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Homeopatia Brasileira, 3(3):434-487, 1897 comportamento animal se apresenta O de uma forma mais simples ¢ original quando comparado ao comportamen- to humano, se consticuindo em um arquétipo para as atitudes do homem, por ser mais primitivo e impulsionado por instintos. A convivéncia dos animais domésticos com 0 homem, ao longo dos tempos, favoreceu 0 desenvolvimento de reagées emocionais que modificaram uma ago primaria instintiva ¢ ir racional para manifestagdes comportamentais complexas € muitas vezes comparaveis a determinadas atitudes humanas. A interpretaco das atitudes compor- tamentais dos animais em comparagao ao comportamento humano deve sempre se relacionar a niicleos instintivos afim de se evitar incerpretagdes tendencionistas antro- pomérficas ¢ portanto dotadas de um alto grau de subjetividade, o que incorre em erro de interpretagdo © julgamento das reagées comportamentais animal. O animal como um ser irracional age por instintos eao longo de sua vida de domesticacao vai adquirindo uma aprendizagem revelada por comportamentos condicionados © nao pensa- dos. Atribuir valores humanos a diferentes espécies animais por determinada atitude comportamental ¢ dotado de um alto grau de subjetividade € sem valor clinico ou cientifico. Isto corte quando tentamos correlacionar uma determinada rubrica repertorial da segdo men- tal a determinada atitude animal, Evidentemente que existem espécies animais que apresentam comportamentos bastante humanizados, principalmente em se tratando de primatas, ou de alguns animais domésticos. Portanto, ao se falar em compar tamento animal ha necessidade de se de- terminar qual a espécie e, em alguns casos, a Etologia Medicamentosa Pinto, L. F.! raga a que se esta referindo afim de nao se rotular ou incorrer em julgamentos analdgicos pré-concebidos . A matéria medica homeopatica nos permite identificar os comportamentos dos animais sob a dindmica medicamentosa, em analogia a0 comporramento humano, através de uma andlise objetiva de determinadas ati- tudes animal em relago ao comportamento humano ¢ as comprovagdes clinicas. Eo que denomino neste trabalho de etologia medi- camentosa. E, como exemplos desta aborda- gem temos os retratos medicamentosos em Medicina Veterinaria: a) Os animais de Apis mellifica Sao animais que apresentam um com- portamento bastante socializado, aceitam © gostam de estar junto as pessoas. Sao de facil adestramento, pois gostam de ser tteis ¢ de exercerem uma atividade de trabalho, prince’ palmente em grupos, dando bons guias ¢ bons cagadores pois necessitam estar ocupados € fazendo algo. Sioanimais quendo toleram muito ocalor, © que agrava os seus distirbios, ¢ apresentam um sono agitado, com gemidos, miados, uivos ou latidos. A fumaga também Ihe provoca trans- tornos. Podem apresentar estadas convulsivos: de predominancia unilateral, produzindo uma rotagio do corpo. Gostam de pular, saltar, rodar, numa manifestagao de alegria infantil. As vezes ficam girando como se quisessem alcangar as suas caudas. Apresentam um forte instinto de territoriedade o que Ihe levam a proteger bens méveis e iméveis, animados © inanimados. | Prof. Assistente da UFRRI Coordenalor do Curso de Formugio de Especialista em Home- ‘opatia para Médico Veterindrio do THB 424 0 Homeopatia Brasteire- Vol.3 nS 1997 Durante 0 cio podem apresentar muita hemorragia e uma excitabilidade nervosa acentuada, Podem se apresentar irritados, agressivos, agitados ¢ violentos, com mani- festagdio de desejo de morder, escoicear ou a cabecear a tudo ea todos. Clinicamente observamos predisposigae: adesenvolverem quadros alérgicos com desen- volvimento de edemas, principalmenteem face, pilpebras, boca, garganta ¢ faringe, além das hidropsias, derrames articulares, encefalites, meningites, problemas renais ¢ genitais. So animais que desenvolvem geralmente quadros agudos e as vezes fatais. b) Os animais de Arsenicum album Sio animais de comportamento desconfi- ado ¢ agitado. Ao exame manifestam atitudes de medo apesar de déceis podem agredir a qualquer pessoa, inclusive seu dono. Suacons- tituigdo geralmente € magra, seus pelos se encontram sem brilho e com uma pele doentia. O apetite costuma estar normal, estiio sempre com sede porém bebem pouco urinam pouco. O hilito e fétido assim como todas as suas seeregoes. A queixa clinica nos animais jovens geralmente € de um quadro de diarréia hemorragica, cinomose ou uma dermatopatia ¢ nos adultas € mais comum os edemas, a insufi- ciéneia cardiaca, respiratéria ou renal. c) Os animais de Belladona Sao animais que apresentam uma consti- tuigdo geralmente robusta ¢ um temperamento sangiifneo com um comportamento agitado © hervoso e manifestagio de uma hipersensi- bilidade aos estimulos ambientais. Quando ndo conseguem exccutar alguma aga conten to manifestam uma atitude furiosa podendo agredir as pessoas ou a si mesmo. Sao animais que esto sempre mordendo alguma coisa € demonstram medo on inseguranca a situagdes ou objetos desconhecidos, o que Ihes provoca a fuga. Ocasionalmente pega objetos que nao Ihe pertence ¢ os seus quadros clinicos stio de evo- lucao rapida, febrile intenso. Os quadros de delirios ¢ convulsées stio comuns. Oestudo do comportamento animal, sob oaspecto clinico, pode também ser realizado agrupando-se os medicamentos que presenta determinadas manifestagdes comportamen- tais, o que permite a criagio de um repertério tematico, conforme se segu 1. Animais Agitados e Nervosos: a.Chamomilla oulgaris: Trata-se de um animal medroso, caprichoso, rabugento, intolerante, timido © excitado. Os cies de Chamomilla adoram passear de carro. b. Gina: Sa0 animais agitados, hipersensiveis € que nfo toleram serem tocados. Apresentam apetite caprichoso emagrecimento, alteracdes intestinais, com mucosas palidas ¢ sensibilida- de ao toque na coluna vertebral. ©. Belladona: Animal jovem e superexcitado, delirante, foge de medo das coisas novas. Apre- senta uma hipersensibilidade acentuada, com intoleraneia luz forte ea ruidos. Pode apresen- tar desejo de morder, num quadro elfnico que pode evoluir para delirio furioso. d. Tarentula hispana: Individuo agitado, hi- persensivel que agrava com barulho, misica ou toque e frio timido. Melhora na escuridao e no silencio. e.Medorrhinum: animal irritavel, carente afetivamente, deprimido de manhae excitadod tarde. Predisposto a corrimento genital. f. Fluoric acidum: Sujeito superexcitado ¢ “resmungdo”, Sao infatigantes e mudam constantemente de hngar. Apresentam uma cons tituigdo distréfica. g.Ambra grisea: Medicamento da excita- bilidade fisica e mental, com eretismo circulatério.H4 congestio de érgdos sexuais femininos com eretismo sexual. Evolui clinica- mente para um esgotamento nervoso. 2. Animais de temperamento dificil: a. Lycopodium clavatum: Animais que apre- sentam uma diminuigao geral das fungdes digestivas e urindrias. Hd flatuléncia e uma cendéncia a reumatismo. Comumente se apre- sentam tristes. Homeopatia Brasiieva - Vol. 3 n*3 1897 0 435 b.Nux vomica: S40 impacientes, irritivei rosnam por nada, hipersensiveis ao ruido, odo- res, luz € toque. Apresentam vémitos matinais © constipagao. Sao por exemplo, animais estressados por alteragdes de estilo de vida. c. Graphites: Obesos, friorentos © lentos. Dermatopatias, crupgées exsudativas, unhas deformadas e quebradigas. d.Antimoniam crudum: Comumente apre- sentam eczema peri-bucal ou nas dobras de flexdes, as suas unhas podem estar deformada e quebradigas. ©. Veratrum viride: Tem um comportamento agressivo ¢ podem apresentar quadros clinicos de meningismo, £. Hepar sulphur: Sao irtitaveis, nio gostam de screm tocados c sc apresentam agressivos. A Pelagem se encontra aspera, com mal odor € que se arranca pelos facilmente. Podemos ob- servar urna supuracao da pele, na orelha ou interdigital. Sao friorentos ¢ podem apresentar uma tosse rouca ¢ dolorosa, 3. Animais medr¢ a. Calcarea carbonica: Trata-se de um animal brincalhiio, medroso & tudo, com predisposigao A indigestao ¢ dermatc b. Phosphorus: Tipologia diferente do anteri- or. Sao inseguros e nervosos, reagem a ruidos, tempestades ¢ repreensio. ©. Gelvemium: S30 animais muito medrosos ¢ em consequéncia se apresentam com tremores e diarréia, Eles tem medo da noite ¢ da escuridio. . Ignatia amara: S80 apreensivo € com um comportamento paradoxal. ¢.Stramonium: E um medicamento para animais que se apresentam em panico. Mani- festam uma agitacdo extrema, com midriase, dispnéia, diarréia, emissio urinaria e prostra- cdo. Pioram a noite e melhoram na presenga do dono, com ealor e luz. £. Argentum nitricum: Animal hiperagitado, impaciente, nervoso, sujeito a fobias ¢ detesta passear de carro. Apresentam olhos irritados por possuirem uma tendéncia ulcerativa das sc muei vémitos. g, Arnica montana: Se tornam medrosos aps sofrerem traumatismo psiquico ou moral h. Aconitum napellus: Apresentam transtornos apésacontecimento que lhe ocasionou forte medo. i, Staphysagria: Si0 animais medrosos por rerem sido abandonados. Podem apresentar diarréia emotiva © 4. Animais ciumentos a. Pulsatitla: So muito afecuosos © possessi- vos. b.Lachesis mutans: So sensiveis 4 dor € a repressao. c. Hyoseyamus niger: Apresentam um intenso comportamento de possessividade e se tornam agressivos. 5. Animais dominadores: a. Nus Vomica: Se tornam lideres facilmente, seja no seu grupo ou do seu dono. b. Lycopodium: Se sentem superiores aos outros, tornando-se agressivos e de tempera- mento dominador. ©. Platina: Além de dominadores so agres- sivos, principalmente na esfera sexual. Sulphur: Possuem um comportamento extrovertido, ‘Tem antecedentes de parasitoses, dermatoses, problemas digestivos, patologias recidivantes € alternantes. Referéncias 1. ARENALES, M.C.. -Sintomas Meatais dos Animais, Domesticos. Sao Paulo, Mythos Engenharia de Mereado, 1998. 278 p. 2 BRUNINI, C. & SAMPAIO, G. - Macéria Médica Homeopitiea IBEHE..Sio Paulo, Myrthos Engenharia de Mereado Ltda, 1993. Vol 1 199 p., Vol 11 200 p., Vol 111 196 p., Vol IV 212p., Vol V 200p. 3. CAIRO, N. - Guia Pratico de Veterinaria Homeopathica 2. ed. Sio Paulo, Livraria Teixeira . 285 p. 4. FARE, C. -Elémentsde Matire Médicale Homocopathique Vétérinaire. Paris, G. Doin & C. Editeurs, 1939. 154 p, 5. ISSAUTIER, M & CALYET, H. - Thérapentique Homéopathique Vétérinaire. Lyon, E 1987 412 p. 6. NASH, E.B.-Indicaciones Garacteristicasde Terapéutica tions Boiton, 438 Cl Homeopatia Brasileira - Vol. 3 3 1907

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