação (Unisinos).
Bolsista Proex. E-mail:
clarissa.henning@gmail. Resumo
com A emergência de novas ferramentas na rede e as práticas de internautas que colo-
cam em xeque a legitimidade do jornalista como único emissor das “notícias que
interessam” instauram uma séria crise no modelo da Indústria Cultural. Se por
um lado as novas tecnologias ajudam a difundir visadas minoritárias, por outro o
controle online limita a circulação e evidencia o quanto elementos não humanos,
em princípio externos ao jornalismo, concorrem para determinar a produção/
circulação da notícia. Portanto, a intenção deste artigo é, a partir de certos epi-
sódios das Jornadas de Junho de 2013, ensaiar algumas considerações sobre os
deslocamentos no jornalismo contemporâneo – atentando também para as con-
dições de possibilidade da agência dos não-humanos e os efeitos que tal agência
acarreta na construção da credibilidade jornalística. Se a crise da modernidade
mostra que as verdades são múltiplas, a cibercultura aponta para as condições de
possibilidade que as tornam potentes.

Palavra-chave:
Jornalismo; cibercultura; credibilidade; dispositivos tecnológicos.

Abstract
he emergency of new tools on the web and the practices of internet users ques-
tions the legitimacy of the journalist as the only issuing of “interesting news”,
putting a serious crisis in the Cultural Industry model. In one hand technology
helps to difuse minorities, on the other hand the online control limits the circu-
lation and evidences how much non – human elements irstly out of journalism,
competing to determine the news production/ circulation. So, the intention of
this article is, from certain episodes of Jornadas de Junho de 2013, taking some
considerations about changes in the contemporaneous journalism – also paying
attention to the possibility conditions of non-human agency and the efects that
such agency brings in the constructions of journalistic credibility. If the modern
days crisis shows truths are multiple, ciberculture points to possibility conditions
that make them stronger.

Keywords:
Jouralism, cyberculture, credibility, technological devices.

Estudos em Jornalismo e Mídia


Vol. 13 Nº 2
Julho a Dezembro de 2016
ISSNe 1984-6924

DOI: http://dx.doi.org/10.5007/1984-6924.2016v13n2p45 45
F
enômenos contemporâneos refeceram, mas a poeira que levantaram
vêm deslocando os modos – por mais efêmera que tenha sido – al-
de fazer jornalismo. Um dos terou de vez a forma como entendemos
efeitos da cibercultura, por a política, o jornalismo e o lugar de fala
exemplo, foi problematizar a que rotineiramente reservamos a nós
relação do jornalismo com o seu público mesmos. E, entre os vários atores de um
(inluência sobre pautas e fontes) e com acontecimento que causou sucessivos
os usos das ferramentas digitais (cons- vazamentos na opinião pública, estão
trução e circulação do conteúdo). Assim, os artefatos digitais. Tentar entender a
a composição entre elementos humanos agência de tais elementos na composição
e não-humanos faz parte da luta pela da credibilidade jornalística é a proposta
credibilidade jornalística. dessa escrita.
Este artigo procura discutir a
agência dos não humanos e seus efeitos Jornalismo e efeitos de verdade na era
sobre o jornalismo, prioritariamente. digital
Para delinear o pano de fundo da conver- A instituição jornalística conquis-
sa, penso também ser adequado apontar tou legitimidade para relatar os aconte-
alguns atravessamentos que compõe o cimentos do mundo. Por outro lado, a
horizonte de nossa atualidade e que, de credibilidade de seu discurso coloca em
uma forma ou de outra, impulsionam operação efeitos de verdade que indicam
os deslocamentos da credibilidade dos uma hierarquia de importância entre as
discursos públicos. Assim, ao lado das notícias e que sugerem de qual perspec-
tecnologias, áreas como a política, o tra- tiva cada acontecimento deve ser anali-
balho, a cultura e a academia tanto parti- sado. O gênero jornalístico, assim, con-
cipam quanto sofrem transformações. tribui para a produção de consensos que
No caso especíico da área aca- valoram nossos comportamentos como
dêmica do jornalismo, alinho-me aos certos ou errados, normais ou anormais,
ensinamentos de Deuze e Witschge legítimos ou clandestinos. Contudo, de-
(2015) quando criticam a “representação ve-se ter em mente que a recepção da
consensual do jornalismo”. Para além do informação não é passiva: assim como o
conceito/objeto ordenado/delimitado e jornalista, o leitor também tem sua per-
tradicionalmente proposto, o jornalismo cepção atravessada pela própria subjeti-
é um trabalho de fronteiras. Os auto- vidade.
res atentam para seu caráter negociável, A ideia de que o jornalismo re-
continuamente redesenhado e lexível – porta a realidade com objetividade está
e mutável historicamente. Tal airmação profundamente arraigada, não só no pú-
destaca a variedade de práticas que co- blico, mas principalmente nos próprios
tidianamente fazem o jornalismo existir, jornalistas. Alsina (2009) explica que a
seja ou não em uma grande redação. E credibilidade do discurso jornalístico
isso porque também o sujeito jornalista depende do efeito de verossimilhança.
sofre os deslocamentos da atualidade. Porém não se tratam de mentiras, pois o
Contudo, compreender esse conjunto é jornalista está condicionado à interpre-
uma tarefa árdua e sempre incompleta. tação baseada na sua vivência pessoal e
O presente trabalho é uma ten- proissional. Por outro lado, o autor des-
tativa de contribuir com tal discussão e taca que todo leitor pode recusar a va-
usa como exemplo alguns episódios das loração contida no discurso que recebe:
Jornadas de Junho de 2013. Há momen-
tos de resistência que parecem sacudir Os jornais fazem interpretações
o mundo e nos obrigam a pensar para da realidade. Quanto mais eles se
além do pensado. Exigem que escutemos ajustam à interpretação da realida-
com mais atenção. Há momentos em que de que o leitor faria se estivesse no
a vida se torna pura potência e a realida- lugar do jornalista, mais o jornalis-
de, puro devir. As Jornadas de Junho ar- ta vai acreditar que se trata de uma

46
descrição objetiva. Mas, quando GRI, 2005) ocupou a rua e a internet,
ainda nesses casos, o leitor estiver causando um curto-circuito em palavras
ciente de que está diante de uma de ordem caras à mídia de massa, como
construção da realidade social “vandalismo” e “ordem pública”. Mas
terá sido então gerada a mudança para além de exaltar a indisciplina ou
de mentalidade. O leitor crítico é legitimar o “protesto pacíico”, é necessá-
quem sabe por que os meios de rio compreender as dinâmicas de traba-
comunicação airmam o que air- lho que determinam em grande parte a
mam e compreende, também, que construção de cada narrativa.
essas airmações não são verdades Ao eleger suas fontes, ao autorizar
absolutas (ALSINA, 2009, p. 294). quem fala, o jornalismo também de-
marca quem são os que não podem fa-
O formato digital alterou drastica- lar. Essa escolha é inerente ao exercício
mente a maneira de consumir produtos da proissão – e o jornalista ainda pre-
culturais. Mais do que isso: a populariza- cisa lidar com as limitações do processo
ção da internet e das redes P2P trouxe- de produção/circulação da notícia. Por
Biopoder é um termo
1 ram em seu esteio uma crise de suportes outro lado, a absorção da sociedade ci-
cunhado por Foucault (2008) sem precedentes (DE MARCHI, 2005). vil pelo Estado, que abre espaço para as
que conceitua o poder que A liberação do polo emissor, antes sea- resistências articuladas – é o paradoxo
se inscreve na própria vida. ra quase exclusiva dos mass media, in- da “máxima pluralidade e incontornável
Hardt e Negri (2005) usam
o termo para articulá-lo ao
centiva a troca e a colaboração entre os singularização” (HARDT; NEGRI, 2005,
conceito de império; este internautas (LEMOS, 2007). Assim, a p. 44). Foucault (2001) alerta que as re-
designa a atual transferência produção de conteúdo alternativo e uma sistências são o outro termo das relações
de soberania dos Estados nova forma de distribuição das notícias de poder, seu interlocutor irredutível,
nacionais para um tipo de deslocam a legitimidade do discurso jor- e que são distribuídas irregularmente.
governança mundial. Essa
governança articula outras
nalístico. Esses movimentos produzem clivagens
formas de governo com o É importante, contudo, perceber que implodem as unidades e traçam nos
objetivo de apropriar-se da a capacidade de lexibilização do capi- indivíduos regiões irredutíveis. É nesse
produção biopolítica da po- talismo de luxos. Nesse sentido, Primo sentido que Hardt e Negri (2005) indi-
pulação. É este poder – que (2013) ensina: “Ao mesmo tempo que as cam a multidão como capaz de construir
investe a própria vida – que
é chamado de Biopoder.
mídias digitais contribuem para a inter- um contra-império dentro do próprio
venção política e para movimentos de terreno imperial. Até porque, de cer-
2
Segundo Hardt e Negri resistência, o grande capital também se ta forma, o nascimento do império2 foi
(2005), o império carac- reinventa” (p. 20). Todavia, para além da uma exigência da multidão: suas revoltas
teriza um poder que não competência do biopoder1 em converter do tempo disciplinar indicavam o desejo
reconhece fronteiras e que
deve ser compreendido como
o dissenso online em proveito próprio, o de internacionalização e de globalização,
“uma ordem que suspende a autor alerta que o diferencial deste tem- contrapondo-se às delimitações nacio-
história” (p. 14). Seu poder po está no que hoje atravessa tanto o ca- nais, coloniais ou imperiais. É claro que
atravessa todos os regis- pitalismo de luxos quanto a resistência a o império constrói relações de poder
tros sociais, e sua meta é ele: o protagonismo do conhecimento e muitas vezes mais cruéis do que aquelas
governar “a vida social como
um todo, e assim o império
da colaboração. peculiares às sociedades disciplinares.
se apresenta como forma O social é tecido em meio a ques- Mesmo assim, as características do im-
paradigmática de biopoder” tões complexas e controversas que re- pério nos permitem abandonar as velhas
(p. 15). únem vários atores – e quanto mais estruturas do poder moderno e deixam
polêmica é a controvérsia, mais atores entrever um importante potencial de
e objetos são chamados para a disputa transformação. Isso porque a globaliza-
(LATOUR, 2012). E mesmo dentro de ção é um regime que produz identidade
um único grupo a negociação é um tra- e diferença – e é esta última que viabiliza
balho árduo e constante. o poder da multidão global.
As Jornadas de Junho colocaram A multidão composta de subjeti-
em evidência a crise de credibilidade vidades globalizadas está em perpétuo
que atravessa a mídia hegemônica. A movimento e cada um dos eventos que
resistência biopolítica (HARDT; NE- protagoniza força reconigurações no sis-

47
tema. A sequência dos eventos é impre- diferentes elementos, humanos ou não
visível e incontrolável. As lutas biopolí- (LATOUR, 2012). Assim, mapear tais
ticas indicam, assim, o desenvolvimento conexões, compreender suas dinâmicas
dos projetos constituintes da multidão e e estratégias, analisar os modos como os
sua força criadora. atores aliciam e são aliciados no árduo
Opondo-se ao conceito de multi- processo de produzir o social é parte
dão está o conceito de povo (HARDT; fundamental de uma pesquisa que busca
NEGRI, 2005). Nele, existe a ideia de compreender o que aí está. 3
Foucault (2007) ensina
homogeneidade interna e de identida- Tanto a emergência de novas fer- que para além de um
de, apontando para uma vontade única ramentas na rede – que facilitam e es- Estado soberano, hoje a
e uma determinada maneira de agir. Por timulam a produção e a circulação de população é gerenciada
por uma técnica de gover-
seu turno, a multidão – irredutivelmente informações – quanto as práticas de
no que alimenta seu saber
heterogênea – protagoniza várias von- internautas que colocam em xeque a por meio da economia
tades e ações geralmente contrapostas legitimidade do jornalista como único política e do controle à
àquelas imputadas ao povo. Qualquer emissor legítimo das “notícias que in- distância. Técnicas de se-
Estado-nação precisa fazer da multidão teressam” instauram uma séria crise no gurança garantem a liber-
dade da população em um
um povo porque é necessário impor a modelo da Indústria Cultural. Massiva
cenário onde a igura do
ordem, e esta presume a unidade de ins. e fechada, a cultura pré-internet viabi- Estado não é a protago-
Contudo, o principal apoio do comando lizava a prerrogativa do jornalista como nista. Assim, o fenômeno
imperial não são as modalidades disci- única igura capaz de produzir e divulgar da governamentalização
plinares do Estado moderno: o contro- os discursos do mundo sobre o mundo. do Estado é fundamental
na contemporaneidade,
le é biopolítico. A multidão precisa ser A internet revolucionou as práticas de
tornando supérluas as
governada e efetivamente o é através das produção e circulação e hoje diariamen- teorias que veem o Estado
tecnologias próprias da governamenta- te emergem na rede novas formas de co- como principal posição
lidade3. Essas tecnologias são ferramen- municação interativa, irreverentes, aber- a ser ocupada ou como o
tas que visam não destruir a potência da tas e descentradas. inimigo a ser extinto. São
as táticas da governamen-
multidão, mas controlá-la. Blogs, fotologs, redes sociais e ou-
talidade que determinam
Tendo em vista a emergência de tras plataformas colaborativas subver- o que é de responsabilida-
uma multidão conectada, a construção tem a lógica tradicional: a produção de de do Estado; são elas que
de espaços de luta comuns e a mobili- conteúdo online, incontrolavelmente, deinem o que é público
zação civil apontam para outro enten- escapa aos ditames da Indústria Cultu- e o que é privado – o
Estado, para além de uma
dimento de democracia. Como ensinam ral. Um elemento inerente a esse quadro
abstração mistiicada,
Hardt e Negri (2005), a opinião pública é o próprio conceito de trabalho, que foi deve ser entendido por
alardeada pela máquina imperial-midi- alterado pelas novas tecnologias e pelo meio dessas tecnologias de
ática, longe de ser um espaço de repre- uso cada vez mais intenso do trabalho segurança e controle.
sentação democrática, é um campo de imaterial. Os atuais processos produti-
conlito: as diferenças de expressão da vos reclamam a ação política, no sentido
multidão demonstram a impossibilidade de que o trabalhador precisa lidar com o
de uma versão global do politicamente imprevisto e lançar mão de performan-
correto. ces comunicativas. Mas o processo pro-
É importante atentar para o fato de dutivo pós-fordista “parodiando a autor-
que mobilizações como as Jornadas de realização, na realidade marca o ponto
Junho seriam outra coisa se as novas tec- máximo de submissão” (VIRNO, 2008,
nologias não existissem. Os não-huma- p. 124), porque a exigência do virtuosis-
nos são parte fundamental das conexões mo na produção faz com que caracterís-
que delineiam a formação daquilo que ticas próprias da ação política passem a
entendemos como social. A busca des- ser pré-requisito – o Intelecto é, agora, a
sas associações irredutivelmente híbri- principal força produtiva. Nesse sentido,
das e distribuídas alcançam elementos Bentes (2011) expõe a irredutível ligação
heterogêneos que, por si só, não podem entre a necessidade do diploma para o
ser deinidos como “sociais”. Isso porque exercício do jornalismo e a submissão à
o social é, justamente, o que emerge na lógica patronal:
espessura das relações travadas entre os

48
[…] as universidades não preci- trário. Os não-humanos interagem co-
sam (ou não deveriam) formar nosco, e é pelos híbridos que este mundo
“peões” diplomados, mas jovens é engendrado. Nesse sentido, uma das
capazes de exercer sua autonomia, grandes transformações por que passa o
liberdade e singularidade, dentro jornalismo é no uso das novas tecnolo-
e fora das corporações, não pro- gias na produção da notícia (PEREIRA;
issionais “para o mercado”, mas ADGHIRNI, 2011): cada vez mais a bus-
capazes de “criar” novos mercados ca em bancos de dados e o imediatismo
e ocupações, jornalismo público, guiado pela necessidade da convergência
pós-corporações, midiarte, jovens suplantam o tempo que antes era dedi-
que inventam ferramentas, práti- cado ao cultivo de fontes e à veriicação
cas e mercados pós mídias massi- dos fatos, por exemplo. Também a porta-
vas. (BENTES, 2011, p. 72, grifos bilidade e a ubiquidade de conexão são
da autora). elementos cruciais para a emergência
do jornalismo como hoje o conhecemos
Accardo (2000) explica ser com- (SILVA, 2011).
preensível que muitos observadores da As redes sociais forçaram a trans-
mídia imaginem que os jornalistas tra- formação da abordagem inicial feita pela
balham em prol das empresas que os mídia de massa sobre as Jornadas de Ju-
empregam e dos acionistas ligados a elas, nho. De acordo com Malini e Antoun
condicionando o público de acordo com (2013), enquanto a mídia de massa está
o maior ou menor ganho de tais empre- embasada na lógica do “todo mundo
sários. Mas é importante destacar que está falando nisso”, e caracteriza o con-
disso não se deduz um suposto “mau- ceito de Guerra da Informação, a lógica
caratismo” do proissional. Por uma sé- dos peris está baseada na premissa “meu
rie de fatores, os próprios jornalistas são amigo recomendou”, e demarca a Guerra
condicionados. Mas para que tal lógica em Rede. Tanto a primeira lógica quan-
funcione, é imprescindível que as pesso- to a segunda lançam mão de táticas de
as acreditem no que estão fazendo. Es- monitoramento e de laços afetivos para
ses proissionais trabalham com boa-fé e funcionar. Elas disputam a legitimidade
zelo, mas evidenciam sua adesão ao sis- para assumir o lugar de fala da narrativa
tema ao defenderem a face humana do pública.
capitalismo chamando-a simplesmente Exemplos de recursos de redes so-
de “modernidade”. Assim, a identidade ciais como meios de produção/apropria-
jornalística que busca a “verdade” dos ção de narrativas são os eventos no Face-
“fatos” faz parte do jogo que condiciona book e as hashtags no Twitter (MALINI,
a formação e a escolha dos proissionais 2013, online). No caso do Facebook, os
da indústria de produção de conteúdo. usuários dão força a muitas manifesta-
ções de rua conirmando presença, mes-
Agência dos não-humanos na (des) mo que não possam estar lá isicamente:
construção da credibilidade
O jornalismo é cartesiano e está A dinâmica do Facebook ilustra
em crise: assim, a reavaliação de concei- curiosamente a articulação rua
tos como “objetividade” e “verdade” é ta- e rede. Há aqueles que estão pre-
refa urgente e irreversível (Christofoletti, sentes na primeira; há aqueles que
2008). É cada vez mais difícil manter a estão na segunda. Os primeiros
artiicial separação entre Ciência e So- enunciam; os segundos anunciam.
ciedade, porque nosso mundo é cons- Os primeiros, de dentro da mobi-
truído na espessura mesma da relação lização, relatam. Os segundos, de
que necessariamente é travada entre os dentro da rede, espalham e como-
dois polos. Na esteira de Latour (1994), vem (MALINI, 2013, online).
é preciso deixar claro que não se nega a
materialidade das coisas, bem pelo con- Participando do evento na plata-

49
forma, os internautas têm a possibilida- enquete do programa – naquele dia, fo-
de de fazer circular conteúdo multimídia cada na marcha na cidade de São Paulo:
e construir narrativas comuns a partir de “Você é a favor desse tipo de protesto?”.
diferentes elementos. A interface facili- Os números não conirmaram a expec-
ta a circulação das narrativas através de tativa da produção e o apresentador pro-
recursos como “curtir”, “seguir”, “comen- curou uma razão que explicasse o que
tar” e “compartilhar”. havia saído errado: “Será que nós formu-
No Twitter, a multidão que tomou lamos mal a pergunta? ‘Você é a favor de
conta das ruas durante as Jornadas de protesto com baderna? Eu acho que essa
Junho se fez presente em uma varieda- seria a pergunta. [...] Faça a pergunta do
de de hashtags – #vemprarua, #tarifaze- jeito que eu pedi, por favor [...] por que aí
ro, #passelivre etc. Malini explica que as ica claro, que senão o cara não entende”.
imagens aéreas produzidas pela grande Analisando a anedota, Viana explica:
mídia icaram nas mãos dos internautas
que estavam em casa. Recebendo relatos O erro, para Datena, não estava na
dos que foram para a rua e se aproprian- pesquisa, mas em sua deturpação,
do do conteúdo veiculado na mídia tra- gerada pelas próprias imagens que
dicional, os chamados “ativistas de sofá” então eram transmitidas ao seu 4
Deleuze (1992). A intensi-
impulsionaram a circulação de novos lado [...]. Os manifestantes ain- icação do poder disciplinar
olhares e de outras formas de contar os da não haviam chegado à rua da e a democratização dos
acontecimentos. Consolação, onde uma tropa es- mecanismos de comando
caracterizam a Sociedade de
Destaca-se a grande circulação de petacular os aguardava para, como Controle. A diferença desta
determinados tweets alcançada por per- nos atos anteriores, demonstrar, ao para a Sociedade Discipli-
is sem grande popularidade, mas que vivo, de que matéria é feito nosso nar é o alcance do controle:
conseguiram falar de uma perspectiva estado de direito. O equívoco não agora, ele estende-se para
partilhada por muitos. Além disso, Ma- estava lá nem cá: os telespectado- fora das instituições sociais,
funcionando por modula-
lini (2013, online) frisa que a potência de res sabiam muito bem do que se ção. O homem coninado,
tais airmações não foi revertida em um tratava; e a pesquisa não mentira marca do poder disciplinar,
aumento dos seguidores ou de populari- ao diferenciar as “manifestações dá lugar ao homem endi-
dade para esses peris. No mesmo senti- pacíicas” dessa que então estava vidado, personagem-chave
do, também é preciso distinguir a atua- sendo transmitida. O erro estava na sociedade de controle. A
assinatura e o número de
ção do problogger e do “blogueiro de rua” nas ruas. (VIANA, 2013, pp. 54- matrícula dão lugar à cifra/
(MALINI; ANTOUN, 2013). O primeiro 55). senha, ou seja, a linguagem
acompanha os assuntos mais populares numérica do controle é
para capitalizar conexões; o segundo – Sim, o “erro” estava nas ruas. E feita de cifras que marcam
igura emergente da cibercultura – usa mais do que isso: também circulava am- o acesso à informação, ou
a negação a esse acesso.
o streaming para transmitir ao vivo, e no plamente nas redes sociais, fazendo com Por isso a informática e os
meio dos acontecimentos, para amigos e que a TV fosse “ocupada pela segunda computadores protagonizam
parceiros. Produzindo conteúdo ao mes- tela, a internet” (MALINI, 2013, online). o modo de funcionamento
mo tempo em que participa da ação, o Pasquinelli (2012) ensina que o dessa nova organização: é
“blogueiro de rua” ocupa a rede social avanço da sociedade de controle deleu- assim que a ameaça passiva
é a interferência, e a ativa é
e faz dela, antes de qualquer coisa, uma ziana4 abriu espaço para uma forma de a pirataria ou a proliferação
mídia de vazamento. controle biopolítico. Essa forma seria o de vírus.
Nesse tempo de crise do jornalis- que vivenciamos hoje: a sociedade de
mo cartesiano, foi emblemática a cena metadado5. Ele usa a Máquina de Turing 5 “Informação sobre informa-
protagonizada pelo apresentador Date- “como o modelo empírico mais geral e ção” (PASQUINELLI, 2012,
p. 20).
na, no dia 13 de junho de 2013, no pro- mais à mão para descrever as entranhas
grama Brasil Urgente – e relatada por dos assim chamados trabalho imaterial e
Viana (2013). Imagens da quarta mobili- capitalismo cognitivo” (p. 17). Apoiado
zação pelo passe livre em São Paulo eram nas ideias de Simondon, ele explica que
transmitidas, acompanhadas da fala do a máquina é um relé, ou seja, tem um
apresentador que repudiava o movimen- ponto para a entrada de energia e outro
to. Como de costume, Datena lançou a para a entrada da informação. Através

50
de um artigo de Alquati, contemporâneo o conhecimento do comum previamente
de Simondon, Pasquinelli liga o conceito mapeado (mais-valia de código). Final-
de máquina cibernética ao de informa- mente, emerge a nova forma de controle
ção valorizante: esta é transformada, ao biopolítico: a vigilância. Ela serve como
entrar na máquina, em conhecimen- instrumento de prevenção e controle que
to maquínico. É assim que, ao passar o lança mão de dados ativamente produzi-
conhecimento dos operários para a lin- dos pelos usuários, constituindo assim a
guagem cibernética (bits), a informação chamada “sociedade do metadado”.
6
Idem, ibidem, p. 7.
é investida de valor. Pasquinelli explica Como não há poder sem resistên-
que Alquati ecoa o pensamento marxista cia, cabe ressaltar que existem modos
ao conceituar a máquina como uma for- diferentes de fazer falar os rastros digi-
ma de acumular mais-valia e ao enten- tais (BRUNO, 2012). Ao invés de com-
der o saber vivo que a alimenta como um preendê-los como evidência a serviço da
campo de resistência a ela. Nesse sentido, vigilância, a Teoria Ator-Rede aborda-os
o general intellect representa a potência como “inscrições de ações” na compo-
de um saber que extrapola qualquer ob- sição de coletivos6. Aqui, interessa “se-
jetivação: guir os atores”: por um lado, mapeando
a formação de padrões de ordenamento;
O intelecto geral [general intellect] por outro, cartografando as condições de
se apresenta não só ‘cristalizado’ emergência dos limites impostos pelas
na máquina, mas difuso atraves- forças da resistência a esse mesmo orde-
sado em toda a ‘fábrica social’ da namento.
metrópole. Então, logicamente, se Law (1992) diz que, na maior par-
o conhecimento industrial dese- te do tempo, lidamos com as coisas sem
nhara e operara máquinas, tam- perceber que são compostas em redes.
7
Para além da apuração, bém o conhecimento coletivo fora Isso acontece quando a rede age como
produção, circulação e con- da fábrica tem de ser maquínico. um bloco único – ou, na linguagem de
sumo, Zago (2013) indica a Aqui é preciso atentar cuidadosa- Latour (2000), como uma caixa-preta –
recirculação como uma quin- mente para as manifestações do in- e assim desaparece. Em seu lugar, surge
ta etapa no processo jorna-
telecto geral [general intellect] que uma ação ou um autor. Esse efeito de
lístico. Assim, a recirculação
acontece quando as notícias atravessa toda a metrópole, para estabilidade da rede, ou pontualização
são iltradas e comentadas tentar entender onde o encontra- (LAW, 1992), é mais comum em redes
pelos interagentes em espaços mos ‘morto’ ou ‘vivo’, já ‘ixado’ nas quais o efeito de seu ordenamento
públicos mediados – no caso, ou potencialmente autônomo. Por alcança ampla performatividade. Dito
o Twitter.
exemplo, em que medida hoje o de outro modo, a pontualização é mais
tão celebrado Sotware Livre e a frequente em redes que determinam ro-
chamada cultura livre são cúmpli- tinas.
ces das novas formas de acumula- Na construção das notícias, o jor-
ção do capitalismo digital? (PAS- nalismo hegemônico internalizou prá-
QUINELLI, 2012, p. 13, grifos do ticas possibilitadas pelas novas tecnolo-
autor). gias. Um dos efeitos dessa internalização
foi jogar os artefatos tecnológicos na
Convertendo o signiicado em invisibilidade, silenciando sobre o pa-
ação, o código e os programas de sotwa- pel decisivo dos não-humanos – tanto
re podem ser entendidos como protago- na construção (uso de buscadores como
nistas de acumulação da mais-valia so- o Google para escolha de fontes, por
bre o conhecimento geral. Nesse sentido, exemplo) quanto na recirculação7 da no-
ao medir a produção das relações sociais, tícia (ZAGO, 2013).
o metadado mede o valor dessas rela-
ções transformando-as em mercadoria Credibilidade e suas condições de
(mais-valia de rede). Em seguida, essas possibilidade na cibercultura
informações são usadas para alimentar Quanto aos índices de credibilida-
a inteligência da máquina, cristalizando de da imprensa, a Pesquisa Brasileira de

51
Mídia de 2015 aponta que 58% dos en- Se por um lado “o jornalismo pare-
trevistados coniam muito ou sempre no ce não ter reelaborado o seu papel neste
meio jornal e 40% dizem coniar pouco cenário de permanente troca de infor-
ou nunca. Além disso, também destaca mações e de conexões ubíquas” (MIEL-
que 50% dos leitores não fazem mais ne- NICZUK, 2013, p. 122), por outro, cer-
nhuma outra atividade enquanto o con- tas polêmicas também demarcam uma
somem. Por outro lado, são 21% os en- grande controvérsia. É o caso daquelas
trevistados que leem jornal pelo menos que giram em torno da supressão de
uma vez por semana. posts protagonizadas por censores do Fa-
Se a Pesquisa Brasileira de Mídia cebook. É também o caso da que discute
aponta a desconiança sobre as infor- a regulamentação da internet e dos direi- 8
Sigla para Narrativas In-
mações veiculadas nas redes digitais, a tos autorais – aqui, dependendo de como dependentes, Jornalismo e
pesquisa da CNT divulgada em julho essa caixa-preta for fechada, seus efeitos Ação, grupo ancorado pelo
de 2015 abordou a coniança das pesso- podem ter um profundo impacto tanto Circuito Fora do Eixo.
as nas instituições. O estudo revela que na reestruturação do jornalismo como
13,2% das pessoas acreditam na impren- na liberdade das trocas que hoje prolife-
sa – mas que quase o dobro nunca conia ram na rede.
no que é dito pelos jornais (21,2%). O conhecimento, cada vez mais,
Somos 90 milhões de brasileiros assume um lugar privilegiado na geração
usando as redes sociais. A conexão cons- do valor – o poder de inovação e de sig-
tante com peris atuantes politicamente niicação inerente ao trabalho imaterial
coloca em evidência a agência de grupos faz com que ele dite o valor gerado pelo
como o Mídia Ninja8 e altera o panorama trabalho material. Sua dimensão biopolí-
da mídia no país: “É a realidade de mui- tica é o alvo da nova exploração, porque
tos jovens que pegam o telefone celular é justamente ela a responsável pela gera-
e fazem vídeos streaming para a internet ção de valor (HARDT; NEGRI, 2005).
dos acontecimentos de rua. [...)] há ví- Por um lado, a mobilidade e a lexibilida-
deos com 70 mil pessoas assistindo em de cada vez mais exigidas nas relações de
tempo real” (MALINI, 2013a, online). trabalho evidenciam a acumulação para-
De acordo com pesquisas desen- sitária do capital, que se alimenta do co-
volvidas pelo Laboratório de estudos mum constituído nas redes de saberes e
sobre Internet e Cibercultura (Labic) na afetos da população. Por outro lado, essa
Universidade Federal do Espírito Santo mesma versatilidade abre espaço para
– grupo que Malini ajuda a coordenar – que, a partir da autovalorização do tra-
existe forte articulação entre a política, o balhador, a imensa potência produtiva
Twitter e a rua. A emoção gerada na rua originada na cooperação social viabilize
é transmitida pela rede social e desenca- uma nova forma de democracia.
deia um processo de comoção pública ao O virtual é entendido como os po-
vivo que toma amplitude em função do deres que a multidão tem para agir – e
compartilhamento afetivo. Isso motiva a a passagem do virtual para o real é feita
presença na rua ou o apoio a ela. Com pelo trabalho ativo, que cria a possibili-
mais gente atuando na rua e na rede, dade. Imbuído que é pelo conhecimen-
mais conteúdo é gerado e/ou compar- to, afeto, ciência e linguagem, o trabalho
tilhado, compondo um ciclo emocional protagoniza o poder de agir do intelecto
que renova a política. geral. Se os poderes do trabalho criam
Da Guerra em Rede, emergem três sem cessar novas construções comuns,
camadas estratégicas de disputa (MALI- por outro lado o que é comum se torna
NI; ANTOUN, 2013): a primeira cama- singularizado. É por isso que essas ações
da é a da luta pelas narrativas; a segunda comuns coniguram um poder consti-
gira em torno do controle sobre as plata- tuinte. Já a eicácia do governo imperial
formas tecnológicas; e a terceira demarca não é constituinte: é reguladora.
a batalha pela normatização da internet e O trabalho colaborativo nas redes
das práticas online. traz consigo a potência de virar o jogo e

52
subverter a lógica da economia de mer- Para além do jornalismo cartesiano
cado atual. Essas redes de troca exigem, A expansão das novas tecnologias
cada vez mais, liberdade e gratuidade – ajuda a difundir visadas minoritárias e,
elementos que se mostram como condi- para além disso, as possibilidades tecno-
ção básica para a expansão e inovação, lógicas das redes digitais foram cruciais
para além do capital. Para levar avante no processo de adesão e impacto das
o processo de acumulação, é necessário Manifestações de Junho, por exemplo.
privatizar o comum construído a par- Contudo, o controle e a vigilância pre-
tir de um regime de dádiva. Uma das sentes no ciberespaço também são deter-
muitas contradições dessa lógica é que minantes para o alcance de abordagens
a manutenção da qualidade do traba- alheias ao discurso hegemônico. Tais
lho colaborativo exige uma mudança no controles evidenciam o quanto elemen-
conceito de cidadania. A produtividade, tos não humanos, em princípio externos
a remuneração e a proteção desse tipo de ao jornalismo, concorrem para determi-
trabalho estão diretamente implicadas nar práticas de produção e de circulação
com os direitos concedidos à sociedade da notícia – seja na visibilidade das ver-
civil (COCCO, 2012). Ao direito que visa sões minoritárias, seja nas novas rotinas
a proteção da acumulação parasitária, é das redações, cada vez mais dependentes
preciso contrapor um direito do comum. da apuração online, por exemplo.
A velha mídia e as novas possibili- Na cibercultura, outros processos
dades de emissão convivem neste tempo produtivos instauram uma nova relação
que desloca velhos valores e produz ou- de força na construção dos sentidos so-
tras formas de vida, para além do projeto bre os acontecimentos sociais. A multi-
moderno de identidade e imobilidade. plicidade de redes, os novos modos de
São muitas as informações que possibi- legitimar as fontes, diferentes formas de
litam outras visadas de mundo, alterna- inanciamento e outros elementos vêm
tivas àquelas difundidas pelos veículos deslocando/multiplicando o que enten-
e empresas da Indústria Cultural. O jor- demos ser o jornalismo. Para além de le-
nalismo, cada vez mais, também é cons- gitimar ou depreciar a cibercultura, inte-
truído pelas mídias alternativas e outras ressa analisar seu impacto na formulação
formas inovadoras de produção e circu- de conceitos e premissas sobre as quais as
lação de conteúdo. práticas jornalísticas se sedimentaram.

Referências

ACCARDO, Alain. Submissão chique: a estranha ética dos jornalistas. Le Monde


Diplomatique, ed. brasileira, ano 1, número 4, 2000. Disponível em: <http://diplo.
dreamhosters.com/2000-05,a1750.html>. Acesso em: 5 Fev. 2013.

ALSINA, Miquel Rodrigo. A construção da notícia. Petrópolis: Vozes, 2009.

BENTES, Ivana. As novas formas de lutas pós-mídias digitais. Revista Lugar


Comum, n. 28, pp. 71-80, dezembro 2011. Disponível em: <http://uninomade.net/
wp-content/iles_mf/110810121237As%20novas%20formas%20de%20lutas%20
pos-midias%20digitais%20-%20Ivana%20Bentes.pdf>. Acesso em: 15 Jun. 2016.

BRUNO, Fernanda. Rastros digitais sob a perspectiva da Teoria Ator-Rede. Revista


Famecos, v. 19, n. 3, pp. 681-704, set/dez 2012. Disponível em: <http://revistase-
letronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/12893/8601>.
Acesso em: 19 Jun. 2013.

53
CHRISTOFOLETTI, Rogério. O jornalismo entre a dúvida e a incerteza: relexões
sobre a natureza da atividade. Revista Comunicação & Sociedade, São Bernardo
do Campo, PósCom-Metodista, ano 29, n. 50, pp. 203-221, 2º Sem. 2008.

COCCO, Giuseppe. Introdução à 3ª edição. Trabalho e cidadania: produção de


direitos na crise do capitalismo global. São Paulo: Cortez, 2012.

DE MARCHI, Leonardo. A angústia do formato: uma história dos formatos fono-


gráicos. Revista E-Compós, v. 2, 2005. Disponível em: <http://compos.org.br/seer/
index.php/e-compos/article/view/29>. Acesso em 8 Out. 2008.

DELEUZE, Gilles. Conversações. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.

DEUZE, Mark e WITSCHGE,Tamara. Além do jornalismo. Leituras do Jornalis-


mo, ano 2, vol 2, n 4, 2015.

FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população. Rio de Janeiro: Forense


Universitária, 2008.

_____________. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2007.

_____________. Historia da sexualidade I. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2001.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Império. Rio de Janeiro: Record, 2005.

LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede.


Salvador: Eduba, 2012; Bauru, São Paulo: Edusc, 2012.

_____________. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade


afora. São Paulo: UNESP, 2000.

_____________. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994.

LAW, John. Notes on the heory of the Actor-Network: Ordering, Strategy and
Heterogeneity. Systems Practice, 5 (1992), 379-93. Disponível em: <http://www.he-
terogeneities.net/publications/Law1992NotesOnheheoryOfheActor-Network.
pdf>. Acesso em: 10 Ago. 2013.

LEMOS, André. Cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2007.

MALINI, Fábio. A batalha do vinagre: por que o #protestoSP não teve uma, mas
muitas hashtags. Artigo publicado no blog do Labic/UFES, 14 Jun. 2013a. Disponí-
vel em: <http://www.labic.net/cartograia-das-controversias/a-batalha-do-vinagre
-por-que-o-protestosp-nao-teve-uma-mas-muitas-hashtags/>. Acesso em: 15 Jun.
2013.

_____________. Mídia Ninja. “A disputa pelo poder midiático”. Entrevista espe-


cial com Fábio Malini. Entrevista concedida ao IHU online, 10 Ago. 2013b. Dispo-
nível em: <http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/522589-o-que-esta-em-jogo-e-a-
disputa-pelo-poder-midiatico-entrevista-especial-com-fabio-luiz-malini-de-lima>.
Acesso em: 12 Ago. 2013.

54
_____________.; ANTOUN, Henrique. @internet e #rua. Porto Alegre: Sulina,
2013.

MIELNICZUK, Luciana. O celular afronta o jornalismo. In: BARBOSA, Suzana;


MIELNICZUK, Luciana (Orgs.) Jornalismo e tecnologias móveis. Covilhã, Portu-
gal: LabCOM, 2013.

PASQUINELLI, Matteo. Capitalismo maquínico e mais-valia de rede: notas sobre


a economia política da máquina de Turing. Tradução de Henrique Antoun, 2012
(trabalho não publicado).

PEREIRA, Fábio; ADGHIRNI, Zélia. O jornalismo em tempo de mudanças estru-


turais. Intexto, v. 1, n. 24, pp. 38-57, jan./jun. 2011.

PRIMO, Alex. Interações mediadas e remediadas: controvérsias entre as utopias da


cibercultura e a grande indústria midiática. In: PRIMO, Alex (Org.). Interações em
rede. Porto Alegre: Sulina, 2013.

SILVA, Fernando Firmino. Repórteres em campo com tecnologias móveis conecta-


das. In BARBOSA, Suzana; MIELNICZUK, Luciana (Orgs.) Jornalismo e tecnolo-
gias móveis. Covilhã, Portugal: LabCOM, 2013.

VIANA, Silvia. Será que formulamos mal a pergunta? In: MARICATO, Ermínia
et al. Cidades Rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do
Brasil. São Paulo: Boitempo, Carta Maior, 2013.

VIRNO, Paolo. Virtuosismo e revolução. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,


2008.

ZAGO, Gabriela. Da circulação à recirculação jornalística: iltro e comentário de


notícias por interagentes no Twitter. In: PRIMO, Alex (Org.). Interações em rede.
Porto Alegre: Sulina, 2013.

55

You might also like