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Releeinwia (2) LIMITACOES E DIFICULDADES DA RELACAO TERAPEUTICA Paulo Barros SUMARIO Limites? Dificuldades? Teremos sempre. Teremos sempre dificuldades com limites. Ou com sua inexisténcia. Isto € mais facil de entender do que viver. Aliés entender € sempre mais facil que viver. Mais fécil falar do que fazer. Mas viver sem entender também costuma ser muito dificil. Também nos enreda. O enredo repetido. Sisifo deveria ter mais 0 que fazer. A ficar carregando pedras morro acima sem cessar. Pura falta de imaginagao. Ou compreensao. De que para mudar, é preciso mudar. E de que para mudar s6 existe uma porta, Agora, a tinica porta para a mudanca. Agora, a Gnica porta para 0 futuro. Agora o tinico limite. A ser transposto como limiar. No qual se adentra, Agora, uma porta de entrada. Uma estrada para o futuro. O futuro que munca ser se ndo nos abrirmos para o agora. Agora, 0 tinico retorno, Para mudar de estrada. Retornar aos caminhos perdidos no passado. De onde se podia vislumbrar 0 futuro, 0 futuro perdido no passado. Agora a tnica passagem. O passado retornando a ser. Semente de futuro. SUMARY Within. In. With. In within. Where all dificulties are. Ever. And dificulties are forever. If you are not willing to face them. Now. This narrow path. For whathever. For whathever is. And whatever cannot be. Unless you are. Willing. To be in the now. This narrow path. From the past to the future. Otherwise you won't. Won't be. Nothing but the past. Just be otherwise. Limits are allways beyond the now. Limits are all ways if you just are. In the now. This narrow path within the past. And the future. From within. The future that becomes. As all future becomes. Yours. If you just let. The past becomes past. As it is. This garden of seeds. Already thrown. All ready to blow. Right now. The right now. This narrow path. For the future. For the future that is. Within the now. Existe apenas uma_possibilidade de perfeicao: a a_sealidade. A tealidade € cheia de possibilidades. Mas a realidade é apenas uma. Todas as possi ades se abrem através de uma Gnica porta. A realidade. A realidade € inelutavelmente. Mutavel. A cada instante. Cada instante € Gnico. Absolutamente soberano. Senhor de infinitas possibilidades. Mas existe apenas uma passagem. Agora. O dinico umbral. Agora. O nico limite. O limiar em que tudo se abre. A realidade € uma _prisio com infinit possibilidades. Eo agora é a sua Ginica porta. + Limitagées da relacdo terapéutica? Para onde vocé esté olhando? Certamente um pouco além, Para lé do limite. Certamente ndo esté no agora. Agora cada limite € um limiar. Que se abre. Que se fecha. Cada limite € uma fronteira a ser respeitada, reconhecida, explorada, contornada talvez, Apalpada, Sera que existe mesmo? Ou somente se solidifica se 0 afrontamos? O que é que vocé me diz da extrema dureza de um limite ignorado? Vocé j4 topou de frente com uma parede invisivel? Vocé jd percorreu por estes labirintos que nos conduzem sempre para lugares indesejados? Vocé nao juraria que estava querendo chegar em outro jugar? Que niio era nada disto que vocé estava querendo? E no entanto, se comecar a se locomover de novo... Vai escorregar imperceptivelmente até encontrar com a mesma parede. Invisivel. Invisivel? Necesséria. Apalpével. Apenas as paredes nos conduzem as portas. As passagens. Agora. O que se passa? De que indumentarias revestes 0 passado? O que serd preciso? Rever 0 qué? Os revezes? Com que fardos carregas 0 futuro? Prever 0 qué? O que sera? Sera preciso? Com fardos e indumentérias sobrecarregas © passado e o futuro. Te imagino livre. Passageiro do agora. Com futuro verdadeiro. Uma abertura. Por onde possa entrar a ventura desta vida. Sabedor de seu passado. A despertar sim, de lembrangas. A honrar tuas cicatrizes ao extrair-Ihes 0 significado. Diffcil e 4rdua tarefa. Absolutamente necessaria. Portadora de inestimaveis recompensas. Limites da relagio terapéutica? E sempre nos limites que estaremos irabalhando, Nessas fronteiras invisiveis entre.o possivel © o impossivel. Todo ato € sagrado, nos lembra Buber. Porque imola no altar da forma a infinita gama das possibilidades. Uma rendineia, uma entrega, Uma conquista de que em seguida devemos nos despojar. Para que cada conquista se constitua em alicerce das seguintes. E ao final nao sejamos prisionciros dos castclos do passado. Prisionciros dos fracassos. Prisioneiros dos sucessos. Para que livres possamos ter acesso as passagens do agora. Para o futuro. © que se passa? O que nos pede acolhimento? O que carece de suceder, para que possa aquietar? Ou brotar? Que semente move este momento? Que futuro se liberta e se pde em movimento? Que passado soterrado se resgata? Dificuldades? Apenas nao devemos crid-las; ou empilhd-las & nossa volta, qual fortaleza que nos defende de viver. Dificuldades existentes? Sao sementes! Devemos cuidar de cada uma. Pois cada uma encerra 0 seu segredo. O seu valor. Dificuldades? Quantas vezes somastes as tuas pressas as pressas do cliente? Afastaste uma dor dele porque a tua cra insuportavel? Ou necessitaste da dele para dar vazdo 4 tua? Quantas vezes pudeste realmente, apenas, acolher. Reconhecer. 68 Autenticar. Quantas vezes pudeste fazer do ndo-fazer teu modo de acolher. E. deste modo permitir que as coisas acontegam de um modo préprio. Dificuldades? Entdo vocé nao se da conta da imensa facilidade com que imaginamos impossibilidades? Limitagdes? Nao ¢ cntdo ilimitada a nossa mania de enxergar limites onde eles nao existem? Temos todos dificuldades com limites. Cada passo do crescer remove um limite. E constitui 0 préximo. Néo suportamos limites. Ou a sua auséncia. Mas eles nos suportam. Estado sempre ld. Ainda bem que nao se enchem da gente. Sio como pedras. Onde podemos pisar. O solo para que possamos caminhar. Voces j4 pensaram limite como suporte? Como aliado? Como compromisso? Como vinculo? Como desafio? Como aquisigio? Como a dnica instincia capaz de acolher a nossa vontade? Sim, o limite € o Unico lugar de existéncia de nossa vontade. A nossa deliberagao. Nossa intencionalidade se constitui_nas trocas limites. A prépria forma € constituida por limites. Uma gestalt é formada de limites. As figuras, as configuragées sto dadas por limites. A prépria Gestalt-Terapia poderia se chamar “Limito-Terapia’. E esta mudanga de nome talvez seja bastante esclarecedora, mas se ela esclarece algo, é justamente por seu car4ter redundante. Porque, falar de uma terapia dos limites é ser redundante. E sempre com limites que estaremos lidando. Sao dignos, sempre, de nossa maxima atengio. "Awareness", esta palavra estrangeira, que talvez devessemos traduzir como contato com o mistério, talvez nada mais seja do que uma relacéo adequada com 0s limites. "Awareness’, a relagio adequada com a forma. A forma, A deusa forma de todos os artistas. A paixo, a veneragdo, a finalidade iltima, a dedicagdo exclusiva de toda criagio. O segredo de toda realizagio. A relagio entre forma e conteddo. A adequacéo, a identidade entre forma e contetido. a finalizagao, o fechamento de toda gestalt. Pensar limites € pensar possibilidades. "Awareness", uma forma de atencao sobre a forma. "Awareness", uma reflexdo da forma sobre si mesma. Consciéncia, esta forma capaz de se debrugar sobre si mesma. Consciéncia, esta forma que se constitui em relacao. Consciéncia com sabedoria. Consciéncia, esta forma implicada em si mesma. Mas quem j nao viveu perdido neste labirinto? O de estar apenas consigo mesmo? Isolado, porque remoendo, remordendo, como a cobra tentando engolir 0 préprio rabo? Envolver e desenvolver. Abrir ¢ fechar. “Awareness”, Esta diviso integrativa. Esta forma integrada Ge estar dividido. Sendo e sabendo 0 que se 6. O que est sendo. Esta identidade entre forma e contetido. Agora, quando se est sendo. Agora. Esta harmoniosa integracao entre meios ¢ fins. Este sendo o vir a ser. Esta dupla mao de diregio onde o presente constitui 0 futuro. Onde o futuro inspira o presente. Onde o passado € reencontrado como lugar onde todas as sementes j4 foram plantadas. Agora, o momento de transplantar para o futuro, as mudas do viveiro do passado. 69

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