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Alba Zaluar
Christovam Barcellos
Assim, a análise ecológica das distribuições dos de homicídios, levando em consideração não só a
delitos criminais em centros urbanos nos conduz distribuição espacial dos locais com concentração de
a questões de natureza prática e teórica. O mo- mortes por agressão, interpretados à luz do que já
delo ecológico de geração do crime busca a com- foi apurado por pesquisas de vitimização e pesqui-
preensão da natureza multifacetada ou complexa sas etnográficas anteriores, mas também os conflitos
da violência no sentido de identificar fatores que armados pelo domínio de favelas da cidade. Essa
influenciam o comportamento, aumentando ou di- discussão se deu sob a perspectiva da complexidade
minuindo o risco de cometer ou de ser vítima de e da interdisciplinaridade, garantida pela coopera-
violência nas mesmas condições socioeconômicas. ção entre diferentes metodologias que serviram para
Como muitos dos indicadores das variáveis são di- complementar os dados obtidos pelo levantamento
ficilmente mensuráveis, as respostas a essas questões dos domínios existentes nas favelas, combinando a
tornam a pesquisa de campo etnográfica imprescin- objetividade da ciência positiva dos inquéritos com
dível, com a necessária substituição de alguns con- a subjetividade da ciência reflexiva (Burawoy, 1998,
ceitos, como, por exemplo, de “comportamento” 2000; Bourdieu e Wacquant, 1992).
para práticas sociais ou “etos”, habitus, “disposições”
(Bourdieu, 1972; Elias e Dunning, 1993) e illusio
(Bourdieu e Wacquant, 1992, pp. 115-121). Para Metodologias
acompanhar os complexos processos que provocam
e consolidam tais práticas sociais, a pesquisa deve Na pesquisa domiciliar de vitimização de 2005-
ser feita segundo o método dos casos desdobrados, 2006, sobre o universo da população a partir de 15
que permite vincular o local às demais esferas da anos na cidade do Rio de Janeiro, foi calculada uma
vida social, além de impor uma abordagem histó- amostra aleatória nos três estágios da pesquisa que
rica ou de desenvolvimento ao longo do tempo e totalizou 4 mil pessoas. Primeiro, foram sorteados
uma pluralidade de fontes de dados (Gluckman, duzentos setores censitários categorizados segun-
1961; Burawoy, 1998, 2000). Por exemplo, loca- do as características socioeconômicas de cada um,
lidades caracterizadas pela pobreza e desigualdade para que nenhum setor da população deixasse de
são diferentemente marcadas também pela capaci- estar representado. Segundo, em cada setor, depois
dade de associação entre os vizinhos e pela escassez de ter todos os seus domicílios arrolados pelos pes-
de órgãos e serviços públicos, quando comparados quisadores, vinte domicílios foram escolhidos pelo
com as regiões abastadas, sugerindo que o nó esta- critério de pulo, que depende do número de domi-
ria também na articulação entre poder público e a cílios arrolados em cada um deles. Terceiro, uma
organização local. pessoa de 15 anos ou mais em cada domicílio foi
O Rio de Janeiro tem se destacado como lócus escolhida, de acordo com 32 tabelas montadas para
da violência urbana no Brasil, com uma das maio- assegurar a representatividade de cada sexo e gru-
res taxas de homicídio entre as capitais e sediando po de idade. Em 2007, na pesquisa repetida ape-
importantes pesquisas sobre violência. No entanto, nas nas favelas da cidade, o mesmo procedimento
este cenário tem se alterado rapidamente nos últi- foi adotado com menos setores censitários, pois a
mos anos. São percebidas mudanças na estratégia de amostra foi de 660 pessoas. Em ambas as pesqui-
governo de controle de grupos criminosos e a ex- sas, o instrumento adotado – questionário – foi
pansão da atuação de milícias. Tais mudanças pos- apresentado à pessoa escolhida junto com um texto
suem uma lógica espacial, já que visam à ocupação em que se garantiu total anonimato. A cooperação
de territórios e, por isso, têm consequências diferen- foi voluntária e resultou em dois bancos de dados
ciadas sobre a violência na cidade, atingindo alguns montados em SPSS, um da cidade, outro apenas
grupos sociais e bairros com maior intensidade. de favelas. Seu objetivo, como acontece na socio-
O objetivo deste artigo é discutir por que algu- logia positiva, era homogeneizar as experiências de
mas localidades, dentro da divisão de Áreas Admi- vitimização dos inquiridos a fim de mensurá-las
nistrativas (AP) do Rio de Janeiro, têm altas taxas segundo agregados socioeconômicos. Devido ao
tamanho da amostra, só foi possível fazer compa- para a organização e análise dos dados sobre favelas
rações e correlações entre algumas variáveis toman- e homicídios. Os Sistemas de Informações Geográ-
do as Áreas de Planejamento (AP) em que a cidade ficas (SIG) permitem armazenar uma grande quan-
está dividida administrativamente. As APs são for- tidade de dados, estruturando-os e integrando-os
madas por conjuntos de bairros e foi usada neste adequadamente para que possam ser realizadas
trabalho como unidade espacial de agregação, para análises estatísticas que considerem a posição geo-
a construção de gráficos e mapas, gráfica em polígonos para representar as favelas e
O levantamento das favelas dominadas por pontos para localizar as mortes por agressão (Vine
facções do tráfico ou por milícias foi realizado pela et al.,1997).
mesma equipe da pesquisa de vitimização, habitu- A análise espacial baseou-se em técnicas explo-
ada a percorrer o extenso território da cidade, em ratórias: mapas de localização de pontos, de padrão
trabalho de campo com entrevistas a informantes- e de superfícies de densidade de pontos. Na cons-
-chave sobre a organização que dominava a favela. trução dos mapas de superfície foi utilizado estima-
A lista das 965 favelas existentes no município do dor de densidade Kernel, visando à identificação
Rio de Janeiro em 2008 foi fornecida pelo Institu- visual das áreas “quentes”, isto é, que apresentam
to Pereira Passos (IPP). Cada uma delas recebeu a maior densidade local dos eventos sobre a área es-
visita da equipe de campo para, por meio de con- tudada e obtendo-se uma “superfície de risco” para
versas com os informantes-chaves, identificar quais sua ocorrência, isto é, a estimativa de uma variá-
eram os domínios em 2010 e quais tinham sido em vel contínua no espaço, independente dos limites
anos anteriores até 2005. A única pergunta nesse político-administrativos (Bailey e Gastrell, 1995).
levantamento foi, portanto, que grupo exercia o Por fim, as pesquisas etnográficas, realizadas ao
domínio sobre a favela em que moravam as pessoas longo de trinta anos e já publicadas (Zaluar, 1994,
inquiridas. Após isso, a informação foi incorporada 2004), foram usadas para entender as estruturas sim-
ao banco de dados das favelas usando o programa bólicas, as subjetividades, as redes de relações e as di-
Excel. A relação prévia de confiança entre os pes- nâmicas históricas na perspectiva do método de casos
quisadores e os pesquisados, por conta da realização desdobrados que exige entrevistar os atores importan-
de inúmeras pesquisas, garantiu a confiabilidade tes nos locais onde são vividas as situações sociais de
das informações.1 conflito, no caso, jovens atraídos por quadrilhas, mo-
A análise geográfica da disputa pelo domínio radores, líderes comunitários e policiais. Essas pesqui-
das favelas exigiu que se mapeasse todas as fave- sas foram realizadas na perspectiva da sociologia refle-
las segundo seus respectivos domínios. Os mapas xiva (Burawoy, 1998, 2000; Bourdieu e Wacquant,
digitais de favelas, bairros e APs da cidade foram 1992). Nelas, a observação participante, a observação
cedidos pelo IPP e incorporados ao Sistema de sem participação, as entrevistas semiestruturadas e os
Informações Geográficas (SIG). O dados oficiais grupos focais foram largamente empregados, sempre
do IPP sobre favelas foram compatibilizados com com a garantia do anonimato dos entrevistados, após
a informação obtida no campo comparando-se os explicação sobre os objetivos da pesquisa e a aceitação
endereços e os nomes oficiais e outros nomes de fa- voluntária dos participantes. Ao contrário da ciência
velas, que nem sempre são coincidentes. positiva, nestas pesquisas procuram-se o contexto si-
Os registros de morte por agressão entre os tuacional e o entendimento que os sujeitos da pesqui-
anos de 2006 e 2009 foram georreferenciados se- sa têm das situações vividas. Começa com o diálogo
gundo o local de ocorrência da agressão anotado entre pesquisador e os múltiplos atores da situação
pela polícia no momento da investigação ou do en- em foco para expandir o entendimento das conexões
contro do corpo da vítima. De um total de 9.895 entre as situações locais e os processos extralocais, en-
registros, foram localizados 9.148 endereços, ou tre o poder local e as forças societárias ali presentes,
seja, cerca de 8% não foram georreferenciados em portanto movendo-se entre o micro e o macro, entre
razão do mau preenchimento do endereço. o único e o geral, entre o observado hoje e o processo
Foram utilizadas técnicas de geoprocessamento histórico que as antecedeu.
(Myers et al.,1997).2 A família poderia influir di- de traficantes, onde faz incursões esporádicas, espe-
reta ou indiretamente, mas é a rede de relações do cialmente nas favelas que abundam nos subúrbios
jovem com outros jovens de sua idade ou de idade (AP 3), como Madureira ou Ramos. Nas favelas,
superior que aparece como o fator mais importante os policiais atiram dez vezes mais do que nas áreas
para se entender seu comportamento. Outros estu- regulares do asfalto e agridem duas vezes mais os
dos afirmam que, entre os preditores da violência moradores. No entanto, a proporção de moradores
entre jovens, “carregar arma” e “repetência escolar” que viram policiais atirando em suas vizinhanças é
são aspectos relevantes (Saner et al., 1996; Resnick vinte vezes menor na Tijuca (AP 2), com numerosa
et al., 2004). Mais do que uma inclinação natural população de classe média, mas com favelas conhe-
dos homens jovens pobres à violência, o que explica cidas como santuários do tráfico. Cerca de 0,5%
o aumento da taxa de homicídios nos locais onde dos entrevistados presenciaram ações violentas da
vivem é a alta concentração de armas nestes locais. polícia na Tijuca, enquanto nos subúrbios próxi-
É isso que cria o que o criminologista Jeffrey Fagan mos (AP 3.1), chegam a 11% dos entrevistados.
(2005) chamou ecology ofdanger.3 Nas várias pes- Em anos recentes observa-se uma mudança
quisas de campo realizadas pela equipe do Nupe- significativa dos domínios em favelas, o que tem
vi no Rio de Janeiro, sempre foi assinalada, desde produzido uma alteração na estratégia policial de
1980, a facilidade e a quantidade de armas dispo- controle de territórios, bem como um rearranjo
níveis para os jovens moradores das favelas tidas espacial dos domínios de facções criminosas. Essas
como perigosas. mudanças têm raízes na crise interna do tráfico e na
expansão das “milícias” na cidade, o que foi capta-
do pelas pesquisas de vitimização e de domínio ter-
Pesquisa de vitimização ritorial de grupos armados, realizadas neste estudo.
A dificuldade em garantir a segurança da
Centro (AP 1) e subúrbios (AP 3) são as áreas população estava criando novos problemas que
mais populosas ou de maior densidade demográfica ameaçavam paralisar a Polícia. Sem contar com o
e as mais afetadas pela desindustrialização, segundo controle informal dos vizinhos que se enfraqueceu
os dados da pesquisa domiciliar de vitimização rea- no processo de militarização dos traficantes, nem
lizada em 2005-2006 em toda a cidade e a realizada com a mediação de conflitos entre estes últimos
apenas em favelas em 2007 (Zaluar et al., 2007). sempre disputando o controle dos pontos de venda
Não são, todavia, as piores áreas em se tratando de e de poder local, a Polícia se limitava até 2008 a en-
serviços públicos. Estes se encontram bem distri- trar em locais já conflagrados pelo conflito armado,
buídos na cidade, com apenas em torno de 1% dos por meio de invasões marcadas pela violência e pelo
domicílios sem rede geral de água e eletricidade, o caráter provisório. Em um círculo vicioso infindá-
que é confirmado em outra pesquisa baseada nos vel, esta situação só fazia reforçar práticas policiais
dados da PNAD (Cardoso, 2008). baseadas no seu poder de fogo e na perspectiva das
No entanto, quando se focaliza outros recur- ações repressivas da “guerra contra os inimigos in-
sos e serviços públicos, os contrastes aparecem ternos” ou da “caça aos bandidos”, estabelecidas nas
com nitidez. O que mais chama atenção na pes- últimas décadas. A ideia da guerra contra outro po-
quisa é o estilo de policiamento, mais violento e der armado “paralelo”, com alta capacidade de cor-
corrupto nos bairros e favelas onde predominam romper, dificultava enormemente a adesão às nor-
famílias abaixo da linha de pobreza, escolaridade mas legais que deveriam orientar a ação policial, já
baixa e desemprego entre jovens. As pesquisas de dificultada pelo alto poder de corrupção dos ricos
vitimização revelam que a Polícia Militar, que faz traficantes de drogas ilegais. Além disso, a imagem
o policiamento ostensivo, está muito mais ausente da Polícia Militar como violenta e corrupta atingiu
em bairros e favelas onde moram os mais pobres da percentuais incrivelmente altos entre os jovens fa-
cidade. Ao mesmo tempo, ela é muito mais violen- velados, especialmente as mulheres: mais de 70%
ta nas áreas que estão sob o controle de quadrilhas deles concordava que a PM era violenta e corrupta,
chegando a 92% das faveladas entre 15 e 19 anos. parentes ou amigos mortos também era maior nes-
Esses dados demonstravam, portanto, a quase com- sas áreas. Nas favelas controladas por tráfico de dro-
pleta ilegitimidade da instituição perante os jovens. gas, mais do que o triplo dos entrevistados (45%)
Em decorrência da insegurança que se estabe- afirmou ter visto venda de drogas em sua vizinhan-
leceu nas vizinhanças controladas por traficantes e ça por comparação aos entrevistados das favelas
policiais corruptos, que difundiu em toda a cidade dominadas por “milícia” (14,9%). O consumo de
a desconfiança na instituição policial, formas de se- droga nas ruas também se apresentou aos morado-
gurança privada se espalharam, e ainda se espalham, res quase três vezes maior nas favelas dominadas
para proteger os que podem pagar ou que são obri- por grupos de tráfico (52,2%) do que nas favelas
gados a pagar, como acontece quando a segurança dominadas por “milícia” (18,5%). Este resultado
privada é ilegal. Este é o caso das “milícias”, antes demonstra que a tolerância dos moradores, forçada
chamadas de grupos de extermínio. Elas surgiram ou não, e a convivência com o uso e o tráfico de
nas áreas de ocupação mais recente da cidade, par- drogas eram muito maiores, como seria de esperar,
tindo de Jacarepaguá, onde se encontra a primeira nas favelas dominadas por traficantes. Isso indica
favela dominada por um grupo de extermínio – Rio que, ao menos publicamente, um dos objetivos cla-
das Pedras –, povoada por migrantes nordestinos. ros da “milícia” é coibir o uso e o tráfico de drogas,
Nos resultados da pesquisa de vitimização mas sem eliminá-los completamente.
2005-2006, 25% dos entrevistados admitiram ter Em relação a outros crimes temidos pela popu-
formas de segurança privada bastante variadas: trafi- lação, havia ainda mais disparidades entre as favelas.
cantes pagos ou não pagos, moradores pagos ou não Nas dominadas por “milícias”, 26,6% dos entrevis-
pagos, vigilantes não uniformizados, empregados tados afirmaram ter visto assaltos na vizinhança,
uniformizados de empresas de segurança, ou empre- ao passo que nas dominadas por grupos de tráfico,
gados não uniformizados. Muitas das empresas de 47% fizeram a mesma afirmação. Compreende-se:
segurança com funcionários uniformizados ou não as “milícias”, força paraestatal vinda dos grupos de
nas áreas mais prósperas da cidade, como a Zona extermínio, desde sempre foram criadas com o ob-
Sul, Tijuca, Barra da Tijuca e Jacarepaguá (AP 2 e jetivo de impedir, por meios ilegais, a presença de
AP 4 ) pertencem a policiais, assim como as “milí- suspeitos de praticarem assaltos; traficantes sempre
cias” nas áreas pobres, como o centro, os subúrbios, se associaram a assaltantes para fazer capital de giro.
a Zona Oeste e as favelas de Jacarepaguá (AP 1, AP A atividade das “milícias” manifestava-se tam-
3, AP 5 e parte da AP 4), são dirigidas por ou man- bém no barulho de tiros ouvido pelos moradores
têm estreita conexão com militares e ex-militares. A das diferentes áreas, visto que as regiões em que for-
grande diferença está na relação do pessoal da segu- neciam segurança, segundo os entrevistados, apre-
rança com os moradores. Nas áreas pobres, pela fal- sentavam tendências bem mais baixas na frequência
ta de acesso à justiça e a clandestinidade do empre- de barulho de tiros ouvido. Em toda a cidade, sem-
endimento, mais facilmente os agentes da segurança pre e frequentemente ouviam ruído de tiros 45%
privada tornam-se tiranos que impõem decisões dos entrevistados, concentrados no Centro, na
extralegais ou ilegais aos moradores por conta do Zona Sul, na Tijuca e nos subúrbios (AP 1, AP 2
poder que advém das armas que afastam assaltantes e AP 3), de urbanização mais antiga na cidade e
e traficantes do local por eles vigiado. onde havia muitas favelas dominadas por trafican-
Comparando as áreas da cidade pelo tipo de tes. Conflitos armados eram vistos por 13% dos
segurança privada, tivemos o seguinte quadro: entrevistados com maiores proporções no Centro,
ouvir tiros, ver trocas de tiros, pessoas agredindo nos subúrbios e na Zona Oeste (AP 1, AP 3 e AP
outras pessoas, pessoas sendo mortas ou levadas à 5), onde há maior concentração de pobres, alem
força, pessoas traficando ou usando drogas apre- de, nas duas primeiras, mais favelas dominadas por
sentavam proporções várias vezes superior (de três traficantes. Na pesquisa domiciliar de vitimização
a cinco vezes maior) nas áreas em que os traficantes feita apenas em favelas em 2007, 62% dos entre-
garantiam a segurança. O percentual de vizinhos, vistados, naquelas dominadas por tráfico, ouviam
sempre ou frequentemente barulho de tiros, contra impostas por aqueles que proibiam a venda e o uso
15% dos entrevistados nas favelas dominadas por de drogas, ou ladrões armados no local, passaram a
“milícia”. Raramente ou nunca ouviam barulho de ser vistas como algo “natural”, tornando desnecessá-
tiros 34,2% dos entrevistados nas favelas domina- rias as demonstrações conspícuas de força. Não ha-
das por “milícia” e apenas 11,6%, nas dominadas via armas à vista, nem atitudes visivelmente violen-
por tráfico; 42,5% dos residentes nas favelas do- tas, mesmo quando os milicianos estenderam seus
minadas por “milícia” afirmaram nunca ter ouvido negócios além da segurança para incluir outros bens
barulho de tiro, enquanto 12,3% dos residentes e serviços, todos logo cobrados.
em favelas controladas por traficantes afirmaram Posteriormente, a associação de moradores pas-
o mesmo. A proporção nestas últimas é, portanto, sou a fazer também a intermediação entre o poder
três vezes maior. público e a favela, pelo potencial eleitoral do lo-
Não surpreende, pois, que moradores de favelas cal ou pela real possibilidade de eleger candidatos
e áreas adjacentes a elas, que também têm proporção da favela. Os líderes da associação/polícia mineira,
alta de pobres no Centro e nos subúrbios (AP 1 e sob o discurso da necessidade de representação no
AP 3), tenham recorrido cada vez mais a “milícias”. governo como meio de sanar carências locais, co-
Inicialmente, a mistura de respeito e medo, que re- meçaram a candidatar-se a deputados estaduais ou
sultou da presença da “polícia mineira” (ou grupo vereadores. Em 2002 e 2003, por exemplo, a As-
de extermínio) dentro da associação de moradores, sociação dos moradores de Rio das Pedras, favela
guiava moradores a aceitar os milicianos. As normas predominantemente habitada por migrantes nor-
Figura 1
População Residente em Favelas segundo Domínio de Comandos de Tráfico ou Milícia
700000
600000
500000
400000
300000
200000
100000
0
2005
2006
2007
2008
2009
2010
destinos, promoveu campanha de regularização e de Janeiro, contando com cerca de 730 mil habi-
transferência de títulos eleitorais e um líder local tantes, quase a metade dos moradores de favelas do
pertencente à “milícia” se elegeu vereador. A partir Rio de Janeiro, com cerca de 1.300.000 habitantes.
daí, outras favelas assim dominadas começaram a A partir de então, observa-se um decréscimo grada-
eleger representantes para o Legislativo da cidade e tivo deste domínio, primeiramente com o avanço
do estado (Zaluar e Conceição, 2007). das milícias e mais recentemente com a instalação
Mais recentemente, em áreas recém-povoadas de UPPs. Ambas as iniciativas reduziram considera-
e recém-conquistadas, nas quais se estabelecem os velmente o domínio do CV, mas pouco alteraram a
novos negócios e os compromissos eleitorais com territorialidade de outros grupos criminosos como
políticos, as “milícias” dominam sem receber o ADA e TCP. Houve também uma diminuição do
apoio deles no cumprimento do código de con- número de pessoas residentes em áreas neutras, das
duta. Nessas favelas, componentes das novas “mi- quais grande parte se encontra agora sob domínio
lícias” mantêm postura mais truculenta, exercendo de milícias, a organização que mais ganhou territó-
seu poder com ostentação de armas e espancamen- rios na cidade.
tos seguidos ou ameaças aos moradores que se recu- As milícias, segundo dados de 2010, atuam
sam a cumprir as ordens. Em algumas, a obrigação em favelas com uma população total de cerca de
de votar no candidato indicado pelo poder armado 422 mil habitantes; o CV atua em áreas correspon-
passou a imperar. Não foi, portanto, apenas a pre- dentes a cerca de 377 mil habitantes; ADA e TCP
ferência por um domínio mais eficaz na contenção atuam em áreas que possuem população de cerca de
da guerra entre comandos do tráfico e na garantia 180 mil habitantes. As UPPs, instaladas nas favelas
de não intervenção violenta da Polícia que provo- maiores, cobrem áreas com população total de cer-
cou o crescimento irrefutável das áreas faveladas ca de 142 mil habitantes, embora detenham apenas
dominadas por milícias no Rio de Janeiro. Também 7% das favelas da cidade. Hoje quase inexistem áre-
o constrangimento, a invasão pura e simples das fa- as neutras, ou seja, livres de domínios criminosos.
velas, assim como a entrega delas pela associação Analisando essa mudança de ocupa-
de moradores, às vezes por meio de “venda” à or- ção na cidade com base no mapa 1 (Figura
ganização, sem esquecer as injunções políticas de 2), é possível verificar que, em 2005, as mi-
proteção dada por membros do Legislativo, contri- lícias estavam restritas à Zona Oeste (AP 4 e
buíram para este aumento. AP 5), principalmente nos bairros de Jacare-
O resultado da ação paradoxal da Polícia e da paguá, Barra da Tijuca e Campo Grande, áre-
busca de segurança em outros grupos armados, as de povoamento mais recente, com menor
como as milícias e os comandos de tráfico, está re- densidade populacional e com um percentual
presentado espacialmente nos mapas construídos a alto de migrantes nordestinos. No final do período,
partir de um minucioso levantamento dos domínios elas haviam se expandido para outros bairros da
instalados nas favelas da cidade entre 2005 e 2010. Zona Oeste, mas ainda distantes das favelas pró-
ximas à avenida Brasil. As únicas favelas que per-
maneceram sob o Comando Vermelho em 2008
Levantamento de domínios nas favelas estavam dentro do limite da Cidade de Deus (ofi-
cialmente um conjunto habitacional, não uma fa-
A Figura 2 mostra a população total das favelas vela) e outra bem próxima. Cidade de Deus foi o
segundo o domínio de grupos criminosos, neutras cenário da primeira guerra de quadrilhas de trafi-
ou sob a atuação de UPPs ao longo dos últimos cantes no final dos anos de 1970 (Zaluar, 1985)
anos, de modo a compor o quadro resultante dos e permaneceu a maior parte do tempo sob o do-
vários conflitos armados registrados na cidade em mínio do CV até 2010. Na Zona Sul, região mais
termos de domínio territorial de favelas próspera, com famílias de renda alta e maior IDH
No ano de 2005 havia um claro predomínio do (Cardoso, 2008), nenhuma favela foi ainda domi-
Comando Vermelho (CV) sobre as favelas do Rio nada pela milícia. No Centro e na Tijuca, bairros
Figura 2
Distribuição Espacial das Favelas Dominadas por Facções do Tráfico, Milícias e UPP em 2006 e 2009
2009
Fonte: “Levantamento domínios em favelas do Rio de Janeiro 2005-2010”, Nupevi/IMS/UERJ. Mapa elaborado pelos autores.
de classe média, também não houve presença de de Guanabara, que facilitam o escoamento rápido
milícia, com a exceção da pequena favela da Baro- das mercadorias ilegais e a fuga de criminosos.
nesa, em Santa Teresa, apesar da importante pre- Os mapas da Figura 2 mostram que a expansão
sença de favelas em toda a região. Pela morfologia das milícias pela cidade, principalmente na Zona
especial da cidade, são também as áreas em que o Oeste (AP 5) e nos subúrbios (AP 3), não mudou o
trânsito é mais difícil por conta das montanhas e domínio dos comandos de traficantes nas áreas mais
do mar, ao contrário das áreas do subúrbio (AP 3), próximas à Avenida Brasil, ao aeroporto internacio-
cortadas por grandes vias e mais próximas à Baía nal e ao Porto do Rio de Janeiro, que continuavam
Figura 3
Mapa de Densidade de Homicídios (Kernel) segundo Local de Moradia da Vítima Ocorridos em 2006 e 2009
2006
Área de Planejamento
Densidade de homicídios
Alta
Média
Baixa
2009
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Mapa elaborado
pelos autores.
sob seu controle. Havia poucas exceções nesse pa- O centro (AP 1) e os subúrbios (AP 3) eram
drão. Uma era a Fazenda Botafogo, conjunto habi- os locais da maior concentração de homicídios, se-
tacional que fica do lado da Avenida Brasil, outra, gundo os mapas 3 e 4 (Figura 3). Este padrão pode
a favela da Praia de Ramos: áreas industriais, com ser explicado pela concentração de recursos mili-
vários depósitos de carga e entrepostos de empresas tares dos traficantes em áreas consideradas chave
comerciais perto da Avenida Brasil, o que as tornam para o domínio de entrepostos de drogas, armas e
alvo de repressão sobre a criminalidade circunstante. munições, devido a perdas e disputas ocorridas em
outras regiões da cidade. Observa-se, no entanto, eram bastiões de resistência armada e entrepostos
nos anos mais recentes, que a violência letal vem se respectivamente do CV e da ADA. Com a insta-
concentrando ainda mais em alguns focos da cida- lação da primeira UPP em Botafogo, houve uma
de localizados nessas duas APs. fuga dos traficantes da favela Santa Marta e poste-
No ano de 2006, as áreas de maior densidade rior invasão de outra favela próxima, a Ladeira dos
de homicídios, calculada pelo método de Kernel, Tabajaras, de onde os traficantes locais foram vio-
formavam um corredor, acompanhando o trajeto lentamente expulsos. Estes mudaram de comando e
da principal via de acesso à cidade (Avenida Brasil), aliaram-se aos traficantes da Rocinha, de onde, jun-
que liga o Centro a todos os bairros do subúrbio e tos, tentaram retomar os pontos de venda localiza-
de lá à Zona Oeste. Observa-se um grande espa- dos em Copacabana. Seguiram-se mais confrontos
lhamento pela cidade dessas áreas, com alguns fo- violentos entre traficantes que fizeram a polícia in-
cos na Zona Sul próximos à Rocinha e ao conjunto tervir. No total ocorreram, segundo a Agência Glo-
habitacional de Cidade de Deus na AP 4. Ao lon- bo, 45 mortes em uma semana. Antes, confrontos
go dos anos, culminando em 2009, as mortes por na favela localizada no Leme e, mais tarde, na favela
agressão estão mais concentradas em torno de três entre Copacabana e Ipanema fizeram dessa região
grandes áreas: o Complexo do Alemão, a Fazenda uma das mais inseguras naquele ano, provocando
Botafogo, onde se encontra a favela do Acari, e a manifestações dos moradores de classe média e alta.
favela Vila Vintém, na Zona Oeste. As adjacências A instalação da segunda UPP em Cidade de Deus
da Fazenda Botafogo presenciam até hoje uma luta não teve o mesmo efeito, visto que o conjunto ha-
pelo domínio territorial entre ADA, CV e “milí- bitacional se localiza em área quase que totalmente
cias”. Nas áreas em que a milícia consolidou o seu dominada por milícias, e os traficantes aprenderam
poder, nota-se igualmente a diminuição de homi- a lição de que invadir favela inimiga traria como
cídios, indicando a política de proibir o porte de consequência uma operação policial imediata. Em
armas entre os moradores e a ausência de conflitos 2009foram instaladas UPPs nas favelas de Copaca-
entre os membros das várias milícias existentes na bana e Ipanema, e ali também não houve invasão
cidade. Em outras áreas tradicionalmente violentas, de quaisquer favelas próximas.
como a Tijuca e até mesmo a Cidade de Deus, fica
menor, entre 2006 e 2009, a intensidade de mor-
tes por agressão. Estas se tornam ainda mais espar- Levantamento de favelas dominadas
sas na AP 4, com destaque para Cidade de Deus,
onde foi instalada a segunda UPP em fevereiro de No Rio de Janeiro, a distribuição geográfica de
2009, que passa de densidade alta para densidade mortes por agressão, a percepção de crimes come-
média em 2009. Na Zona Sul, especialmente Co- tidos com uso de armas e os domínios obedecem
pacabana, observa-se um adensamento de homicí- a determinantes ecológicos em áreas delimitadas da
dios localizado entre Copacabana e Botafogo, que cidade. Nas várias pesquisas de campo realizadas
provavelmente corresponde a conflitos ocorridos pela equipe do Nupevi, sempre foi assinalada, desde
na Ladeira dos Tabajaras em 2009, como verifica- 1980, a facilidade e a quantidade de armas disponí-
do por trabalho de campo da equipe do projeto, veis para os jovens moradores das favelas considera-
conflitos ocorridos antes da instalação de UPP nas das perigosas. As duas pesquisas domiciliares de vi-
favelas de Copacabana. timização revelam em que áreas estão concentradas
A instalação de UPPs foi iniciada em novem- as favelas dominadas por traficantes no Centro e nos
bro de 2008 na favela Santa Marta em Botafogo, subúrbios (AP 1 e AP 3), embora elas sejam encon-
logo seguida pela ocupação de Cidade de Deus, de tradas também em todas as regiões. Os abusos no
favelas em Ipanema, Copacabana (AP 2.1) e na re- uso da força policial, registrados nas duas primeiras
gião da Tijuca (AP 2.2). Antes da ocupação por tro- pesquisas, são também muito mais recorrentes ali.
pas do Exército em 2011, o Complexo do Alemão, Um conjunto de características destacam tais
no subúrbio, assim como a Rocinha na Zona Sul, áreas quanto à exposição a riscos de morte pre-
matura por arma de fogo. Ali vivem os habitantes público e a favela, pela real possibilidade de eleger
mais antigos, em geral negros, que povoaram a área candidatos da favela como meio de sanar carências
central e os subúrbios da cidade há mais de um locais. Em 2002, a Associação dos Moradores de Rio
século. É nelas que a grande circulação de armas das Pedras, favela predominantemente habitada por
de fogo e, portanto, sua fácil obtenção, estimula o migrantes nordestinos, promoveu campanha de re-
etos guerreiro, que se traduz em conflitos armados gularização e transferência de títulos eleitorais, e um
cujo final é inevitavelmente trágico (Szwarcwald líder local pertencente à “milícia” se elegeu vereador.
e Leal, 1997). Áreas controladas por traficantes, A partir daí, outras favelas assim dominadas come-
onde, para manter o domínio do território, cobrar çaram a eleger representantes para o Legislativo da
dívidas, afastar concorrentes e amedrontar possíveis cidade e do estado (Zaluar e Conceição, 2007).
testemunhas, é corriqueiro o uso da armas de fogo, Mais recentemente, em áreas recém-povoadas
mais facilmente obtidas pela proximidade de por- e recém-conquistadas, nas quais as milícias estabe-
tos, aeroportos e dos mais importantes depósitos de lecem de antemão os novos negócios e os compro-
armamentos das Forças Armadas. O tráfico de dro- missos eleitorais com políticos, elas dominam sem
gas tornou-se militarizado em consequência de fur- receber o apoio deles no cumprimento do código
tos frequentes nesses depósitos (Dowdney, 2004, de conduta. Nessas favelas, componentes das novas
2008; Zaluar, 2004). O mapeamento dos domínios “milícias” mantêm postura mais truculenta, exer-
revelou que, no que se refere à disputa com as milí- cendo seu poder com ostentação de armas e espan-
cias, a localização geográfica nos permite entender camentos seguidos ou ameaças aos moradores que
por que nessas duas APs havia e ainda persiste mais se recusam a cumprir as ordens.
resistência dos traficantes em entregar seu domínio. Enquanto os traficantes sofrem os efeitos de
A pesquisa etnográfica feita em 2007 pela confrontos armados constantes com as polícias, os
equipe do Nupevi permite afirmar que por se au- milicianos contam com a indiferença dos chefes das
toidentificar como mantenedora da ordem, a “mi- corporações, que só os atacam quando ordens su-
lícia” apresenta procedimentos aparentemente periores ordenam. Mas é inegável que o controle e
percebidos como menos agressivos do que aqueles a exploração para fins lucrativos de um território,
utilizados pelos traficantes de drogas. Além disso, a sem o amparo da lei, podem desembocar no uso
origem dos milicianos dentro dos próprios quadros abusivo da força por parte das “milícias”.
policiais contribui para o estabelecimento da ordem Para interpretar tais fatos, o material etnográ-
no local. A presença desses grupos paraestatais –em fico recolhido em pesquisa feita com ex-traficantes
sua maioria, policiais civis, militares e bombeiros em 2008 revela uma pista importante. Vários en-
militares, além de guardas penitenciários, ativos, re- trevistados mencionaram que as transações de ar-
formados ou aposentados – garante uma participa- mas e drogas entre vendedores das favelas cario-
ção diferenciada dos agentes públicos de segurança cas e os fornecedores vindos de outros estados são
em favelas, isto é, nestas áreas as incursões policiais, realizadas, para não despertar suspeitas, em postos de
quando ocorrem, costumam ser pacíficas. gasolina, motéis e outros pontos ao longo da avenida
Inicialmente, o sentimento de respeito e medo Brasil. Matérias publicadas nos jornais do Rio de Ja-
derivado da presença da “polícia mineira” (ou gru- neiro, corroborando o relato de alguns entrevistados,
po de extermínio) dentro da associação de mora- revelaram transações e apreensões da mesma natu-
dores, levou-os a aceitar os milicianos. As normas reza no aeroporto internacional (AP 3) e no porto
impostas por estes, que proibiam a venda e o uso (AP 1). Essas atividades demonstram a extensão dos
de drogas ou ladrões armados no local, eram vistas domínios das milícias para além dos territórios das
como “naturais”, tornando desnecessárias as de- favelas e a importância estratégica destas vias de cir-
monstrações conspícuas de força, mesmo quando culação na geopolítica de drogas e armas na cidade.
eles estenderam seus negócios além da segurança. Contra a teoria da escolha racional está, portanto,
Posteriormente, a associação de moradores pas- o paradoxo de que a própria existência de mais de um
sou a fazer também a intermediação entre o poder comando suscita extrema violência no tráfico de dro-
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