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1 No Brasil: da teoria a pratica LEITURAS RECOMENDADAS: BAYLIS, Tobn; SMITH, Steve. The Globalization of World Politics, Oxford: Oxford University Press, 2001. VIGEZZI, Brunello. The Bri- tish Conumittee on the Theory of International Politics {1954-1985}. ‘The Rediscovery of History. Milana: Unicopli, 2005. WATSON, Adam, A cvolugdo da sociedade internacional: uma andlise histérice compars- da, Brasilia: UnB, 2004, DUROSELLE, Jean-Baptiste. Todo império pe- recerd: tcorta das relagbes intemnacionais. Brastls: UnB, 2000. SALAH, ‘Tubrizi Ben, Institutions internationales. Pasis: Armand Colin, 20 SMOUTS, Marie-Claude. (Org). Les nouvelles relations internationa- les: pratiques et théories. Paris: Sciences Po., 1998. BERNAL-MEZA, Ral. América Latina en el Mundo. El peasamniento latinoamericano y Ja teorfa de relaciones intemacionsles, Buenos Aires: Nuevohacer, 2005. MANZUR, Ténia M. PG. 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So Paulo: Senac, 2002. 1.1 Diplomacia, politica exterior e relagées internacionais Os termos diplomacia, politica exterior e relagdes internacionais corres- pondem a trés dimensées da convivéncia entre os povos, as quais, a0 con verterem-se em objetos de andlise, dio origem a trés conceitos distintos. A especificidade de cada conceito é determinada pelo grau de abrangéncia que comporta: as relagées internacionais correspondem 20 conceito mais largo, uma vez que incluem 3 politica exterior, que, em ordem decrescente de abrangéncia, inclui a diplomacia. ‘A diplomacia compreende a agdo externa dos governos expressa em ob- jetivos, valores & padrées de conduta vinculados a uma agenda de compro- snissos pelos quais se pretende realizar determinados interesses. Essa agenda &, em principio, determinada muito mais de fora do que de dentro de cada nagdo. O elevado grat de determinacio externa da diplomacia pode set ob- servado em sua dimenséo global, regional e bilateral. © aque internacionalistas chamam de governanga global, sociedade inter nacional ou ordem universal constitui, ao mesmo tempo, um conjunto de regras, um célculo de interesses e um c6digo de valores. Quando uma confe- réncia internacional promove a negociagHo desses elementos, por exemplo, no campo do meio ambiente, das finangas, do comércio, dos direitos huma- nos e de outros direitos, da seguranga e de outras questies de alcance uni- versal, a agenda nao é determinada por esse ou aquele pais ou bloco politico, mas de forma coletiva, nem sempre como expresséo da autonomis deciséria nacional. Observa-se, ademais, uma disparidade de peso relativo entre os governos, seja quando estabelecem a agenda internacional da diplomacia, seja quando atingem resultados esperados. Essa disparidade de peso pode ser explicada pelo maior ou menor poder de que dispie cada Estado ou bloco de Estados que compéem o sistema internacional. ‘Os processos de integragdo que vém se muitiplicando nas tiltimas décadas também espelham esse caréter externo da diplomacia, porquante lidam com ‘os mesmos fatores em dimenséo regional, com vistas ao relacionamento dos paises que integram um bloco ¢ do conjunto desses com outros blocos ou (No Brasi: pa Teoma A pRArics -patses, Mesmo a esfera da aco diplornstica bilateral evidencia a externalida- de da diplomacia, na medida que pelo menos dois governos consentem em negociar uma agenda comum. Por sobre a aco diplomética de todos os paises ¢ blocos de paises, convi- ria, pera a sorte da humsnidade, que se estabelecesse © equilibrio na nego- ciacdo, envolvendo interesses, valores implicitos ¢ regras comuns. Mas esse equilfbrio ndo ocorre na prética e os conceitos de politica exterior e relagoes jnternacionsis fornecem explicacGes para as desigualdades entre poténcias, ou seja, entre capacidades dispares de influéncia dos governos no que diz respeito aos resultados da aco diplomitica. Antes de 1990, a politica exterior gozava de clevada consideragio pelos governos e estudiosos, porque, como se supunha, condicionava a margem de manobra de uma diplomacia. Depois disso, inteligencias ficaram em dévida quanto a sua conveniéncia, especialmente os neoliberais latino-americanos, académicos ¢ dirigentes, que a desejavam enfraquecida ou mesmo banida do proceso decisério de Estado e dos curriculos nas universidades. A or- dem sistémica provida pela globalizacio bastava, em seu entender. No inicio do século XX, todavia, & sombra do unilateralismo norte-emericano, bem como em razao de efeitos nocivos da globalizagio e estando a integraco em paiva como alternativa a esses problemas internacionais, a politica exterior recuperou seu lugar de destaque na consideragio dos governos € nos estudos académicos. Na verdade, a politica exterior no perdera tanto espaco como disciplina académica e prética politica na era da globalizacio. Em paises cen trais, a literatura a respeito da politica: exterior nfo cessa de crescer. Na América Latina, depois des criticas a que 0 modelo neoliberal esteve expos- to, a politica exterior recupera seu prestigio. Unma das raz6es para isso consiste precisamente na conexdo entre duas va- ridveis: a politica exterior fornece o conteride da diplomacia, sendo respon- sével por seus erros e acertos. Diplomacia sem politica ndo passa de conduta vazia, movimento sem rumo, acdo externa sem estratégia de realizagio de interesses nacionais e mesmo coletivos. Cabe & politica exterior agregar os interesses, os valores ¢ as pretendidas regras do ordenamento global, da inte- sgrago ou da relacao bilateral, isto é, prover o conteddo da diplomacia desde uma perspectiva interna, quer seja nacional, regional, quer seja universal. A histéria das polfticas exteriores evidencia as diferentes concepgbes do destino nacional que intclectuais ¢ estadistas propdem a suas nagées, com

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